Publicação brasileira técnico-científica on-line independente, no ar desde sexta-feira 13 de Agosto de 2010.
Não possui fins lucrativos, seu objetivo é disseminar o conhecimento com qualidade acadêmica e rigor científico, mas linguagem acessível.


Periodicidade: Semestral (edições em julho e dezembro) a partir do inicio do ano de 2013.
Mensal entre 13 de agosto de 2010 e 31 de dezembro de 2012.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Para entender a história... Balanço do Segundo Ano da Publicação: 13 de agosto de 2011 A 13 de agosto de 2012.


Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 3, Volume ago., Série 31/08, 2012, p.01-06.



No dia 13 de agosto de 2012 Para entender a história... completa seu segundo ano de existência.

Quando entrou no ar fundado em 2010, contou com apenas 596 visualizações no seu primeiro mês de vida.

Entretanto, em setembro de 2010, o numero de visualizações já havia subido para 10.000; em outubro ainda mais visitas, 15.000 acessos; recendo 26.000 visitantes em dezembro.

Em pouco tempo, as visualizações mensais chegaram a números que não poderíamos imaginar nas estimativas mais otimistas.

Um ano depois, em agosto de 2011, foram registrados 114.667 acessos; em setembro novo aumento no número de visitantes: 140.322.

Em outubro mais um recorde de acessos: 158.591.

No final de 2011, como no ano anterior, o índice de visitas caiu em virtude das férias escolares: 138.888 em novembro e 63.430 em dezembro.

Ainda por conta do período de recesso em faculdades e escolas, em janeiro de 2012 tivemos 57.880 acessos, mas em fevereiro foi registado um expressivo aumento, quando tivemos 106.556 visitas.

Em março de 2012 atingimos o ápice, o maior número de acessos mensais até o presente momento: 196.242.

Mês em que o recorde nos acessos ultrapassou 10.000 visitas por dia em determinadas ocasiões.

No meses seguintes a média superior a cem mil acessos foi mantida: 149.197 em abril; 179.943 em maio; e 125.785 em junho.

Durante as férias escolares de julho de 2012 tivemos 58.438 acessos e, agora, no mês de agosto foram 103.331 visitas.





Em apenas um ano de vida, a publicação já registrou mais de dois milhões de visualizações, contando com 266 seguidores.


Nada mal para uma publicação que pretende publicar e divulgar textos que abordam história, filosofia e educação; sem descuidar do teor cientifico das informações e da qualidade da transmissão do conhecimento.

Isto, em um país onde o discurso que valoriza ciência e educação não passa de uma falácia para enganar os eleitores e ganhar audiência no caso da média de grande circulação.

Quase um milagre no Brasil, considerando que os autores dos artigos publicados são em sua quase totalidade pesquisadores e educadores.

Principalmente porque os professores não são valorizados pela sociedade, constantemente desrespeitados dentro e fora de sala de aula, sendo muito mal remunerados no país do futebol que persiste em pagar menos que um salário mínimo por uma jornada exaustiva de trabalho aos profissionais da educação.

Um absurdo, quando contraposto aos milionários salários pagos a vários esportistas e artistas que, ao invés de educar, deseduca crianças e adolescentes através de comportamentos sempre reprováveis e muitas vezes criminosos.


Breve histórico.

Ao iniciar a publicação, ela nasceu como um blog despretensioso, em uma sexta-feira 13, em agosto deste ano de 2010, exatamente há um ano atrás.

A intenção era publicar textos curtos e divulgar as publicações do hoje editor de Para entender a história... Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

Ao criar o blog, a ideia era justamente ir na contramão do corporativismo acadêmico que deixa de publicar artigos de qualidade em nome do coleguismo e de inúmeros outros fatores nada justos.

Não imaginávamos então a repercussão dos textos pelo mundo, mesmo todos estes sendo de autoria apenas de uma única pessoa.

Sugestões de leitores que demonstraram interesse em participar do blog fizeram com que passassem a ser aceitos textos de outros autores somente a partir de outubro de 2010.

Estas colaborações de leitores passaram a ser publicadas as terças-feiras, enquanto as antes diárias postagens do editor seriam fixadas apenas as segundas-feiras.

Destarte, como os textos se assemelhavam mais a artigos acadêmicos ou de divulgação com qualidade cientifica inquestionável, o blog foi transformado em revista on-line, Publicação Técnico-Científica, em novembro de 2010.

Quando a publicação recebeu indexação junto ao Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia da República Federativa do Brasil, através ISSN 2179-4111.

O IBICT somente concede ISSN para as publicações que apresentam artigos originais, atendendo o requisito de manutenção de periodicidade e expediente.

A instituição não concede ISSN para publicações que apenas reproduzem textos de outros sites ou que apresentam resumos, além de negar o registro para blogs pessoais.

Portanto, para adquiri o ISSN, o blog passou por atenta analise do IBICT, obtendo rápida aprovação.

Assim referendada, a publicação ganhou status e reconhecimento científico, os seus artigos passaram a gozar do direito de inserção no currículo lattes dos autores colaboradores como publicação em periódico, o que começou a atrair mais colorações.

Consolidando este reconhecimento, em janeiro de 2011, iniciamos a formação de um conselho editorial, constituído por importantes nomes da área de história, filosofia e educação.

O qual ficou responsável pela análise dos artigos remetidos para publicação, emitindo pareceres, colaborando com artigos publicados esporadicamente as quartas-feiras.


