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Periodicidade: Semestral (edições em julho e dezembro) a partir do inicio do ano de 2013.
Mensal entre 13 de agosto de 2010 e 31 de dezembro de 2012.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Brincar na Escola.


Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 3, Volume fev., Série 07/02, 2012, p.01-12.

O presente artigo faz parte da Monografia de Conclusão de Curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia Institucional pelo INEC/Universidade Cruzeiro do Sul, orientada pelo Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.


Gostaria de começar o artigo, lembrando sobre os reais objetivos da Educação Infantil .
Estes objetivos devem ser pensados em longo prazo e dentro de uma perspectiva do desenvolvimento da criança.
Os objetivos serão divididos com relação a três pontos:
I - Em relação aos professores: Que as crianças desenvolvessem sua autonomia através de relacionamentos seguros, no qual o poder do adulto seja reduzido o máximo possível.
II - Em relação aos companheiros: Que as crianças desenvolvessem sua habilidade de descentrar e coordenar diferentes pontos de vista.
III - Em relação ao aprendizado: Que as crianças fossem alertas, curiosas, críticas e confiantes na sua capacidade de imaginar coisas e dizer o que realmente pensam. E que elas tivessem iniciativas, elaborassem ideias, perguntas e problemas interessantes e relacionassem as coisas uma às outras (KAMII, 1991, p.15).

“Soubessemos nós adultos preservar o brilho e o frescor da brincadeira infantil , teríamos uma humanidade plena de amor e fraternidade . Resta-nos , então , aprender com as crianças” (Deheinzelin).

A brincadeira é uma linguagem natural da criança e é importante que esteja presente na escola desde a educação infantil para que o aluno possa se colocar e se expressar através de atividade lúdica - considerando se como lúdicas as brincadeiras, os jogos, a música, a arte, a expressão corporal, ou seja, atividades que mantenham a espontaneidade das crianças.
As brincadeiras são linguagens não verbais, nas quais a criança expressa e passa mensagens, mostrando como ela interpreta e enxerga o mundo.
Brincar é um direito de todas as crianças do mundo, garantido no Princípio VII da Declaração Universal dos Direitos da Criança da UNICEF.
É uma atividade de grande importância para a criança, pois se torna ativa, criativa, e lhe dá oportunidade de relacionar se com os outros; também a faz feliz e, por isso, mais propensa a ser bondosa, a amar o próximo, a ser solidária.
A brincadeira é uma situação privilegiadade aprendizagem infantil pode alcançar níveis mais complexos por causa das possibilidades da interação entre os pares numa situação imaginária e pela negociação de regras de convivência e de conteúdos temáticos.

A experiência na brincadeira permite às crianças:
I - decidir incessantemente e assumir papéis a serem representados.
II - atribuir significados diferentes aos objetos transformando os em brinquedos.
III - levantar hipóteses, resolver problemas e pensar/sentir sobre seu mundo e o mundo mais amplo ao qual não teriam acesso no seu cotidiano infantil.

É por essa razão que Vygotsky (1984) considera que a brincadeira cria para as crianças uma “zona de desenvolvimento proximal”, que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual do desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado pela resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou com a colaboração de um adulto ou com a colaboração de um companheiro mais capaz.
Ainda segundo esse autor, a brincadeira possui três características: a imaginação, a imitação, e a regra.
Essas características estão presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis, sejam elas tradicionais, de faz de conta, de regras, e podem aparecer também no desenho, como atividade lúdica.
Cada uma dessas características pode aparecer de forma mais evidente ou em um tipo ou outro de brincadeira, tendo em vista a idade e a função especifica que desempenha junto às crianças.
Para Oliveira (1990), as atividades lúdicas é a essência da infância.
Por isso, ao abordar este tema não podemos deixar de nos referir também à criança.
Ao retornar a história e a evolução do homem na sociedade, vamos perceber que a criança nem sempre foi considerada como é hoje.
Antigamente, ela não tinha existência social, era considerada miniatura do adulto, ou quase adulto, ou adulto em miniatura.
Seu valor era relativo, nas classes altas era educada para o futuro e nas classes baixas o valor da criança iniciava quando ela podia ser útil ao trabalho, colaborando na geração da renda familiar.
A criança não é um adulto que ainda não cresceu.
Ela tem características próprias e para se tornar um adulto, ela precisa percorrer todas as etapas de seu desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional. 
Seu primeiro apoio nesse desenvolvimento é a família, posteriormente, esse grupo se amplia com os colegas de brincadeiras e a escola.
Segundo Almeida (2004), cada época e cada cultura têm uma visão diferente de infância, mas a que mais predomina foi a da criança como ser inocente, inacabado, incompleto, um ser em miniatura, dando à criança uma visão negativa.
Entretanto, já no século XVIII, Rousseau se preocupava no inicio do século XX, quando psicólogos e pedagogos começaram a considerar a criança como uma criatura especial, com especificidades, características e necessidades próprias.
Foi preciso que houvesse uma profunda mudança da imagem da criança na sociedade para que se pudesse associar uma visão positiva a suas atividades espontâneas, surgindo como decorrência à valorização dos jogos e brinquedos.
O aparecimento do jogo e do brinquedo como fator do desenvolvimento infantil proporcionou um campo amplo de estudos e pesquisas e hoje é questão de consenso a importância do lúdico.

