Para entender a
história... ISSN 2179-4111. Ano 3, Vol. jun.,
Série 04/06, 2012, p.01-21.
O artigo faz parte da Monografia
de Conclusão de Curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia Institucional pelo
INEC/Universidade Cruzeiro do Sul,
orientada pelo Prof. Dr. Fábio Pestana
Ramos.
Este trabalho
constitui-se de pesquisa bibliográfica sobre as consequências da privação
materna em crianças.
O trabalho foi
feito com base em pesquisas cientificas realizadas por autores especializados
em desenvolvimento emocional infantil durante a década de cinquenta.
O artigo mostra a
importância das primeiras relações infantis, bem como os cuidados maternos
adequados com qualidade que garantem o desenvolvimento sadio da criança,
enfatizando que uma situação contrária a esta, pode influenciar negativamente
na área educacional.
Inicialmente o
trabalho procura evidenciar e diferenciar as variantes do termo “privação” e
apresentar suas consequências negativas, relacionadas às respectivas idades em
que são vivenciadas, em seguida estabelece uma comparação entre algumas áreas
de desenvolvimento infantil afetadas pela privação.
Sendo a escola um
espaço social fechado, a mesma, acaba oferecendo condições propicias para a
avaliação emocional das crianças e dos adolescentes.
É na escola que os
alunos podem ser comparados estaticamente com seus pares e com seu grupo etário
e social.
É na escola também
que o professor dispõe de maior oportunidade para observar e detectar problemas
no desenvolvimento da criança.
Dentro da sala de
aula ocorrem situações significativas que envolvem a psique emocional da
criança, nas quais os professores podem atuar beneficamente, ajudando a sanar o
problema do aluno, ou podem piorá-los ainda mais.
Os alunos podem
trazer consigo um conjunto de problemas emocionais que podem ser próprios de
suas personalidades ou que podem ser conseqüências de experiências vividas
socialmente e com suas famílias.
Entre os problemas
psíquicos que fazem parte da própria personalidade da pessoa, incluem-se alguns
como o Transtorno Obsessivo Compulsivo, o Autismo, a Deficiência Mental, a
Psicose, o Transtorno de Conduta, etc.
Alguns professores
podem cometer o erro de considerar que todas as crianças devem agir e reagir da
mesma maneira diante de determinadas situações, e que as expondo às situações
ridículas ou constrangedoras, possam se corrigir e parar com “maus
comportamentos”.
No entanto,
condutas deste tipo agravam o sentimento de inferioridade da criança que passa
a não gostar mais da escola e a não querer mais freqüentá-la.
Requer-se do
professor que faça uma auto-avaliação e, caso seja descartada a hipótese do
problema estar em seu trabalho, observar mais atenciosamente o “aluno problema”
que pode ser reflexo de algum transtorno emocional, muitas vezes advindo de
relações extrínsecas à estrutura de sua personalidade.
Dentre os exemplos
de questões externas à personalidade da criança, que são capazes de traduzirem
em problemas emocionais, o trabalho enfatiza a privação materna, uma vez que
este assunto acha-se cada vez mais crescente e comprovado no campo da psicologia
e reflete-se no campo da educação, porem com poucas pesquisas na área
educacional sobre distúrbios e problemas de aprendizagem causados pela
privação.
A qualidade dos
cuidados parentais que uma criança recebe nos seus primeiros anos de vida é de importância
vital para o bom desenvolvimento de sua personalidade e para a sua saúde mental
futura.
Conhecer um pouco
mais sobre o que significa a privação materna e que tipos de complicações ela
traz para dentro do meio escolar, pode mudar a visão do professor sobre o
“aluno-problema”, podendo sensibilizá-lo a mudanças significativas de postura e
de trabalho com este aluno.
Este tema tem
grande importância para a área educacional, já que não são raros os casos de
alunos que não vivem com suas mães naturais ou com a família original.
Acredita-se que o
essencial à saúde mental é que o bebê e a criança pequena tenham a vivência de
uma relação calorosa, intima e continua com a mãe (ou mãe substituta
permanente), na qual ambos encontrem satisfação e prazer.
