Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 5, Volume jul., Série 05/07,
2014, p.01-10.
Prof. Daniel Rodrigues de Lima.
Professor-Tutor Externo: Júlio César
Queiroz de Souza.
Centro
Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI.
Licenciatura em História (HID0167) – Prática
do Módulo V.
As estratégias de ensino de História
moderna: o uso do cinema é o tema de nosso paper.
O objetivo geral é: Demonstrar como o
uso do filme pode funcionar em sala de aula como estratégia de ensino.
Em nossa metodologia de pesquisa
desenvolvemos uma estratégia de ensino utilizando o filme “Lutero” de Eric
Tiel, estruturando sugestão de como trabalhar o conteúdo “Reforma Protestante”,
a partir desta película, em que pretendemos evidenciar como produzir um
relatório para o trabalho com o filme em sala de aula.
Por fim, acreditamos que muito ainda há
para se fazer com auxilio do filme como estratégia de ensino de História
Moderna, desenvolvemos apenas um caminho, porém os próprios alunos podem fazer
suas produções cinematográficas baseadas por um determinado contexto histórico
e, com isso, tornarem-se produtores do conhecimento.
INTRODUÇÃO.
O tema de nosso
paper será “As estratégias de ensino de História Moderna: O uso do cinema”,
onde nossa pretensão é utilizar este recurso com fins didáticos no sentido de
complementar e auxiliar as aulas expositivas sobre determinados assuntos
relacionados aos conteúdos programáticos de História Moderna.
A escolha do
tema ocorreu de acordo com as orientações do professor tutor externo do curso
de licenciatura em História da UNIASSELVI, da turma HID0167, onde está temática
esta de acordo com as proposições da disciplina de Prática do módulo V, em que
cabe aos discentes elaborarem as pesquisas e delimitação do assunto.
A relevância do
tema, o uso do cinema como estratégia de ensino, é uma discussão muito
frequente na atualidade nas salas de aula de História, onde o cinema pode
contribuir para excelentes reflexões, tanto de alunos, quanto de professores,
com isso, tornar o processo de ensino aprendizagem prazeroso, dinâmico, vivo,
criativo e interessante.
Os objetivos de
nosso artigo são: objetivo geral: Demonstrar como o uso do filme pode funcionar
em sala de aula como estratégia de ensino. Onde como objetivos específicos têm:
Conceituar o que é História Moderna; Conceituar o que é Cinema; e Compreender
historiograficamente a relação História e Cinema.
Em nossa
revisão de bibliografia, a obra “História na sala de aula” que é organizada
pelo historiador Leandro Karnal (2010), em seu artigo intitulado “História
Moderna”, nos possibilita compreender como o professor pode lançar mão de
estratégias em seu trabalho em sala de aula, onde o autor demonstra diferentes
formas de atuação no ensino dos conteúdos de História Moderna, a partir, do uso
de diversos recursos didáticos como: arte, literatura, música e cinema.
Kalina
Vanderlei Silva e Maciel Henrique Silva (2005) no “Dicionário de Conceitos
Históricos” com o verbete “Modernidade” nos ajudam a compreender e a conceituar
o que é História Moderna.
Maurício
Aurélio Couto Marques (2010) com o artigo “O filme como recurso didático em
História para o Ensino Médio” faz entender a relação História e Cinema,
evidenciando como o professor pode utilizar esta ferramenta, o cinema, não como
substituto de aulas, mas como auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, ou
seja, depois de trabalhado o conteúdo através de aulas expositivas e do livro
didático o professor pode utilizar os filmes como materiais de apoio em suas
discussões, onde os mesmos podem desempenhar papel extremamente salutar para
compreensão dos processos históricos.
Circe Maria Fernandes
Bittencourt (2004) em sua obra “Ensino de História” possibilita nossa
compreensão do uso do cinema e audiovisuais na prática docente, em que salienta
o cinema no ensino e na produção historiográfica, além de desenvolver algumas
propostas pedagógicas para o uso dos filmes em sala de aula.
