Para entender a
história... ISSN 2179-4111. Ano 5, Volume jul., Série 12/07,
2014, p.01-20.
Fábio Pestana Ramos.
Doutor em história social
- USP.
MBA em Gestão de
Pessoas - UNIA.
Licenciado em história
- CEUCLAR.
Licenciado em filosofia
- FE/USP.
Bacharel em filosofia -
FFLCH/USP.
Na pré-história já existiam relações políticas
estabelecidas entre os indivíduos, o que não havia eram organizações e
estruturas políticas, as quais passaram a existir somente com o surgimento das
primeiras civilizações.
As relações políticas sempre foram essenciais para a
sobrevivência das pessoas, garantindo o funcionamento de um contexto de
integração que tornou o homem forte frente à natureza e suas intempéries.
A fragilidade fisiológica da espécie humana é
superada pela capacidade de interação entre indivíduos, razão pela qual a
própria fisiologia foi se alterando para permitir interações mais sofisticadas.
Estas envolviam o exercício da política em sentido
amplo, permitindo trocar experiências e alterar o ambiente em função das
necessidades e conforto.
Exigindo a canalizando dos esforços coletivos que
carecem da política como articuladora das múltiplas opiniões, conciliando os
desejos individuais em prol do coletivo.
Durante a pré-história, os grupos humanos possuíam
líderes que direcionavam os esforços do grupo e exerciam o convencimento,
estabelecendo relações de poder.
O principal elemento que conferia poder era o uso da
força física, o guerreiro mais forte e bem sucedido liderava.
Uma evolução permitiu ao mais sábio também liderar,
o ancião ou um conselho dos mais velhos detinha a memória do grupo e tomava as
decisões.
No alvorecer das primeiras civilizações, a liderança
passou a ser exercida através do controle de estruturas sociais, pautando as
relações de poder e condicionando a esfera econômica e cultural.
Através da política, o desenvolvimento humano foi
condicionado pelas estruturas que nasceram na antiguidade.
Formas de organização política possibilitaram
rupturas, mas também iniciaram continuidades que ainda influenciam o cotidiano
contemporâneo.
A relevância do estudo da política Pré-Estatal,
começando pela antiguidade e a divisão – Oriental Teocrática, Pólis Grega e
Civitas Romana -, é demonstrada pelo impacto que exerce ainda hoje.
Não bastasse este fato, entender os primórdios do
desenvolvimento da política é essencial para a compreensão da formação dos
Estados Modernos, dos regimes políticos e da passagem do Direito Natural para o
Positivo em voga.
As
primeiras civilizações.
A partir da sedentarização, fomentada pela
agricultura - que exigia sociedades estacionárias -, a família matriarcal foi
substituída pela patriarcal, iniciando a transição para novas formas de
organização política.
Primitivamente, os agrupamentos humanos eram
eminentemente familiares, baseados na coleta de recursos da natureza e na caça,
os quais uma vez esgotados exigiam o deslocamento em busca de novos recursos.
O nomadismo fazia estes grupos serem chefiados por
mulheres, pois os homens se mantinham em movimento caçando.
Além do fato da poligamia impedir uma linhagem
patriarcal, visto que a única certeza era conferida pela descendência
matriarcal.
A mãe era sempre conhecida por razões obvias, mas o
pai raramente.
A maior expectativa de vida entre as mulheres,
quando homens morriam com maior frequência - tentando defender o grupo e prover
o sustento -, associado ao caráter simbólico da maternidade, tornou a
feminilidade uma entidade sagrada cultuada.
A agricultura forçou os homens a permanecer ao lado
das mulheres e crianças, o que depois foi reforçado com a domesticação de
animais e o pastoreio.
A família patriarcal originou a cultura do falo, o
culto ao pênis, simbolismo da masculinidade, em torno do qual passaram a se
reunir os filhos e gerações de parentes em diferentes graus.
A reunião de varias famílias extensas formou
aldeias, em média com duzentos habitantes; estas cresceram e formaram tribos e
cidades, conduzindo ao surgimento das primeiras civilizações.
O aparecimento da propriedade privada decorre do
crescimento populacional aquém da capacidade da manutenção de um padrão elevado
de consumo.
Exigindo a organização do trabalho e um maior
controle sobre a natureza, visando transformá-la para o benefício e expansão
dos centros urbanos.
Em um primeiro momento, o que existia era a
propriedade comunitária da família, que evoluiu para tribal e, depois, posse
individual sob a tutela de um governo centralizador dos esforços da comunidade.
A disputa pelo poder hierarquizou a sociedade,
resultando nas primeiras estruturas politicas, pretendendo manter a ordem,
atender as necessidades de defesa e resolver conflitos gerados pela posse de
terras e recursos.
Fazendo surgirem leis e instituições políticas que
conferiram autoridade para uns poucos indivíduos.
Estes, no inicio, estavam revestidos de autoridade
devido ao caráter mágico-religioso do ancestral patriarca, transformado
gradualmente em deus.
Os descendentes do patriarca adquiriram, portanto,
poder sacerdotal de intermediário com o divino.
Estas primeiras formas de organização política
familiar de laço sanguíneo e caráter religioso se transforam em governos
permanentes, compondo os primeiros Estados primitivos na aurora da civilização.
O termo civilização vem do latim civita (cidade), somado a civil (o habitante da cidade);
designando um sistema político centralizado na vida urbana, com a imposição da
cultura de um povo sobre os demais.
Segundo Samuel Phillips Huntington, norte-americano,
consagrado teórico da Ciência Política; as primeiras civilizações originaram
oito modelos organizativos que norteiam a política contemporânea:
1. Sínica ou chinesa.
2. Nipônica ou japonesa.
3. Hindu.
4. Islâmica.
5. Cristã Ocidental.
6. Ortodoxa.
7. Subsuariana.
8. Árabe.
No entanto, a matriz política pode ser reduzida a
apenas três na antiguidade, as quais se desdobraram posteriormente.
As primeiras civilizações, as mais antigas remontam
a pelo menos 6.000 a.C., são anteriores ao aparecimento da escrita, configurando
um modelo de origem Oriental, com organização política teocrática.
A partir destas derivaram duas civilizações
extremamente significativas para o mundo Ocidental e parte do Oriental
contemporâneo, fixando o que se convencionou chamar de cultura clássica: a
Pólis Grega e, derivando desta, a Civita Romana.
Teocracia
Oriental.
As primeiras civilizações surgiram no Oriente, em
torno de 6.000 a.C., dispondo-se em torno de grandes rios, ainda antes do
surgimento da escrita; no período conhecido como pré-história, constituindo o
ponto de passagem para o inicio da história.
Estas evoluíram em regiões com condições adversas,
banhadas por grandes rios, exigindo esforços para organizar o trabalho e
permitir a sobrevivência dos povos que as originaram.
Na Mesopotâmia, palavra que significa entre rios,
formou-se uma civilização em torno do rio Tigre e Eufrades; no Egito ao longo
do Nilo; na Índia junto ao Indo, na China às margens do rio Amarelo; e,
posteriormente, na Palestina, ao redor no Jordão.
Os rios foram fundamentais, não só como fonte de
água potável, mas também por permitir acesso a terras férteis rodeadas por
desertos, que isolaram estes povos; na maior parte dos casos, protegendo de
invasões e possibilitando um longo processo de sedentarização urbana.