Aos poucos o conselho editorial foi agregando nomes, sendo atualmente formado por titulados em universidades renomadas.


Constituído um conselho editorial forte, a publicação recebeu a indexação do LATINDEX, instituição responsável pela catalogação de publicações cientificas em toda América Latina.

Ainda em fevereiro de 2011, Para entender a história... foi indexado também pelo CNEN - Portal do Conhecimento Nuclear - e LivRe – Catálogo de Revistas Cientificas on-line -, ambos pertencentes ao Ministério de Ciência e Tecnologia da Republica Federativa do Brasil.

Apesar da publicação não constituir mais propriamente um blog, usando tão somente a base de hospedagem gratuita de dados do Google, através do blogspot; foi indexada pelo IBSN - Internet Blog Serial Number – pelo número de registro 217.941.100.0.

Por esta altura, pensando em fazer cumprir a lei dos direitos autorais (lei 9.610/98), inserimos em todos os artigos uma marca no inicio de cada texto, contendo o volume, número de série e paginação.


Em pouco tempo, a publicação se tornou uma referência, com artigos citados em livros e nos meios acadêmicos por autores com trabalhos indexados pela CAPES e outras instituições.

Além de citações e indicações de textos por universidades no Brasil e no exterior, principalmente Portugal, sobretudo em cursos EAD, as quais incorporaram os artigos de Para entender a história... na bibliografia obrigatória de seus cursos de humanidades.

Servindo de referencia para professores e alunos (graduação e pós-graduação), não só no ensino superior, mas também na educação básica (ensino fundamental e médio), a publicação foi indicada como finalista para o prêmio blog books em 2010 e premiada com o Top100 do topblogs 2011 na categoria educação.


Retrospectiva das Estatísticas Gerais.

Em seus dois anos de vida, publicamos mais de 250 postagens; entre artigos, editorais e boletins.

Colaboraram com a publicação 63 autores, muitos com mais de um artigo publicado, alguns com uma dúzia de textos, aos quais fica aqui registrado nossos agradecimentos.

Os artigos mais populares nestes dois anos, respectivamente, com o nome do autor e numero de acessos, foram:

01. Educação, escola, família e sociedade: Fábio Pestana Ramos (160.392).

02. A revolução francesa foi causada pela fome: Fábio Pestana Ramos (110.164).

03. O imperialismo europeu no continente africano: Victor Mariano Camacho (69.972).

04. Educação no Brasil Império: Fábio Pestana Ramos (47.812).

05. A passagem da antiguidade para o feudalismo: Fábio Pestana Ramos (43.534).

06. 1964 – O golpe de Estado e a ditadura militar: Fábio Pestana Ramos (38.646).

07. A revolução cubana: Eliane Santos Moreira (28.748).

08. Os astecas e os sacrifícios humanos: Marcus Vinicius de Morais (25.842).

09. História do analfabetismo no Brasil: Fábio Pestana Ramos (20.816).

10. A formação do planeta terra: Fábio Pestana Ramos (19.989).


Ao atingir mais de dois milhões de visualizações, segundo dados do Google, Para entender a história... recebeu visitas de pessoas de mais de 80 países diferentes.

A maior parte destas visitas foram de leitores do Brasil, porém, o restante das visualizações tiveram origem em outros países, tais como: EUA, Canadá, México, Republica Dominicana, Porto Rico, Honduras, Nicarágua, Argentina, Uruguai, Equador, Peru, Chile, Costa Rica, Guiana, Portugal, Espanha, Polônia, Dinamarca, Alemanha, Holanda, Suécia, França, Rússia, Croácia, Albânia, Eslováquia, Moldávia, Bélgica, Angola, Moçambique e até do Japão e da China.

Somente de Portugal, por razões obvias, foram quase 145.000 visitas, por isto mesmo fica aqui registrado nosso agradecimento aos irmãos portugueses.


Forte abraço:
Equipe e Conselho Editorial de Para entender a história...

quinta-feira, 30 de agosto de 2012


Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 3, Vol. ago., Série 30/08, 2012, p.01-02.

 
Após junho de 2012, a publicação esteve inativa até o inicio de 2013, neste momento (janeiro de 2013) estamos regularizando os volumes de julho a dezembro, para dar continuidade à periodicidade normal.

Existe um grande fluxo de artigo encaminhados para publicação e já aprovados pelo conselho editorial, pedimos paciência a todos.

Assim que publicado, o autor do artigo receberá uma notificação por e-mail.

Os artigos que serão publicados até dezembro não estão sendo revisados ainda pelo professor José Famir Apontes da Silva, especialista na área, dado a necessidade urgente de restabelecer o fluxo normal da periodicidade.

Em agosto de 2012 tivemos 103.331 acessos.

 
Neste mês, além do artigo assinado pelo editor, recebemos e publicamos três colaborações de autoria de:
1. Sandra Regina Pereira da Silva, Pós-Graduanda em Docência do Ensino Superior pelo INEC/UNICSUL - Docência no ensino superior: a prática pedagógica em questão.
2. Aparecida Romano Alves, Pós-Graduanda em Docência do Ensino Superior pelo INEC/UNICSUL - A competência pedagógica do professor universitário.
3. Daisy Vieira de Moraes, Pós-Graduanda em Docência do Ensino Superior pelo INEC/UNICSUL - A formação superior e as competências para o exercício da docência e da gestão: do ofício de professor ao ofício de gestor.

