Para entender a
história... ISSN 2179-4111. Ano 5, Volume jul., Série 09/07,
2014, p.01-09.
Flávia Braga.
Graduada
em licenciatura em História pela UFPE.
Graduanda
em bacharelado em História pela UFPE.
Período
controverso, divisor de opiniões e constante na memória coletiva do povo
brasileiro: o período de governo de Getúlio Vargas, desde o golpe de 30
passando pelo regime do Estado Novo, até o período “democrático” após o
quadriênio de Dutra, finalizando com sua carta-suicídio em 1954, foi marcante
para as relações entre o Estado e as manifestações culturais.
Retendo
o presente texto ao período entre 1930 á 1945, a partir das leituras e das
discussões acerca da obra O Brasil
Republicano – O tempo do nacional-estatismo, buscaremos analisar as
relações entre o Estado Novo e a produção cultural brasileira no período. Mas,
antes, uma introdução geral aos acontecimentos pré-1937 é imperativa para a
coerência do tema.
Não
se pode considerar o golpe do Estado novo, em 1937, como um resultado natural
de um processo contínuo desenvolvido ao longo da história republicana
brasileira, como se a presença de Getúlio Vargas ao final da década de 30 fosse
o desenrolar evolutivo de uma cadeia de acontecimentos.
Pelo
contrário, desde o Golpe de 30 até a consolidação do segundo golpe, em 37,
várias forças lutaram para assumir o poder do governo do Brasil. (PANDOLFI,
2007: 15). Comunistas, integralistas, liberais, vários foram os segmentos
sociais com chances reais de assumirem a política brasileira.
O
governo provisório, conflituoso e fruto de um golpe tenentista com anseios de
reformas, teve sua estabilidade ameaçada por todos os lados.
O
sistema de Interventorias, que nomeava pessoas de outros estados para
governarem longe de seu território natal, eleva a tensão entre o governo
central e os antigos grupos oligárquicos dominantes, notadamente, São Paulo.
A
nacionalização das Forças Armadas, com o intuito de diminuir o poder de
oligarcas regionais, a subordinação de sindicatos ao Estado, em 1931, as
primeiras leis de proteção ao trabalhador entre 1931-34, a presença de tenentes
no poder, contrariando toda a ordem hierárquica militar, o código eleitoral de
1932, dando sufrágio universal e voto feminino, causam uma balbúrdia contra o
governo que, até certo ponto, modifica as estruturas da consolidada “República
Velha”.
Os
questionamentos a continuidade do governo provisório levam a criação de juntas
governativas opositoras, como a Frente Única Paulista e, posteriormente, a
gaúcha.
Em
1932 eclode a Revolução Constitucionalista de São Paulo, demonstrando, através
da expressiva participação popular, o desconforto generalizado com a situação
política do país.[i]
O
clima de tensões passa do governo provisório ao período constitucionalista sem demonstração
de esfriamento.
Ainda
que fracassado, o Movimento Paulista de 1932 provocou mudanças na política
nacional.
Em
1933, a promulgação da constituição resulta em “um modelo de Estado mais liberal e menos centralizador do que desejava
Vargas” (PANDOLFI, 2007: 29).
Estimulados,
os movimentos sociais exigem participação política, tais como a AIB e a ANL. Em
1935, a Intentona Comunista, mesmo que fracassada, demonstrava que, ainda que
com uma constituição promulgada e um governo eleito, a estabilidade política
estava longe de ser aceita por todos os segmentos populares sedentos de poder.
No
mesmo ano, em abril, a Lei de Segurança Nacional[ii]
declara estado de Guerra e, sob a falsificação do perigo de golpe comunista, o
plano Cohen, Getúlio justifica seu golpe em 1937.
O
Estado Novo, sendo Getúlio “vitorioso” no plano das disputas políticas
anteriores ao golpe, estabelece um governo corporativo onde a ética do trabalho
é a máxima ordem estabelecida.