Estes povos desenvolveram técnicas, novas
ferramentas, o domínio da metalurgia, o florescimento da arte e arquitetura.
Os rios possibilitaram a canalização das águas para
ampliar as terras cultiváveis, expandindo a produção agrícola e criando excedente,
originando o comercio; fomentando a invenção da escrita a partir da necessidade
de organizar o trabalho e controlar o nascente fluxo mercantil.
Em termos políticos, estas civilizações construíram
pequenos Impérios baseados em um modelo de organização teocrática, tendo a
religião de cunho mitológico e politeísta como centro.
O termo teocracia deriva do grego teo (deus), somado a kratos (governo), literalmente governo
de deus ou da religião; um regime político onde o poder é exercido por
sacerdotes que intermediavam as relações com o sagrado, revestidos como juízes
e governantes com papel divino ou semidivino, em muitos casos identificados
como deuses ou semideuses.
Neste caso, o poder da liderança era exercido pela
autoridade conferida pela religião e sua influencia junto à população, com um
viés absolutista inquestionável.
A despeito de constituir um modelo arcaico em termos
antropológicos, sendo a primeira matriz política; a teocracia existe ainda
hoje, notadamente em Estados muçulmanos do Oriente Médio como o Irã e Arábia
Saudita, ou Orientais como o Paquistão, e africanos como Mauritânia e Sudão.
Teocracia
Suméria.
Na antiguidade, uma das primeiras teocracias a
surgir foi a Suméria, formada por povos das montanhas do norte que desceram
para a região do crescente fértil, localizada no centro entre o rio Tigre e
Eufrades.
Povos que fundaram Cidades-Estados de Ur, Nippur,
Uruk e Lagash; algumas das quais chegaram a ter mais de 200 mil habitantes,
hoje quase totalmente desaparecidas, restando apenas ruinas.
Estes centros urbanos nasceram e se desenvolveram em
torno de um templo principal fortificado, que servia também de residência para
o governante ou rei, além de principal lugar de estocagem de recursos e praça
de comércio.
A maior parte destas cidades foram construídas com
tijolos de barro seco ao Sol, já que pedras eram raras na região.
Razão pela qual terminaram desaparecendo ao longo do
tempo, deixando apenas vestígios arqueológicos e umas poucas estruturas de
pedra.
As cidades sumérias viveram uma constante guerra
entre si, travando combate pela hegemonia, abrindo espaço para o
enfraquecimento e invasão de outros povos que substituíram seus construtores,
os quais herdaram o sistema político e cultura.
A Suméria foi a primeira civilização da Mesopotâmia,
sendo sucedida pelo Império Acádico - a primazia da cidade de Acad sobre a
região -, seguido pelo Império Babilônico e Assírio.
Os Sumérios fundaram o chamado Modo de Produção
Asiático, um regime político-econômico baseado em um poder fortemente centralizado
na figura de um governante, responsável por organizar os trabalhos,
obrigatórios e compulsórios, de camponeses livres em grandes obras públicas
controladas pelo Estado.
Um sistema que surgiu devido à necessidade de criar
canais de irrigação e açudes, evoluindo para a construção de templos, palácios
e estruturas defensivas como muralhas.
O camponês era obrigado a prestar serviços
periodicamente para o Estado, em geral um dia de trabalho dentro de um espaço
de tempo equivalente ao semanal, sem receber pagamento, a título de tributo.
Este trabalho forçado não isentava o pagamento de
impostos ao Estado e a prestação de serviço militar, este ultimo pensado para
proteger a cidade e expandir sua zona de influencia através de guerras.
Os templos sumérios, dedicados a mais de trezentos
desuses, exerceram papel ativo na organização política, constituindo centros
econômicos de comercio e armazenamento de produtos.
Outra contribuição importante para a politica foi
realizada pelo Império Babilônico, uma continuidade da cultura suméria, através
de um dos seus governantes: Hamurábi.
O soberano criou o primeiro código de leis escritas
da história da humanidade.
O Código de Hamurábi foi gravado em um pilar de
basalto, sintetizando o direito sumério e deslocando a administração da justiça
da oralidade para a escrita.
A tradição oral permitia alterar as leis conforme os
interesses de quem julgava.
A partir do registro escrito, a lei passou a ser
fixa e inalterável, a despeito da interpretação dúbia.
O código condicionou a política às leis,
estruturando a sociedade em três segmentos, cada qual com direitos e punições
diferenciadas, regulando as relações entre as pessoas e a distribuição do
poder.
No topo da sociedade estavam os nobres, abaixo os
súditos comerciantes e artesãos, a mais baixa posição era ocupada por servos,
seguidos por escravos.
Cada estamento tinha a administração de diferentes
punições, crimes contra nobres e sacerdotes eram punidos com maior severidade.
O código ficou conhecido como aplicação da Lei de Talião,
cuja máxima era “olho por olho, dente por dente”; que punia as infrações
conforme o delito.
Quando, por exemplo, um médico mutilava um paciente,
sendo este de sua categoria social, ele também seria mutilado; sendo de
estamento inferior pagaria uma multa.
Na eventualidade do desabamento de uma casa,
resultando em mortos; seus construtores teriam o mesmo fim.
Além disto, Hamurábi disciplinou as relações de
poder, fixando salários, aluguéis, juros e condições de trabalho e indenizações
por acidentes.
Teocracia
egípcia.
A semelhança da Suméria, também no Egito imperou o
Modo de Produção Asiático, visto que ao longo do rio Nilo surgiu um governo
fortemente centralizado para permitir o controle do fluxo das águas.
Fazendo nascer mecanismos políticos para impedir
conflitos e construir canais de irrigação em terras cercadas por desertos.
O rio Nilo depositava humos nas suas cheias,
tornando o solo extremamente fértil ao longo das margens quando do recuo das
águas.
Permitindo gerar um excedente na produção que fez
florescer uma civilização extremamente avançada em vários segmentos, incluindo
artes, medicina, matemática e engenharia.
Na política, os egípcios deram mais um passo
comparativamente aos seus antecessores e contemporâneos, o poder foi unificado
nas mãos do faraó, uma figura semidivina, identificado como filho do deus Rá
(Sol), compondo mais que uma Cidade-Estado, um Estado primitivo controlador de
todo uma região.
Para manter a pureza de sua descendência, os faraós
realizavam casamentos endogâmicos, apenas dentro da família, tornando comuns
uniões entre pais e filhos ou entre irmãos.
Juntando vários nomos (tribos), governadas por
nomarcas, que formaram a nobreza provincial, o faraó construiu em torno de si
uma estrutura política que utilizou uma burocracia sofisticada, controlada por
funcionários públicos.
No topo da hierarquia administrativa estavam os
vizires, auxiliados por sacerdotes e escribas.
Estes últimos eram responsáveis pelos registros
escritos de tudo que dizia respeito aos mais diferentes aspectos da vida
cotidiana e pós-morte, sendo treinados desde a infância para dominar os
segredos da escrita, passados somente de pai para filho.
A sociedade egípcia possuía uma mobilidade social
quase nula, não permitindo participação nas decisões políticas, centralizadas
no faraó.