As contribuições possuem temáticas ecléticas, dentro da amplitude proposta e aceita pela publicação, marcando Para entender a história como um espaço democrático de divulgação do conhecimento.

Aproveitamos a oportunidade para agradecer, como sempre, as colaborações e parabenizar todos que já participaram pelos textos, estendendo o convite aos demais leitores para remetam artigos para submissão.

Os interessados em colaborar com textos devem enviar artigos dentro dos parâmetros fixados nas normas de publicação disponíveis no link “Colaborações”.

Desde o mês de novembro de 2011, a sistemática de publicações foi parcialmente alterada, o editor passou a publicar apenas um artigo no inicio do mês, abrindo a edição do volume, independente do dia da semana, esporadicamente publicando outros artigos aos sábados.

As segundas-feiras e terças-feiras ficaram destinadas à publicação de colaborações, abrindo um espaço maior para divulgação de artigos de leitores.

As quartas-feiras e quintas-feiras ficaram reservadas para a publicação de artigos de membros do conselho editorial e convidados.

 
Agradecemos os leitores e desejamos um bom divertimento.

Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
Editor de Para entender a história...

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A formação superior e as competências para o exercício da docência e da gestão: do ofício de professor ao ofício de gestor.


 

Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 3, Vol. ago., Série 20/08, 2012, p.01-16.

 

O artigo faz parte da Monografia de Conclusão de Curso de Pós-Graduação em Docência do Ensino Superior pelo INEC/Universidade Cruzeiro do Sul, orientada pelo Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

 


Trata-se de pesquisa de campo que visa estabelecer uma conexão entre a formação acadêmica e as competências para a prática da docência e gestora a partir do cotidiano de uma Instituição Educacional, da Rede Pública, no Município de São Paulo.

Esta pesquisa tem o propósito de traçar o perfil profissional de dois gestores e suas trajetórias desde a formação acadêmica, a atuação enquanto professor e os percalços na constituição de gestor, na tentativa de elucidar, após análise de dados, a verossimilhança entre ser professor e ser gestor.

 


INTRODUÇÃO.

Ao adentrar uma instituição educativa, um olhar mais atento aos fazeres do professor e aos fazeres do gestor será revelador de quão distintas são suas funções e ao mesmo tempo tão próximas e interdependentes. Cabe ressaltar que em muitos casos o curso superior que dá o título de ‘Professor’, também dá o título de ‘Gestor’(Diretor, Coordenador Pedagógico, Supervisor), neste caso refiro-me ao Curso de Pedagogia.

No entanto, ser professor e ser gestor, requer competências e habilidades diferenciadas que no cotidiano da ação pedagógica serão evidenciadas as exigências de cada função e a postura profissional de cada um será posta em xeque.

 Uma reflexão mais profunda faz-se necessário no sentido de observar em que momento o professor se transforma em gestor, como qualificar essa transição e a articulação do conhecimento acadêmico com a prática pedagógica.

Para tanto foram entrevistados dois gestores e as informações obtidas analisadas sob a luz de alguns referenciais teóricos, entre os quais, destaca-se Philippe Perrenoud e Heloísa Luck, objetivando constatar se  as competências e saberes necessários ao professor no exercício da docência são suficientes quando este professor assume a função de gestor, e o quanto esses saberes se articulam e verificar se procede a afirmação de que todo gestor é na sua essência um professor, mas nem todo professor é na sua essência um gestor, e quais as dificuldades encontradas na transição da docência para gestão.

 

 

A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR/GESTOR.

Tratar da formação inicial do professor, hoje, é remeter a uma discussão sobre os cursos de Pedagogia e defrontar-se com a diversidade de contextos de cursos superiores que assolam o país.

Atualmente o país passa por uma crise de qualidade que é resultado de uma  inconstância permanente que marca a formação de professores no Brasil. Com a  Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 1996, surge o desafio de superar  uma histórica contradição: professores polivalentes da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental (formados sobretudo nas habilitações de Magistério de nível Médio) com conhecimento razoável do "como", mas pouco conhecimento do "que" ensinar, enquanto os especialistas das séries finais (egressos das Licenciaturas) dominam o "que" e se perdem no "como". 

Os Institutos Superiores de Educação (ISEs), concebidos com a intenção de ser centros de formação de docentes, que  integrariam os fundamentos da Educação, os conteúdos específicos e a prática, contudo  as mudanças não surtiram o efeito desejado.

Em 2006, os ISEs e o Normal Superior começaram a desaparecer, com a determinação do Conselho Nacional de Educação (CNE) de que a formação de professores polivalentes ocorresse na Pedagogia, bem como associado ainda a formação do gestor (diretor de escola, coordenador pedagógico, supervisor escolar). 

A migração para o nível superior, por sua vez, pouco contribuiu para melhorar a situação.

Em 2008, uma pesquisa da Fundação Carlos Chagas (FCC) encomendada pela Fundação Victor Civita (FVC) revelou que as disciplinas com conhecimentos específicos sobre a docência (voltadas à prática e às didáticas específicas) representam, no máximo, 30% da carga horária dessas graduações.

Uma vez desvelada à situação histórica dos cursos de Pedagogia, é preciso resgatar também como se constrói a identidade desse profissional, problematizando como se dá a preparação desses profissionais para atuarem nos diferentes níveis de ensino.