Dentre as contribuições mais importantes destes estudos segundo Negrine (1994, p. 41) podemos destacar:
I - as atividades lúdicas possibilitam fomentar a ‘’ resiliência ‘’, pois permitem a formação do autoconceito positivo;
II - As atividades lúdicas possibilitamo desenvolvimento integral da criança, já que através destas atividades a criança se desenvolve afetivamente, convive socialmente e opera mentalmente;
III - O brinquedo e o jogo são produtos de cultura e seus usos permitem a inserção da criança na sociedade;
IV - Brincar é uma necessidade básica assim como é a nutrição, a saúde, a habitação e a educação;
V - Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona ideias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra se na sociedade e constrói seu próprio conhecimento;
VI - Brincando a criança desenvolve potencialidades; ela compara, analisa, nomeia, mede, associa, calcula, classifica, compõe, conceitua e cria. O brinquedo e a traduzem omundo para a realidade infantil, possibilitando a criança a desenvolver a sua inteligência, sua sensibilidade, habilidades e criatividades, além de aprender e socializar se com outras crianças.


A brincadeira é uma linguagem infantil.
No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e significa outra coisa daquilo que aparentam ser.
Ao brincar as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que estão brincando.
O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam.
Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca.
O brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto.
Os conhecimentos da criança provem da: imitação de alguém ou de algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, do relato, de um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão no cinema ou narradas em livros, etc.
A linguagem oral e gestual que oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o universo social se constroem.

O brincar pode de acordo com vários estudiosos e pesquisadores do tema ser dividido em duas grandes categorias:
I - O brincar social: reflete o grau na quais as crianças interagem umas com as outras.
II - O brincar cognitivo: revela o nível de desenvolvimento mental da criança.

Estas categorias de experiências podem ser agrupadas em quatro modalidades básicas de brincar:
*O brincar tradicional.
*O brincar de faz de conta.
*O brincar de construção.
* O brincar educativo.

As crianças na idade de educação infantil vivenciam experiências lúdicas sociais.

Um estudo feito por PARTEN (1932) citado por PAPALIA (2000) revela que no brincar das crianças pequenas, podemos identificar seis tipos de atividades lúdicas sociais e não sociais:
*Comportamento desocupado.
*Comportamento observador.
*Atividade independente (solitária).
*Atividade paralela.
*Atividade associativa.
*Atividade cooperativa.
*Atividade cooperativa ou organizada suplementar.

É importante saber que existem cinco grandes pilares básicos nas ações lúdicas das crianças em seus jogos, brinquedos e brincadeiras, estes pilares são:
I - a imitação.
II - o espaço.
III - a fantasia.
IV - as regras.
V- os valores.

Para entender o universo lúdico é fundamental compreender o que é brincar e para isso, é importante compreender o que é brincar e para isso, é importante conceituar palavras como jogo, brincadeira e brinquedo, permitindo assim aos professores de educação infantil e do ensino fundamental, trabalhar melhor as atividades lúdicas.
Estas tarefas nem sempre é fácil exatamente pelo fato dos autores compreenderem os termos do Brasil, outros países que se preocupam em pesquisar o tema, também tem dificuldades quanto a conceituações.


