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quinta-feira, 14 de julho de 2016

O humanismo medieval e as mudanças que conduziram a modernidade.


Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 7, Volume jul., Série 07/07, 2016.


Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.


Doutor em Ciências Humanas - USP.
MBA em Gestão de Pessoas - UNIA.

Licenciado em História - CEUCLAR.
Licenciado em Filosofia - FE/USP.
Bacharel em Filosofia - FFLCH/USP.



No século XII, humanismo, colocando o homem e a timidamente a racionalidade como centro do conhecimento, relativizou e reconstruiu as verdades eclesiásticas que até então vigoravam, mudando as mentalidades e contribuindo ativamente para fomentar alterações que conduziriam a modernidade.
Neste contexto, surgiram novas tendências intelectuais, cada uma, a seu modo, demolidora de pressupostos voltados para a santidade, substituídos pelo prazer.
O entusiasmo pela religião cedeu lugar às questões pessoais, a Cruz não perdeu o seu significado, mas acabou adquirindo uma simbologia ideológica.
O humanismo pretendia regatar o esplendor da antiguidade, tido como perdido, daí o anacrônico termo renascimento, atribuído pelos historiadores muito tempo depois da sua contemporaneidade.
Entretanto, ao tentar fazer releituras, acabou construindo características próprias.
Inicialmente os eruditos transferiram os métodos de interpretação da Bíblia para os textos greco-latinos, mantendo a mesma posição servil diante da palavra escrita.
Porém, percebem a insistência com que os gregos representavam deuses sob formas humanas, o valor que conferiam aos acontecimentos da vida eterna e a atitude racionalista com a qual tratavam esses episódios.
Assim, os intelectuais humanistas encontraram os padrões nos quais puderam projetar seus próprios ideais de racionalidade, forjando novas mentalidades e modos de entender o mundo.
É com esse espírito que os artistas procuravam retratar os temas da antiguidade na literatura, escultura, a pintura e arquitetura.
Ao fazê-lo procederam a uma verdadeira revolução, falando mais dos anseios da sua própria época do que resgatando propriamente os conceitos dos antigos.
As obras humanistas contribuíram para fomentar as línguas nacionais e o sentimento de nacionalidade, centralizado na figura do rei, instigando a formação dos Estados Nacionais Absolutistas e a redução da prevalência da igreja católica nas decisões políticas. Inclusive abrindo caminho para as reformas protestantes e a ascensão do sistema capitalista.
O que somado a fome, a peste e as guerras, alterou as relações de trabalho, a estrutura social e o panorama cultural, possibilitando aproximação da modernidade.

Para saber mais sobre o assunto.
ANDERSON, Perry. Passagens da antiguidade ao feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1987.
BASCHET, Jérôme. A civilização feudal: do ano mil à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006.
DUBY, Georges. Guerreiros e camponeses: os primórdios do crescimento econômico europeu. Séc VII – XII. Lisboa: Estampa, 1978.
LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente medieval. Bauru: EDUSC, 2005.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. Petrópolis: Vozes, 2007.
LE GOFF, Jacques. Em busca da Idade Média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
LE GOFF, Jacques. Uma longa Idade Média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
MACEDO, José Rivair (org.). Os estudos medievais no Brasil. Porto Alegre: UFRGS, 2003.
MONGELLI, Lênia Márcia (org.). Fontes primárias da Idade Média: séculos V - XV. Cotia: IBIS, 2005.
PAULINO, Francisco Faria (coordenador). Portugal a formação de um país. Apresentação de Vasco Graça Moura, Lisboa, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos portugueses, s.d.
PIRENNE, Henri. As cidades da Idade Média. Lisboa: Publicações Europa-América, 1989.
PIRENNE, Henri. História econômica e social da Idade Média. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
RIBEIRO, Maria Eurydice de Barros (org.). A vida na Idade Média. Brasília: UNB, 1997.
WOLFF, Philippe. Outono da Idade Média ou primavera dos novos tempos? Lisboa: Edições 70, 1986.



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Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

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