Sendo ampla a discussão sobre a complexidade do ensinar e da formação inicial e em serviço, torna-se relevante a discussão sobre as competências necessárias.

Para melhor compreensão das dimensões de atuação entre o professor e o gestor faz-se necessário definir as competências de cada profissional, ou seja, o que compete a cada um no processo educativo.

 

Como nos ensina Terezinha Azeredo Rios, (1999:46):

 

Falar em competência significa falar em saber fazer bem. Apesar das diferenças entre as diversas concepções de educação e de escola presentes entre nós, elas sem dúvida concordam em definir desse modo a competência. (...) Afirmo que o saber fazer bem tem uma dimensão técnica, a do saber e do saber fazer, isto é, do domínio dos conteúdos de que o sujeito necessita para desempenhar o seu papel, aquilo que se requer dele socialmente, articulado com o domínio das técnicas, das estratégias que permitam que ele, digamos, “dê conta de seu recado”, em seu trabalho. Mas é preciso saber bem, saber fazer bem, e o que me parece nuclear nesta expressão é esse pequeno termo – “bem”(...)

 

Trazendo este assunto para a prática pedagógica dentro da instituição escolar, ressalta-se que é importante levantar as questões envolvidas neste processo, como por exemplo: a rotina escolar, o trabalho coletivo, as relações interpessoais, processo de ensino e aprendizagem, para ampliar a compreensão dos mesmos.

Nessa perspectiva os fazeres dos gestores na organização da rotina escolar, na garantia de condições de um trabalho coletivo, na promoção de relações interpessoais proativa e no acompanhamento e intervenções do processo ensino e aprendizagem, abarcam competências e habilidades diferenciadas  das dos professores, que ora se complementam ora se contrapõem, visto que os fazeres dos professores diz respeito especificamente à gestão em sala de aula sem perder de vista as diretrizes pedagógicas definidas na unidade e órgãos superiores, como por exemplo secretarias de educação pelas quais as instituições são regidas.

 

 

AS COMPETENCIAS PARA ENSINAR.

 

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) - 1996, no artigo 13, aponta:

 

Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:

 

I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

III - zelar pela aprendizagem dos alunos;

IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;

V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;

VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.

 

Quando se visualiza a dimensão dos fazeres dos professores, que não diz respeito apenas ao ato de lecionar, uma questão de imediato torna-se bastante intrigante, quanto às competências necessárias para ser um bom professor.

Acredita-se que as competências profissionais constroem-se em formação, mas também no dia a dia de um professor, de uma situação de trabalho à outra.

Portanto, alguns questionamentos estão implícitos no cotidiano da ação-reflexão – ação do professor.

 

Terezinha Azeredo Rios, levanta alguns questionamentos (1999:45):

 

O que significa ser professor na sociedade brasileira hoje? O que é necessário para desempenhar o papel de educador? O que compete ao educador na construção de nossa sociedade?

 

Para responder estas questões, buscamos em Philippe Perrenoud (2000), quais seriam as competências necessárias ao professor na garantia de um processo educativo de qualidade que atendesse as demandas dos alunos, numa relação articulada com a realidade seja em âmbito local como em âmbito macro.

 

São dez as competências para ensinar que Philippe Perrenoud aponta (2000):

 

- Organizar e dirigir situações de aprendizagem;

- Administrar a progressão das aprendizagens;

- Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;

- Envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho;

- Trabalhar em equipe;

- Participar da Administração da Escola;

- Informar e Envolver os pais;

- Utilizar Novas Tecnologias;

- Enfrentar os Deveres e os Dilemas Éticos da Profissão;

- Administrar sua própria formação contínua.

 

Em seguida serão explicitados os itens acima para melhor entendimento de quais competências estamos a nos referir:

 

1 - Organizar e dirigir situações de aprendizagem.

Ser conhecedor de sua disciplina, para planejar as atividades de acordo com conteúdos e objetivos definidos no plano de trabalho e articular seus saberes com os saberes dos alunos a partir da problematização dos temas abordados de maneira envolvente e estimulante.

 

2 - Administrar a progressão das aprendizagens.

Saber diagnosticar em que momento cognitivo encontra-se o aluno e desafiá-lo com atividades compatíveis para o seu crescimento intelectual, com possibilidades ao professor de fazer boas escolhas a partir de um repertório teórico-prático.

Saber também observar e avaliar os alunos em variadas situações de aprendizagens a fim de reconduzir o processo de ensino aprendizagem na garantia da aprendizagem do aluno.

 

3 - Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação.

Compreender o motivo das dificuldades de aprendizagem do aluno e saber como superá-las, tanto no atendimento individual quanto coletivo, desenvolvendo à cooperação entre os mesmos.

Fundamental também poder contar com o apoio de seus pares com vistas a intervenções ao combate do fracasso escolar.

 

4 - Envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho.

Trabalhar com a motivação dos alunos para aprender o que significa que o professor deve respeitar seus direitos, inclusive o direito de não gostar da escola e o de fazer escolhas, para que os vínculos entre professor e aluno sejam criados em prol da aprendizagem.

 

5 - Trabalhar em equipe.

Elaborar projetos coletivos o que implica estar aberto para críticas, saber se autoavaliar e acima de tudo trabalhar em grupo respeitando e assumindo diferentes ideias e decisões. Importante neste aspecto é a habilidade em mediar os conflitos interpessoais.