Uma das poucas possibilidades de ascender
socialmente era oferecida pelo serviço militar e funcionalismo público.
No topo da sociedade estava o faraó e sua família,
seguido pela nobreza e altos funcionários; abaixo vinham os sacerdotes.
O estamento médio era composto por escribas,
comerciantes e artesãos.
A maior parte da população era formada por
camponeses livres, chamados felós, que viviam em comunidades tribais e pagavam
impostos para manter a nobreza, prestando serviços compulsórios para o Estado.
Alguns destes eram arrendatários ou assalariados,
mas não possuíam a posse das terras, a qual pertencia ao Estado.
Abaixo destes havia ainda escravos, em geral
prisioneiros de guerra e seus descendentes, embora não fossem tão numerosos
como os felós.
Os camponeses eram obrigados a prestar serviços em
obras públicas, chamado de corveia; inicialmente usadas para obras de melhoria
das terras agricultáveis e plantações de trigo, cevada, linho, algodão,
legumes, frutas, alho e cebola.
Depois a mão-de-obra foi canalizada para construção
de grandes templos e suntuosos edifícios funerários.
Os egípcios acreditavam na vida além-túmulo, devendo
o corpo do morto ser preservado e suprido de todos os bens e alimentos
necessários à sua passagem para terra dos mortos.
Uma crença que originou Mastabas e grandes
Pirâmides, estruturas construídas para abrigar os corpos do faraó, seus
familiares e a nobreza na vida após-morte.
O gigantismo destas edificações espelhava o poder político
de quem mandava ergue-las, ficando como um monumento à dinastia do faraó,
emprestando o prestigio do defunto aos seus parentes vivos.
Outras
teocracias Orientais.
Na Índia, outra teocracia, a partir de múltiplas
invasões formou-se um regime político baseado em castas, segmentando socialmente
a população, sem possibilidade de mobilidade, pois estava baseada no
nascimento.
Originalmente, as castas foram divididas em cinco
segmentos:
1. Brâmanes
(cabeça), sacerdotes, professores e filósofos.
2. Xátrias
(braços), guerreiros.
3. Vaixãs (pernas),
comerciantes e agricultores proprietários de terras.
4. Sudras
(pés), artesão e camponeses.
5. Dalit
(poeira dos pés), os intocáveis, aqueles que haviam violado o código de castas
e seus descendentes.
Os estrangeiros eram considerados a parte desta
estrutura e excluídos da sociedade.
Na China, uma teocracia política, também existiu uma
divisão estamental, embora com uma mobilidade limitada, inserindo-se no Modo de
Produção Asiático, utilizado para a construção de grandes obras públicas.
Resultando na construção da Grande Muralha da China,
a qual, como estrutura defensiva, conduziu a um isolamento voluntário do
restante do mundo antigo.
O governo era fortemente centralizado nas mãos do
Imperador, considerado semidivino, filho do Sol, cercado por funcionários
públicos e uma nobreza de natureza militarizada.
A base da sociedade era formada por camponeses
livres que viviam em um regime de servidão
Um sistema político que continuou existindo até o
inicio do século XX.
Na região da palestina, os hebreus, um povo com
senso de predestinação divina, criaram o Estado de Israel, a Judeia, expulsando
os povos que viviam ali.
Fundando uma teocracia monoteísta que iria
influenciar todo o mundo Ocidental e parte do Oriental.
Possuindo um sistema politico baseado no governo de
reis, sacerdotes e juízes, a principal contribuição dos hebreus para a política
foi a Bíblia.
Um conjunto de textos que constituía um código de
ética primitivo, que serviu de base para, além da religião judaica, também para
o cristianismo e o islã (a religião muçulmana).
Possuindo imensas implicações políticas até hoje em
vários sentidos, incluindo a disputa pela posse de terras e fronteiras na
Palestina.
É interessante notar que os hebreus não estavam
inseridos no Modo de Produção Asiático, não deixando grandes estruturas como
testemunho para a história, para além de umas poucas ruinas, mas interferindo
nas mentalidades a partir de aspectos culturais.
A
Pólis Grega.
A Pólis, a Cidade-Estado grega, constitui uma
unidade variável em termos políticos, possuindo múltiplos formatos que podem
ser resumidos em apenas dois, simbolizados por Atenas e Esparta.
A sua origem remonta aos genos, sociedades tribais
do inicio do período de povoamento da Grécia, por volta do ano 2.000 a.C.,
quando povos indo-europeus vindos da Europa Central invadiram a península
Balcânica, notadamente helenos, aqueus e eólios.
Os genos eram organizações políticas de viés
familiar, daí o termo contemporâneo genética; agregando parentes sanguíneos e
gerações reunidas em torno de um patriarca.
Para fortalecer os genos contra constantes disputas
por terras e recursos, formaram-se as fratias, lideradas por reis; cujo
crescimento populacional, contraposto a um aumento lento do ritmo de produção
agrícola, conduziu a uma crise.
A desagregação do geno como unidade política fez
aparecer a Cidade-Estado, a partir da união de fratias, compondo a Pólis;
cidade fortificada, onde a população rural se reunia em caso de perigo, com
estruturas públicas destinadas ao governo, religião e comercio.
No inicio, todas as Pólis eram governadas por reis,
que tinham como função o comando do exercito e a realização de cerimonias
religiosas; auxiliado por um conjunto de nobres na administração da cidade.
Depois, em algumas Pólis o sistema político evoluiu
para o governo de um magistrado por um período de um ano; em outras, o governo
foi entregue ao conselho de notáveis também por um prazo de tempo determinado.
Nestes sistemas políticos, as pessoas comuns só
podiam optar por literalmente aplaudir ou não as decisões, demonstrando aprovação
ou reprovação.
O que, no entanto, evoluiu para uma participação
efetiva do cidadão, originando o modelo político ateniense.
A geografia da região onde hoje temos a Grécia
contemporânea, repleta de montanhas, com um litoral recortado e cercado por
pequenas ilhas, contribuiu para gerar um isolamento inicial entre as cidades.
Algo que, associado com a intensa rivalidade entre
as Pólis, impediu a continuidade da evolução do sistema político para a
formação do sentimento de nação.
Isto, a despeito do contato com o mar Mediterrâneo
facilitar as comunicações, transporte e comercio.
Não obstante, a continuidade da evolução política,
da estrutura da Pólis, resultou em uma multiplicidade de modelos, os quais,
apesar da variedade, podem ser resumidos a dois simbolizados por Atenas e
Esparta.
A
Pólis ateniense.
Em Atenas surgiu a democracia, em sua forma mais
acabada por volta do ano 500 a.C., cujo termo deriva da palavra demo, denominação das camadas populares
em oposição a aristocracia, significando literalmente governo do povo.
A cidade foi fundada em uma região de passagem,
favorecendo o comercio e a navegação, nomeada em homenagem a deusa da
sabedoria,
Inicialmente, vivendo principalmente do cultivo de
cereais, a sociedade ateniense estava dividida em quatro estamentos:
1. Eupátridas,
os nobres, guerreiros e grandes proprietários de terras.
2. Georghois,
pequenos agricultores.
3. Demiurgos,
comerciantes e artesãos.