Em “Domínios da
História”, Ciro Flamarion Cardoso e Ana Maria Mauad (1997), com ensaio
historiográfico com o seguinte título “História e Imagem” informam acerca da
relação História e Cinema, onde trabalham o percurso historiográfico deste
encontro, onde o cinema para História passa ser tanto objeto/ fonte, quanto
sujeito de produção histórica, pois o filme assim como documento que é, possui
discurso elaborado de um determinado processo histórico, também é criado em determinado
momento histórico envolto de visões de mundo e carregado de ideologias por quem
o produz, dirige e atua.
Marc Ferro
(1988) em “O Filme: Uma contra análise da sociedade?” é importante em nossa
discussão devido ao pioneirismo do autor no uso cinema como objeto dos estudos
de história, em que nos informa que os filmes podem ser excelentes ferramentas
para decifrarmos aquilo que é imperceptível, onde devemos identificar aquilo
que os autores de tais obras não queriam evidenciar e, com isso, compreender as
ideologias, visões de mundo e representações embutidas em tais obras.
Em nossa
metodologia de pesquisa vamos desenvolver uma estratégia de ensino utilizando o
filme “Lutero” de Eric Tiel, onde estruturaremos sugestão de como trabalhar o
conteúdo “Reforma Protestante”, a partir desta película, em que pretendemos
demonstrar como produzir um relatório para o trabalho com o filme em sala de
aula.
O artigo segue
com os seguintes itens: 2) o que é História Moderna, em que desenvolvemos
conceitos; 3) Cinema: um breve conceito, em que se buscou desenvolver o
significado desta ferramenta; 4) As relações entre História e Cinema, onde
fazemos um balanço historiográfico deste encontro; 5) Estratégia do ensino de
História Moderna, neste tópico elaboramos sugestão de como trabalhar um
relatório acerca do filme “Lutero”, fomentando questões e discussões sobre o
conteúdo de Reforma protestante; Considerações finais e, por fim, as referências
bibliográficas e fontes que fundamentaram nossas análises.
O QUE É HISTÓRIA
MODERNA?
O termo História Moderna foi elaborado
didaticamente para o trabalho e facilitação do entendimento dos períodos da
História humana, onde por este conceito a História Moderna é um período
compreendido do século XV (tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em
1453) ao século XVIII (com a eclosão da Revolução Francesa em 1789).
Diante do exposto Fabiano Dawe no caderno de
estudos de História Moderna nos informa o seguinte:
O termo
‘Idade Moderna’ foi criado no século XVI, para dar nome ao novo período
histórico que se entendia que a Europa estaria atravessando. Francesco Petrarca
criou, em 1341, a distinção entre a época antiga (greco-romana) e a época nova,
o seu próprio período (separados por um longo período de obscuridade, a Idade das
Trevas). A partir do século XVI, a época nova passou a ser chamada de moderna.
A Idade Moderna representava, assim, o momento em que a Europa despertava de
sua ‘longa noite de mil anos’ e dava os primeiros passos para conquistar o
mundo. Desta forma, o termo ‘moderno’ ganhava um sentido de transformação e de
recuperação das antigas tradições, em oposição aos tempos medievais. (2008,
p.5)
Contudo, precisamos ir além deste conceito de
História pronto e acabado, pois esta é uma visão tradicional e positivista de
enxergar a história, onde os fatos são apresentados em uma cadeia linear,
factual e narrativa, privilegiando a história diplomática, a figura de grandes
heróis e suas batalhas, esquecendo-se da cultura popular, dos gestos, sentidos,
sentimentos, das relações sociais e, acima de tudo, dos sujeitos sociais em
geral: homens, mulheres e crianças os verdadeiros agentes do processo histórico
em sua arte viver em sociedade, que são transformados e transformam a sociedade
e a história da qual fazem parte.