É nesta relação
amorosa entre mãe e filho nos primeiros anos, enriquecida pelas outras relações
com o pai e irmãos, que é a base para o bom desenvolvimento da personalidade.
A situação na qual
a criança não encontra esse tipo de relação chama-se “privação materna”, que
abrange um grande número de situações diferentes e tem efeitos variados de
acordo com o grau da mesma.
Além da privação,
existem outras formas de separação ou rejeição, pelas quais a relação mãe-filho
torna-se pouco saudável.
Estudos realizados
e comprovados deixam claro que, quando uma criança é privada dos cuidados
maternos, seu desenvolvimento é quase sempre retardado-físico, intelectual,
social e emocionalmente – e que podem aparecer sintomas de doenças físicas e
mentais.
Existem três
aspectos que influenciam nos danos que uma criança pode sofrer: a idade em que
ela perde os cuidados maternos, o tempo em que ela ficou privada destes
cuidados, e o grau em que eles lhe faltaram.
Mas com certeza,
todas as crianças com menos de sete anos de idade estão sujeitas a este risco,
e os efeitos da privação podem ser claramente perceptíveis já nas primeiras
semanas de vida.
Em alguns casos a
privação materna pode causar danos irreversíveis e os sintomas podem levar a
problemas escolares variados, principalmente a incapacidade de abstração,
atraso e problemas da fala e da noção de tempo, que podem ser de difícil
diagnóstico para o professor que não conhece este assunto.
O que se entende por Privação de Cuidados Maternos.
Uma relação normal
entre mãe e filho é aquela onde ambos encontram prazer e satisfação nas trocas
de carinho, de contato físico, de brincadeiras e de amor.
Podemos ter como
exemplo sobre como seria uma relação “normal”, o conceito deste autor:
“... uma criança é um indivíduo ativo, de
aparência sadia, que dá a impressão de ser feliz e dá pouca preocupação aos
pais. Como bem, dorme bem; seu peso, assim como seu tamanho, aumenta
normalmente, e a cada mês torna-se mais inteligente e mais ativa – e, cada vez
mais, um ser humano. Emocionalmente, ela dá satisfação aos pais e parentes e,
por sua vez, recebe deles cada vez mais satisfação.” (SPITZ, 1998, p.205)
Uma criança que
apresenta estas características passa por boas relações afetivas e emocionais
com sua mãe.
A mãe é a pessoa
mais importante nos primeiros anos de vida da criança.
Não que os pais não
tenham importância, mas a criança está ligada emocionalmente à mãe desde a
gestação, e no caso das mães substitutas, são sempre elas que estão presentes
nos momentos de limpar e trocar, alimentar, de fazer dormir, de amamentar e
outros cuidados que um bebê e uma criança pequena precisam.
Enfim, é sempre à
mãe que a criança recorre em seus momentos de angústia.
A relação sadia
entre mãe e filho ‘e uma relação íntima, onde a criança recebe o conforto do
colo materno,da amamentação, do respeito e carinho à sua fragilidade, onde
aprende a cada dia que tem valor próprio e que é especial para sua família.
Uma mãe carinhosa e
maternal se alegra com qualquer atitude de seu bebê e divide com ele essa
alegria; esta interação de afeto relacionada a atitudes é uma das primeiras
formas de aprendizagem que influenciará no bom desenvolvimento do bebê.
É denominada
“Privação Materna” a situação onde a criança não encontra uma relação afetiva
estável e duradoura com sua mãe natural ou substituta, e à falta de cuidados
que só a mãe proporciona nos primeiros anos de vida.