Sem
se utilizar da filosofia liberal, individualista, marcante da velha república,
nem tampouco da filosofia marxista, alternativa, no entanto, classista, a
escolha corporativa de “harmonia” entre as classes, tendo o Estado como grande
moderador, é a alternativa mais viável a ideologia do regime. (D’ARAÚJO, 2007:
220), de acordo com Maria Celina d’Araújo com o corporativismo estatal “buscava-se manter as hierarquias mais
diminuir as desigualdades sociais; evitar o conflito e banir a luta de classes;
gerar harmonia social, progresso, desenvolvimento e paz.” (D’ARAÚJO, 2007:
217-218).
Desta
forma, buscando o estado de paz, o regime varguista perseguirá o ideal do
progresso (material) dentro da ordem, através da repressão e da propaganda,
vestindo-se de conciliador das classes e protetor dos oprimidos. (CAPELATO,
2007: 117-118).
Com
o intuito de forjar uma identidade nacional brasileira, o Estado Novo se
utiliza de diversas manobras políticas, uma delas, a propaganda, por meio do
Departamento de Imprensa e Propaganda.
Intervindo
diretamente na produção cultural, o Estado preserva e divulga a arte
“utilitária” através do cinema, da música e tantos outros aspectos de
manifestação artística (CAPELATO, 2007).
Tendo
revisto o período pré-estado novista e as diretrizes ideológicas do regime, é
possível pormenorizar a relação entre Estado e Cultura através dos textos.
SUBMISSÃO E AUTONOMIA: CIDADANIA NO
ESTADO NOVO?
É
bastante comum atribuir a expressão cultural um caráter autônomo e, muitas
vezes, alternativo a apreensão da realidade por parte dos agentes autores de
cultura, atribuindo a eles uma independência em relação ao momento político
e/ou econômico-social a que está inserido.
Os
intelectuais brasileiros, muitas vezes, reivindicaram “para si o papel de guia, condutor e arauto” (VELLOSO, 2007: 147)
da consciência nacional. Historiograficamente, o período do Estado Novo é visto
como um “rolo compressor” sobre as idiossincrasias culturais, impondo sua
ideologia sobre a homogeneidade nacional (FORTES; NEGRO, 2007).
Entretanto,
ainda que o texto seja direcionado para a consciência da classe trabalhadora, o
trabalho de Alexandre Fortes e Antonio Luigi Negro ressalta que o período
pós-37 é marcado por diversas formas de expressão e luta por direitos apesar do
autoritarismo estatal, sendo necessário rever a historiografia sobre o período.
De
acordo com os autores:
Em consonância com o que diversas
pesquisas sobre o pós-30 e a experiência contemporânea insinuavam, tanto
estreitar relações com o Estado quanto incorporar-se ao sistema político não
significam a negação do efetivo exercício da cidadania ou o não-reconhecimento
da profunda alteração daí recorrente (FORTES; NEGRO, 2007:
191).
Tendo
debatido acerca da possibilidade de expressão ainda que dentro de um regime
corporativista-autoritário como foi o Estado Novo, podemos discutir acerca das
relações decorrentes da cultura no Brasil pós-37.
DA VERGONHA AO ORGULHO.
O
carnaval é, dentre as festas populares brasileiras, a mais associada à
identidade nacional, tanto por brasileiros, quanto por estrangeiros.
No
entanto, do surgimento até a exaltação da cultura popular, décadas são
necessárias até que as manifestações culturais populares sejam reconhecidas
pela maioria da sociedade brasileira.
Desde
meados do século XIX, mais especificadamente após a Geração de 70, o
cientificismo e a obsessão pelo progresso coloca o Brasil, diante dos olhos dos
“ilustrados”, em uma posição inferior em relação à tão civilizada Europa.
Voltando-se
para o passado nacional, os intelectuais da virada do século constatam a
formação mestiça do povo brasileiro e, daí, as causas para o nosso atraso.
Buscando
uma maneira de remediar esse descompasso com a evolução histórica
comparativamente à europeia, teorias do branqueamento procuram por uma maneira
de remediar a situação, por meio da imigração (ORTIZ, 1994) (VIANNA, 1995).
No
entanto, a Primeira Guerra Mundial força os intelectuais a reverem conceitos
acerca da “superioridade” europeia.
