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sexta-feira, 4 de julho de 2014

História e pesquisa sociolinguística: reflexões.


 

Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 5, Volume jul., Série 04/07, 2014, p.01-03.

 

Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

Doutor em história social - USP.

MBA em Gestão de Pessoas - UNIA.

Licenciado em história - CEUCLAR.

Licenciado em filosofia - FE/USP.

Bacharel em filosofia - FFLCH/USP.

 

A língua tem como papel fundamental aproximar o sujeito e seu objeto, mas como surgiu a linguagem?

A linguagem surgiu provavelmente para que o homem pudesse estabelecer relações de trabalho e produção.

Sendo assim, então por que existem tantas línguas diferentes?

 

Reflexões.

Ao que tudo indica as diferenças linguísticas se devem as divergências culturais entre povos.

As palavras adquirem diferentes articulações e significados conforme o recorte antropocultural que cada cultura faz dentro de determinado contexto histórico.

Porém, será que existiria pensamento se não existisse a língua?

Provavelmente não, pois a palavra é a condição essencial à articulação do pensamento.

Devido à propriedade de criação de novas combinações, a linguagem é extremamente flexível.

Portanto, deve ter tornado possível uma organização social mais flexível e complexa.

As experiências do dia-a-dia são classificadas e reduzidas a categorias através da fala e do pensamento verbal.

Tal característica permite ao homem articular pensamentos complexos.

Desse modo, a espécie humana terminou tornando-se adaptável e passou adaptar o mundo as suas necessidades.

A fala, no entanto, não é inata, aprendemos a língua a partir da alfabetização, que é na verdade expressão escrita da oralidade.

A palavra só flui a partir da leitura que fazemos do mundo.

A língua fixa as experiências do passado e termina influenciando a percepção da realidade presente.

Nossa imagem do universo decorre, portanto, da língua.

Sendo assim, a pesquisa sociolinguística é de fundamental importância também para o entendimento da história.

 

Concluindo.

Para realizar a pesquisa sociolinguística, o pesquisador deveria minimizar o efeito inibidor causado por sua presença no mundo contemporâneo.

Para tal, seria necessário evitar que o publico pesquisado conhecesse de fato à verdadeira natureza da pesquisa.

Além disto, seria necessário estimular o público pesquisado a contar narrativas de experiências pessoais.

O estudo destas precisaria ficar demonstrado através de um fator inibidor da emotividade.

O material coletado, neste sentido, serviria a analise gramatical, mas também a pesquisa dobre os elementos ideológicos.

Por meio do material coletado pode-se saber quais são os valores e imagens presentes no âmbito do universo pesquisado.

Podemos saber se determinada palavra, inserida no contexto de um livro ou texto qualquer, será ou não entendida pelo público que se destina.

Igualmente, podemos escolher palavras, mas adequadas à elaboração de um discurso que se destina a determinado grupo.

Não obstante, a pesquisa sociolinguística termina também se prestando também a analise da história através do significado de uma palavra inserida em contexto, denotando muito sobre a época em que foi escrita.

A intima relação entre a pesquisa histórica e linguística não poderia ser mais estreita.

 

Para saber mais sobre o assunto.

BACCEGA, Maria Aparecida. “Linguagem verbal e meios de comunicação” In: Comunicação e artes, no. 23. São Paulo: ECA-USP, 1990, p.23-36.

BACCEGA & CITELLI, Adilson. “Retórica da manipulação: os sem terra nos jornais” In: Comunicação e artes, no. 20. São Paulo: ECA-USP, 1989, p.23-29.

ERWIN, Susan. “A linguagem na psicologia humana” In: TAX, Sol (org.). Panorama da antropologia. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1966, p.55-65.

FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977, p.39-65.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1983, p.11-24.

PRETI, Dino. Sociolinguística: os níveis de fala. São Paulo: Nacional, 1982.

SHAFF, A. Linguagem e conhecimento. Coimbra: Almedina, 1974, p.247-268.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, 1985, p.17-32.
 

 

 

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Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

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