4. Thetas,
trabalhadores assalariados.
Nesta época havia poucos escravos e a política
estava subordinada aos reis e aristocracia, reunidos no Areópago, uma assembleia de eupátridas que nomeava Arcantes, responsáveis pela
magistratura, zelando pelo cumprimento das leis, ainda de cunho oral.
O aumento do comercio conduziu a concentração de
renda, pequenos proprietário rurais se endividaram e acabaram escravizados pelo
não pagamento de hipotecas, resultando na reorganização social.
Após inúmeros comícios, greves e choques armados,
nasceu uma sociedade formada por cidadãos, em oposição a uma base demográfica
em sua maioria formada por escravos, enquanto estrangeiros estavam a margem da
estrutura social.
O processo que conduziu a democracia passou pela
transição da oralidade para a escrita, com a promulgação de um código de leis
escritas promulgado por Dracon, em 621 a.C.
O aristocrata publicou um conjunto de leis que ficou
conhecido pelo seu rigor, alguém que roubasse um pedaço de pão seria condenado
à morte; cunhando a expressão draconiano
para designar medidas rígidas e sem possibilidade de desobediência.
Em 594 a.C., com Atenas a beira de uma guerra
interna devido ao processo de endividamento dos georghois - ainda constituindo
a maioria da população -, o aristocrata Sólon assumiu o governo, estabelecendo
reformas políticas que posteriormente influenciaram todo o mundo Ocidental.
As reformas de Sólon determinaram a divisão social
pela renda ao invés do nascimento, criando a sociedade da meritocracia, a qual
impera até hoje; fazendo comerciantes e artesãos enriquecidos passarem a
pertencer à elite da cidade, junto com grandes proprietários de terras.
O Areópago,
o conselho de nobres, foi dividido em dois: Bulé
e Eclesia.
A Bulé
possuía quatrocentos representantes eleitos, cem para cada tribo que fundou a
cidade, referente à antiga divisão social; formulando leis e opinando sobre o
governo da Pólis.
A Eclesia
era formada por todos os cidadãos da Pólis, instituição a qual eram submetidas
às medidas promulgadas pela Bulé para aprovação, não podendo deliberar ou
propor mudanças nas decisões, apenas votar sim ou não.
A organização política influenciou, depois, os
romanos e, através destes, evoluiu resultando hoje na Câmara dos Deputados e no
Senado.
Sólon criou também um tribunal chamado Heliaia, ao qual os cidadãos podiam
apelar caso não concordassem com alguma lei ou sentença dos magistrados, o que
contemporaneamente originou o Supremo Tribunal.
As reformas geraram insatisfação entre os
eupátridas, conduzindo a um período de tirania, um novo modelo político
organizativo que precedeu a democracia.
A tirania era um governo ilegítimo, contrário à lei
vigente, por isto impopular, não apoiado pela maioria; onde um aristocrata,
apoiado por tropas, assumia o papel de tirano, tomando decisões individualmente
- sem respeito à vontade de outros, as leis ou a tradição -, pensando, no
entanto, no bem do coletivo a longo prazo.
O período da tirania durou pouco menos de cem anos,
abrindo caminho para a democracia, foi derrubado em 500 a.C., com a ajuda de
tropas espartanas, permitindo a ascensão de Clístenes e a extinção definitiva
dos eupátridas e do Areópago.
Clístenes dividiu Atenas em dez tribos, misturando
em cada uma elementos dos diversos estamentos sociais.
Por sorteio, determinou a escolha de cinquenta
membros de cada tribo para compor a Bulé
- então com quinhentos representantes no total -, com mandato de um ano.
A Eclesia
continuou agregando todos os cidadãos.
A reforma instituiu remuneração para o exercício de
cargos públicos, o que antes não acontecia, para permitir a participação
popular dos despossuídos, que precisavam trabalhar para se mater.
Instituiu também que o cargo de juiz podia ser
ocupado por qualquer cidadão, mediante eleição; um sistema político que
influenciou a magistratura anglo-saxã, a qual funciona assim até hoje.
Em qualquer caso, cargos públicos só podiam ser
exercidos por um período de um ano.
Para proteger a democracia da tirania foi criada a
lei do ostracismo, qualquer pessoa que fosse considerada uma ameaça para o
regime político podia ser exilada por dez anos, sem perda dos bens.
A proposta de ostracismo deveria partir da Bulé, podendo ser efetuada em qualquer
época, mas anualmente votada obrigatoriamente pela Eclesia.
A votação dos cidadãos, inicialmente era registrada
através de cascas de ostras, depois em pedaços de cerâmica chamados óstratos; da onde deriva o termo
ostracismo, hoje significando isolamento politico.
Posteriormente, o crescimento populacional exigiu
mudanças - Atenas chegou a ter vinte mil cidadãos -, passando a utilizar
sementes ou pedras negras e brancas, depositadas em jarros de cerâmica para
registrar sim ou não.
Cada cidadão escolhia a sementes ou pedra de uma cor
e depositava no jarro, depois estas eram contadas, referendando a decisão do
povo.
A população se reunia uma vez por ano na Ágora, termo que significa local de
reunir ou Assembleia, o espaço de reunião dos cidadãos, um amplo espaço aberto
rodeado de edifícios públicos, que servia também para feiras comerciais e
festejos, que era o centro da Pólis.
Reunido o povo, qualquer um podia indicar um nome
para o ostracismo, o mais votado era submetido à aprovação da Bulé e, depois, novamente a votação da Eclecia.
Porém, a Bulé
podia indicar um nome para o ostracismo em qualquer época do ano, o qual era
submetido à aprovação da Eclesia.
Todo o sistema educacional ateniense estava voltado
para a formação da cidadania, em um contexto ligado com o surgimento da
filosofia e da pedagogia.
A educação estava centrada na Paidéia, a construção da cultura democrática pela educação,
sistematizando o conhecimento através da filosofia.
A palavra deriva de pais (criar os meninos), a partir da qual decorre paidos (criança), de onde temos
pedagogo, soma de paidos com agogôs (aquele que conduz), significando
literalmente a condução das crianças.
É interessante notar que o conceito de cidadania
era, até certo ponto, a rigor, distinto do contemporâneo.
Mulheres, crianças, escravos e estrangeiros não
participavam da política, pois não tinham cidadania.
Apenas os homens adultos livres, nascidos na cidade
e descendentes de seus habitantes já presentes ali em gerações anteriores,
participavam da vida política da Pólis.
No século V a.C., por exemplo, dentre uma população
de quatrocentos mil habitantes em toda a região da Ática, apenas quarenta mil
possuíam cidadania em suas respectivas Pólis somadas.
A
Pólis espartana.
Esparta representou o sistema político em oposição
ao ateniense.
A Pólis espartana foi fundada pelos aqueus, longe do
mar, sob influencia da cultura micênica, no ano 1.100 a.C., reduzindo o povo
que já habitava o local à servidão.
Para manter o controle sobre a imensa massa de
servos, os espartanos, a minoria da população, desenvolveram uma cultura
militarizada que tinha como centro o culto ao corpo e a arte da guerra.
A sociedade espartana possuía limitada mobilidade,
dividida em três estamentos:
1. Espartanos,
a categoria dominante que possuía um estilo de vida militarizado.