O que é brincar?
Essa questão é discutida tanto por Brougére (1993), quanto por Henriot (1989).
Em sua recente obra SOUS COULEUR DE JOVER, Henriot desenvolve a ideia de que o brincar está associado a uma imagem de criança que vem sendo construída em função do seu status social.
Para esse autor, o brincar passou por diversas concepções na História da Filosofia, da pedagogia e das demais áreas das ciências e das artes.
Tal diversidade só pode ser compreendida se tornamos o fato de que brincar é uma atividade mental, uma forma de interpretar e sentir determinados comportamentos humanos.
Nessa perspectiva, a noção de brincar pode e deve ser considerada como a representação e interpretação de determinadas atividades infantis, explicitadas pela linguagem num determinado contexto social.
Assim considerado, o brincar constitui um fato social e refere se a determinada imagem de criança e brincadeira de uma comunidade ou grupo de pessoas específico.
É uma atitude mental definida pelo que Brougeré denomina de metalinguagem ou linguagem de segundo grau, ou seja, a brincadeira compreende uma atitude mental e uma linguagem baseadas na atribuição de significados diferentes aos objetos e a linguagem, comunicados e expressos por um sistema próprio de signos e sinais.
Em sua obra mais recentes, Brougére representa todos os autores que escreveram sobre o brincar infantil, demonstrando o papel determinante da filosofia romântica na transformação de um pensar sobre a brincadeira assimilada à concepção de criança.
O brincar não tem valor em si, ele se opõe as atividades sérias e apresenta se como uma situação de algo que lhe toca , seja sob a forma de recreação, relaxamento necessário ao esforço intelectual, seja pelo faz de conta, forma de interpretação que permite à criança aprender.
Com o romantismo e sua nova concepção de infância, a brincadeira ganha uma seriedade de interior de um sistema de inversão de valores proposto por esta corrente de pensamentos e pode aparecer como espaço de uma educação “inaturali” (1993, p.219).
Para Brougère, ainda essa concepção desenvolve se, inicialmente, sob forma da literária no pensamento romântico para só mais tarde , encontrar sua tradução prática nos trabalhos desenvolvidos por Frobel.
Em seguida, a Ciência do século XIX irá recuperar a idéia determinista e inatista de aprendizagem contida nas concepções de criança e brinquedo evocadas pela filosofia, transformando a brincadeira na atividade que possibilita a recapitulação da humanidade pela criança , ou do pré-exercício da vida adulta.
Brougère afirma também que as relações encontradas entre brincadeiras e educação no decorrer da história contemporânea.
No fim do século XIX, o psicólogo e filósofo Francês Henri Wallon (1879 - 1962) , o biólogo suíço Jean Piaget (1896 - 1980) e o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896 - 1934) buscaram compreender como os pequenos se relacionavam com o mundo e como produziam cultura.
Até então, a concepção dominante era de que eles não faziam isso, investigando essa faceta do universo infantil, eles concluíram que boa parte da comunicação das crianças com o ambiente se dá por meio da brincadeira e que é dessa maneira que elas se expressam culturalmente.
Wallon foi o primeiro a quebrar a paradigmas da época ao dizer que a aprendizagem não depende apenas do ensino de conteúdos: para que ela ocorra, são necessários afeto e movimento também.
Ele afirmava que é preciso ficar atento aos interesses dos pequenos e deixa-los se deslocar livremente para que façam descobertas.
Levando em conta que as escolas davam muita importância à inteligência e ao desempenho, propôs que considerassem o ser humano de modo integral.
Já Piaget, focado no que os pequenos pensam sobre tempo, espaço e movimento, estudou como diferem as características do brincar de acordo com as faixas etárias.
Ele descobriu que, enquanto os menores fazem descobertas com experimentações e atividades repetitivas, os maiores lidam com o desafio de compreender o outro e traçar regras comuns para as brincadeiras.
As pesquisas de Vygotsky apontaram que a produção de cultura depende de processos interpessoais.
Ou seja, não cabe apenas ao desenvolvimento de um individuo, mas às relações dentro de um grupo.
Por isso, destacou a importância do professor como mediador e responsável por ampliar o repertório cultural das crianças. Conscientes de que elas se comunicam pelo brincar, Vygotsky considerou uma intervenção positiva a apresentação de novas brincadeiras e de instrumentos para enriquecê-las.
Ele afirmava que um importante papel da escola é desenvolver a autonomia da turma.
E para ele, esse processo depende de intervenções que coloquem elementos desafiadores nas atividades, possibilitando aos pequenos desenvolver essa habilidade.
Brincar é a linguagem que as crianças usam para se manifestar, descobrir o mundo e interagir com o outro.
Quando ela é incentivada, a turma adquire novas habilidades e desenvolve a imaginação e a autonomia.
É possível brincar sem ter nada nas mãos.
Como ocorre durante o pega-pega e a ciranda, por exemplo.
Mas o brinquedo tem o papel fundamental no desenvolvimento infantil.
Para que eles cumpram bem essa função, não basta deixar o acervo da pré-escola ao alcance dos pequenos, imaginado que, eles por já brincarem sozinhos em casa, eles saberão o que fazer.
É essencial oferecer objetos industrializados e artesanais, organizar momentos em que o grupo construa seus próprios brinquedos e ampliar as experiências dos alunos.
Tudo isso sempre equilibrando quantidade, qualidade e variedade, o que significa exemplares variados, seguros, resistentes e com aspectos estéticos.


