Para
entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 3, Vol. Abr., Série 23/04, 2012, p.01-09.
O artigo faz parte da
Monografia de Conclusão de Curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia
Institucional pelo INEC/Universidade Cruzeiro do Sul, orientada pelo Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
As dificuldades e/ou os distúrbios
de aprendizagem podem, a princípio, parecer algo que já está bem definido no
contexto escolar e social, mas infelizmente nem todos conseguem compreender os
caminhos que levam ao desenvolvimento da aprendizagem, e que nem sempre o
desenvolvimento em sua integralidade
começa e terminam na escola.
Podemos dizer que a maioria das
pessoas compreendem as dificuldades de aprendizagens, mas não conseguem
compreender quando estas deixam de ser dificuldade para transformar-se em
distúrbios de aprendizagem.
Nesse contexto, a diferenciação
teórica entre dificuldade e distúrbio de aprendizagem, além de ampliar nosso
campo de visão sobre o assunto, considerando a necessidade de se trabalhar com
uma equipe multidisciplinar, coloca em
“cheque” o papel de cada um (Estado, escola, família) no desenvolvimento
escolar da criança, não como apenas meros espectadores, mas como atores de seu
sucesso escolar.
Introdução.
O tema inclusão, apesar de fazer
parte do nosso universo cultural, pois é amplamente divulgado pela mídia,
esbarra num conceito coletivo, no senso comum, onde enfatiza-se apenas as
dificuldades visíveis, ou seja, dificuldades capazes de serem vistas a “olho
nú” e, então nos deparamos com mais um
problema causado pela superficialidade da informação, transformando vítimas em
vilões, descaracterizando o verdadeiro
sentido inclusivo da educação.
Desta forma, não basta apenas falar
sobre o processo de inclusão de portadores de necessidades educacionais
especiais, visto que isto já faz parte do nosso cotidiano no ambiente escolar,
mas torna-se imprescindível levantarmos discussão sobre como trabalhar as
dificuldades em sala de aula, sem com isso apontar apenas os
problemas de infra-estrutura, pois apesar de serem um problema, é importante
ressaltar que, o portador de necessidades educacionais especiais necessita de
algo além da acessibilidade, para assim
não prejudicar uns em detrimento de outros e com isso ampliar, ainda mais, a
distância entre o PNEE e uma escola verdadeiramente inclusiva.
Neste breve trabalho, busco
apresentar a diferenciação teórica entre
os portadores de distúrbio de
aprendizagens e os portadores de dificuldades de aprendizagem, bem como a
importância de cada um no processo de desenvolvimento do aluno.
A
educação como direito de todos.
Nos últimos tempos, a educação
tenta incluir os portadores de necessidades educacionais especiais no contexto
escolar de forma a garantir direitos comuns a todos aqueles que estão em idade
escolar ou não tiveram acesso em idade própria, direitos estes que constam na Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, mesmo considerando que a mesma
define que a educação especial deve ser oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino.
Segundo a Secretaria Estadual de
Educação de São Paulo/Ministério da Educação e Cultura (2004 p.18 e 19), cabe a
escola prover o encaminhamento para o estudo de caso, bem como o conjunto de
procedimentos a serem adotados pela comunidade escolar, visando favorecer a
aprendizagem do aluno, garantindo a todas as crianças e adolescentes o acesso
ao conhecimento.
A escola é essencialmente
inclusiva, pois atende a uma clientela sócio, cultural e economicamente
heterogênea, o que implica direta ou indiretamente nas situações de
aprendizagem, e sabemos que cada criança aprende em tempo próprio, o que de
certa forma, quando o profissional da educação trabalha individualmente com as
dificuldades do aluno já caracteriza inclusão.
“Em verdade, cada aluno vivencia a
aula em função de suas experiências pessoais, seus recursos intelectuais, sua
capacidade de atenção concentrada, seu estado de motivação e seu padrão
emocional...uma mesma exposição feita por um professor para diferentes alunos
provoca sentidos de aprendizagens diferentes, inexistindo uma padronização dos
conhecimentos construídos pela mente” (ANTUNES, 2010: p.22).