2. Piriecos,
homens livres que exerciam funções remuneradas ou que se dedicavam ao
artesanato e comércio, além de pequenos proprietários rurais donos das terras
menos férteis, descendentes dos dórios. A origem do termo pirieco é justamente periferia, habitante de terras distantes do
centro da Pólis.
3. Hilotas,
originários dos povos que habitavam a região antes da chegada dos aqueus,
servos fixos às terras de propriedade dos espartanos, que não podiam ser
vendidos ou trocados, constantemente oprimidos e massacrados.
Para manter um controle populacional, um equilíbrio
entre estamentos, periodicamente, pelo menos uma vez por ano; os espartanos
declaravam guerra aos hilotas, considerados inferiores, quando podiam ser
abusados e assassinados sem punição para os agressores.
No restante do tempo, os hilotas, da onde deriva o
termo idiota, eram vigiados de perto pela Kriptéia,
uma espécie de polícia policia militarizada composta por espartanos.
Tamanha a truculência da Kriptéia que a palavra originou kripta
(cripta), significando local de repouso dos mortos.
O regime político em Esparta era de natureza
oligárquica, ou seja, poucos participavam das decisões que afetavam a Pólis.
A monarquia evoluiu para uma diarquia, dois reis
eram escolhidos entre as duas principais famílias espartanas, comandando o
exercito, mas não desempenhando tarefas administrativas.
O controle político da cidade era exercido pela Gerúsia, uma assembleia formada pelos
dois reis e pelos anciãos, vinte e oito espartanos com mais de sessenta anos.
A qual era responsável pela instituição de leis,
nomeando cinco Éforos, magistrados
que aplicavam a justiça, e demais cargos públicos.
As decisões da Gerúsia
precisavam ser aprovadas pela Apella,
assembleia em que todos os espartanos considerados cidadãos participavam.
Funções públicas só podiam ser ocupadas por cidadãos
plenos espartanos, mas o simples nascimento não garantia a cidadania, a qual
deveria ser conquistada mediante o mérito e a passagem por etapas com um rígido
sistema educacional militarizado.
Ao nascer, a criança era examinada por um grupo de
anciãos, constatada deficiência física seria atirada do alto do monte Taigeta
para morte.
Aos sete anos os meninos eram separados das mães,
passando a viver nas escolas organizadas como quartéis.
Adestravam os corpos em jogos, recebendo instrução
militar, sendo submetidos a situações extremas de fome e um rígido código de
conduta, que punia infrações com severos castigos físicos e até morte.
Em determinadas épocas do ano eram deixados sem
comida e roupas, obrigados a roubar para sobreviver, mas se fossem pegos
roubando eram espancados, em alguns casos até a morte.
Até os dezoito anos, os meninos só podiam falar se
perguntados, a partir desta idade iniciavam uma fase de transição para a vida
adulta; recebendo armas e adquirindo direitos políticos de participação na Apella, ingressando no exercito aos
vinte anos.
No entanto, não podiam ocupar cargos
administrativos, somente militares.
A partir dos vinte anos até os trinta recebiam
permissão para casar, sendo obrigados a desposar uma mulher em um casamento arranjado
pelos pais ou avós, permanecendo vivendo em quartéis.
Somente aos trinta anos adquiriam o direito de
possuir a própria casa, vivendo com a esposa e a família, não podendo se
afastar da cidade sem autorização e sendo obrigados a participar diariamente de
um jantar com os companheiros de destacamento militar.
A cidadania plena só era adquirida aos sessenta
anos, com a dispensa do serviço militar, quando o cidadão passava a ocupar
cargos públicos administrativos, passando a zelar pela conservação das
tradições e a educação das crianças e jovens.
O rigor da educação militar cunhou o termo rigidez
espartana, significando uma aplicação severa de normas simples que precisam ser
seguidas a risca, ao pé da letra, sem espaço para discussão ou debate.
As mulheres não possuíam direito a cidadania, mas
também recebiam uma rígida educação desde a infância, sendo treinadas para ser
boas esposas e mães de guerreiros.
O que também envolvia a manutenção de um físico
saudável, cultivado através de exercícios diários.
Embora as meninas fossem igualmente inspecionadas ao
nascer para verificar defeitos físicos, que podiam acarretar no infanticídio,
eram criadas junto às mães.
Educação
e política na Pólis grega.
Em linhas gerais, a despeito dos diferentes modelos
políticos simbolizados por Atenas e Esparta, nas Pólis gregas a cidadania
estava vinculada ao acesso a educação.
Um conceito herdado pelas gerações e povos que os
sucederam no mundo contemporâneo, que seria retomado a partir da Revolução
Francesa.
A educação em todas as Pólis gregas estava
construída baseada na arque (antigo),
nas tradições culturais; pretendendo alcançar o areté, a nobreza e excelência do aprimoramento humano.
O humanismo grego buscava o arché, principio de tudo, inicio e fim, hierarquizando a sociedade
pela educação, condição básica da efetivação da participação política que
separava o cidadão do ídion, o ser
vazio e inferior, o idiota.
Atualmente, a educação continua a constituir a
condição básica para o acesso à participação politica, separando o cidadão
alienado do politizado consciente da realidade em que vive.
Entretanto, somos hoje também herdeiros da
organização política romana, a qual criou e aprimorou instituições e modelos.
A
Civita Romana.
A civilização romana herdou as tradições culturais e
políticas dos gregos, construindo um sistema político que uniu e sintetizou o
modelo ateniense e espartano.
A cidade de Roma foi fundada em 753 a.C., ano zero
do calendário romano, dentro do contexto do Império etrusco, um povo
helenizado, fortemente influenciado pela cultura grega, que chegou a península
Itálica por vota de 800 a.C.
Império ao qual Roma esteve subordinado até o século
VI a.C., quando os romanos lideraram uma revolta das cidades da região do Lácio
contra o domínio etrusco.
No entanto, os historiadores romanos explicavam a
fundação da cidade através de uma mitificação.
Roma teria sido fundada por descendentes de Alba
Longa, filho de Enéias, herói da guerra de Troia, que fugiu após a destruição
da cidade.
Alba Longa fundou uma cidade com seu nome, onde um
dos reis, Numitor, foi deposto pelo irmão.
O novo governante, para evitar a vingança, mandou
jogar os netos recém-nascidos do rei deposto nas águas do rio Tibre.
As duas crianças foram encontradas e amamentadas por
uma loba, mais tarde criadas por um pastor.
Adultos, os irmãos Rômulo e Remo retornaram a Alba
Longa, matando o usurpador e recolocando o avô Numitor no poder, de quem
receberam permissão para fundar uma nova cidade.
Assim teria nascido Roma, no monte Palatino, em um
cenário que envolveu o assassinato de Remo por Rômulo, devido à inveja da
preferência dos deuses pelo irmão.
A aristocracia romana referendava sua posição
através do mito, dizendo-se herdeira de heróis.
Na realidade o território havia sido conquistada por
invasores latinos que se abrigaram em uma colina próxima ao rio Tibre,
originando a nobreza de Roma, os patrícios.
Ao redor desta colina, outras foram ocupadas por
sabinos, que originaram os plebeus; expandindo a ocupação e formando aldeias de
sabinos e latinos nas sete colinas que originaram Roma.