Uma criança pode
ser privada dos cuidados maternos por alguns fatores como:
Quando não há um
grupo familiar natural estabelecido, ou seja, ilegitimidade, criança concebida
fora do casamento, filho de “pai desconhecido”, fruto de abuso sexual;
Geralmente as
crianças ilegítimas são rejeitadas socialmente e sofrem algum tipo de privação
materna por suas mães solteiras encontrarem dificuldades para o sustento de ambos;
Quando a criança
vive no grupo familiar natural intacto, porém não atuando de maneira eficaz:
situação de miséria, doença grave ou incapacidade de um dos pais, desequilíbrio
mental e instabilidade emocional de um dos pais;
Quando a criança
vive em grupo familiar não intacto e não funcional, portanto, de maneira
eficaz: morte de um dos pais, hospitalização prolongada de um dos pais, prisão,
separação, abandono de lar, mudança para outro país ou um lugar muito distante,
trabalho fora de casa em período integral com pouco contato com a criança.
Essas três
categorias que contribuem para que a criança, de certa forma, sofra alguma
privação de cuidados, são influenciadas principalmente, por fatores
sócio-econômicos onde os pais nãos têm possibilidade de sustento adequado e nem
amparo de políticas públicas.
É importante
destacar outras formas de privação de afeto como a negligência emocional por
parte da mãe que também sofreu falta de cuidados e afeto em sua infância, a
crueldade física sofrida e a falta de controle dos pais.
De qualquer forma,
a criança que sofre privação materna nos primeiros anos de vida tem
comprometimento de sua saúde mental.
Segundo Bowlby
(1981), o termo “privação da mãe” pode ser aplicado a vários grupos de
condições diferentes, que podem ter consequências semelhantes.
Se a criança vive
com sua mãe natural ou uma mãe substituta permanente, mas os cuidados que ela
recebe e a interação que mantém com ela,são insuficientes, neste caso, a privação
consiste na insuficiência de interação
entre mãe e filho.
Quando ocorre uma
separação da criança de sua mãe, não implica necessariamente em privação de
cuidados maternos e insuficiência de interação, desde que seja proporcionada à
criança separada outra mãe permanente.
Contudo, uma
separação entre mãe-filho é sempre uma experiência perturbadora para a criança,
principalmente se esta mantinha uma ligação afetiva suficiente e não a encontra
da mesma maneira, posteriormente com a substituta ou se fica sendo cuidada por
várias outras pessoas de tempo em tempo.
Desta forma, a
descontinuidade na relação mãe-filho, traz efeitos prejudiciais no
desenvolvimento infantil.
Outro conjunto de
condições que emprega o termo “privação da mãe” refere-se ao tipo de relação
entre o par que acontece de maneira prejudicial, ou seja, de maneira
distorcida, como: rejeição, hostilidade, crueldade, falta de afeto, repressão e
controle excessivo.
A insuficiência, a
descontinuidade e distorção da relação mãe e filho, são três definições
utilizadas para ajudar a distinguir e compreender as condições de privação
materna que levam a efeitos prejudiciais variados.
Tais efeitos
prejudiciais não variam quanto à natureza, mas quanto ao grau em que foram
sentidos, incluindo a idade da criança na época da privação.
A criança que sofre
privação por uma relação insuficiente ou que passou pela descontinuidade e já
recebe, no momento atual, cuidados de uma mãe substituta (estranha), são casos
de privação parcial, pois são situações em que a não dispõe de uma única pessoa
que cuide dela de forma pessoal, são exemplos de instituições e creches de
período integral.
No caso da privação
total, a criança ficou totalmente privada de afeto e cuidados, sendo abandonada
emocionalmente.
A privação parcial
causa angústia, exagerada necessidade de amor, fortes sentimentos de vingança
e, como conseqüência, culpa e depressão.
A privação total
traz efeitos mais negativos ao desenvolvimento emocional, que já se tornou
prejudicado desde as primeiras semanas de vida.
Como já fora
mencionado, alguns fatores importantes contribuem para os efeitos prejudiciais
da privação: o tempo a idade em que a criança o em que a criança ficou privada
dos cuidados e o grau em que eles lhe faltaram.
Outro fator para
tais efeitos é a idade em que a criança sofre a privação.
