Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
Doutor em história social - USP.
MBA em Gestão de Pessoas - UNIA.
Licenciado em história - CEUCLAR.
Licenciado em filosofia - FE/USP.
Bacharel em filosofia - FFLCH/USP.
O termo
populismo foi um termo criado pela direita na década de 1940, estigmatizando
políticos pretensamente a sensibilidade para o social.
Na
historiografia, a palavra passou a qualificar as experiências dos governos após
1930, caracterizando, sobretudo o período entre 1945 e 1964.
Neste sentido, o
termo serviu aos mais variados interesses de pesquisadores inseridos em estudos
sobre política, economia, indústria cultural, estudo sobre instituições,
planejamento urbano, crítica literária, análise de discurso, etc.
No entanto, a
palavra não remete a qualquer análise rigorosa da dinâmica política.
A historiografia
registra as mais profícuas voltas em torno do conceito, explorando determinadas
visões dos sujeitos políticos, os líderes e seus projetos, as massas, as
classes sociais e suas relações, mistificando o populismo amarrado ao trabalhismo,
sindicalismo, nacionalismo, manipulação e demagogia.
Transitando por
uma enorme gama de conceitos e tendências que não definem todo o período
denotado como populista e muito menos as tendências políticas.
O termo se
vulgarizou, o historiador perdeu o controle sobre o que expressa.
A palavra
tornou-se de uso corrente e ganhou um status diferenciado no imaginário
popular, adquirindo uso ostensivo em vários contextos, representando uma força
para mobilizar personagens sociais.
Embora a
variedade de uso indique seu valor como símbolo, possuindo grande capacidade de
atribuir sentido aos processos históricos e interpelar os indivíduos para a
ação coletiva contemporaneamente.
É por isto que o
termo populismo passou a ser contestado por alguns setores da historiografia,
deixando de ser utilizado na medida em que pesquisas concretas sobre temas
específicos demonstravam sua inutilidade, especialmente sua a-historicidade.
A questão é que
foi utilizado para contextos diversos, temporalmente distantes, com concentração
em comportamentos políticos individuais, não comportando todas as
características das dinâmicas institucionais diversificadas no tempo e no
espaço.
Para saber mais sobre o assunto.
BERSTEIN, Serge.
A cultura Política. In: RIOUX, Jean-Pierre, SIRINELLI, Jean-François (org.). Para uma história cultural. Lisboa: Ed.
Estampa, 1998, p.13-36.
CHARTIER, Roger.
A História Cultural: entre práticas e
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DUTRA, Eliana R.
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Políticas: definições, usos, genealogias. Vária História. Belo Horizonte,
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FERREIRA, Jorge
(org). O populismo e sua história: debate
e crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
FILHO, Daniel
Aarão Reis. “O colapso do populismo ou a propósito de uma herança maldita” In:
FERREIRA, Jorge (org). O populismo e sua
história: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001,
p.319-377.
GOMES, Ângela de
Castro. Reflexões em torno de populismo e
trabalhismo. Vária História, nº28, pp.55-68, dez. 2002.
IANNI, Octávio. O colapso do Populismo no Brasil. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
WEFFORT,
Francisco. O populismo na política
brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
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Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
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