Diante do
exposto corrobora com nossa afirmação Karnal em seu artigo “História Moderna”,
onde o autor analisando o que chama de “a
busca da certidão de nascimento e óbito” (KARNAL, 2010, p. 127) da História
Moderna compreende: “[...] Acima de tudo,
uma aula de História não deveria apresentar dados acabados, mas evidenciar em
algum momento o processo de construção da verdade histórica e trabalhar com a
dúvida, dado comum de todas as ciências.” (2010, p.129)
No Dicionário
de Conceitos Históricos de Kalina Silva e Maciel Silva, estes autores
apresentam um conceito mais amplo e diversificado do que é História Moderna,
onde a partir do verbete “Modernidade” compreendeu-se de forma ampla e
abrangente o que privilegiar no ensino de História Moderna, em que temos de
acordo com os autores as seguintes questões:
A ideia de modernidade surge, segundo Jacques Le Goff, quando
há um sentimento de ruptura com o passado. Nesse sentido, um dos primeiros
pensadores a utilizar a ideia de modernidade foi Charles Baudelaire, escritor
francês da segunda metade do século XIX, autor de As flores do mal, que
pensava a modernidade como as mudanças que iam se operando em seu presente,
utilizando a palavra sobretudo para a observação dos costumes, da arte e da
moda. Etimologicamente, entretanto, Andrew Edgar apresenta a modernidade como
um termo derivado do latim modernus (significando recentemente),
que desde o século V, com os escritos de Santo Agostinho, passou a ter diversos
significados. Na origem, opunha-se ao passado pagão; a partir do século XVI,
todavia, quando os eruditos revalorizaram a cultura pagã, ser moderno era se
opor ao medieval e não ao antigo ou à Antiguidade. Os homens do século XVI
julgavam estar vivendo em um mundo novo (moderno), embora o passado
greco-romano devesse ser respeitado na construção desse novo mundo e do novo
homem, liberto do “obscurantismo” medieval. Nesse sentido, a Era Moderna é de
fato moderna, ao menos para os que nela viveram. Mas não se pode esquecer que o
termo modernidade (modernitas) propriamente dito já aparece no século XII,
referindo-se aos últimos cem anos então vividos e ainda presentes na memória
dos contemporâneos. Apesar disso, modernidade é um conceito histórico que
difere do sentido original da palavra e surgido com o Iluminismo, tendo seu
ápice nos séculos XIX e XX.
De acordo, com estas conceituações expressas acima devemos
evidenciar o estudo de História Moderna como um conjunto de transformações e
rupturas da sociedade moderna com a sociedade medieval, onde devemos orientar
aos nossos alunos que tais rupturas não aconteceram da noite para o dia, mas de
forma lenta, evidenciando que a principal forma de mudança operada foi à
racionalização das instituições em seus processos políticos, econômicos, culturais
e sociais.
E, a partir destes fatores são lançadas as bases dos
principais processos históricos do período Moderno: Surgimento do Capitalismo,
Movimento Protestante, o Renascimento, o Iluminismo com as proposições do pensamento
do Liberal, os movimentos operários e as ideias socialistas, anarquistas e
comunistas em que todos estes processos históricos influenciaram e influenciam
a politica, a economia, a cultura e a sociedade em geral.
CINEMA: UM BREVE CONCEITO.
A
palavra cinema tem sua origem etimológica do grego clássico, onde KINEMA
possui o significado de imagem em movimento.
O que fica claro com esta
conceituação é que o cinema busca dar vida as imagens, fazendo com que seu
movimento passe a ser percebido através de gestos, sentidos e expressões
desenvolvidos nos filmes, onde de acordo com Lucília Prestes (2004): “[...]O cinema, como movimento
das imagens, transforma sombras em realidade, o reflexo do real em ideias,
sentimentos, emoções, razão e explosões em arte [...]”. (p.20)
O
cinema como imagem em movimento permite que possamos elaborar e compreender as
imagens que são produzidas de um passado e até mesmo do presente, onde devemos
entender que toda obra cinematográfica em si não é o real, mas a representação
do real que um determinado diretor ou produtor quer nos informar, ou seja, é
uma visão de mundo de uma determinada sociedade, onde o autor envolto em suas
relações sociais, psicológicas e culturais da um sentido a sua vivencia ou a
uma época que não sua.