“Um estudo muito cuidadoso do choro e do
balbucio dos bebês mostrou que os que se achavam num orfanato, desde o
nascimento até os seis meses de idade, vocalizavam sempre menos do que os que
viviam com famílias, podendo-se notar claramente a diferença já antes dos dois
meses de idade. Este atraso na “fala” é especialmente característico da criança
em instituição, em qualquer idade.” (BOLWBY, 1981, p.22-23)
Todas as crianças
com menos de sete anos estão sujeitas ao risco de efeitos prejudiciais da
privação, e alguns destes efeitos podem ser discerníveis já nas primeiras
semanas de vida do bebê.
Eles afetam o
desenvolvimento infantil física, intelectual, emocional e socialmente.
Um grande número de
pesquisadores estudou detalhadamente os efeitos da privação materna em
crianças, desde que eram bebês, principalmente naqueles que viviam em
instituições.
Tais pesquisas
chegaram ao consenso de que o desenvolvimento de crianças que vivem em
instituições está abaixo da média, já nos primeiros meses de vida:
Entre os sintomas
observados, constatou-se que o bebê que sofre de privação pode deixar de sorrir
para um rosto humano ou de reagir quando alguém brinca com ele ou apesar de bem
nutrido, pode não engordar, pode dormir mal e não demonstrar iniciativa.
Os bebês entre seis
e doze meses separados de suas mães, sem receberem uma mãe substituta adequada,
apresentam diversas características típicas de um adulto depressivo:
“A criança se afasta de tudo ao seu redor,
não há qualquer tentativa de contato com um estranho, e nenhuma reação positiva
se este estranho a toca. Há um atraso nas atividades e a criança freqüentemente
fica sentada ou deitada inerte, em profundo estupor. A falta de sono é bastante
comum e todas têm falta de apetite. A criança perde peso e apanha infecções
facilmente. Há uma queda acentuada em seu desenvolvimento geral.” (BOWLBY,
1981, p.26)
Se for
proporcionada à criança uma mãe substituta única e presente, durante seu
primeiro ano de vida, as conseqüências negativas podem ser evitadas.
No entanto, especialistas
acreditam que, embora a recuperação da criança seja rápida com o retorno da
mãe, ela pode ser dificultada e incompleta depois de três meses de privação.
Sptiz (1998)
estudou e detalhou mais especificamente, patologias do desenvolvimento infantil
no primeiro ano de vida, causado por distúrbios da personalidade materna, que
se refletem nas perturbações da criança.
Aos dois ou três
anos, as mães substitutas são completamente rejeitadas, o que agrava a
recuperação da criança separada de sua mãe:
“... ficando a criança inconsolável por
vários dias, uma semana ou mesmo mais, sem interrupção. Na maior parte deste
tempo, ela fica num estado de desespero agitado, gritando ou gemendo. Recusa
tanto o alimento quanto a ajuda. Apenas a exaustão a leva ao sono. Depois de
alguns dias, a criança fica mais quieta e pode cair em apatia, da qual vai
emergindo lentamente para começar a se interessar pelo ambiente estranho.
Contudo, durante semanas, ou mesmo meses, ela poderá apresentar uma regressão a
comportamentos de bebê. Poderá molhar a cama, masturba-se, parar de falar e
insistir em ser carregada ao colo, de tal forma que uma atendente menos
experiente pode julgá-lo mentalmente deficiente.” (BOWLBY,1981, p.270).
Crianças de três,
quatro anos separadas e privadas de suas mães, tornam-se claramente hostis.
A mãe, por sua
ausência, passa a ser uma pessoa odiada.
A hostilidade pode
ser manifestada de várias formas: birras, violências, fantasias contra seus
pais.
Todo este ódio é
fruto do sentimento de abandono pela mãe ou ambos os pais, levando a criança a
um conflito de ambivalência, de amor e ódio.
Este sentimento
conflitante produz angústia e depressão e provoca um comportamento agressivo e
delinqüente.
Em casos extremos,
também pode levar ao suicídio como alternativa de assassinato dos pais.