No inicio, a organização política estava baseada no
regime monárquico, espelhada na estruturação etrusca de poder.
A base da divisão social estava concentrada no
antagonismo entre patrícios e plebeus, sem possibilidade de mobilidade.
Os patrícios se diziam descendentes das famílias
fundadoras da cidade, um estamento composto por grandes proprietários de terras
que ocupavam todos os cargos públicos e religiosos, controlando o exército.
Os plebeus eram pequenos proprietários de terras,
artesãos e comerciantes; possuíam direitos políticos limitados, não podendo
usar o ager publicus, as terras do
Estado, estavam proibidos de casar com patrícios e sofriam constante ameaça de
escravização por dívidas.
Além destes dois estamentos, havia os clientes,
indivíduos atrelados pelo clientelismo às famílias de patrícios.
Eram mantidos por patrícios em troca de serviços que
envolviam espancamento e assassinatos.
Quanto maior o numero de clientes mantidos por uma
família, mais poderosa era considerada.
Escravos constituíam a base da pirâmide social, os
quais foram se tornando mais numerosos à medida que Roma cresceu e se expandiu,
devido à escravização por guerra.
Posteriormente, escravos que ganharam a liberdade ou
conseguiram compra-la, compuseram mais um segmento social, os libertos.
Uma categoria acima dos escravos e que conseguiu
enriquecer com o comércio, inclusive de escravos, muitos dos quais chegaram a
obter cidadania romana.
Desde seus primórdios, Roma foi governada por um
rei, que desempenhava a função de chefe militar, supremo sacerdote e juiz
inquestionável; precisando consultar o Senado
e a Assembleia Curiata para
referendar decisões.
O Senado
era composto por um conselho de anciãos patrícios com mais de quarenta anos, os
patriarcas de cada família tinham direito a um voto nas decisões.
Esta instituição escolhia o rei, administrava a
cidade, propunha leis e podia vetar decisões do monarca.
A Assembleia
Curiata era constituída por trinta cúrias,
representantes de trinta tribos de plebeus e patrícios; um órgão consultivo sem
poder real de decisão, pois era ouvido e votava, mas não tinha poder de veto.
Mesmo votando contra uma decisão, isto não impedia
sua promulgação.
Depois da morte do ultimo rei etrusco, durante uma
revolta patrícia, Roma se tornou uma República em 509 a.C., inaugurando uma
nova organização política que durou até 27 a.C.
A
República romana.
O termo República deriva do latim Respublica, que significa coisa do povo
ou pública; no entanto, o conceito é distinto do atual, denota um governo
oligárquico, com predomínio de um grupo dominante a frente do destino coletivo.
O período republicano foi marcado por tensões entre
patrícios e plebeus, com várias revoltas dos últimos, sempre ameaçando descer
as sete colinas de Roma e fundar uma nova cidade junto à planície ao longo do
rio Tibre.
Foi à época do camponês-soldado, o cidadão romano,
sobretudo plebeu, que abandonava sua propriedade para lutar durante uma
temporada, retornando à pátria depois da campanha.
A guerra era extremamente lucrativa, constituindo a
base da expansão do poder e riqueza de Roma e seus cidadãos, propiciando novas
terras e tributos para o Estado, saque para os soldados e escravos para as duas
esferas.
O próprio soldado respondia por custear todo seu
equipamento, o que encarecia a participação de plebeus e permitia aos
patrícios, usando o clientelismo, custear o armamento de seus clientes,
colocando-se na posição de oficiais comandantes.
Os grandes proprietários de terras, que tinham
numerosos escravos e clientes, não eram prejudicados quando se ausentavam para
ir à guerra; mas os plebeus, pequenos agricultores, ao se afastar para servir
em campanhas, paralisava as atividades e, ao retornar, estavam arruinados ou
endividados, muitos perdendo as terras para patrícios.
Contexto que criou um novo estamento social, os proletários, o cidadão que tinha como
posse somente a família, a prole, esposa e filhos.
Os quais podiam ser dados como garantia para
contrair empréstimos, tornando-se escravos em caso de não pagamento.
A concentração de terras nas mãos dos patrícios, com
o consequente empobrecimento dos plebeus, acompanhado da expulsão do campo para
a cidade e proletarização; fez nascer o problema dos sem terra em Roma,
superlotando o centro urbano que foi se expandindo.
Para dar conta da convulsão social, os patrícios
criaram a política do pão e circo; o fornecimento de trigo pelo Estado aos
plebeus despossuídos que viviam na cidade; providenciando distração para
desviar a atenção das questões políticas, sociais e econômicas.
O circo estava representado por festivais em
homenagem aos deuses e as vitorias militares, regados a muito vinho; igualmente
pelo teatro; e principalmente pelas luta de gladiadores nos coliseus e
anfiteatros.
Em meio a um movimento pela reforma agrária, algumas
tentativas de redistribuição de terras foram realizadas.
Em 133 a.C., Tibério Graco promulgou uma lei
limitando a posse de terras públicas, conquistadas nas guerras e controladas
pelo Senado, no máximo 125 hectares por cidadão, redistribuindo o ager publicus.
A ideia era reforçar o sistema de colonato, a
ocupação das terras conquistadas por cidadãos romanos, ex-soldados plebeus.
O que foi responsável pela romanização de toda a
península Itálica durante o período republicano.
A medida foi extinta em 125 a.C., quando Flávio
Flaco restituiu as terras aos proprietários originais, tornando quase todos os
habitantes da península Itálica cidadãos romanos.
O que fez parte da política de dividir para
conquistar, deixando os povos dominados divididos entre si, eliminado a
oposição direta a Roma, transferida a cidades aliadas cujos habitantes recebiam
cidadania romana.
Uma nova tentativa de resolver a questão dos sem
terra só foi efetivada em época próxima do fim da República, quando os generais
passaram a usar a distribuição de terras para garantir a lealdade dos soldados,
doando áreas conquistadas aos veteranos, os quais podiam ser mobilizados a
qualquer momento.
Os plebeus proletários dos centros urbanos e os
soldados veteranos instalados como colonos tornaram-se massa de manobra
política nas mãos das famílias patrícias mais ricas.
A sociedade romana foi militarizada e, ao mesmo
tempo, a estrutura política adquiriu um teor representativo durante a
República.
A política republicana estava centralizada no
Senado, composto por representantes oriundos das famílias patrícias, as quais
designavam o pater, o patriarca para ocupar uma cadeira na instituição.
O senador precisava estar revestido de dignitas (dignidade) e auctoristas (autoridade) para assumir o
cargo, qualidades tidas como essenciais para o exercício da política; sendo necessário,
antes, servir no exército e ocupar cargos públicos, sendo educado desde a
infância na arte da retórica, o convencimento do outro através do discurso.
O Senado tomava as principais decisões políticas,
nomeando a grande maioria dos cargos públicos, nomeando senadores para os mais
importantes.
No entanto, o exercício do poder efetivo ficava
concentrado no cônsul, o chefe de Estado.
Anualmente, o Senado escolhia dois cônsules entre
seus membros, estes lideravam a assembleia e detinham o poder militar e civil,
respondendo pelas decisões administrativas cotidianas.