AS RELAÇÕES ENTRE HISTÓRIA E
CINEMA: UM BALANÇO HISTORIOGRAFICO.
A
História e os historiadores dos séculos XIX e inicio do XX, orientados pelas
ideias da escola Tradicional ou Positivista, utilizou-se somente fontes ou
documentos históricos oficiais, onde os documentos escritos são à base da
construção da História nesse período.
Com
o advento da Escola do Annales, a partir, de 1929, Marc Bloch e Lucien Febvre
renovam a concepção da produção historiográfica, onde pretendem evidenciar a
História Social, Econômica e Cultural em detrimento da História Política
tradicional que dizia sobre grandes heróis nacionais, batalhas, sendo factual,
narrativa e linear, ou seja, uma História não problemática apenas descritiva.
É
com Bloch e Febvre que a história enquanto ciência vai buscar o homem e sua
relação com o tempo, onde alargam as fontes que o historiador pode dispor para
forjar seu trabalho, em que tudo aquilo que o homem produz e toca pode servir
como fonte e documentação para História, portanto destacamos: vestígios
arqueológicos, cartas pessoais, jornais, revistas, tradições orais, imagens e
etc.
Porém,
só a partir da década de 1970 é que o Cinema fará parte desse rol de fontes
para produção do conhecimento histórico, com Marc Ferro sendo pioneiro nesta
empreita, onde segundo Marques:
[...] só a
partir de 1970 que o filme começou a ser visto como possível documento para a
investigação em história. Isto se deu em consequência de um processo de
reformulação de conceitos e métodos de história, iniciando com o
desenvolvimento dos Annales. O filme, desde então, passou a ser encarado como
testemunho da sociedade que o produziu [...]. (2010, p.115)
Marc
Ferro com seu artigo “O filme: uma contra análise da sociedade?” desenvolve uma
análise dos filmes como objeto/fonte e também como produção histórica com suas
representações, visões de mundo e ideologias embutidas, além disso, seu método
de análise visa integrar o que é filme ao que não é filme, diante destes pontos
temos:
O filme, aqui, não é considerado do ponto de
vista semiológico. Não se trata também de estética ou história do cinema. O
filme é abordado não como uma obra de arte, porém como um produto, uma
imagem-objeto, cujas significações não são somente cinematográficas. Ela vale
por aquilo que testemunha. Também a análise não trata necessariamente da obra
em sua totalidade; pode apoiar-se em resumos, pesquisar séries., compor
conjuntos. A crítica não se limita somente ao filme, integra-o no mundo que o
rodeia e com o qual se comunica necessariamente. (1988, p.16)
Acerca da
utilização dos filmes como recurso didático no ensino de História o que temos é
uso constante deste material, pois verificamos isto na produção e
desenvolvimento das ideologias Nazista e Comunista, na Alemanha e URSS, onde
este veículo de comunicação foi imprescindível para a propagação de tais
ideologias.
No Brasil, o
ensino de História através do cinema vem de longa data, onde Circe Bittencourt
nos informa sobre a relação cinema e ensino de História da seguinte maneira:
Introduzir as imagens
cinematográficas como material didático no ensino de História não é novidade.