O fato de a criança
estabelecer relações e posteriormente perde-las, causa o medo de ser ferido de
novo, levando-a a se afastar do contato humano, a se fechar em si mesma e
evitar maiores frustrações.
Como consequência,
acaba perdendo a capacidade de estabelecer relações afetivas, sem perder o seu
desejo de amar, que fica reprimido.
A repressão deste
desejo de amor é que leva a comportamentos como relações sexuais promíscuas,
frutos e sentimentos de vingança.
Crianças que sofreram
privação total, não apresentarão as mesmas características, pois já têm o seu
desenvolvimento emocional prejudicado, ou seja, não formaram vínculos afetivos.
Seus sintomas são
considerados mais graves, se relacionam com outras pessoas de forma superficial,
não demonstrando sentimentos verdadeiros, são incapazes de se interessarem ou
estabelecerem laços de amizade profunda, não apresenta reações emocionais, não
demonstram afeto e nem preocupação.
Geralmente são
falsas, furtam, mentem constantemente, são agressivas e apresenta sexualidade
precoce, promiscuidade, baixo nível de inteligência, baixa capacidade de
abstração e de raciocínio lógico, além de déficit no desenvolvimento da fala.
Em longo prazo, as
crianças que sofreram privação total, podem desenvolver personalidade delinquente,
psicopata e incapaz de afeição (BOWLBY, 1981).
Aos cinco ou seis
anos, os danos que a privação causa tornam-se mais leves e diminuem.
Nesta fase, a
criança já é capaz de entender melhor as situações que levaram à falta da mãe.
Porém, é mais comum
nesta idade a idéia de punição, ou seja, a criança acredita que ficou sem a mãe
como castigo por ter sido má ou que foi separada de sua família por sua culpa.
É uma interpretação
errônea que nem sempre é expressa pela criança.
Por carregar a
culpa pela separação de sua mãe ou família, torna-se maior sua lealdade, que é
esta ligação profunda da criança com seus pais, por mais terríveis e maus que
tenham sido.
Mesmo a privação
sendo causada pela relação distorcida, ainda assim, a criança é fiel aos pais.
Inúmeros são os
estudos de psiquiatras e psicanalistas que buscam explicar a distúrbio mental
relacionada a uma perda, seja esta pelo luto ou pela separação, sentida pelo
adulto, jovem ou criança.
O fato é que perder
uma pessoa amada é uma das experiências mais intensamente dolorosas que o ser
humano pode sofrer e, quando pensamos que esta experiência pode também atingir
uma criança, voltamos nossa atenção a esta fase que significa a base para o bom
desenvolvimento do individuo: a infância.
Estudiosos ou não,
todas as pessoas se preocupam com os infortúnios que uma criança possa passar,
principalmente porque ela é um ser humano totalmente, frágil, sensível e tão
cedo já se depara com espinhos da vida.
Mas nem sempre os
adultos preferem enxergar esse tão doloroso sofrimento da perda ou privação,
vivenciada pela criança.
Preferem acreditar
que a criança se esquecera da mãe, ou que não sabe o que está acontecendo, como
se ela fosse uma lousa onde tudo que vivenciou pudesse ser apagado e escrito uma
nova vida.
Embora esta fosse a
vontade de muitos, observações mostram que o desejo de retorna da mãe persiste
na criança e que esta persistência vem carregada de uma hostilidade; também
revelam que até as crianças pequenas tem capacidade de reter na memória seu
modelo de mãe ausente e se lembram dela durante a permanência com pessoas
estranhas.
Os efeitos da
privação podem ser variados, de acordo com a idade que a criança se encontra ao
ter inicio esta privação.
Estas variáveis
determinam quais os processos no desenvolvimento infantil que serão afetados
negativamente.
Dentre os processos
intelectuais, a linguagem e abstração ficam mais vulneráveis e dentre os
processos da personalidade, a capacidade de estabelecer e manter relações
interpessoais profundas e significativas, juntamente com a capacidade de
controlar os impulsos, parece que são os mais atingidos.
