Para entender a história... ISSN 2179-4111.
Ano 6, Volume dez., Série 16/12, 2015.
Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
Doutor em história social - USP.
MBA em Gestão de Pessoas - UNIA.
Licenciado em história - CEUCLAR.
Licenciado em filosofia - FE/USP.
Bacharel em filosofia - FFLCH/USP.
O final do
século XIX, no Brasil, que marcou a crise do período imperial, esteve repleto
de contradições, onde o moderno e o antigo conviveram, ocasionando rupturas na
transição para a República, mas também comportando continuidades.
Em meio aos
reflexos gerados pela guerra do Paraguai, a gradual abolição da escravatura,
aos anseios por reformas políticas, ao fortalecimento do partido republicano e
a questão da sucessão de D. Pedro II; a participação da Igreja neste cenário
trouxe mais complicações que marcaram uma crise acentuada da monarquia.
O fim do Império
esteve envolta na chamada querela dos bispos e na chegada de novas religiões ao
Brasil, ameaçando a preponderância do catolicismo deste o inicio do período
colonial, estando já enraizado na sociedade patriarcal brasileira.
A presença do
catolicismo no Brasil foi marcada por ambiguidades, por exemplo, na relação com
a escravidão.
Milhões de
homens e mulheres de origem africana foram barbaramente escravizados e
sumariamente introduzidos no cristianismo e no projeto colonial europeu.
Por meio da
catequese e do batismo cristão, foram obrigados a abandonar cultura e religião
ancestrais e a se converterem ao catolicismo.
A Igreja
católica serviu de referencial para justificar a escravidão dos africanos,
constituindo sustentáculo a elite brasileira, além de meio de controle social
sobre a população escravizada.
Por isto mesmo
foi alvo de criticas por parte dos abolicionistas e viu seu poder decair com a
abolição da escravatura.
Parte da
sociedade brasileira, que via na escravidão um atraso ainda presente no novo
país que estava formando sua identidade, ocupou-se de uma modernização dana
perspectiva de abandono deste atraso, representado pela cultura domesticação,
implicando no combate a influencia da Igreja Católica nos assuntos leigos.
Algo que fez
parte do movimento republicano e que terminou por começar a exigir o casamento
civil em substituição ao religioso.
A laicização do
Estado, desde o século XVIII, já havia sido introduzida na Europa, porém no
Brasil a Igreja católica continuava presente nos assuntos do Império,
influenciando as decisões de elementos da elite e mesmo do Imperador.
Tiveram,
justamente, forte contribuição à laicização da sociedade brasileira, a
maçonaria, as religiões protestantes e o cientificismo de cunho positivista,
este ultimo fortemente presente entre republicanos e militares brasileiros.
Elementos
considerados modernizantes, mas, com exceção do positivismo, que não eram
novidade na Europa há muito tempo.
No entanto,
tentando combater as tendências tidas como modernizantes, através da
interpretação de do pedido do Papa Pio IX para combater o socialismo, o
liberalismo, a maçonaria, o protestantismo e o cientificismo; a Igreja católica
no Brasil se envolveu em uma grande polemica, terminando por desrespeitar a
Constituição e irritar membros do governo Imperial.
O resultado foi
o enfraquecimento da Igreja católica e, graças à disputa com o Estado, uma
ruptura política que enfraqueceu tanto a dita igreja como a figura do Imperador
e, portanto, a monarquia.
Sem gozar da
sustentação do catolicismo, a monarquia não conseguiu suportar o peso da crise
imposto por outros fatores, como as questões militares e o descontentamento de
setores desgostosos com a abolição.
Seriam
positivistas que iriam proclamar a República no Brasil, adotando o lema da
tendência - Ordem e Progresso - na bandeira nacional.
Para saber mais sobre o assunto.
BARATA,
Alexandre Mansur. Luzes e Sombras. A Ação
da Maçonaria Brasileira (1870-1910). Campinas: Editora da Unicamp, 1999.
MOTA, Carlos
Guilherme (org.). 1822: dimensões.
São Paulo: Perspectiva, 1986.
MELLO NETO,
Evaldo Cabral de. A outra independência.
São Paulo: Editora 34, 2004.
PADIM, Cândido
et alli. Missão da Igreja no Brasil.
São Paulo: Edições Loyola, 1973.
RAMOS, Fábio
Pestana & MORAIS, Marcus Vinícius de. Eles
formaram o Brasil. São Paulo: Contexto, 2010.
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Forte abraço.
Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
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