Jonathas Serrano, professor do Colégio Pedro II e conhecido autor de livros
didáticos, procurava desde 1912 incentivar seus colegas a recorrer a filmes de
ficção ou documentários para facilitar o aprendizado da disciplina. Segundo
esse educador, os professores teriam condições, pelos filmes, de abandonar o
tradicional método de memorização, mediante o qual os alunos se limitavam a
decorar páginas de insuportável sequencia de eventos.[...] escreveu [...] os
alunos poderiam aprender ‘pelos olhos e não enfadonhamente só pelos ouvidos, em
massudas, monótonas e indigestas preleções’. (2004, p. 371-372)
Desta forma
compreendemos que as relações entre História e Cinema devem ser estimuladas
cotidianamente, tanto para produzir conhecimento histórico, quanto para o
ensino do próprio conhecimento histórico.
Os filmes devem
ser utilizados não como substitutos e nem como material ilustrativo das aulas,
mas como ferramenta auxiliar para um processo didático pedagógico fomentador de
questionamentos e discussões, onde o cinema evidencia a participação de todos
os sujeitos como seres ativos na construção do processo histórico.
ESTRATÉGIA DE ENSINO DE HISTÓRIA MODERNA: O
FILME “LUTERO” COMO FOMENTADOR DE QESTIONAMENTOS E DISCUSSÕES SOBRE REFORMA
PROTESTANTE EM SALA DE AULA.
O uso didático
de filmes é de extrema relevância como estratégia do professor no ensino de
História Moderna, onde este deve ser entendido como uma representação da
realidade e não como real em si. Onde o professor em sua ação pedagógica deve
analisar de acordo com a visão de Marc Ferro:
Nessas condições, empreender a análise de
filmes, de fragmentos de filme, de planos, de temas, levando em conta, segundo
a necessidade, o saber e o modo de abordagem das diferentes ciências humanas,
não poderia bastar. É necessário aplicar esses métodos a cada substância do
filme (imagens, imagens sonoras, imagens não sonorizadas), às relações entre os
componentes dessas substâncias; analisar no filme principalmente a narrativa, o
cenário, o texto, as relações do filme com o que não é filme: o autor, a produção,
o público, a crítica, o regime. Pode-se assim esperar compreender não somente a
obra como também a realidade que representa. (1988, p.6)
Diante de tais
pressupostos compreendemos que os filmes devem ser analisados através da
critica externa e interna, onde Cardoso e Mauad nos informam o seguinte:
O filme
é [...] observado como ‘um produto, uma imagem-objeto, cujas significações não
são só cinematográficas’: trata-se, em suma, de um testemunho. O
trabalho do historiador nem sempre se apoia na totalidade das obras: pode usar sequências
ou imagens destacadas, compor séries e conjuntos. E deve integrar o filme ao
mundo social, ao contexto em que surge — o que implica a pertinência do
confronto da obra cinematográfica com elementos não cinematográficos: autor, produção,
público, regime político com suas formas de censura. (1997, p. 583-584)
Circe Bittencourt descrevendo sobre como devemos
analisar nos filmes orienta:
a) os
elementos que compõem o conteúdo, como roteiro, direção, fotografia, música e
atuação dos atores; b) o contexto social e político de produção, incluindo
censura e a própria indústria do cinema; c) a recepção do filme e a recepção da
audiência considerando a influência da critica e a reação do público segundo
idade, sexo, classe e universo de preocupações. (2004, p. 375)
O que
pretendemos com está discussão é evidenciar que os filmes merecem um tratamento
especial na sua utilização como estratégia para o ensino de História Moderna,
onde o planejamento das aulas é de fundamental importância, portanto
aconselhamos que este deva ser utilizado após o assunto trabalhado através de
aulas expositivas e com o auxilio do livro didático, o uso do cinema pode de
ser de extrema relevância, em que os alunos podem visualizar no filme os
conteúdos exposto pelo professor, podendo o próprio estudante questionar o que
foi trabalhado ou não em sala através da prática didático pedagógica do
educador.
