Para entender a história... ISSN 2179-4111.
Ano 6, Volume dez., Série 17/12, 2015.
Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
Doutor em história social - USP.
MBA em Gestão de Pessoas - UNIA.
Licenciado em história - CEUCLAR.
Licenciado em filosofia - FE/USP.
Bacharel em filosofia - FFLCH/USP.
O Estado Novo,
iniciado em 1930, chegou ao seu fim por meio de um golpe que contou com o aval
de Washington.
O novo governo
não deu continuidade ao projeto de industrialização de Vargas, as razões eram
obvias, estavam na contramão dos interesses norte-americanos.
Para os Estados
Unidos da América interessava manter o Brasil como amplo mercado consumidor de
produtos manufaturados, ao mesmo tempo, fornecedor de matérias primas e
produtos agrícolas.
O interessante
era a população brasileira consumir os produtos industrializados
norte-americanos, gerando empregos lá nos Estados Unidos da América e não no
próprio Brasil.
No entanto,
Vargas retornou ao poder, através do voto, retomando a orientação nacionalista
que o governo do Marechal Eurico Dutra havia interrompido.
A partir de
1951, de volta o poder, Getúlio Vargas instituiu o monopólio estatal do
petróleo e eletricidade, através da Petrobrás e Eletrobras, ambos voltados à
criação de demandas industriais.
Simultaneamente,
o governo brasileiro negociou com cientistas alemães a compra de tecnologia
nuclear, pensada em torno da questão energética.
A ideia era
fornecer suporte à industrialização, já que a energia era estratégica neste
segmento e, pela altura, deficiente no Brasil.
Também dentro
desta política de fomento a indústria, as importações de bens de capital foram
artificialmente encarecidas, junto com uma tentativa de controle sobre remessas
de lucros das multinacionais para o exterior.
Tais
iniciativas, objetivando equalizar os problemas de energia, induzir a
fabricação de máquinas e equipamentos, contendo a evasão de capitais; afetaram
naturalmente os interesses de monopólios de poderosos cartéis.
Em sua maioria,
as empresas de capital estrangeiro, sentiram-se acuadas, investindo contra o
governo para derrubá-lo.
Uma tendência
que contou com o apoio da burguesia comercial, beneficiária dos negócios de
importação e exportação.
A campanha,
ativada pelo jornalista Carlos Lacerda e pelos oficiais da chamada “Cruzada
Democrática”, resultou no suposto suicídio de Vargas em 24 de agosto de 1954.
Suposto porque
até hoje o episódio não foi esclarecido, sem que restasse duvidas, algumas
teorias conspiratórias afirmam que Vargas teria sido assassinado pela CIA, o
serviço secreto norte-americano.
Um capítulo da
história do Brasil que terá que esperar a abertura dos arquivos secretos da CIA
para ser definitivamente encerrado.
De qualquer
forma, o impacto político da morte de Vargas desencadeou uma reação popular de
enorme magnitude.
Havia um golpe
militar sendo articulado pouco antes do suposto suicídio do presidente, com a
mobilização de grande parte das forças armadas, mas o golpe foi desarticulado
pelo clamor popular em torno do luto por Vargas.
Os militares
brasileiros já estavam sendo orientados por conselheiros políticos
norte-americanos desde esta data, o que conduziria ao golpe de 1964.
Prova é que,
pouco mais de um ano depois da morte de Vargas, graças às intervenções
militares de 11 e 21 de novembro de 1955, a posse de Juscelino Kubitschek foi
garantida pela direita em pleno amadurecimento.
Para saber mais sobre o assunto.
BRANDÃO, Antonio
Carlos & DUARTE, Milton Fernandes. Movimentos
culturais de juventude. São Paulo: Moderna, 1990.
FARIA, Antonio
Augusto; BARROS,Edgard Luiz de. Getúlio
Vargas e sua época. São Paulo: Global, 1988.
DREIFUSS, René
Armand. 1964: a conquista do Estado -
ação política, poder e golpe de classe. Petrópolis: Vozes, 1981.
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Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
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