Publicação brasileira técnico-científica on-line independente, no ar desde sexta-feira 13 de Agosto de 2010.
Não possui fins lucrativos, seu objetivo é disseminar o conhecimento com qualidade acadêmica e rigor científico, mas linguagem acessível.


Periodicidade: Semestral (edições em julho e dezembro) a partir do inicio do ano de 2013.
Mensal entre 13 de agosto de 2010 e 31 de dezembro de 2012.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A volta do governo Vargas e o caminho para a ditadura de 1964.

Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 6, Volume dez., Série 17/12, 2015.


Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

Doutor em história social - USP.
MBA em Gestão de Pessoas - UNIA.

Licenciado em história - CEUCLAR.
Licenciado em filosofia - FE/USP.
Bacharel em filosofia - FFLCH/USP.



O Estado Novo, iniciado em 1930, chegou ao seu fim por meio de um golpe que contou com o aval de Washington.
O novo governo não deu continuidade ao projeto de industrialização de Vargas, as razões eram obvias, estavam na contramão dos interesses norte-americanos.
Para os Estados Unidos da América interessava manter o Brasil como amplo mercado consumidor de produtos manufaturados, ao mesmo tempo, fornecedor de matérias primas e produtos agrícolas.
O interessante era a população brasileira consumir os produtos industrializados norte-americanos, gerando empregos lá nos Estados Unidos da América e não no próprio Brasil.
No entanto, Vargas retornou ao poder, através do voto, retomando a orientação nacionalista que o governo do Marechal Eurico Dutra havia interrompido.
A partir de 1951, de volta o poder, Getúlio Vargas instituiu o monopólio estatal do petróleo e eletricidade, através da Petrobrás e Eletrobras, ambos voltados à criação de demandas industriais.
Simultaneamente, o governo brasileiro negociou com cientistas alemães a compra de tecnologia nuclear, pensada em torno da questão energética.
A ideia era fornecer suporte à industrialização, já que a energia era estratégica neste segmento e, pela altura, deficiente no Brasil.
Também dentro desta política de fomento a indústria, as importações de bens de capital foram artificialmente encarecidas, junto com uma tentativa de controle sobre remessas de lucros das multinacionais para o exterior.
Tais iniciativas, objetivando equalizar os problemas de energia, induzir a fabricação de máquinas e equipamentos, contendo a evasão de capitais; afetaram naturalmente os interesses de monopólios de poderosos cartéis.
Em sua maioria, as empresas de capital estrangeiro, sentiram-se acuadas, investindo contra o governo para derrubá-lo.
Uma tendência que contou com o apoio da burguesia comercial, beneficiária dos negócios de importação e exportação.
A campanha, ativada pelo jornalista Carlos Lacerda e pelos oficiais da chamada “Cruzada Democrática”, resultou no suposto suicídio de Vargas em 24 de agosto de 1954.
Suposto porque até hoje o episódio não foi esclarecido, sem que restasse duvidas, algumas teorias conspiratórias afirmam que Vargas teria sido assassinado pela CIA, o serviço secreto norte-americano.
Um capítulo da história do Brasil que terá que esperar a abertura dos arquivos secretos da CIA para ser definitivamente encerrado.
De qualquer forma, o impacto político da morte de Vargas desencadeou uma reação popular de enorme magnitude.
Havia um golpe militar sendo articulado pouco antes do suposto suicídio do presidente, com a mobilização de grande parte das forças armadas, mas o golpe foi desarticulado pelo clamor popular em torno do luto por Vargas.
Os militares brasileiros já estavam sendo orientados por conselheiros políticos norte-americanos desde esta data, o que conduziria ao golpe de 1964.
Prova é que, pouco mais de um ano depois da morte de Vargas, graças às intervenções militares de 11 e 21 de novembro de 1955, a posse de Juscelino Kubitschek foi garantida pela direita em pleno amadurecimento.

Para saber mais sobre o assunto.
BRANDÃO, Antonio Carlos & DUARTE, Milton Fernandes. Movimentos culturais de juventude. São Paulo: Moderna, 1990.
FARIA, Antonio Augusto; BARROS,Edgard Luiz de. Getúlio Vargas e sua época. São Paulo: Global, 1988.
DREIFUSS, René Armand. 1964: a conquista do Estado - ação política, poder e golpe de classe. Petrópolis: Vozes, 1981.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Esteja a vontade para debater ideias e sugerir novos temas.
Forte abraço.
Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.