Nesse contexto, podemos dizer que o
professor que atua de forma diferenciada para garantir que todos possam se
desenvolver integralmente, já o faz de forma inclusiva, ou ao menos acredita
que o faz.
Falar de inclusão no contexto escolar
acaba por esbarrar em questões como recursos e infra-estrutura, o que não
condiz com o verdadeiro sentido
inclusivo da educação. Muitas vezes associamos ao PNEE apenas o caráter
estrutural da inclusão e deixamos à margem outras necessidades que dificultam a
aprendizagem, e o problema está quando a inclusão deixa de depender apenas da
competência do professor para ensinar e passa
a depender também de um diagnóstico para que se faça a inclusão de fato.
Ter hoje matriculado na escola
regular crianças portadoras de necessidades educacionais especiais
diagnosticadas já é comum e é um processo de grande importância para o
desenvolvimento social de todos os envolvidos, o problema ocorre quando não
conseguimos dar os devidos encaminhamentos às crianças que apresentam, num
primeiro momento, dificuldades de aprendizagem, mas que dependem de um
diagnóstico específico para iniciar o trabalho de inclusão.
É importante dizer que vários são
os campos que podem dificultar a aprendizagem, e que os profissionais da educação
não têm a competência para diagnosticá-los, nem mesmo um respaldo do
Estado/Município, principalmente no que diz respeito a integração com a área da
saúde para garantir que a determinação da SEESP/MEC seja efetivamente cumprida.
Para facilitar a visualização do
problema, tomei como base para esta discussão os portadores da Síndrome de Dowm, por se tratar,
aparentemente de um diagnóstico visível e que via de regra não necessita de
modificações na infra-estrutura do equipamento escolar.
A Síndrome de Dowm é conhecida
pelas características físicas que seus portadores possuem, porém, erroneamente,
muitos profissionais não possuem competência para compreender suas variações,
ou melhor dizendo seus níveis.
Em geral, o portador da Síndrome de
Down, por apresentar traços
característicos da síndrome (fenótipo), chegam nas escolas apenas com a
confirmação não oficial da família, mas não são acompanhados de
informações relacionadas ao seu
desenvolvimento neurológico (genótipo), podendo assim ficar à margem da
educação.
Para garantir que o portador de
quaisquer necessidades educacional especial possa ser verdadeiramente incluído
no processo educativo é necessário que a escola reconheça como seu o papel de
solicitar da família laudo específico sobre a necessidade especial que a
criança possui, mesmo que aparentemente isto seja lógico, pois cada criança
apresenta traços individuais que apenas um especialista pode diagnosticá-lo e
conhecê-los pode ser decisivo para o seu
desenvolvimento.
A sociedade em geral apresenta
dificuldade em buscar conhecer os meandros de cada dificuldade e tanto eles
como nós educadores esbarramos nas desculpas estruturais ou mesmo materiais
para o “fracasso” de nossas crianças.
O programa “A Liga” exibido no dia
23 de agosto deste ano, na Rede Bandeirantes de Televisão, caracteriza a escola
como o lugar que define como será a nossa vida, mas será que todos têm a mesma
oportunidade?
Segundo a Psicopedagoga Simone
Devito Burse, “todos os envolvidos ganham em valores humanos de convivência, respeito,
solidariedade, companheirismo e tolerância...”.
A questão para nós talvez esteja
exatamente na tolerância, palavra citada na LDBEN, mas que na verdade define o
que a maioria da população faz diante do PNEE, tolera sem ao mesmo dar-lhes a
chance de mostrar quais são suas possibilidades de desenvolvimento.
Nesse contexto tolerar está
distante do respeito ao próximo independente de suas especificidades, detalhe
que também consta em lei.
Uma mãe, entrevistada no mesmo
programa, disse que no formulário de inscrição da prova do ENEN existe um campo
para preencher caso o aluno apresente deficiência auditiva ou visual, e se é
necessário sala de fácil acesso, mas não existe um campo questionando sobre a
deficiência intelectual, que é o caso de seu filho, portador da Síndrome de
Down.