A
longevidade e brutalidade da guerra, e suas influências sobre o mundo, foram
tão extensas e tão globalizantes, que o progresso científico tão frutífero ao
início do século não mais se sustentou.
Os
olhos nacionais se voltam para os problemas internos.
O
modernismo, surgido a partir da Semana de Arte Moderna de 1922 e,
posteriormente, os manifestos Pau-Brasil de 1924 e Antropofágico 1928, além do
patriotíssimo verde-amarelismo de Plínio Salgado, demonstram a urgência com que
os artistas tentam diferenciar o Brasil do resto do mundo (VELLOSO, 2007: 150).
Agrava-se,
em tudo isso, o Crack da Bolsa de Nova York de 1929 que, novamente, influencia
na “virada” de sentimentos do brasileiro pelo seu país.
O
que no início do século era motivo de vergonha e repulsa, a partir das
reinvindicações tenentistas e do Golpe de 30, passa a ser, paulatinamente,
visto como motivo de orgulho nacional.
O
samba, o futebol, o carnaval e a literatura regional passam a ser assunto de
Estado.
Os
livros, o rádio e o cinema, dentro da conjuntura das manobras políticas
estado-novistas, notadamente a propaganda, constroem a identidade coletiva
nacional.
CULTURA: LIDA, VISTA E OUVIDA.
A
relação entre Estado Novo e a cultura popular não é um tema pacífico.
Afinal,
o estado varguista foi extremamente autoritário a ponto de não haver
possibilidade de expressão independente?
Lembremos
de Graciliano Ramos, em Memórias do
Cárcere, e talvez respondamos que não. Lembremos de Carlos Drummond de
Andrade, chefe do gabinete de Gustavo Capanema, no Ministério da Educação, e
talvez respondamos que sim.
O
que pode ser admitido é que o Estado Novo foi profundamente complexo,
permitindo em suas teias uma variedade enorme de artistas e intelectuais, uns
submetidos a presença quase onipresente do Estado, outros por se adaptarem,
mas, de qualquer forma, tão imbricados estão os indivíduos que é difícil fazer
um julgamento.
No
entanto, Monica Pimenta Velloso trás uma luz a respeito dessa relação:
Apropriando-se de expressões, ideias
e valores populares, o regime buscava sintonizar-se ideologicamente com o
conjunto da sociedade. Para obter essa sintonia, de um lado a censura, de outro
certa flexibilidade ou tolerância com os valores que se mostrassem capazes de
serem integrados à ideologia oficial (VELLOSO, 2007: 169).
De
modo a garantir a participação do Estado em diversas esferas sociais, o regime
adota “para cada público uma estratégia”
(VELLOSO, 2007: 165).
Da
participação de Vargas na elite literária da Academia Brasileira de Letras[iii]
aos discursos proferidos em estádios de futebol, o regime de adaptou as
diferentes propostas.
Quanto
ao como o Estado participou do
processo de educação e das manifestações culturais, melhor define Lúcia Lippi
de Oliveira:
Diferentes instrumentos de educação
coletiva foram criados ou desenvolvidos visando educar o povo, a promover o
ensino de bons hábitos. O rádio, o cinema educativo, o esporte, a música
popular participavam desse objetivo comum de integrar os indivíduos no novo
Estado nacional (OLIVEIRA, 2007: 330).
É
no período após o Golpe de 30 que o mercado literário brasileiro conhecerá
grande expansão.
Não
apenas a literatura, mas também as primeiras produções nacionais cinematográficas,
a popularização do rádio, as primeiras agremiações carnavalescas, a
multiplicação dos campeonatos de futebol, enfim.
O
clima nacionalista propiciou o surgimento e multiplicação de expressões
nacionais de cultura, muitas delas associadas às camadas populares.
O
futebol, por exemplo, ainda que tenha surgido no seio aristocrático visando a
cópia dos valores londrinos, associa-se ao gingado do negro, sambista e
capoeirista, aos poucos forjando uma maneira ímpar de praticar o esporte,
reconhecido internacionalmente (SOIHET, 2007: 299).
O
rádio, veículo de propagação dos jogos, mas também da Voz do Brasil, do resultado das competições musicais, da propaganda
estrangeira, das notícias do Repórter Esso, do american way of life, do sotaque carioca, torna-se os capilares –
adentrando em todos os espaços – de comunicação entre o Líder e todas as
classes.
