Para entender a história... ISSN 2179-4111.
Ano 7, Volume jul., Série 07/07, 2016.
Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
Doutor em Ciências Humanas - USP.
MBA em Gestão de Pessoas - UNIA.
Licenciado em História - CEUCLAR.
Licenciado em Filosofia - FE/USP.
Bacharel em Filosofia - FFLCH/USP.
No século XII,
humanismo, colocando o homem e a timidamente a racionalidade como centro do
conhecimento, relativizou e reconstruiu as verdades eclesiásticas que até então
vigoravam, mudando as mentalidades e contribuindo ativamente para fomentar
alterações que conduziriam a modernidade.
Neste contexto,
surgiram novas tendências intelectuais, cada uma, a seu modo, demolidora de
pressupostos voltados para a santidade, substituídos pelo prazer.
O entusiasmo
pela religião cedeu lugar às questões pessoais, a Cruz não perdeu o seu
significado, mas acabou adquirindo uma simbologia ideológica.
O humanismo
pretendia regatar o esplendor da antiguidade, tido como perdido, daí o
anacrônico termo renascimento, atribuído pelos historiadores muito tempo depois
da sua contemporaneidade.
Entretanto, ao
tentar fazer releituras, acabou construindo características próprias.
Inicialmente os
eruditos transferiram os métodos de interpretação da Bíblia para os textos
greco-latinos, mantendo a mesma posição servil diante da palavra escrita.
Porém, percebem
a insistência com que os gregos representavam deuses sob formas humanas, o
valor que conferiam aos acontecimentos da vida eterna e a atitude racionalista
com a qual tratavam esses episódios.
Assim, os
intelectuais humanistas encontraram os padrões nos quais puderam projetar seus
próprios ideais de racionalidade, forjando novas mentalidades e modos de
entender o mundo.
É com esse
espírito que os artistas procuravam retratar os temas da antiguidade na
literatura, escultura, a pintura e arquitetura.
Ao fazê-lo
procederam a uma verdadeira revolução, falando mais dos anseios da sua própria
época do que resgatando propriamente os conceitos dos antigos.
As obras
humanistas contribuíram para fomentar as línguas nacionais e o sentimento de
nacionalidade, centralizado na figura do rei, instigando a formação dos Estados
Nacionais Absolutistas e a redução da prevalência da igreja católica nas
decisões políticas. Inclusive abrindo caminho para as reformas protestantes e a
ascensão do sistema capitalista.
O que somado a
fome, a peste e as guerras, alterou as relações de trabalho, a estrutura social
e o panorama cultural, possibilitando aproximação da modernidade.
Para saber mais sobre o assunto.
ANDERSON, Perry.
Passagens da antiguidade ao feudalismo.
São Paulo: Brasiliense, 1987.
BASCHET, Jérôme.
A civilização feudal: do ano mil à
colonização da América. São Paulo: Globo, 2006.
DUBY, Georges. Guerreiros e camponeses: os primórdios do
crescimento econômico europeu. Séc VII – XII. Lisboa: Estampa, 1978.
LE GOFF,
Jacques. A civilização do Ocidente medieval. Bauru: EDUSC, 2005.
LE GOFF,
Jacques. As raízes medievais da Europa.
Petrópolis: Vozes, 2007.
LE GOFF,
Jacques. Em busca da Idade Média. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
LE GOFF,
Jacques. Uma longa Idade Média. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
MACEDO, José
Rivair (org.). Os estudos medievais no
Brasil. Porto Alegre: UFRGS, 2003.
MONGELLI, Lênia
Márcia (org.). Fontes primárias da Idade
Média: séculos V - XV. Cotia: IBIS, 2005.
PAULINO,
Francisco Faria (coordenador). Portugal a
formação de um país. Apresentação de Vasco Graça Moura, Lisboa, Comissão
Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos portugueses, s.d.
PIRENNE, Henri. As cidades da Idade Média. Lisboa:
Publicações Europa-América, 1989.
PIRENNE, Henri. História econômica e social da Idade Média.
São Paulo: Mestre Jou, 1982.
RIBEIRO, Maria
Eurydice de Barros (org.). A vida na
Idade Média. Brasília: UNB, 1997.
WOLFF, Philippe.
Outono da Idade Média ou primavera dos
novos tempos? Lisboa: Edições 70, 1986.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Esteja a vontade para debater ideias e sugerir novos temas.
Forte abraço.
Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.