Segundo o deputado Federal Ivan
Valente, também entrevistado, o exame deve permitir que ele tenha condições de
fazê-lo: tempo maior, prova separada, etc., para garantir o direito cidadão de
prosseguir com os estudos e chegar a universidade.
Reduzir os alunos em sala,
universalizar a educação básica, ampliar o acesso ao ensino superior público e
dar qualidade a educação também foram citados como prioridade para uma escola
pública de qualidade e verdadeiramente inclusiva, mas não é o que vemos em
nosso dia-a-dia.
Os alunos portadores de
necessidades educacionais especiais são “aceitos" na escola regular,
principalmente na rede pública de ensino, não como um aluno capaz de se
desenvolver dentro das suas possibilidades, mas como uma forma de estatística
da pseudo inclusão, onde a escola, que seria a responsável pelo seu
encaminhamento para estudo de caso, não tem a quem recorrer para diagnosticar
sua dificuldade, pois muitas vezes estes alunos chegam nas escolas apenas com o
parecer dos pais sobre suas dificuldades, ou seja, sem que de fato seu problema
seja diagnosticado por um especialista,
e atribui ao profissional da educação seu fracasso escolar.
A escola passa então a ter que
lidar com uma clientela mais heterogênea e complexa, pois recebe os alunos de
inclusão, seguindo as determinações legais, sem o devido preparo para
auxiliá-los verdadeiramente em seu desenvolvimento, deixando-os ainda mais a
margem da educação que deveria ser inclusiva.
O professor por sua vez se vê
impotente diante da situação e sem respaldo legal para apoiar-se, pois a lei
que prevê a inclusão de todos no sistema educacional, não possui um sistema
operacional que auxilie desde o encaminhamento dos casos, até o diagnóstico
para assim nortear as ações pedagógicas e desconsidera que a atual formação do
profissional da educação, apesar de analisar teoricamente o assunto inclusão,
não tem competência para acompanhá-lo, afinal de contas ele desenvolveu a
competência para ensinar, e tenta a todo custo desenvolver suas habilidades
para lidar com crianças heterogêneas sim, mas distante da complexidade de
níveis da Síndrome de Down, por exemplo.
Dificuldades
de aprendizagem.
Para poder chegar a uma definição
que realmente atribua de forma verdadeira,
um sentido para a terminologia “dificuldade de aprendizagem” se faz
necessário compreender o sentido real e cada uma dessas palavras, para assim
chegar a uma definição que possa esclarecer supostas dúvidas.
É impossível iniciar este tema sem
citar Philippe Perrenoud (apud Celso Antunes, 2010: p.17-18):
“... competência em educação é a
faculdade de mobilizar diversos recursos cognitivos ... que incluem saberes,
informações, habilidades operatórias e principalmente as inteligências ...
para, com eficácia e pertinência, enfrentar e solucionar uma série de situações
ou de problemas.”
É também incontestável a
importância da escola como espaço de socialização e integração dos saberes,
tendo a sua frente o professor como mediador destes, mas a questão ainda recai
sobre como fazê-lo de forma
verdadeiramente inclusiva.
Para isto, é necessário que se
repense algumas terminologias e, não menos importante, o papel de toda a
comunidade escolar no desenvolvimento da criança, e também como estas serão
avaliadas, pois cada saber deve contemplar o aluno em suas especificidades.
Desta forma e considerando os
elementos já citados, a escola é fundamentalmente inclusiva, pois cada aluno
desenvolve-se de maneira única, o que caracteriza a heterogeneidade, mas ainda
nos deparamos com a diversidade das necessidades individuais, o que deve
transformar a visão da educação tanto no contexto das competências e
habilidades para ensinar, quanto nas competências e habilidades para aprender.
Nesse aspecto é muito comum a
utilização de termos como dificuldades e/ou distúrbios de aprendizagem para
classificar estas individualidades, mas que na verdade pode ampliar ainda mais
o abismo entre o educando e seu desenvolvimento educacional, onde dependendo de
como os professores os classificam serão tomadas as posturas pedagógicas para
que suas dificuldades sejam sanadas ou minimizadas.