O
cinema, conflituoso entre as grandes produções norte-americanas como E o Vento Levou[iv]
e a obrigação de transmitir o cinejornal brasileiro, editado pela DIP e o
cinema nacional educativo, produzido pelo Ministério da educação através do
INCE, informa e educa, sobrevive e se recria.
Grandes
produções brasileiras são produzidas neste período. Humberto Mauro é,
provavelmente, o maior nome do cinema brasileiro do período, destaca-se Ganga Bruta em 1933 e O Descobrimento do Brasil em 1936, em
parceria com o INCE e atuação musical de Villa-Lobos.
É
este o tempo de Carmem Miranda e a internacionalização das características
brasileiras.
O
advento da Segunda Guerra Mundial dificulta a entrada de matérias-primas para o
cinema, fomentando o surgimento da Atlântida e, posteriormente e através dela,
da chanchada. (OLIVEIRA, 2007).
Período
também da publicação dos grandes interpretadores do Brasil: Gilberto Freyre,
Caio Prado Jr., Sérgio Buarque de Holanda, muitos deles associados à Editora
José Olympio, que, dentre outras editoras, publicam “retratos do Brasil” feitos
por intelectuais e por literatos, como Jorge Amado[v].
O
Brasil volta-se para o interior, para o sertão, busca sua identidade longe do
litoral, exposto, estrangeirizado. Mas o estrangeiro não é totalmente alijado.
A
política de boa vizinhança encabeçada por Roosevelt introduz no cinema e no
rádio os valores norte-americanos, tendo o Estado Novo também de conviver com o
crescente imperialismo dos EUA. Via de mão-dupla, também o Brasil leva sua
cultura a aquele país. (OLIVEIRA, 2007: 344).
O
carnaval, antes reduto de gente “inferior”, “suja”, ‘popular”, é oficializado
pelo Estado, obriga o sambista a fazer música em prol do trabalho, mas a gente
resiste, através do escárnio, da paródia, demonstra sua insatisfação, expõe a
pressão social e busca, senão a cidadania trabalhista, ao menos a “cidadania
cultural” (SOIHET, 2007: 319).
O
futebol, ainda que guardasse diferenças e disputas internas, propagava um
“entusiasmo uníssono” entre a elite e os populares, integrando-os, “forjando um sentimento patriótico”
(SOIHET, 2007: 295).
De
qualquer forma, como afirma Rachel Soihet: “as
impossibilidades concretas de superação imediata de suas dificuldades
cotidianas levam-nos a privilegiar o campo cultural e as formas metafóricas
como cerne de resistência” (2007: 311).
E,
através do pensamento da autora, podemos considerar que homogeneizar a análise
do Estado Novo como único agente de cultura é desconsiderar a complexidade de
um regime que perdura na memória e no coração dos brasileiros, sem que tenha
havido trabalho, pesquisa ou livro que conseguisse diminuir a paixão popular por
Vargas, somente comparado (mas não superado) por outro líder, Luis Inácio da
Silva.
Os
textos são apenas introdutórios e analisam – com exceção talvez de Rachel
Soihet, Alexandre Fotes e Antonio Luigi Negro – a perspectiva do Estado sobre a
cultura, e não no sentido inverso.
De
qualquer maneira, fomentam grande discussão acerca da relação entre Estado e
Cultura, propondo debates e expansão de leituras.
CONCLUINDO.
Após
a leitura dos textos e as discussões, podemos esboçar o seguinte pensamento.
A
cultura, campo vasto que vai desde a pequena paródia em tempos carnavalescos
até a análise do passado colonial dos intelectuais brasileiros, é o espaço
comum de manifestação das classes e do Estado.
Longe
de ser onipresente, o regime estado-novista estava presente em diversos
aspectos culturais, mas, para garantir sua permanência e integridade, teve que
flexibilizar-se.
Antes
de ser uma “massa de manobra”, os populares são capazes de expressar seu
pensamento se não através da cidadania “direta” ao menos através de sua Escola
de Samba ou do seu time de futebol.