Havia ainda outras funções públicas importantes,
desempenhadas por:
Questores, administradores do tesouro.
Edis, encarregados de cuidar dos edifícios, esgotos,
ruas, tráfego urbano, abastecimento e toda a estrutura da cidade.
Pretores, magistrados que cuidavam da justiça.
Censores, respondendo pela indicação dos membros do
Senado, recrutamento militar e cumprimento de contratos.
Pontífice máximo, chefe supremo de todos os
sacerdotes e da religião romana, um cargo que depois, com o cristianismo,
originou a figura do Papa.
Estes cargos eram em sua maioria ocupados por
patrícios, os mais importantes por senadores e seus familiares, a despeito de
sua investidura possuir limitações de idades mínimas.
Isto porque o Senado deu origem ao estamento
senatorial, uma categoria social composta pelas famílias de patrícios mais
importantes.
Os quais tinham acesso a uma educação voltada à
formação do exercício pleno da política, constituída, além da retórica e
oratória, pelo estudo da filosofia e do direito.
Neste ultimo segmento, a burocracia romana havia
evoluído muito, principalmente depois que, em 450 a.C., as leis deixaram de
pertencer a tradição oral.
Uma comissão composta por dez cidadãos, a maioria
patrícios, mas alguns plebeus; elaborou as leis das doze tábuas, gravadas em
placas de cobre fixadas na porta do Fórum para o conhecimento público.
Destarte, o Senado e o funcionalismo público não governavam
sozinhos, o que fomentou as iniciais presentes nos estandartes romanos: SPQR,
que significa senatus populus romanus,
traduzido como senado e o povo romano.
Simbolizando uma complexa estrutura política, onde o
poder era partilhado entre Senado (patrícios) e plebeus, embora os últimos em
proporção desigual.
A Assembleia
Curiata foi transformada em instituição responsável apenas pelos assuntos
religiosos.
Foi criada uma Assembleia
Centuriata, na qual participavam todos os soldados, patrícios e plebeus.
O exercito romano estava organizado em centúrias,
unidades com cem homens comandados por um centurião.
Por volta de quatro mil a quatro mil e quintos
soldados formavam uma legião.
No inicio do período republicano, as centúrias eram
formadas segundo as posses do cidadão, tendo como parâmetro o equipamento que
cada um trazia, visto que o legionário custeava seu equipamento.
As centúrias estavam divididas em cinco categorias,
cada qual tinha direito de eleger um tribuno, que possuía o poder de veto das
decisões do Senado que diziam respeito à guerra e paz.
A Assembleia de Centurias elegia ainda magistrados
superiores que participavam ativamente das decisões políticas e
administrativas, entre os quais tribunos da plebe, que podiam vetar decisões de
todas as instancias consideradas prejudiciais à plebe.
A questão é que, por exemplo, no período inicial
deste sistema político, dentre um total de cento e noventa e cinco centúrias,
os patrícios possuíam noventa e oito votos, contra noventa e sete dos plebeus,
considerando um único vota a decisão de cada centúria.
As centúrias patrícias eram compostas por clientes,
plebeus proletarizados e, em sua maioria, tinham menos de cem homens; as dos
plebeus tinham números superiores a cem soldados, mas o voto era computado como
único.
Situação que se manteve durante toda a República,
mesmo com o crescimento do exercito e a incorporação de outros povos na
península Itálica como soldados, através do clientelismo.
Generais do estamento senatorial começaram a formar
legiões a suas custas, mantendo equipamentos e pagando salários aos
legionários; transformados em massa de manobra política.
O que conduziu a uma lei proibindo generais,
retornando de campanha, de entrar com tropas em Roma, visando evitar tentativas
de golpe de Estado.
Chegando próximo da cidade, o general deveria deixar
suas tropas nas margens do Rubicão, um pequeno riacho ao norte, cruzando suas
águas sozinho para prestar contas ao Senado.
Não podendo ocupar a magistratura ou o consulado, as
pressões plebeias fizeram ser criado o Tribunato
da Plebe, uma assembleia instituída em 494 a.C., que não tinha poder de
decisão efetiva, mas era ouvido pelo Senado.
Foi de onde surgiu o termo plebiscito, significando
consulta popular sobre uma decisão politico-administrativa, onde é votado
simplesmente sim ou não a uma pergunta.
A decisão submetida ao plebiscito, até hoje, pode ou
não ser implementada, conforme estruturação deliberativa de instâncias
superiores, as quais de fato decidem.
O Tribunato deu origem ao termo tribunal, órgão
deliberativo que tem como finalidade resolver conflitos entre partes em
litígio.
Apesar de constituir apenas uma instituição
consultiva, não podendo deliberar, o Tribunato da Plebe, agregando todos os
plebeus e aberto à participação de qualquer individuo desta categoria, sem
necessidade de eleição; escolhia tribunos da plebe, a semelhança do exército.
Inicialmente elegia dois tribunos, depois passaram a
quatro, cinco, atingindo o numero máximo de dez em 471 a.C.
O cargo de tribuno da plebe era um dos poucos que podia
ser ocupado tanto por patrícios como plebeus.
A despeito de, em muitos casos, a eleição ser
comprada ou fraudada por patrícios através do clientelismo, visto que o cargo
permitia vetar qualquer decisão do Senado e Consulado, conferindo grande poder
ao seu detentor.
É interessante notar que, à medida que a cidadania
romana foi sendo estendida a outras cidades da península Itálica, cada uma
delas passou a ter seu próprio Senado e instituições políticas, com cargos
públicos semelhantes à estrutura política romana; todos submetidos ao poder de
comando do Senado de Roma e do Consulado.
Mudanças
na estrutura política romana: o Império.
Depois de uma guerra civil, entre 88 e 79 a.C., o
sistema político romano começou a sofrer alterações, caracterizando uma transição
para o Império.
Em 60 a.C., três generais se uniram, instaurando o
primeiro Triunvirato, composto por: Pompeu, que abafou uma revolta popular na
Espanha; Crasso, que reprimiu a revolta de escravos liderada por Espártaco em
Cápua; e Júlio césar, conquistador da Gália.
Os três assumiram o Consulado, referendados pelo
Senado, colocando fim a um período de ditaduras militares.
Porém, com a morte de Crasso, combatendo na Pérsia,
Pompeu foi aclamado cônsul único pelo Senado, destituindo os poderes de César e
tornando-se um ditador em 46 a.C.
Quando o Senado ordenou a César que retornasse a
Roma para responder por crimes contra a República; ele, então a frente de
legiões de veteranos que conquistaram a Gália e parte das ilhas Britânicas,
enriquecido com saques; voltou à frente de suas tropas, cruzou o Rubicão com
todo seu exército, colocando a si mesmo como libertador da tirania.
Pompeu fugiu da cidade, inaugurando um breve tempo
de guerra civil, que durou até sua morte no Egito, sendo decapitado por
Ptolomeu, faraó aliado a César que comandava a então província romana.
Júlio César assumiu o governo como único cônsul,
acumulando os cargos de tribuno, sumo-sacerdote e comandante supremo do
exército; mas não se declarou ditador, embora efetivamente tenha passado a possuir
poderes absolutistas, semelhantes ao que seriam exercidos, depois, pelo
Imperador.