Quando falamos em dificuldades de
aprendizagem, nos remetemos àquelas dificuldades que apresentamos em
compreender algumas matérias como: matemática, física, química, etc.
Essas dificuldades são comuns no
processo de escolarização, visto que temos dificuldades em compreender certos
processos que não fazem parte do nosso cotidiano escolar, daí a importância da
contextualização dos saberes, do trabalhar de forma a construir o conhecimento,
principalmente nos anos iniciais da educação, isto inclusive na educação
infantil, pois ela é a base da educação formal.
Além do exposto acima, o termo
“dificuldade de aprendizagem” também nos remete a algo passível de ser
superado, algo que se respeitado o tempo e a individualidade de cada um, o
professor, em sua atribuição, pode e deve dar conta, e assim facilitar o
desenvolvimento do educando.
Segundo Barbosa (apud Leal e
Nogueira, 2011: p.54):
“Estar com dificuldade de aprender (...)
significa estar diante de um obstáculo que pode ter um caráter cultural,
cognitivo, afetivo ou funcional e não conseguir dar prosseguimento à
aprendizagem por não possuir ferramentas, ou não poder utilizá-las para
transpô-lo”.
Seguindo esta ideia, voltamos ao
ponto de que vários são os aspectos de dificultam a aprendizagem, porém quando
estas dificuldades se apresentam no âmbito escolar, e o professor possui
recursos para transpô-las, levando ao educando ferramentas que facilitem o
entendimento, como as diretrizes expostas por Philippe Perrenoud (2000) como as
dez novas competências para ensinar, e com isso atua de forma incisiva no
desenvolvimento de cada aluno. Se considerarmos a análise dos registros de
desenvolvimento individual, que podem ser feitos através de sondagens
diagnósticas e registro do desenvolvimento das atividades e especificamente das
dificuldades encontradas pelo aluno ao desenvolver uma atividade específica,
não se faz necessário o auxílio de uma equipe multidisciplinar para sanar as dificuldades,
mas sim o comprometimento de toda a comunidade escolar na garantia da
efetivação do direito a aprender.
Competências
e habilidades para aprender.
Buscar um significado para a
terminologia “distúrbio de aprendizagem” não é um trabalho fácil, tampouco de
pode ser superficial, mas se analisarmos de forma prática, se os distúrbios de
aprendizagens são diagnosticados por uma equipe multidisciplinar, e não apenas
pelo profissional de educação, já caracteriza algo mais complexo do que uma
simples dificuldade de aprendizagem.
Quando pensamos na palavra
distúrbio, mesmo que superficialmente, ela nos remete a algo difícil, porém não
impossível, de ser superado, algo que já venha com o indivíduo desde sua
concepção e que tornam-se visível com o passar dos anos.
No dicionário Aurélio (2009: p.262)
a palavra distúrbio está associada à perturbação de ordem orgânica e social,
que de forma simplificada, acaba por traduzir, mais uma vez o senso comum.
A questão é que os distúrbios, especificamente
de aprendizagens, são mais dinâmicos e complexos do que podemos, inicialmente,
imaginar.
Para que possamos iniciar a
discussão é necessário compreender como a criança aprende, ou mais
especificamente, quais são as competências e habilidades dos alunos para
aprender.
Pode parecer estranho ou mesmo uma
forma de “brincar” com as competências e habilidades para ensinar de Perrenout
(2000), mas na verdade trata-se de uma maneira de evidenciar o que ele diz e, de certa forma,
se contrapor através da mudança de foco, ou seja, onde serão analisadas as
competências e habilidades dos alunos para aprender, e não obstante suas
necessidades específicas.
Como sabemos cada indivíduo aprende
em tempo e formas próprias e que as dificuldades também variam transformando o
indivíduo em um ser único e aí retomamos o sentido da palavra dificuldade, e
até que ponto estas dificuldades “extrapolam” a normalidade e interferem de
forma contundente no desenvolvimento integral dos alunos.
