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Periodicidade: Semestral (edições em julho e dezembro) a partir do inicio do ano de 2013.
Mensal entre 13 de agosto de 2010 e 31 de dezembro de 2012.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

A vinda da família real portuguesa para o Brasil e a sua relação com a emancipação política e econômica.


Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 6, Volume dez., Série 09/12, 2015.

Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.


Doutor em história social - USP.
MBA em Gestão de Pessoas - UNIA.

Licenciado em história - CEUCLAR.
Licenciado em filosofia - FE/USP.
Bacharel em filosofia - FFLCH/USP.



Antes da independência, em um período geralmente classificado como pertencente ao final da época colonial, o Brasil foi elevado a Reino, deixando de ser tratado e considerado como uma mera colônia, configurando uma transição para independência.
Fugindo da invasão de Portugal por tropas francesas e espanholas, em virtude de seu apoio aos ingleses, o príncipe regente, D. João VI, chegou ao Brasil, junto com toda sua corte, que incluía mais 10 mil nobres e os maiores intelectuais de Portugal.
Além disto, vieram para o Brasil setecentas carroças e carruagens, móveis rebuscados, obras de arte e, o mais importante, todos os arquivos portugueses e sessenta mil livros.
Para uma zona onde havia carência de livros, então raros, a transferência da Biblioteca Real para o Brasil foi um passo importante rumo a algumas melhorias no sistema educacional, melhorando ao acesso da população a cultura e ideias europeias.
D. João VI fundou a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, aberta a todo o público, a primeira biblioteca pública do país, justamente em um momento em que mesmo as bibliotecas privadas eram raras.
Tendo sido transferido o governo para o Rio de Janeiro, então sediando a corte, o Brasil não podia continuar uma simples colônia, foi elevado à categoria de Reino Unido ao lado de Portugal e do Algarve.
A cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como sede do governo português não por sua infraestrutura, mas pela localização geográfica e maior distância do cenário da guerra, possuindo facilidade de comunicação marítima com a África e a Ásia.
Salvador, em termos estruturais, estava muito mais preparada.
Apesar de ser já a capital do Brasil e das reformas implementadas pelo Marquês do Lavradio, o Rio de Janeiro não tinha a menor condição de servir de capital ao Império marítimo português.
Influenciado por seus conselheiros, o príncipe regente remodelou a cidade, calçando as ruas e criando uma rede de iluminação pública.
Dentro deste contexto, procurou também modificar o ambiente cultural no Brasil, abrindo os portos brasileiros, em 1808, aos navios de todas as nações.
Uma medida que envolveu outras questões que não apenas a cultural obviamente, mas o que atraiu um bom número de intelectuais estrangeiros que foram responsáveis por um enorme salto no campo educacional.
Além disto, em 1816, sob a influência de Antônio de Araújo de Azevedo, o Conde da Barca, intelectual de orientação francesa, D. João organizou a vinda de uma missão francesa composta por intelectuais para o Brasil.
Como a França estava envolta em uma agitação social sem precedentes, herdada da revolução francesa, tendo os franceses sido derrotado pelos ingleses por esta altura, o Conde da Barca, encarregado de selecionar os intelectuais que seriam escolhidos, não teve o menor problema para encontrar gente que havia antes apoiado Napoleão e que estava disposta a vir para o Brasil.
Sob influência das quarenta e seis pessoas que vieram na missão francesa, foram criados diversos órgãos e departamentos de Estado, tal como Academia de Belas Artes. 
Foram criadas ainda, no Rio de Janeiro, a Academia da Marinha, a Academia Real Militar, uma Escola anatômico-cirúrgica e médica, um curso de Agricultura e a Escola Real de Ciências Artes e Ofícios.
Na Bahia, em Salvador, foram fundados o curso de Cirurgia, a cadeira de Economia, o curso de Agricultura, o curso de Química e o curso de Desenho técnico.
Durante o governo de D. João foram também estabelecidas quatro instituições que iriam estimular as ciências no Brasil: o Jardim Botânico, um observatório astronômico, um museu da mineração e um laboratório químico.
O período joanino facilitou as mudanças que seriam implantadas depois da independência do Brasil, tal como a criação da Imprensa Régia, que ajudou a circularem novas ideias, dentre as quais aquelas advindas da Revolução Francesa e do iluminismo, as quais estariam por trás de alguns movimentos nativistas de independência.
Ato que foi acompanhado da extinção da proibição da imprensa no Brasil, o que culminou imediatamente com a fundação de tipografias particulares no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador.
Devemos notar que, apesar da importância que tiveram as mudanças implantadas por D. João VI, todas as medidas e instituições serviram somente a elite e tiveram como objetivo formar uma casta dirigente brasileira.
Algo que, em certa medida, contraditoriamente, foi um responsável pelo fomento da luta em prol da independência.
Destarte, D. João VI foi obrigado a partir para Portugal, em um momento em que seu trono estava ameaçado por lá caso não voltasse.
Deixou seu filho como regente, o príncipe D. Pedro I, o qual teria, em um lampejo de sabedoria, pouco afeito ao seu caráter, pressentido que as medidas tomadas por ele mesmo terminariam fazendo o Brasil se separar de Portugal.
Na verdade, um contexto gradual que se iniciou ainda no período colonial, tanto que, ao partir, D. João teria dito a D. Pedro: “Se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros”.

Para saber mais sobre o assunto.
DIAS, Maria Odila Leite Silva. “A interiorização da Metrópole (1808-1853)”. In: MOTTA, Carlos Guilherme (Org.). 1822: dimensões. São Paulo: Scritta, 1995.
DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1986.
MANCHESTER, Alan K. Presença inglesa no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1973.
SODRÉ, Nelson Verneck. As razões da Independência. Rio de Janeiro: Graphia, 2002.




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Forte abraço.
Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

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