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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O termo populismo e sua utilização pela historiografia.

Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 6, Volume dez., Série 23/12, 2015.



Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

Doutor em história social - USP.
MBA em Gestão de Pessoas - UNIA.

Licenciado em história - CEUCLAR.
Licenciado em filosofia - FE/USP.
Bacharel em filosofia - FFLCH/USP.



O termo populismo foi um termo criado pela direita na década de 1940, estigmatizando políticos pretensamente a sensibilidade para o social.
Na historiografia, a palavra passou a qualificar as experiências dos governos após 1930, caracterizando, sobretudo o período entre 1945 e 1964.
Neste sentido, o termo serviu aos mais variados interesses de pesquisadores inseridos em estudos sobre política, economia, indústria cultural, estudo sobre instituições, planejamento urbano, crítica literária, análise de discurso, etc.
No entanto, a palavra não remete a qualquer análise rigorosa da dinâmica política.
A historiografia registra as mais profícuas voltas em torno do conceito, explorando determinadas visões dos sujeitos políticos, os líderes e seus projetos, as massas, as classes sociais e suas relações, mistificando o populismo amarrado ao trabalhismo, sindicalismo, nacionalismo, manipulação e demagogia.
Transitando por uma enorme gama de conceitos e tendências que não definem todo o período denotado como populista e muito menos as tendências políticas.
O termo se vulgarizou, o historiador perdeu o controle sobre o que expressa.
A palavra tornou-se de uso corrente e ganhou um status diferenciado no imaginário popular, adquirindo uso ostensivo em vários contextos, representando uma força para mobilizar personagens sociais.
Embora a variedade de uso indique seu valor como símbolo, possuindo grande capacidade de atribuir sentido aos processos históricos e interpelar os indivíduos para a ação coletiva contemporaneamente.
É por isto que o termo populismo passou a ser contestado por alguns setores da historiografia, deixando de ser utilizado na medida em que pesquisas concretas sobre temas específicos demonstravam sua inutilidade, especialmente sua a-historicidade.
A questão é que foi utilizado para contextos diversos, temporalmente distantes, com concentração em comportamentos políticos individuais, não comportando todas as características das dinâmicas institucionais diversificadas no tempo e no espaço.

Para saber mais sobre o assunto.
BERSTEIN, Serge. A cultura Política. In: RIOUX, Jean-Pierre, SIRINELLI, Jean-François (org.). Para uma história cultural. Lisboa: Ed. Estampa, 1998, p.13-36.
CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil/DIFEL, 1990.
DUTRA, Eliana R. de Freitas. História e Culturas Políticas: definições, usos, genealogias. Vária História. Belo Horizonte, nº 28, p.13-28, dez. 2002.
FERREIRA, Jorge (org). O populismo e sua história: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
FILHO, Daniel Aarão Reis. “O colapso do populismo ou a propósito de uma herança maldita” In: FERREIRA, Jorge (org). O populismo e sua história: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, p.319-377.
GOMES, Ângela de Castro. Reflexões em torno de populismo e trabalhismo. Vária História, nº28, pp.55-68, dez. 2002.
IANNI, Octávio. O colapso do Populismo no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
WEFFORT, Francisco. O populismo na política brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.



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Forte abraço.
Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

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