 

6 - Participar da Administração da Escola.

Sentir-se pertencente no espaço em que leciona, participante nas decisões que devem sempre ser coletivas e posicionar-se como autor de sua prática tendo seus pares e alunos com coautores. 

 

7 - Informar e Envolver os pais.

A competência dos professores consiste em informar e envolver os pais e aceitá-los  em sua diversidade, ouvir e compreender o que eles tem a dizer, a  fim de envolvê-los na construção de saberes em prol da confiança e aprendizagem de seus filhos.

 

8 - Utilizar Novas Tecnologias.

Apropriar-se das novas tecnologias e usuá-las na construção de conhecimento junto aos alunos, ou seja, utilizar as ferramentas multimídia para o ensino.

 

9 - Enfrentar os Deveres e os Dilemas Éticos da Profissão.

Faz parte do ofício do professor saber negociar, saber como prevenir a violência na escola e fora dela.

A aprendizagem escolar está intrinsicamente ligada ao desenvolvimento dos alunos quanto ao senso de responsabilidade, solidariedade e o sentimento de justiça o que abrange a luta contra os preconceitos e as discriminações sexuais, étnicas e sociais.

 

10 - Administrar sua própria formação contínua.

Cabe ao professor investir em sua formação pessoal e profissional ao mesmo tempo em que a formação em serviço, atualmente,  passou a ser condição para melhoria do desempenho profissional.

 

Cabe aqui uma reflexão quanto as competências necessárias ao gestor.

Obviamente que as ações específica de ensino e aprendizagem remetem apenas ao professor, no entanto, o gestor é o responsável por propiciar, acompanhar e favorecer um ambiente educativo, de aprendizagens.

Neste sentido, o gestor, tem como papel principal facilitar a cooperação dos diversos profissionais, apesar das diferenças de atribuições, na ação pedagógica do cotidiano escolar.

O que vale ressaltar, também é um papel formativo.

 

 

 AS DIMENSÕES DA GESTÃO ESCOLAR.

A utilização do termo gestão escolar neste texto, diz respeito a concepções sobre educação e atuação do gestor, seja do diretor ou do coordenador pedagógico, que atuam diretamente na liderança de suas equipes de trabalho dentro da unidade escolar.

 

Como bem define Heloísa Luck (2009:17):

 

Na escola, o diretor é o profissional a quem compete a liderança e organização do trabalho de todos os que nela atuam, de modo a orientá-los no desenvolvimento de ambiente educacional capaz de promover aprendizagens e formação dos alunos, no nível mais elevado possível, de modo estejam capacitados a enfrentar os novos desafios que são apresentados.

 

E através do referencial teórico desta autora que levantamos quais seriam as competências necessárias ao gestor na garantia de um processo educativo de qualidade que atendesse as demandas dos alunos, numa relação articulada com a realidade seja em âmbito local como em âmbito macro.

 

São dez as dimensões da gestão escolar e suas competências apontadas por Heloísa Luck (2009):

 

Competências de fundamentação da educação e da gestão escolar;

Competências de Planejamento e organização do trabalho escolar;

Competências de monitoramento de processos educacionais e avaliação institucional;

Competências de gestão de resultados educacionais;

Competências de gestão democrática e participativa;

Competências de gestão de pessoas na escola;

Competências de gestão pedagógica;

Competências de gestão administrativa na escola;

Competências da gestão da cultura organizacional da escola;

Competências da gestão do cotidiano escolar.

 

Novamente, serão explicitados, agora os itens da gestão escolar do ponto de vista do gestor para melhor entendimento de quais competências estamos a nos referir:

 

1 - Competências de fundamentação da educação e da gestão escolar.

Adota em sua atuação de gestão escolar as determinações legais, princípios e diretrizes educacionais que tem como foco a aprendizagem de um aluno crítico, autônomo e participativo.

 

2 - Competências de Planejamento e organização do trabalho escolar.

Estabelece na escola a prática do planejamento que direciona as ações de todos os segmentos de forma processual a partir de um diagnóstico, elaboração de planos de trabalho e a garantia de sua execução.

 

3 - Competências de monitoramento de processos educacionais e avaliação institucional.

Promove estratégias de monitoramento para todos os segmentos na escola bem como acompanhamento das aprendizagens dos alunos e demais  processos educacionais que sujeitos a avaliação contínua visam a melhora dos resultados educacionais e desempenho de todos os envolvidos.

 

4 - Competências de gestão de resultados educacionais.

A partir de indicadores de qualidade referentes ao âmbito nacional e local assume o compromisso de informar a comunidade educativa, formar e estabelece metas para a sua melhoria.

 

5 - Competências de gestão democrática e participativa.

Lidera, incentiva e garante a atuação democrática e articulada de todos os órgãos colegiados escolares, compartilhando responsabilidades.

 

6 - Competências de gestão de pessoas na escola.

Motiva e mobiliza os diferentes atores na escola para um relacionamento interpessoal propositivo, voltado para o coletivo cujo objetivo é a aprendizagem dos alunos e a  melhoria contínua do desempenho profissional.

 

7 - Competências de gestão pedagógica.

Acompanha e orienta o processo de ensino e aprendizagem a partir de uma constante reflexão e atualização do currículo escolar norteando a ação educativa para a  promoção da aprendizagem dos alunos.