Os distúrbios de aprendizagens estão
associados às dificuldades de aprendizagem, detectadas inicialmente pelo
professor e encaminhado a uma equipe multidisciplinar, responsável por
diagnosticar estes distúrbios para assim minimizar os conflitos nas situações
de aprendizagens.
Estes distúrbios podem ser
associados a problemas orgânicos e/ou sociais que podem se estender durante
toda a vida escolar do indivíduo, podendo ser minimizado através de ações que
facilitam a aprendizagem, melhorando o desempenho do aluno.
Segundo Ross (1979: citado por Miranda, 2000), a
utilização do termo “distúrbio de aprendizagem”, chama a atenção para a
existência de crianças que freqüentam escolas e apresentam dificuldades de
aprendizagem, embora aparentemente não possuam defeitos físicos, sensoriais,
intelectuais ou emocionais.
Esse rótulo, segundo o autor, ocasionou durante
anos, que tais crianças fossem ignoradas, mal diagnosticadas ou maltratadas e
as dificuldades que demonstravam serem designadas de várias maneira como
“hiperatividade”, “síndrome hipercinética”, “síndrome da criança hiperativa”,
“lesão cerebral mínima”, disfunção cerebral mínima”, “dificuldade de
aprendizagem” ou “disfunção na aprendizagem.”
Na verdade, no momento em que
percebemos as dificuldades de aprendizagem como ponto de partida para o
diagnóstico de um possível distúrbio de aprendizagem, indiretamente já estamos
fazendo a diferenciação teórica entre os termos, onde mesmo ligados, tratam-se
de terminologias que devem ser descritas e tratadas de maneiras diferentes,
tendo em vista a importância de uma em caracterizar a outra.
Nesse contexto o trabalho do professor,
seus registros diagnósticos e de desenvolvimento das atividades são de
primordial importância para detectar dificuldades de aprendizagens, criar
instrumentos para resolver pequenos conflitos e assim sanar estas dificuldades.
A questão está em quando estas
dificuldades extrapolam as competências e habilidades do professor e passa a
ter como pano de fundo as competências e habilidades dos alunos em aprender,
complicadas ainda mais pela superlotação
das salas de aula, a deficiência material, pela verticalização dos conteúdos e
,não menos importante, pela avaliação massificada do ensino.
É nesse momento em que a
diferenciação teórica torna-se tão importante para o desenvolvimento de ação
que efetivamente trate o assunto de forma verdadeiramente inclusiva e
transforme o ambiente escolar em um espaço integrador e digno de ser chamado de
socializador das informações, onde cada um recebe as informações que lhes são
necessárias, dentro das suas capacidades e habilidades, e que sejam avaliados
de forma a garantir que seja analisado seu verdadeiro desenvolvimento, não de
maneira institucional, mas de forma individualizada, considerando seu tempo
único de aprender, tempo no qual a idade cronológica deixa de caracterizar sua
eficácia ou seu fracasso escolar.
Assim, se considerarmos que as
dificuldades são passageiras e superadas com o trabalho do professor, e que os
alunos que não respondem aos meios criados pelo professor para sanar suas
dificuldades devem ser encaminhados a uma equipe multidisciplinar, para que assim
possa ser diagnosticado um possível distúrbio de aprendizagem e, posteriormente
ser encaminhado a tratamentos paralelos aos profissionais desta equipe
(psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos, etc.) minimizando estas
dificuldades a ponto de garantir o desenvolvimento do aluno, está aí
caracterizada as distorções entre os termos e a importância de se reconhecer
estas distorções para que o aluno possa ser devidamente encaminhado rumo ao seu
desenvolvimento escolar e assim transformar a escola em um espaço
verdadeiramente inclusivo.
No entanto é importante dizer que é
no momento em que o professor coloca em “cheque” suas competências e
habilidades para ensinar, cria condições para que os alunos aprendam e que este
é capacitado para detectar as dificuldades de aprendizagens de seus alunos,
utilizando todos os recursos disponíveis para que o aluno consiga transpor suas
dificuldades, resolver seus conflitos e, consequentemente, desenvolver suas
habilidades e competências no ato de aprender.
Concluindo.