O professor
pode em sua prática: Organizar através da elaboração de um roteiro
prévio para que a projeção do filme seja aproveitada da melhor forma; informar
ao aluno sobre os aspectos gerais da produção do filme, sempre que for
possível; retomar, sempre, o tema central do filme; se for necessário,
trabalhar somente com os fragmentos mais importantes da obra; fazer uma breve
síntese, destacando os aspectos importantes do filme e, por último, pedir aos
alunos que redijam uma análise crítica sobre os aspectos estéticos, históricos
e didáticos do filme trabalhado em sala;
e marcar uma data para a entrega do material ou, se achar melhor, marque um dia
para que os alunos façam a análise durante a aula.
ANÁLISE DO FILME “LUTERO”.
O filme
“Lutero” é uma biografia histórica, produzida em 2003 nos Estados Unidos e na
Alemanha, onde o diretor da obra Eric Tiel desenvolve uma trama retratando o
processo de transição da Idade Média para Idade Moderna.
As imagens que
o autor constrói sobre as questões e os assuntos abordados no filme são interessantes,
pois consegue por meio de pesquisa histórica consistente certa fidelidade em
relação ao processo histórico em questão: a Reforma Protestante (1507-1531),
demonstrando todas as suas contradições culturais, sociais, religiosas,
econômicas, politicas e etc.
O personagem
Lutero interpretado por Joseph Fielnes tem suas experiências constituídas e retratadas
como um homem cheio de dúvidas acerca de sua visão de mundo diante da religião
e religiosidade de sua época, onde enfrenta todos os percalços para desenvolver
sua obra de fé, em que todas as pessoas poderiam ter acesso a Deus sem precisar
dos mediadores, no caso os clérigos.
Lutero neste
filme não tem o papel de herói, mas de sujeito histórico ativo que ousou
transformar a sociedade de então e os rumos da história que era vivida e
vivenciada há séculos.
Os conflitos
são narrados evidenciando o choque entre dois sistemas sociais, a velha
sociedade feudal, representada pela Igreja Católica e Sacro Império Romano-Germânico
e a nova sociedade formada pela burguesia em ascensão através dos príncipes alemães
e o novo enunciado de fé de Lutero.
O filme tem um
caráter de denúncia contra a Igreja Católica e a sociedade feudal, onde mantém
um compromisso com as ideias desenvolvidas pela reforma Luterana.
A temporalidade
do filme é ambientada entre 1507 a 1531, onde Lutero em sua experiência
cotidiana é representado como sujeito da nova sociedade em formação e Tetzel é
composto como representante da velha sociedade feudal como vendedor de
indulgencias, cobrador de impostos. O papa Leão X tem o caráter e
caracterização na obra ligada a opulência e ostentação.
O passado e o
presente em Lutero podem ser trabalhados, elaborando um estudo sobre o passado
através do processo de transição de um determinado momento histórico e tentando
compreende-lo, e na compreensão do presente podemos estabelecer critérios de
análise para entendermos como estão às questões relacionadas à fé e a religião
no cotidiano e vivencia dos alunos na atualidade.
ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO COMO ESTRATEGIA DE
ENSINO DE REFORMA PROTESTANTE COM O FILME NA SALA DE AULA.
A sugestão que
propomos é a seguinte, depois de trabalhado o conteúdo de Reforma Protestante
em duas ou três aulas, o professor pode usar o filme “Lutero” (2003) em partes
ou em seu conteúdo completo, para através desta película poder reforçar as
situações explicadas nas aulas expositivas.
Deve o
professor explicar aos alunos como trabalhar a crítica do filme como objeto de
conhecimento e produtor do mesmo, onde evidenciara o processo da crítica
interna analisando o tema, a trama do filme e buscando compreender se o mesmo
se aproxima com o conteúdo estudado; em seguida, a crítica externa, em que se
evidencia o filme enquanto produção, a partir: do autor, atores e produtores destacando
as ideologias e visões de mundo embutidas na obra, além de compreender a que
público se destina e como foi aceito pela crítica cinematográfica.