Ao entendermos que
para a aquisição da aprendizagem faz-se necessário um ambiente adequado e
estimulador, podemos supor então, o quanto ela se tornará difícil para estas
crianças que foram privadas de suas mães ou não tiveram a intenção e
estimulação satisfatória com seu ambiente inicial.
Segundo teorias
psicanalíticas, a privação precoce da mãe faz com que a criança crie defesas
contra novas frustrações, decorrentes da interação com novos ambientes que
venha a conhecer, ou seja, a criança pode se tornar isolada e resistente a
mudanças, afetando assim a aprendizagem de algo novo.
Uma reversão só
seria possível com o máximo de esforços de um novo ambiente para romper estas
defesas e, com certeza, a educação também tem que cumprir a sua parte nesta
tarefa.
Interesses e
preferências da mãe são influencias para o desenvolvimento infantil.
Não só influenciam
como também incentivam determinados tipos e níveis do desenvolvimento, ou seja,
a criança parece concentrar-se e desenvolver-se melhor naqueles níveis que
recebem mais diretamente o amor e aprovação materna e o prazer da mãe nos
feitos dos filhos.
Contrariamente,
parece negligenciar os níveis do desenvolvimento que não recebem esta aprovação
(FREUD. A. 1971).
Isto que dizer que
as atividades aclamadas pela mãe são repetidas com mais frequência, tornando-se
libidinizadas e, por tanto, são estimuladas em sua evolução.
Tudo isto significa
que quando há um desequilíbrio em algumas etapas do desenvolvimento infantil
como um todo, eles podem ter sido criados por situações externas; especificamente
para este estudo, pela privação afetiva da mãe.
As etapas pelas
quais passa a criança pequena desde a sua completa dependência corporal e
emocional até a sua autoconfiança e amadurecimento sexual seguem uma linha
gradual de desenvolvimento, que vai fornecer a base para o que é normal ou
anormal, em relação ao emocional do individuo.
As etapas do
desenvolvimento recebem a contribuição do id e do ego em formação.
A disposição da
criança para enfrentar acontecimentos que geram angustia e ansiedades, como por
exemplo, o nascimento de um irmão, hospitalização, entrada na escola, etc., é
vista como resultado direto do progresso em todas as linhas de seu
desenvolvimento.
Se os níveis
adequados foram atingidos, os acontecimentos poderão ser benéficos para a
criança, caso contrário, os esforços por parte dos pais, enfermeiras e
professores não impedirão sentimentos de aflição, fracasso, e infelicidade por
deixar temporariamente seu ambiente familiar e a presença constante da mãe.
Até a maturidade
emocional sadia do individuo adulto há um longo caminho a percorrer, cheio de
níveis pertinentes passados na infância, aos quais a Psicologia e Psicanálise se
encarregam de estudar.
No entanto, há
diretrizes básicas no desenvolvimento infantil que merecem receber atenção por se
tratarem especificamente de diretrizes que sofrem influencias negativas
diretas, e conseqüentemente, tornam-se prejudicadas pela falta da mãe, como foram
mencionadas anteriormente; a interação social, a capacidade de abstração e o
desenvolvimento da linguagem.
Quando nasce, a
criança é muito indefesa; sua sobrevivência dependerá da ajuda prestada pelo
grupo social onde ela vive.
Ao mesmo tempo, ela
possui uma grande capacidade para a aprendizagem, já que o sistema perceptivo
herdado geneticamente encontra-se organizado, colocando-a em contato com o meio
através dos sentidos, e servindo para estabelecer relações entre organismo e
meio, sobretudo às características do meio que possam ter conseqüências
positivas ou negativas.
De acordo com
Spitz:
“O primeiro ano de vida é o período mais
plácido no desenvolvimento humano. O homem nasce com um mínimo de padrões de
comportamento pré-formados e deve adquiris incontáveis habilidades no decorrer
do seu primeiro ano de vida. Nunca mais na vida tanto será aprendido em tão
pouco tempo.” (SPITZ, 198, p. 109)
Além da capacidade
de percepção, a criança esta constantemente sendo estimulada a perceber o meio
que a cerca.
