Para entender a
história... ISSN 2179-4111. Ano 3, Vol.
jul., Série 02/07, 2012, p.01-05.
O
artigo faz parte da Monografia de Conclusão de Curso de Pós-Graduação em
Psicopedagogia Institucional pelo INEC/Universidade Cruzeiro do Sul, orientada
pelo Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
O artigo é
resultante de pesquisa bibliográfica que relacionará a contribuição da Arte bem
como a sua importância com enfoque nas linguagens visual, teatral, musical e da
dança no processo de ensino aprendizagem.
O estudo
apresenta teóricos que comprovam que a Arte auxilia o indivíduo quanto à
percepção do mundo de forma sensível.
Introdução.
De acordo com o
dicionário Aurélio de Língua Portuguesa (2002) Arte quer dizer:
1. “Capacidade
ou atividade humana de criação plástica ou musical”,
2.” Artes que
se manifestam por meio de elementos visuais e táteis, tais como desenho, a
pintura, a escultura, etc.”.
Segundo o
dicionário Cegalla (2005) Arte tem como significado:
1. “Aplicação de talento, criatividade e
vivência na consecução de uma obra que impressiona pela sua forma”;
2. “Artifício, artimanha, habilidade.”
Contextualizando essas definições na educação, a Arte refere-se
à capacidade que leva o indivíduo a compreender e então descobrir e desenvolver
as habilidades contidas em si.
A Arte muitas vezes não é compreendida por alguns alunos, que
questionam o porquê aprender determinados conteúdos tais como: cores, figuras
geométricas, técnicas de pinturas, entre outros.
Mas está presente em tudo, afinal vivemos num mundo visual,
desde a combinação de uma roupa que depende da harmonia de cores até mesmo para
entender a decoração de um ambiente onde entra o equilíbrio das cores mais uma
vez presente no dia a dia.
A Arte também nos ajuda a compreender o estado de espírito das
pessoas, uma vez que expressam seus sentimentos por meio das diversas
linguagens artísticas (música, dança, teatro e artes visuais).
Enfim, o homem não vive sem se expressar tornando-se quase
impossível viver sem compreender um pouco as linguagens artísticas tão
presentes no nosso cotidiano. Para Silva Júnior (s/d) a Arte promove ao ser
humano a oportunidade de se conhecer como também de demonstrar seus sentimentos
e pensamentos.
A importância da arte no
cotidiano escolar.
Normalmente, quando as pessoas pensam na grade curricular
para criar avaliações de vestibulares, de seleção de empregos e as avaliações
desenvolvidas para medir o desempenho dos estudantes (ENADE, ENEM, SARESP,
etc.); atribuem demasiada importância aos conhecimentos voltados para Língua
Portuguesa por acreditarem que a escrita é o principal meio de comunicação da
sociedade.
Em segundo lugar, dão preferência aos conhecimentos
matemáticos, uma vez que são necessários para sobreviver em um mundo tão
capitalista.
Posteriormente, preocupam-se com os conhecimentos gerais,
voltados as disciplinas de Geografia e História e, por fim, menciona-se o Estudo
da Arte, talvez por não encontrarem tanta utilidade.
Entretanto,
há estudos que mostram que o ser humano compreende o mundo por meio da relação
com os sons, com a escrita, com as imagens e expressões corporais, pois da
mesma maneira que se aprende a ler palavras é possível fazer leituras dessas
relações e desta forma compreender melhor o mundo em que se vive.
Porém, na maioria das vezes não é o que
acontece sendo possível perceber que muitos demonstram desinteresse pela
questão estética.
Ora por falta
de oportunidade, ora por falta de compreensão da influência que a mesma exerce
em sua vida.
Por meio do estudo da Arte é possível fazer uma
ressignificação da realidade, uma vez que, a troca de experiências que ocorre
no ambiente escolar mostra que cada indivíduo compreende a mesma coisa de
maneira diferente, construindo o próprio conhecimento, isto é, seu ponto de
vista.
O ensino de Arte é tão importante na vida dos
seres humanos, que podemos dizer que o indivíduo que não possui um contato
direto com a Arte, terá uma experiência de aprendizagem limitada, pois,
“escapa-lhe a dimensão do sonho, da força comunicativa dos objetos à sua volta,
da sonoridade instigante da poesia, das criações musicais, das cores e formas,
dos gestos e luzes que buscam o sentido da vida. Apenas um ensino criador pode
favorecer a integração entre a aprendizagem racional e estética”, conforme
esclarece os PCN’S de Artes (1997; p.39).