Quando falamos em fracasso escolar,
sempre nos remetemos a alguns termos da educação como as competências e
habilidades para ensinar, dificuldades de aprendizagem, distúrbios de
aprendizagem e as vezes até transtornos de aprendizagem e isto sem mencionar a
inteligências múltiplas para buscar explicação para este fracasso que pode
estar nas distorções entre estes termos e mesmo nas massificação da avaliação
de desenvolvimento.
Explicar ou culpabilizar algo ou
alguém pelo fracasso escolar pode aumentar o abismo entre o aluno e seu
desenvolvimento escolar, principalmente se considerarmos que cada indivíduo é
único e aprende em tempo e maneiras próprias, mas são avaliado de forma
horizontal, distorcendo os resultados desta avaliação.
Além disto, o fato das distorção
teóricas entre os termos dificuldades e distúrbios de aprendizagem podem
influenciar no desenvolvimento do aluno, tendo em vista que seus
encaminhamentos são diagnosticados por profissionais diferenciados, ou seja,
está no papel do professor perceber, analisar, avaliar o desempenho do aluno,
considerando sua individualidade, o que
chamo nesse trabalho de “as competências e habilidades do aluno para
aprender”, para então por em prática suas próprias competências e habilidades
para ensinar e assim conseguir transpor as barreiras da dificuldade de
aprendizagem.
É no papel do professor que inicia
o processo de desvendar os mistérios por trás das dificuldades de aprendizagem.
No entanto, quando suas
competências não são suficientes e quando o esforço coletivo (da comunidade
escolar) já não satisfazem as necessidades do educando, torna-se necessário o
auxílio de uma equipe multidisciplinar.
É nesse momento que a dificuldade
de aprendizagem torna-se a ponta do iceberg para o diagnóstico do distúrbio de
aprendizagem, e este deve ser diagnosticado por um Psicólogo, ainda que
hipotético, encaminhado a um Psicopedagogo (e a outras especialidades que se
fizerem necessárias) e, então buscar soluções para sanar ou minimizar as
dificuldades que impedem o desenvolvimento do aluno.
Assim, é importante ressaltar que a
importância da diferenciação teórica entre a terminologia dificuldade ou
distúrbio de aprendizagem não está simplesmente em seu significado propriamente
dito, mas sim no papel que cada um desempenha desde a percepção da dificuldade
pelo professor, permeando o diagnóstico até a efetivação da inclusão do aluno
como parte integrante da comunidade escolar.
Este é o verdadeiro sentido
inclusivo da educação.
Para
saber mais sobre o assunto.
ANTUNES, Celso. Como desenvolver as competências em sala de
aula. Petrópolis: Vozes, 2010.
ANTUNES, Celso. As inteligências múltiplas e
seus múltiplos estímulos. Campinas: Papirus, 1998.
BARBOSA, L. M. S. Psicopedagogia : um diálogo entre a
psicopedagogia e a educação. Curitib: Bolsa Nacional do Livro, 2006.
GARDNER, Howard. Estruturas da mente – A teoria das
inteligências múltiplas. Porto Alegre:
Artes Médicas. 1995.
LEAL, Daniela; NOGUEIRA, Makeliny
Oliveira Gomes. Dificuldades de
aprendizagem: um olhar psicopedagógico. Curitiba : Editora Ibpex, 2011.
MIRANDA, M. I. Crianças com problemas de aprendizagem na alfabetização : contribuições
da teoria piagetiana. Araraquara: JM Editora, 2000.
MOOJEN, S.; COSTA, A. C. “Semiologia
psicopedagógica” In: ROTTA, N. T.; OHLWEILER, L.; RIESGO, R. S. Transtornos de aprendizagem : abordagem
neurobiológica e multidisciplinar.
Porto Alegre: Artmed, 2006.
PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola.
Porto Alegre: Artmed, 1999.
PERRENOUD,
Philippe. Dez novas
competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Texto:
Profa. Sandra Regina Valério Ignácio.
Pós-Graduanda
em Psicopedagogia Institucional pelo INEC/UNICSUL.
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