César promoveu uma reorganização
político-administrativa, distribuiu terras entre soldados, construiu várias
obras públicas em Roma e nas províncias - criando oportunidade de trabalho para
os desempregados -, reformulou o calendário e concedeu cidadania romana para os
gauleses e espanhóis.
Também modificou o funcionamento das estruturas
políticas, reduziu o Senado a um conselho consultivo, sem poder de deliberação,
aumentando o número de senadores para novecentos, inserindo na instituição
plebeus elevados a ordem senatorial.
Promoveu a integração das províncias, nomeando
homens dela oriundos para cargos importantes; incentivando o colonato ao
instituir a doação obrigatória de terras aos veteranos, após vinte e cinco anos
de serviço militar, profissionalizando o exército, atrelado ao Estado.
Tamanho o impacto do governo de Júlio césar que seu
nome tornou-se, posteriormente, sinônimo de supremo comandante e monarca; originou
o titulo de Imperador de Roma, César, do latim Caesar.
No final do período medieval e na Idade Moderna, as
variantes deste título originaram Czar
na Búlgaria, Rússia e Sérvia; e Kaiser
no Império Autro-Húngaro e Alemanha.
As medidas implantadas por Júlio César repercutiram
positivamente entre as camadas populares, mas deixou descontente a elite
patrícia; resultando no seu assassinato em 44 a.C., em pleno Senado, por um
conjunto de aristocratas dentre os quais Brutos, filho de sua amante.
O funeral de César foi marcado por grande comoção
popular, incentivada por um discurso inflamado de Marco Antônio, um de seus
generais e seu amigo; iniciando um breve período de guerra civil, onde os seus assassinos
foram perseguidos e mortos.
Eliminada a oposição política, foi instituído um
segundo triunvirato, composto por três consulês, cada um responsável pela
administração de um território.
A Otávio, sobrinho neto e herdeiro de César, coube o
governo do Ocidente a partir de Roma; Marco Antônio passou a governar o Oriente
a partir do Egito; e Lépido ficou com os territórios circunscritos a África.
As rivalidades conduziram a uma nova guerra civil;
em 36 a.C., Lépido foi afastado do governo; em 31 a.C., Otávio venceu as tropas
de Marco Antônio e Cleópatra, resultando no suicídio dos dois.
Na qualidade de herdeiro de César, aos olhos do
Direito romano considerado seu filho por adoção, Otávio assumiu o titulo de
César, sendo divinizado como Augusto,
termo latino que significa aumentar, conferido somente aos deuses.
Otávio, nomeado César Augusto, começou a acumular
cargos e funções, inaugurando o Principado Romano, onde se tornou princeps, o principal cidadão da
República.
Posteriormente assumiu o cargo de pontifex maximus, sacerdote máximo; e tribunos potestas, tendo o poder vitalício
de tribuno, podendo vetar qualquer decisão.
Em 27 a.C., recebeu o titulo de pater patriae, pai da pátria, seu patriarca; sendo finalmente
nomeado Imperador, inicialmente comandante absoluto do exército romano, depois
supremo governador com poderes ilimitados.
O Senado tornou-se definitivamente um órgão
consultivo, apenas alguns senadores continuaram com poder real, conforme laços
pessoais com o Imperador.
A sociedade foi reorganizada para permitir o acesso
de plebeus e das elites provincianas locais a cargos públicos.
Além da ordem senatorial, ampliada por Júlio César,
foi criada a ordem equestre.
A rigor, pertencia ao novo estamento todo aquele que
pudesse manter um cavalo incorporado à cavalaria militar, com armamentos e
equipamentos, o que era relativamente caro e restringia o acesso dos
candidatos.
Posteriormente, outros Imperadores continuaram a
alterar a organização política romana, as províncias foram divididas em duas
categorias Senatorial e Imperial.
As províncias Senatoriais, já pacificadas, passaram
a ser governadas por um procônsul indicado pelo Senado para um mandato de um
ano, mas aprovado pelo Imperador.
As províncias Imperiais, em regiões de fronteira que
exigiam a presença de tropas, eram administradas por um governador escolhido e
nomeado diretamente pelo Imperador, sem prazo de mandato.
O exército, então profissionalizado, mantido
diretamente pelo Estado, passou a ter participação ativa na escolha do novo
Imperador.
A sucessão Imperial não era hereditária, embora a
posição familiar interferisse no processo.
Ao falecer, o Imperador indicava em testamento seu
sucessor, adotando este como filho e herdeiro.
O que nem sempre foi respeitado, pois o exército
terminou servindo de massa de manobra para pressionar a nomeação dos novos
Imperadores.
O problema foi se agravando, sendo registrados, ao
longo do período Imperial, assassinatos e deposições pelos militares.
Sobretudo a guarda pretoriana passou a interferir na
escolha do Imperador, uma unidade de elite criada para responder pela segurança
pessoal do Imperador e da cidade de Roma.
Os pretorianos tinham salário dobrado e recebiam
fortunas em testamento dos Imperadores que faleciam ou que assumiam o cargo
como sinal de boa fé e confiança.
Por este razão foram responsáveis por inúmeros
assassinatos de Imperadores, revoltas palacianas e nomeação de novos
Imperadores dentre seus quatros de oficiais.
Não obstante, o direito das mulheres foi
consideravelmente ampliado durante o período Imperial.
Até o casamento estavam sob a tutela do pai,
passando a do marido; mas se fossem viúvas ou divorciadas adquiriam autonomia,
levando consigo parte do dote doado ao marido nas núpcias.
Igualmente, escravos libertos adquiriram
possibilidades de ascensão política e social, chegando a ocupar cargos públicos
importantes.
A base da economia romana ficou cada vez mais
atrelada ao expansionismo das guerras de conquista e escravismo.
Roma tornou-se um gigante com pés de barros.
À medida que as fronteiras foram fixadas e que o
Império se tornou vasto demais, o modelo escravista se esgotou, fazendo a
economia e o sistema político entrar em colapso.
Para tentar revitalizar o Império, o cristianismo
tornou-se a religião oficial, absorvendo toda a estrutura política, preservando
a organização interna romana intacta dentro do catolicismo.
Não obstante, o esgotamento do modelo econômico, em
meio à anarquia militar, conduziu o Império à divisão em dois.
As invasões bárbaras derrubaram o Império Romano do
Ocidente, iniciando o modo de produção feudal.
O Império Romano do Oriente continuou vivo,
travestido de bizantino, até a entrada da Idade Moderna.
Concluindo.
A despeito da distancia no tempo e espaço, as
estruturas políticas e as mentalidades, que nasceram na antiguidade,
influenciaram diretamente a política contemporânea.
Instituições, modelos de organização e regimes
políticos atuais possuem raízes na antiguidade.
Portanto, para entender a política hoje, precisamos
olhar para o passado, remontando a épocas distantes que possibilitam vislumbrar
movimentos circulares na configuração atual e futura em sentido amplo.
Para
saber mais sobre o assunto.
ALFÖLDY,
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Lisboa: Presença,1989.
ANDERSON, Perry.
Passagens da antigüidade ao feudalismo.
São Paulo: Brasiliense, 1987.
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ROSTOVTZEFF, M. História de Roma. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1983.
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