 

8 - Competências de gestão administrativa na escola.

Gerencia e orienta a utilização dos recursos financeiros, materiais e humanos com vistas a efetivação dos objetivos educacionais a que se propõem.

 

9 - Competências da gestão da cultura organizacional da escola.

Identifica e compreende os pontos fortes e fracos das práticas cotidianas na escola e promove a convergência para um ambiente favorável à aprendizagem dos alunos e fortalecimento das relações interpessoais de todos os envolvidos no processo educativo.

 

10 - Competências da gestão do cotidiano escolar.

Assegura o cumprimento das rotinas educacionais e promove condições para bom aproveitamento do tempo escolar nas diferentes escalas, seja diária ou anual, visando o favorecimento da aprendizagem dos alunos.

 

Portanto, a referência à competência profissional implica na responsabilidade e no desempenho favorável das atribuições desenvolvidas pelo gestor ou professor.  

 

 

DO OFÍCIO DE PROFESSOR AO OFÍCIO DE GESTOR.

Não restam dúvidas sobre o papel do professor e do gestor no contexto escolar, para além de suas atribuições legais.

Ao diretor compete zelar pela escola como um todo com foco na formação dos professores e aprendizagem dos alunos e ao professor, compete a formação dos alunos quanto à construção de conhecimentos, habilidades e atitudes. Porém tanto para um cargo quanto para o outro o que embasa a atuação profissional de ambos é o percurso pessoal, cultural.

Contudo uma inquietação ronda os espaços escolares a medida que adentramos nas especificidades da rotina escolar.

Quais seriam então os saberes necessários ao professor quando o mesmo assume um cargo de gestor?

Quais as dificuldades encontradas?

O curso de Pedagogia o habilita de fato, para as duas funções?

 

Para tanto, foram realizadas entrevistas com dois gestores, com dezoito questões abertas, conforme questionário abaixo:

Questionário

1)Nome:                                

2)Idade:

3)Cargo que ocupa:

4)Há quanto tempo está neste cargo (ou ocupou este cargo):

5)Trajetória de formação inicial:

6)Trajetória profissional até chegar neste cargo:

7)Quais foram suas dificuldades iniciais como professor?

8)Quais foram suas dificuldades iniciais como gestor?

9)Porque resolveu assumir o cargo de gestor?

10)Você acredita que um gestor de uma unidade de educação infantil deva ter habilidades diferentes de um gestor de ensino fundamental? Porque? Se, sim, quais habilidades?

11)Na sua opinião qual cargo tem maior  relevância para as ações educativas, o de professor ou de gestor? Porque?

12)Na sua opinião qual cargo é mais respeitado pela comunidade (dirijo-me aqui aos  pais/responsáveis/familiares)? Porque?

13)Qual(is) sua melhor lembrança como professor?

14)Qual(is) sua melhor lembrança como gestor?

15)Você acredita que as experiências em sala de aula dão suporte para o professor assumir o cargo de gestor?

16)Com a experiência que tem atualmente, o que você faria de diferente ao assumir  o cargo de gestor?

17)Quanto tempo você acredita ser necessário para se sentir seguro no cargo de gestor?

18)Você acredita que os cursos de pedagogia deveriam oferecer algo (a mais ou diferente) para favorecer essa transição de  professor  para gestor?

 

 

O PERFIL DOS ENTREVISTADOS.

As entrevistadas estão na faixa de 44 a 54 anos, ambas do sexo feminino, exercendo o cargo de gestor em média a quinze anos, com vasta experiência na docência, gestão e como formadoras.

Foi feita a opção de entrevistar uma pessoa que ocupou vários cargos dentro da carreira de especialista, em especial para esta entrevista, o cargo de Diretor de Escola a qual chamaremos de D.  e outra no cargo de Coordenador Pedagógico, a qual chamaremos de C.

 

 

FORMAÇÃO INICIAL.

Os cursos superiores foram cursados em universidades privadas; para D, o curso de pedagogia foi o segundo curso superior e para C o primeiro de nível superior.

Ambas iniciam na década de 90 como professoras concursadas no Município de São Paulo, D, no fundamental II, área de geografia e C como professora de educação infantil.

 

 

O PROFESSOR.

Aparecem as mesmas dificuldades: relação teoria e pratica e como ensinar e o trabalho solitário do professor.

D: “(...)me lembro de que não via conexão entre o que estudava e o que vivenciava diariamente nas aulas(...)”

D: DIFICULDADES “(...) tentar tornar significativo para os alunos o que deveria ser trabalhado em aula. Lembro de me sentir solitária e com muito medo(...)”

C: “As dificuldades relacionadas ao como ensinar eram desafiadoras, pois na maioria das vezes há uma dificuldade em transpor a teoria para a prática.”

C: “ Outro aspecto que considero relevante era o trabalho isolado do professor tanto em relação aos seus pares, quanto em relação a equipe gestora ou técnica(...)”

 

 

As lembranças que mais tocaram D e C enquanto professoras foi o sentimento de satisfação diante da aprendizagem das crianças e alunos, em torno do esforço de terem alcançado seus objetivos de ensino/aprendizagem.

 

 

O GESTOR.

Para o cargo de gestor a dificuldade é desconhecer o assunto ou rotina que fará parte do novo cotidiano devido à inexperiência do momento e também a articulação dos segmentos para os objetivos comuns.