O que é brinquedo?
Um brinquedo é um objeto ou uma atividade lúdica, voltada única e especialmente para o lazer, e geralmente associada a crianças, também usado por vezes para descrever objetos com a mesma finalidade, voltados para adultos.
Na pedagogia, um brinquedo é qualquer objeto que a criança possa usar no ato de brincar. Alguns brinquedos permitem às crianças divertirem se enquanto, ao mesmo tempo, as ensinam sobre um dado assunto.
Brinquedos muitas vezes ajudam não desenvolvimento da vida social da criança, especialmente aquelas usadas em jogos cooperativos.
Os brinquedos são de vital importância para o desenvolvimento e a educação da criança, por propiciar o desenvolvimento simbólico, estimular a sua imaginação, a sua capacidade de raciocínio e a sua autoestima.
Podem ser utilizados em tratamentos psicoterapêutico na ludoterapia, com crianças com problemas emocionais, causados por fatores variados, ou que apresentam distúrbios de comportamento ou baixo rendimento escolar.
O ato de brincar em si, geralmente não exige um brinquedo, que seja um objeto tangível, pode acontecer como jogos simbólicos (faz de contas).
Desde os tempos antigos que os brinquedos tiveram um importante papel na vida das crianças.
Por milhares de anos crianças brincavam com brinquedos dos mais variados tipos.
Bolinhas de gude foram usadas por crianças no continente africano há milhares de anos.
Na Grécia antiga e no Império Romano brinquedos comuns eram barquinhos e espadas de madeira, entre os meninos e bonecas entre as meninas.
Durante a idade média, os fantoches eram brinquedos muito comuns entre as crianças.
Os brinquedos chegaram ao Brasil pela família lusitana Rebelo.
O Sr Manoel Rebelo foi o pioneiro em lojas especializadas no Brasil, ao abrir no bairro do Jabaquara, em São Paulo, a loja que viria a ser no centro de referencia do assunto no Brasil.
A Rebelos Funhouse é hoje a loja mais visitada da América Latina e tem estoque e acervo invejável a qualquer loja na Europa e EUA.


O professor da educação infantil
Segundo Severino (1991) os profissionais das escolas infantis precisam manter um comportamento ético para com as crianças, não permitindo que estas sejam expostas ao ridículo ou que passem por situações constrangedoras.
Alguns adultos, na tentativa de fazer com que as crianças lhes sejam obedientes, deflagram nelas sentimentos de insegurança e desamparo, fazendo as se sentirem temerosas de perder o afeto, a proteção e a confiança dos adultos.
O professor precisa estar atento à idade e as capacidades de seus alunos para selecionar e deixar à disposição materiais adequados.
O material deve ser suficiente tanto quanto a quantidade, como pela diversidade, pelo interesse que despertam pelo material de que são feitos.
Lembrando sempre da importância de respeitar e propiciar elementos que favoreçam a criatividade das crianças.
Uma observação atenta pode indicar o professor que sua participação seria interessante para enriquecer a atividade desenvolvida, introduzindo novos personagens ou novas situações que tornem o jogo mais rico e interessante para as crianças, aumentando suas possibilidades de aprendizagem.