Ainda neste
contexto Freire diz que:
“Ensinar significa acompanhar e instrumentalizar com
intervenções, devoluções e encaminhamentos esse processo de mudança de
apropriação do pensamento, dos desejos e sonhos de vida. Educador ensina,
enquanto ensina aprende a pensar (melhor) e a construir seus sonhos de vida”.
(FREIRE, 1996, p.17).
Na escola
por meio dos conhecimentos sistematizados e obtidos pela mediação e intervenção
do professor é que se tem a possibilidade de desenvolver um olhar crítico em
relação às suas vivências e dar sentido as mesmas.
Esses
conhecimentos adquiridos fazem parte de um processo ao longo prazo, pois,
imperam em mudanças de conceitos, valores, fatos e até mesmo as atitude.
Complementando
Ollé diz que:
“Entendo
que, no ensino da Arte, a reflexão da prática deve ser uma constante e é
através da reflexão que vão acontecer às mudanças. A arte deve ser entendida
para além de uma simples distração ou “passatempo”, a arte deve ser
facilitadora de uma compreensão, além de formadora de uma consciência sobre
quem somos e sobre o mundo”. (2006, p. 12).
Nesse
sentido o que diferencia professores e estudantes é que os alunos não possuem
um método sistemático de aprendizado, competência esta adquirida pelos
profissionais ao longo de toda sua formação e carreira.
Atualmente é
evidente perceber o crescimento das produções culturais, sendo papel da escola
aproximar o aluno ao contato com este meio a fim de que ele possa selecionar e
aproveitar um pouco de cada uma dessas manifestações artísticas, entre as quais
é possível citar: artes visuais (pinturas, fotografias, esculturas, desenhos,
etc.); música (tipos de sons, gêneros, ritmos, etc.); dança (manifestações,
expressões, movimentos, etc.); teatro (modalidades, personagens, etc.).
Desta forma, ao pensar na importância da Arte no
cotidiano escolar, nota-se que além de ser responsável pelas expressões de
sentimentos e pensamento de todo e qualquer indivíduo, mesmo que ele não
perceba, é por meio das linguagens artísticas que os indivíduos conseguem
compreender e estabelecer relações entre o mundo externo e interno, ou seja,
sentimentos e realidade.
Segundo Duarte Jr. (1985) citado por Chagas (2009) a
arte é a criação de formas tanto estáticas: desenho, escultura e pintura como
dinâmicas dança, o teatro, o cinema.
E que a arte estabelece significados quanto ao
aspecto sentimental, já que estimula sentimento nos indivíduos.
Chagas (2009) afirma que a escola é
co-responsável pela formação intelectual e humana dos indivíduos.
A escola não é somente espaço
para se aprender a ler, escrever e fazer contas e deve trabalhar o
desenvolvimento da sensibilização e expressividade dos alunos para que ele se
conheça.
Dificuldades para o ensino da arte.
A nova lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394), aprovada em 20 de
Dezembro de 1996, lei que obriga o ensino, estabelece em seu artigo 26,
parágrafo 2º: “O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório,
nos diversos níveis da educação básica de forma a promover o desenvolvimento
cultural dos alunos”.
De acordo
com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte (1998, p.95):
“É importante esclarecer que a qualidade
dessa intervenção depende da experiência que o professor tem, tanto em artes
quanto de seu grupo de alunos. É fundamental que o professor conheça, por
experiência própria, as questões que podem ocorrer durante um processo de
criação, saiba formular para si mesmo perguntas relativas ao conhecimento
artístico e saiba observar seus alunos durante as propostas que realizam, para
que esse conjunto de dados conduzam suas intervenções e reflexões.”
MacDowell
(2010) em debate sobre o Censo Escolar da Educação Básica de 2007 revela que
ainda há preconceito cultural entre os profissionais da área de Artes, pois
percebeu que uma parte que está envolvida no ambiente acadêmico acredita que o
professor de Artes atua somente mediante técnicas, já a outra parte considera
que a área não precisa ser valorizada.
Ainda
discute a questão da importância de uma formação de qualidade como também de
uma educação continuada para que o profissional possa desenvolver as diversas
linguagens, como arte cênica dança música e artes visuais em sala de aula.
Como minimizar as
dificuldades e despertar o interesse para o estudo da arte.
Segundo Barbosa (1996) a Arte precisa ser difundida para as
diferentes classes sociais aumentando a qualidade de vida da população.