 

Como os dois entrevistados apontam:

D: “(...)a equipe administrativa (agentes, secretária, aux. de secretaria, vigias, etc.) se relacionavam com o trabalho e entre si e com a comunidade, de uma forma pouco profissional e isso foi o maior desafio.”

C: “Vejo o papel do gestor como articular do processo pedagógico e nesse sentido ter um olhar amplo para as questões e mobilizar a equipe na consecução dos objetivos não é uma tarefa fácil.”

 

Enquanto D optou ser gestor pelo desafio e por querer viver novas experiências, C fez esta opção com foco na formação, ou seja, por saber que seu interesse no cargo era o trabalho com a formação de professores, o que implica em dizer que para C havia um direcionamento mais claro.

D e C, colocam que há diferenças entre ser gestor de uma escola de ensino fundamental e de educação infantil,  porém o foco está na aprendizagem das crianças, e as necessidades e características de desenvolvimento de cada faixa etária, independentes dos cargos diretor ou coordenador pedagógico, que as mesmas ocupam.

 

D: O gestor precisa ser um conhecedor da faixa etária das crianças de sua unidade porque algumas necessidades são comuns independentemente da faixa etária mas a grande maioria depende e varia com as idades delas.”

C: “Acredito que como gestores, precisamos estar atentos para que as crianças e alunos vivam experiências que o respeitem e atendam suas necessidades.”

 

 

Como melhor lembrança como gestor, dois aspectos são apontados : a visualização de uma unidade mais organizada (D) e o trabalho em equipe (C), no entanto as duas descrevem ser a postura profissional/profissionalismo, a ética,  o grande aliado para vencer os desafios do cotidiano.

D: “(...) atendimento à comunidade de forma profissional e não como concessão de favor(...)”

C: “(...) vencer através do trabalho os desafios do dia a dia.”

 

 

Questionadas sobre o que fariam de diferente se assumissem o cargo de gestor com a experiência que tem atualmente, as duas priorizariam a atenção aos grupos que se constituem no espaço escolar, as relações interpessoais que permeiam o trabalho profissional, a participação nos coletivos.

Contudo D, pontua uma atuação com enfoque mais pedagógico do que teve à época e C dá relevância ao caráter profissional que acredita que em momento algum deva ser desprezado.

Quanto ao tempo necessário para que um gestor sinta-se com domínio em seus afazeres, as duas apontam que o tempo está relacionado às experiências e deter o conhecimento necessário para poder prever o que vai acontecer.

Quando sai do estágio da novidade, gera uma zona de conforto que fortalece a ação gestora diante de seu grupo de trabalho.

 

 

A DUALIDADE.

 

Quando inferimos qual cargo, o de professor ou de gestor teria maior relevância para o processo educativo, D e C, não negam o papel do professor, conforme diz C.

“No processo educativo cada elemento é importante . Vejo o papel do professor imprescindível na ação educativa, a ausência desse profissional traz sempre prejuízos. Contudo o gestor tem também um papel importante na formação,  construção do projeto pedagógico e nas intervenções que podem provocar mudanças na prática pedagógica e no atendimento e aprendizagens das criança e alunos.”

Porém pontuam a ação do gestor como fomentador das mudanças, intervenções e condições de trabalho.

Quanto ao cargo que é mais respeitado pela comunidade, as entrevistadas são unanimes em responder que é o cargo de diretor, devido a ideia construída socialmente em torno da figura do diretor, como bem explica C,

“Acho que há uma representação ainda muito forte da figura do Diretor, como alguém capaz de resolver problemas ou realizar encaminhamentos. Percebo que esta representação é fruto de uma ideia de hierarquia, em detrimento a um colegiado que discute e negocia ações.”

Quanto a acreditarem se as experiências em sala de aula dão suporte para o professor assumir o cargo de gestor, D e C entendem que a experiência de ser professor não basta, pois conforme aponta D, “As exigências profissionais são muito específicas e diferentes.”

Muito embora o conhecimento dos aspectos que envolvem a prática pedagógica tenha sua origem na ação do professor, como bem revela C, “Vejo que elas colaboram para que você tenha alguns conhecimentos sobre questões que envolvem a ação educativa, porém é só um ponto de partida, uma parte da visão.”

C e D apontam os mesmos aspectos quanto aos cursos de Pedagogia, ou seja,  não atendem as necessidades para cargos que embora afins possuem especificidades diferentes e questionam a estrutura dos estágios na área de educação, que são em grande maioria descolados da realidade onde os conhecimentos acadêmicos não dialogam com a prática

D: “Talvez uma mudança nos atuais estágios, Talvez o desenvolvimento de um projeto na unidade,(...)”

C: “Acredito que os cursos deveriam aproximar mais o cotidiano escolar, a realidade escolar. Na maioria das vezes os estágios não propiciam essas oportunidades”

Estes dados da entrevista com dois professores que acessaram seus cargos para especialista, diretor e coordenador pedagógico, contribuem para desvelar o quanto as funções de professor e gestor estão atreladas, uma vez que as experiências aqui relatadas abordam a questão de liderança, histórias pessoais de motivação para o trabalho pedagógico onde muito do que apresentou ser enquanto professor também será revelado enquanto gestor.

Talvez um outro trabalho acadêmico possa trazer novas discussões sobre a atuação do professor que tem a oportunidade de atuar como gestor e retornar ao cargo de professor e quais as competências adquiridas nessa passagem.