O
espaço público, palco de cultura é também lugar de garantia de direitos.
(SOIHET, 2007).
Diversos
foram os veículos de interação entre o Estado e a população.
O
rádio, o veículo mais popular, “foi
fábrica de ídolos e mitos” (OLIVEIRA, 2007: 341).
Os
livros tornaram conhecido o passado e o sertão do Brasil, o cinema deu
visibilidade.
O
futebol e o samba integrou o país, secularmente dividido, em um só ritmo e um
só gingado, estava, assim, formada a identidade nacional.
Relações
de afeto ou não, a cultura brasileira contemporânea deve, em larga medida, aos
anseios, projetos e resistência desse período.
PARA SABER MAIS SOBRE O ASSUNTO.
CAPELATO,
Maria Helena. “O Estado Novo: o que trouxe de novo?” In: FERREIRA, Jorge;
DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O Brasil Republicano: livro 2 : o
tempo do nacional-estatismo do inicio da decada de 1930 ao apogeu do Estado
Novo. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p.108-143.
D’ARAUJO,
Maria Celina. “Estado, classe trabalhadora e políticas sociais” In: FERREIRA,
Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O Brasil Republicano: livro 2
: o tempo do nacional-estatismo do inicio da decada de 1930 ao apogeu do Estado
Novo. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p.214-239.
FORTES,
Alexandre; NEGRO, Antonio Luigi. “Historiografia, trabalho e cidadania no
Brasil” In: FERREIRA; DELGADO. O Brasil Republicano. Op. Cit., p.182-211.
OLIVEIRA,
Lúcia Lippi. “Sinais da modernidade na era Vargas: vida literária, cinema e
rádio” In: FERREIRA; DELGADO. O Brasil Republicano. Op. Cit., p.324-349.
ORTIZ,
Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo:
Brasiliense, 1994.
PANDOLFI,
Dulce Chaves. “Os anos 1930: as incertezas do regime” In: FERREIRA; DELGADO. O
Brasil Republicano. Op. Cit.,
p.14-37.
SOIHET,
Rachel. “O povo na rua: manifestações culturais como expressão de cidadania”
In: FERREIRA; DELGADO. O Brasil Republicano. Op. Cit., p. 288-319.
VELLOSO,
Mônica Pimenta. “Os intelectuais e a política cultural do Estado Novo” In: FERREIRA;
DELGADO. O Brasil Republicano. Op.
Cit., p.146-179.
VIANNA,
Hermano. O mistério do samba. Rio de Janeiro: Zahar : UFRJ, 1995.
RESUMO:
Através da leitura do compêndio O Brasil Republicano, 2º volume, este texto
busca, através da opinião dos autores, compreender a relação existente entre o
Estado Novo, instaurado em 1937 por Getúlio Vargas, e a cultura brasileira do
período, dialogando com as diversas percepções apresentadas. As práticas de
resistência, integração e conflito são ressaltadas ao longo do texto,
procurando integrar as diversas faces do regime com a produção cultural.
NOTAS.
[i] A Campanha do Ouro para o Bem do
Brasil, por exemplo, engajava os cidadãos a contribuírem para o financiamento
das tropas rebeldes. (PANDOLFI, 2007: 25).
[ii] Lei nº
38, de 4 de Abril de 1935.
[iii] Acerca desse assunto,
interessante notar a inversão de valores acerca da intelectualidade presente no
discurso de posse de Getúlio. Condenando o intelectual inacessível e alienado
pré-30, Vargas defende o intelectual útil para o “bem” social comum. A culpa do
“atraso” brasileiro não mais recai sobre as classes populares, mas em uma elite
obcecada pelo estrangeiro. Desta forma, o “atraso” seria superado por uma boa
administração governamental, ou seja, O Estado Novo. (VELLOSO, 2007).
[iv] Oscar de melhor filme em 1939.
[v] A questão regionalista
consolida-se de tal forma que, após 1930 há uma disputa por qual regionalismo
deveria prevalecer. De acordo com Lúcia Lippi de Oliveira (2007, 334) o
regionalismo nordestino é vitorioso no tocante ao nacionalismo.
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