Educarnão se limita a repassar informações ou mostrar apenas um caminho, aquele caminho que o professor considera o mais correto, mas é ajudar a pessoa e saber aceitar os outros. É oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar. Educar É preparar para a vida”.  (KAMII , 1991, p.125).

As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições básicas de ação real e moralidade (Vygotsky).
Piaget (1988) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo por isso, indispensável á pratica educativa.


Papel do professor na educação lúdica
“A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um amigo, um guia, um animador, um líder - alguém muito consciente e que se preocupe com ela e que a faça pensar, tomar consciência de si de do mundo e que seja capaz de dar - lhe as mãos para construir com ela uma nova história e uma sociedade melhor” (ALMEIDA, 1987, p.195).
Para ter dentro de instituições infantis o desenvolvimento de atividades lúdicas educativas, é de fundamental importância garantir a formação do professor e condições de atuação.
Somente assim será possível o resgate do espaço de brincar da criança no dia-a-dia da escola.

A formação do educador infantil, ganha em qualidade se, em sua sustentação, estiverem presentes três pilares:
I . Formação teórica.
II . Formação pedagógica.
III. Formação lúdica.

A decisão de se permitir envolver no mundo mágico infantil seria o primeiro passo que o professor deveria dar.
Explorar o universo infantil exige do professor conhecimento teórico, prático, capacidade de observação, amor e vontade de ser parceiro da criança neste processo.
Nós professores podemos através das experiências lúdicas infantis obtermos informações importantes no brincar espontâneo ou no brincar orientado. Estasdescobertas podem definir critérios tais como:
I . A duração do envolvimento em um determinado jogo;
II . As competências dos jogadores envolvidos;
III . O grau de iniciativa, criatividade, autonomia e criticidade que o jogo proporciona ao participante;
IV . A verbalização e linguagem que o acompanham o jogo;
V. O grau de interesse, motivação, satisfação, tensão aparente durante o jogo (emoções, afetividade);
VI . Construção do conhecimento (raciocínio, argumentação, etc);
VII. A aplicação de jogos, brincadeiras e brinquedos em diferentes situações educacionais podem ser um meio para estimular, analisar e avaliar aprendizagens especifica, competências e potencialidades das crianças das crianças envolvidas.

No brincar espontâneo podemos registrar as ações lúdicas a partir da: observação, registro, análise e tratamento.
Com isso, podemos criar para cada ação lúdica um banco de dados sobre o mesmo, subsidiando de forma mais eficiente e cientifica os resultados das ações.
É possível também fazer o mapeamento da criança em sua trajetória lúdica durante sua vivência dentro de um jogo ou de uma brincadeira, buscando dessa forma entender e compreender melhor suas ações e fazer intervenções e diagnostico mais seguros ajudando o individuo ou o coletivo.

As informações obtidas pelo brincar espontâneo permitem diagnosticar:
I. Ideais, valores interessantes e necessidades do coletivo ou do individuo;
II. Estágio de desenvolvimento da criança;
III. Comportamento dos envolvidos nos diferentes ambientes lúdicos;
IV. Conflitos, problemas, valores, etc;

Com isso podemos definir, a partir de uma escolha criteriosa, as ações lúdicas mais adequadas para cada criança envolvida, respeitando, assim o principio básico de individualidade de cada ser humano.
Já no brincar dirigido se pode propor desafios a partir da escolha dos jogos, brinquedos ou brincadeiras determinadas por um adulto ou responsável.

Segundo o professor ALMEIDA (1987) a educação lúdica pode ter duas consequências, dependendo de ser bem ou mal utilizada:
I. A educação lúdica pode ser uma arma na mão do professor;
II. Despreparado, arma capaz de mutilar, não só o verdadeiro sentido da proposta, mas servir de negação do próprio ato de educar;
III. A educação lúdica pode ser para o professor competente um instrumento de unificação, de libertação e de transformação das reais condições em que se encontra o educando. É uma prática desafiadora, inovadora, possível de ser aplicada.