Ela sente-se mais
atraída pelos estímulos de origem social, como o rosto humano.
Sem dúvida, o
estimulo mais relevante para o bebê é aquela pessoa que cuida dele: a mãe.
O rosto humano é
dotado de características que atraem o bebê, como o brilho dos olhos, o
contraste entre o cabelo e a fronte, o contraste entre os olhos e a boca, cor,
movimento, expressões faciais e um outro estimulo sonoro que a criança gosta: a
voz humana que sai da boca.
Tanto sua
capacidade de aprendizagem quanto, sua atração por estímulos sociais, fazem com
que a criança esteja em condições ideais para iniciar o processo de assimilação
de valores, normas e formas de agir que seu grupo social irá transmitir-lhe.
A transição
cultural que envolve regras, valores, costume, atribuição de papeis, ensino da
linguagem, habilidades e conteúdos escolares, é realizada através de
determinados grupos sociais encarregados de incorporar a criança á sociedade.
Entre estes agentes
sociais estão a mãe,pai, os irmãos, outros familiares, amigos, professores e
outros como os meios de comunicação.
De acordo com Coll
(1995), os processos de socialização pelo qual passa a criança são basicamente
três mais importantes:
- Os processos
mentais de socialização: aquisição de conhecimentos;
- Os processos
afetivos de socialização: formação de vínculos;
- Os processos
condutais de socialização: conformação social da conduta.
Os vínculos
afetivos que a criança estabelece com a família e amigos são à base de seu
desenvolvimento social, pois uma vez estabelecidos, unem a criança aos demais e
a sua manutenção transforma-se em um dos motivos fundamentais da sua própria
conduta social, como ter empatia pelo outro, colocando-se em seu lugar; o apego
emocional; a formação de amizades profundas, etc.
Os processos
mentais de socialização como: conhecimento de valores, normas, aprendizagem da
linguagem, conhecimentos adquiridos na escola e outras fontes, fazem com que a
criança conheça como é sua sociedade, comunique-se com os demais membros e
comporte-se de acordo com o que é esperado dela.
A socialização
envolve também a aquisição de condutas que são consideradas desejáveis, bem
como a se evitar aquelas que são consideradas anti-sociais.
Para isto não basta
que a criança saiba o que é certo ou errado, mas que saiba ter controle sobre
sua conduta e sinta-se na moral, no raciocínio sobre a utilidade social de
determinados comportamentos, bem como suas conseqüências, o medo do castigo e o
medo de perder o amor e favores que recebe dos demais.
Se a criança
vincula-se afetivamente a determinados adultos, se adquire o conhecimento de
que a sociedade é o que espera dela, e se tem um comportamento adequado a estas
expectativas, estará bem socializada.
Há uma sociedade
estabelecida dentro do par mãe-filho, onde as trocas estão em fluxo contínuo,
cada um deles é o complemento do outro, enquanto a mãe fornece o que o bebê
precisa e o bebê por sua vez, fornece o que a mãe precisa para sentir-se bem.
A partir do inicio
da vida, a mãe é o parceiro do filho que serve de mediador a toda percepção,
toda ação, todo conhecimento.
Quando os olhos do
bebê seguem cada movimento da mãe, quando ele consegue fixar-se no rosto da mãe
de forma preferencial às outras coisas externas, devido às trocas afetivas
continuas, este rosto materno assumira cada vez mais um significado maior.
Esta seleção faz
parte de um processo de aprendizagem, onde são de extrema importância os
sentimentos das mães em relação ao seu filho.
A mãe oferece um
clima emocional favorável e uma variedade de experiências vitais: o que tona
estas experiências tão importantes para a criança é o fato de que elas são
enriquecidas e caracterizadas pelo afeto materno.
A existência da
mãe, sua simples presença, age como um estímulo para as respostas do bebê; sua
menor ação por mais insignificante que seja, mesmo quando não está relacionada
com o bebê, age como estímulo.