Feita tal
análise do filme, o professor pode propor um relatório para os alunos
elaborarem, onde se pede que descrevam sobre: o tema, a trama, os elementos que
foram discutidos na sala de aula, os elementos que não foram discutidos durante
as aulas, porém é visualizado no filme, conclusão de suas análises e referencia
da obra.
CONCLUINDO.
Acreditamos que
o filme como estratégia no ensino de História Moderna é de grande valia, pois
pelos filmes os alunos podem aprender não só pelos ouvidos, mas pelos olhos,
onde veem e vivenciam determinados processos históricos podendo fomentar
discussões e questionamentos.
Nessa ação
didática pedagógica o professor deve sempre deixar claro aos estudantes que o
filme não é o real, mas uma representação do real, em que pelo seu processo de
produção estes foram desenvolvidos e concebidos a partir de visões de mundo,
ideologias, um sistema político entre outras questões.
Os objetivos
foram todos alcançados em nossa pesquisa, em que conceituamos História Moderna
e Cinema, além de elaborar uma análise acerca da relação entre História e
Cinema.
O objetivo
principal e geral foi respondido desenvolvendo uma estratégia de ensino através
da utilização do filme “Lutero” (2003), como material didático pedagógico, para
podermos compreender a Reforma Protestante, onde elaboramos um relatório a ser
feito pelos estudantes, a partir, da critica interna e externa da obra,
evidenciando o tema, a trama, o assuntos trabalhados e não trabalhados nas
aulas expositivas, além de entender como este é produzido: autor, diretor,
produtor, ideologia e regime politico ao qual o filme pertence e etc.
Por fim,
acreditamos que muito ainda há para se fazer com auxilio do filme como
estratégia de ensino de História Moderna, desenvolvemos apenas um caminho,
porém os próprios alunos podem fazer suas produções cinematográficas baseadas
em um determinado contexto histórico e, com isso, tornarem-se produtores do
conhecimento.
PARA SABER MAIS SOBRE O ASSUNTO.
BITTENCOURT,
Circe. Ensino de história:
fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2008.
CARDOSO, Ciro.
MAUAD, Ana Maria. História e Imagem:
Os exemplos da fotografia e do cinema. In: CARDOSO, Ciro Flamarion Santana,
VAINFAS, Ronaldo (orgs). Domínios da
Historia: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997.
DAUWE, Fabiano. História Moderna. Indaial: UNIASSELVI,
2008.
FERRO, Marc. O filme: contra analise da sociedade? In: LE GOFF, Jacques. NORA, Pierre. Historia:
novos objetos. Rio de janeiro, 1988.
KARNAL,
Leandro. História Moderna e a sala de aula.
In: IBDEM. História na Sala de Aula:
Conceitos, práticas e propostas. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2003.
MARQUES,
Maurício Aurélio Couto. O Filme como Recurso Didático em História para o Ensino
Médio. In: SOARES, Elisângela Socorro Maciel. Revista Cientifica Clio- UNINORTE: História em perspectiva. Ano 1,
nº 1, Manaus: UNINORTE- LAUREATE, 2010.
MARTINS,
Josenei; Martino Batista de. Didática e
Metodologia do Ensino de História. Indaial: UNIASSELVI, 2011.
SILVA, Kalina
Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário
de Conceitos Históricos. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2009.
FONTE.
LUTERO,
Direção: Eric Till.Roteiro: Bart
Gavigan, Camille Thomasson .Elenco: Alfred Molina, Bruno Ganz, Claire Cox, Jonathan Firth, Joseph Fiennes, Peter Ustinov, Uwe Ochsenknecht. Produção: Alexander Thies,
Brigitte Rochow, Christian P. Stehr, Dennis A. Clauss. Fotografia: Robert Fraisse .Trilha Sonora: Richard
Harvey. Produção e distribuição: MGM, EUA e Alemanha, 2003. Duração: 121 min.
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Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
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