Sobre este tema do papel do educador como facilitador dos jogos, das brincadeiras, da utilização dos brinquedos e principalmente da organização dos espaços lúdicos para criança de 0 a 6 anos muito poderia ser dito, mas gostaríamos de chamar atenção sobre alguns aspectos considerados importantes para facilitar a relação da criança e do professor nas atividades lúdicas.


Concluindo.
Para finalizar, é preciso reiterar que a brincadeira, como qualquer atividade humana, é uma ação que é aprendida pelas crianças, desde a mais tenra idade, nas relações que estabelecem com parceiros mais experientes quando bebês, parceiros da mesma idade ou mais velhos quando mais crescidas.
O contato, manipulação e uso dos brinquedos, por seu lado, possibilita às crianças uma aprendizagem multidisciplinar das formas de ser e pensar da sociedade.
Portanto, a brincadeira é uma situação privilegiada de aprendizagem infantil.
Ao brincar, o desenvolvimento infantil pode alcançar níveis mais complexos por causa das possibilidades de interação entre os pares numa situação imaginária e pela negociação de regras de convivência e de conteúdos temáticos.
Na escola é possível o professor se soltar e trabalhar os jogos como forma de difundir os conteúdos.
Para isso, entendo ser necessários a vivência, a percepção e o sentido, ou seja, o educador precisa selecionar situações importantes dentro da vivencia em sala de aula; perceber o que sentiu como sentiu e de que forma isso influencia o processo de aprendizagem; além de compreender que no vivenciar; no brincar, a criança é mais espontânea.
Sem dúvida , os conteúdos podem ser trabalhados com o uso do jogo.
A criança pode trabalhar ou fixar um conteúdo com atividade lúdica.
Mas, para isso, o jogo é uma das estratégias e não a única.
Entendo ainda que o primeiro passo para se trazer o lúdico, a brincadeira para dentro da escola, é o resgate da infância dos próprios educadores, a memória.
Do que brincavam, como brincavam, lembrar-se de uma figura especial.
É um momento de humanizar as relações, de resgatar o sentimento e lembrar como eles eram e o que sentiam quando viviam o momento que as crianças, seus alunos, estão vivendo agora.
Todo mundo foi criança e teve essa vivência.
Penso que atualmente, o problema da utilização do jogo na escola, está no fato dele ser usado apenas como instrumento pedagógico e não como uma linguagem através da qual o professor pode ter informações da criança.
No Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil “está incluída na lei a importância de brincar e levar a arte para dentro da educação infantil”.
Há o movimento pela formação dos professores, que precisam ser capacitados e se soltar dentro do lúdico.


Para saber mais sobre o assunto. 
ALMEIDA, M. T. P. Jogos divertidos e brinquedos criativos. Petrópolis: Vozes, 2004.

BRASIL. Lei no 9.394, de 23 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 1996.

CARVALHO, R. E. A. Nova LDB e a Educação Especial. Rio de Janeiro: WVA, 1997.

FERNANDES, A. O Saber em Jogo. Porto Alegre: Artmed, 2001.

FREITAS, A. L. S. de. Pedagogia da conscientização: Um legado de Paulo Freire a formação de professores. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.

HUIZINGA, J. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 1999.

KAMII, C.; DEVRIES, R. Jogos em Grupo na Educação Infantil: implicações na teoria de Piaget. São Paulo: Trajetória Cultural, 1991.

KAMI, C.; DEURIES, R. Piaget para educação pré-escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

LÜCK, H. Pedagogia Interdisciplinar: Fundamentos teóricos metodológicos. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

NEGRINE, A. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Prodil, 1994.

PIAGET, J. A psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,1998. 

SEVERINO, A. J. “A formação profissional do educador: pressupostos filosóficos e implicações curriculares” In: ANDE, Ano 10, n° 17, 1991.

VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

FAZENDA, I. (org). Metodologia da Pesquisa Educacional. São Paulo: Cortez, 1999.


Texto: Profa. Cintia Gonçalves Landulfo Beviani.
Pós-Graduanda em Psicopedagogia Institucional pelo INEC/UNICSUL.

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