 

 

CONCLUINDO.

Visto que se trata de uma pesquisa na área de educação cujo tema é de grande amplitude, tentou-se aqui dar visibilidade dos resultados relevantes aos seus atores, professores e gestores, bem como à comunidade acadêmica, abrindo a possibilidade de despertar o desejo de ampliar a discussão e o olhar sobre este tema.

Constatou-se que os fatores que podem auxiliar tanto o professor quanto o gestor nas suas atribuições são os mesmos.

A formação como condição do profissional em se manter atualizado; o conhecimento no sentido de construção, possibilidade que se amplia à medida que o tempo passa e demarca as vivencias e o contexto no qual se insere suas experiências.

Considerando que uma escola ‘boa’ remete necessariamente a bons profissionais que lá atuam, pode-se afirmar então que não é apenas o professor ou o gestor que faz a diferença, mas a atuação conjunta  é que garante o reconhecimento de uma ‘boa’ escola.

Construir um repertório conceitual próprio em cada escola é fruto de uma gestão que não se faz só, mas correponsabiliza a todos que passam a compartilhar, saberes, medos, desejos, portanto também aqui gestores e professores atuam conjuntamente.

Quando ações e ideias são compartilhadas no ambiente escolar, professores e gestores influenciam positivamente e com bases solidas sua atuação.

O que se firma na ação do gestor e fica muito evidente no decorrer da entrevista é o quanto ainda precisamos avançar em concepções sobre gestão escolar para que não se divida a gestão em administrativo e pedagógico, pois nenhuma ação é meramente administrativa ou pedagógica, mas o entrelaçamento de duas dimensões.

Seria como dizer que o professor ou gestor não tem imbuído em seu ser a dimensão política, uma vez que todos somos  políticos em essência.

Nesta acepção, toda a prática educativa, seja das atribuições do professor, seja das atribuições do gestor, são ao mesmo tempo administrativa, pois organiza politicamente uma ação com um fim  específico, e pedagógica pois aponta o como fazer para alcançar um determinado objetivo.

Neste sentido o gestor necessita então de uma competência para além da sala de aula que é ter a visão do conjunto das dimensões que influenciam o ambiente escolar sob o qual está a sua liderança.

No entanto, a liderança do gestor é uma característica fundamental, como o é para o professor na gestão em sala de aula.

Mas uma gestão democrática na escola implica num perfil de gestor que incentive seu grupo também a exercitar essa característica, ou seja, a liderança.

 

Como bem aponta Heloísa Luck (2009):

 

“(...) não se melhora uma escola simplesmente melhorando seus planos de ação, seu PPP, suas condições físicas e materiais, suas normas e regulamentos, a organização do seu espaço, etc.(...). Caso não sejam promovidas mudanças nas práticas do cotidiano, mantém-se o ‘status quo’ nas escolas.”

 

A esta ideia acrescenta-se o quanto de equívocos existe quando ouvimos professores e gestores afirmarem que dentro da sala de aula o professor é quem manda!

Ora se a referência para uma atuação compartilhada do gestor é discutir práticas pedagógicas juntamente com o professor, não cabe fragmentar áreas de atuação dentro do espaço escolar.

Mas apropriação do gestor de todo conhecimento acumulado de seu cargo de professor.

Partindo da defesa de que a meta/prioridade que deve ser estabelecida nas escolas anualmente é a aprendizagem das crianças, jovens e adolescentes, então o gestor necessita compreender uma série de aspectos que envolvem a educação como,

Qual o papel da escola e de seus profissionais?

Qual o perfil dos alunos que frequentam as escolas atualmente e que expectativas têm deste espaço e da sociedade?

Quais os vínculos que podem e devem ser estabelecidos para que os alunos aprendam?

Entre outras.

Portanto, este trabalho não tem a intenção de esgotar o assunto, mas sim iniciar um diálogo, e cavar um espaço ainda tímido de um tema muito importante e com muitos atores na educação brasileira.

 

 

PARA SABER MAIS SOBRE O ASSUNTO.

ALMEIDA, Guido. O professor que não ensina. São Paulo: Summus,1986.

BRASIL. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL- LEI nº 9394/96 de 20 de dezembro de 1996.

GIL, Antonio Carlos. Metodologia do ensino superior. São Paulo: Atlas, 1997.

LUCK, H. Dimensões da Gestão Escolar e suas Competências. Curitiba: Editora Positivo, 2009.

PERRENOUD. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação: perspectivas sociológicas. Lisboa: Dom Quixote,1993.

PERRENOUD. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artmed Editora, 2000.

PERRENOUD. Ensinar : Agir na urgência, decidir na incerteza. Saberes e competências em uma profissão complexa. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

PERRENOUD. Os dez não-ditos ou a face escondida da profissão docente. Espaço Pedagógico (Universidade de Passo Fundo), vol. 6, n° 2, dezembro, pp. 105-121 [1999_42]. 

POLITO, Rachel. Superdicas para um Trabalho de Conclusão de Curso. São Paulo: Saraiva, 2010.

RIOS, T. A. Ética e Competência. São Paulo: Editora Cortez, 2001.

 

Texto: Profa. Daisy Vieira de Moraes.
Pós-Graduanda em Docência do Ensino Superior pelo INEC/UNICSUL.