Para entender a
história... ISSN 2179-4111. Ano 5, Volume dez., Série 01/12,
2014, p.01-03.
Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
Doutor em história
social - USP.
MBA em Gestão de
Pessoas - UNIA.
Licenciado em história
- CEUCLAR.
Licenciado em filosofia
- FE/USP.
Bacharel em filosofia -
FFLCH/USP.
Enquanto a filosofia de Descartes é regida pela
razão demonstrada através de princípios; para Pascal o monopólio da certeza não
é sua exclusividade, visto que está circunscrita ao seu domínio, mas é
limitada.
Descartes vê na razão, e em seu método, um meio
seguro de resolver qualquer dificuldade, chegando assim a verdade.
Pascal julga que a razão é limitada, carecendo do
auxilio do coração, pois: “o coração tem suas razões, que a razão não conhece”.
A
concepção cartesiana.
Em seu Discurso
do Método, Descartes estabelece os quatro famosos preceitos (Evidência,
Divisão, Ordem e Enumeração), através dos quais a razão chega a verdade.
Para o filosofo só existe uma verdade, considerando
que tudo é suscetível de conhecimento verdadeiro, é, por isto mesmo, passível
de conhecimento de tipo matemático.
Sendo assim surge um problema: como explicar as
coisas que não podemos entender racionalmente?
As quais, inclusive estão presentes no próprio
pensamento cartesiano, tal como a união entre alma e corpo.
A análise dos textos de Descartes prova que seria um
equivoco julgar o racionalismo ilimitado em extensão.
Outro equivoco, porém, seria crer que, por não ser
ilimitado, o racionalismo cartesiano é menos radical.
A característica do pensamento cartesiano não é ser
ilimitado, mas sim invariável em compreensão, ou seja, compreende todos os
objetos sempre segundo o mesmo critério.
O pensamento cartesiano é racionalista por julgar,
rigorosamente, a unidade da razão com a unidade do saber e com a unidade do
método.
No momento em que se indicar qualquer brecha na
unidade da razão cartesiana, da qual dependem as outras duas, poder-se-ia
colocar em dúvida todo o sistema filosófico cartesiano.
Descartes compõe a máquina e tenta adequar o mundo a
seu sistema.
A
concepção de Pascal.
Pascal, um dos criadores do cálculo das
probabilidades, compreende bem o caráter multipolar da verdade, tentando
adaptar o seu pensamento ao mundo, e não o mundo ao seu pensamento.
Para ele a razão é limitada, não podendo ser juízo
de tudo.
Cada objeto exige um método para sua compreensão, a
razão tem o seu lugar, mas necessita do auxilio do coração.
A razão é um ato de pensamento puro que não pode enxergar
de um só golpe, como faz o coração, entendido como aquilo que é captado pelos
sentidos.
A razão deve se ajustar ao real e não o contrário, embora
esta concepção comporte dúvida, pois não existe uma definição clara do que se
entende por realidade.
No pensamento de Pascal a verdade tem muitas faces,
o que conduz a concluir que não existe uma verdade limitada pela razão.
A verdade não
pode ser alcançada pelo homem, só Deus pode contemplar a sua complexidade.
Concluindo.
Para concluir basta dizer que enquanto Descartes vê
na razão, e principalmente em seu método, um meio para compreender todos os
objetos sempre segundo o mesmo critério, assim chegando a uma verdade única.
Pascal compreende a limitação da razão, bem como o
caráter multipolar da verdade.
O pensador não se contenta em construir um sistema
fechado, que dentro de si mesmo é a prova de refutações.
Pascal prefere adequar seu pensamento ao real,
motivo pelo qual afirmou categoricamente: “Descartes, inútil e incerto”.
Para
saber mais sobre o assunto.
ARANHA,
Maria Lucia Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de filosofia. São Paulo: Moderna, 1992.
CHAUÍ,
Marilena. Convite a filosofia. São
Paulo: Ática, 1994.
CHEVALIER.
“La méthode de connîte d’aprés Pascal” In: Étrue
sur Pascal. Paris: Armand Colia, 1923.
DESCARTES,
René. Discurso do método. São Paulo:
Abril Cultural, 1973.
LALANDE,
André. Vocabulário técnico e crítico da
filosofia. São Paulo: Martins Fontes, s.d.
LEBRUN,
Gérard. Pascal. São Paulo:
Brasiliense, s.d.
KUJAWSKI,
Gilberto de Mello. Descartes existencial.
São Paulo: Edusp, 1969.
MORA, José Ferrater. Dicionário de filosofia. Lisboa: Dom Quixote, s.d.
PASCAL, Blaise. Pensamentos.
São Paulo: Abril Cultural, 1973.
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Forte abraço.
Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
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