Entende-se então, que o acesso a Arte e a qualquer outro tipo de
atividade cultural que leve o indivíduo a pensar e desenvolver um olhar crítico
sobre o mundo é completamente restrito em nossa sociedade, pois assim,
poderemos ter seres cada vez mais alienados, ou seja, indivíduos de fácil
manipulação.
Logo, a escola tem a incumbência de sensibilizar os alunos por
meio das aulas de Artes e semear o desejo pela busca deste patrimônio cultural,
que lhe é seu por direito como afirma Barbosa (1996).
O Que fazer? Como reeducar o olhar destes alunos que já chegam à
escola decididos e determinados quanto ao que querem ou não fazer?
Uma pergunta que às vezes fica difícil responder, pois, alguns
alunos não conseguem fazer nenhuma relação das atividades ensinadas e propostas
durante as aulas, os mesmos não relacionam os conteúdos abordados com o seu
cotidiano, outro agravante que dificulta uma pouco mais o papel do professor
como agente transformador e estimulador é a progressão continuada, pois, sabem
que estão dentro de um ciclo onde são promovidos de um ano para o outro, então,
para que?
Por que se preocupar com o que está sendo proposto durante as
aulas de Arte?
Nas avaliações externas a mesma não é cobrada como também não é
associada às questões de Língua Portuguesa e Matemática com a Arte, como por
exemplo, as Histórias em Quadrinhos, formas geométricas, medidas, entre outras.
Sendo assim, é uma tarefa árdua para o professor, pois, tem que
tentar despertar algo que não está inserido na maioria dos alunos e que a Arte
não faz parte de sua cultura, por vários motivos, falta de acesso, incentivo da
família, interesse, entre outros.
De acordo com Richter (2003) o ensino da Arte tem que contribuir
para o desenvolvimento do potencial humano como criativo de cada aluno a fim de
que se torne livre para se expressar.
Concluindo.
A Arte sempre teve seu papel
fundamental, independente do período histórico (pré-história até
contemporaneidade), nos dias de hoje um dos papeis principais da Arte é a de
expressar os sentimentos seja qual for às linguagens artísticas utilizadas,
linguagens essas que vão desde o desenho, a interpretação de uma música, a
releitura de uma obra, o manuseio de um instrumento musical até a interpretação
de um personagem.
Além de proporcionar o
conhecimento das manifestações artísticas e as diversas culturas existentes,
faz com que os alunos se apropriem da vida de grandes mestres da pintura, da
música.
O que é efetivado por meio
biografias e obras que muitas estão expostas em museus, galerias, centro
culturais da cidade, além de estarem disponíveis na Internet, facilitando o
acesso de muitos, tendo o professor um papel de grande importância, pois
estabelece uma prática pedagógica que valorize a Arte, visando o estímulo, a
percepção e a sensibilidade dos alunos e incentivando-os a sentir, pensar e
agir de maneira consciente e crítica.
Para saber mais sobre o assunto.
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino de arte. São Paulo: Perspectiva, 1996.
BRASIL.
Parâmetros Curriculares
Nacionais: Arte. Secretaria de Educação Fundamental – Brasília:
MEC/SEC, 1997.
BRASIL. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Arte. Secretaria de Educação Fundamental –
Brasília: MEC/SEF, 1998.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário
Escolar da Língua Portuguesa. São
Paulo: Companhia Editora Nacional. 1ª Edição, 2005.
CHAGAS, Cristiane Santana. Arte
e Educação: A Contribuição da Arte para a Educação Infantil e para os anos
iniciais do Ensino Fundamental. Londrina: 2009. Disponível em: http://www.uel.br/ceca/pedagogia
FERREIRA, Aurélio Buarque de
Holanda. Mini
Aurélio século XXI Escolar.
São Paulo: Editora Nova Fronteira, 4ª ed. 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia
da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 18. Ed. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.
OLLÉ, Mª Claudia Teixeira da Luz. “Arte-Educação: desafios para uma
formação intercultural” In: VIII Encontro de Pesquisa em Educação da
Região Centro Oeste. ANPED Centro Oeste. Cuiabá – MT: 2006.
RICHTER, Ivone. Interculturalidade e Estética do Cotidiano
no Ensino das Artes Visuais. Campinas:
Mercado das letras, 2003.
Texto: Profa. Rosângela de Souza.
Pós-Graduanda
em Psicopedagogia Institucional pelo INEC/UNICSUL.
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