Seus afetos, seu
prazer, suas próprias ações, conscientes ou inconscientes, facilitam inúmeras e
varias ações do filho.
Pode-se dizer que
“o maior grau de facilitação para ações do bebê é propiciado, não pelas ações
conscientes da mãe, mas por suas atitudes inconscientes” (SPITZ, 1998).
Os fatores
relevantes para a socialização são: de um lado, a mãe com sua individualidade,
e de outro lado, a criança cujo desenvolvimento se estabelece progressivamente,
através de continua inter-relação, com a ajuda de outros membros do meio familiar.
Como se desenvolve
a personalidade e os processos de abstração do individuo em processo de
interação e adaptação ao meio, enquanto que para tal depende dos cuidados
maternos?
À medida que a
personalidade se desenvolve, o individuo torna-se cada vez mais apto a escolher
e criar seu ambiente, e passa a planejar para conseguir o que quer.
Isto significa que
ele aprende a pensar de forma abstrata, aprende a usar a imaginação e fazer
considerações sobre seus desejos imediatos e objetivos almejados.
Conforme a criança
cresce, espera-se dela que pense antes de agir, que tenha capacidade de fazer
abstrações do tempo e do espaço, a fim de poder considerar as coisas que quer
no futuro e a perceber que para serem conseguidos, alguns desejos e vontades
precisam ser sacrificados.
É através da
percepção de coisas que agradam e desagradam às pessoas, que a criança passa a
aprender e a ter consciência de seus atos, sendo que é a mãe quem agirá como
esta consciência nos estágios iniciais do desenvolvimento infantil, até que ela
atinja um grau de maturidade e se estabeleça como um indivíduo consciente e de
personalidade própria.
As perturbações que
a personalidade e consciência podem passar geralmente se devem a distúrbios
sofridos em etapas importantes do desenvolvimento infantil como: a fase na qual
o bebê está a caminho de estabelecer uma relação com uma pessoa que identifica
claramente a mãe, por volta dos cinco ou seis meses; a fase na qual ele
necessita da presença constante da mãe, geralmente até o seu terceiro aniversário;
a fase na qual a criança começa a relação com a mãe mesmo quando ela está
ausente.
São estes os
processos que são prejudicados pela privação, impedindo que a personalidade e
consciência se desenvolvam bem.
Se o comportamento
da criança é impulsivo e descontrolado e ela não é capaz de ter objetivos em
longo prazo porque cede aos prazeres momentâneos, se seus desejos são ou devem
ser todos realizados, se não há um poder de se auto-contentar, é porque sua
personalidade foi incapaz de aprender com a experiência, resultado este da
falta da mãe que deveria agir como uma consciência da criança pequena.
Indivíduos que
apresentam estas características têm reduzidas as capacidades para lidar com
idéias ao invés de ficarem presos aos objetivos do momento.
Todas as crianças
institucionalizadas, estudadas por Bowlby (1981), apresentam uma incapacidade
grave e especifica para o raciocínio abstrato – o pensamento necessário à ação
do eu, da consciência.
A criança pequena
deve pensar antes de agir e deve abandonar a resposta automática a qualquer
acontecimento, só então se tornará uma pessoa completa, por exemplo: espera-se
que a criança não saia correndo em direção à rua, atrás de sua bola, sem tomar
os cuidados necessários para atravessar, e isto acontece quando ela para pra
pensar o que vai fazer.
É possível que
quando o raciocínio abstrato não se desenvolve adequadamente, através da
interação satisfatória com a mãe, a personalidade não possa amadurecer
totalmente, ou seja, a pessoa torna-se um adulto cujo ego é enfraquecido.
Segundo a teoria
psicanalítica, a probabilidade de uma criança permanecer mentalmente saudável
está relacionada com a capacidade de seu ego para arcar com as ansiedades, isto
é, o ego é mediador entre o eu e o meio ambiente, capaz de tolerar as
frustrações.
Este ego só pode se
desenvolver de forma saudável se a criança tem assegurada em sua infância a
permanência da pessoa capaz de lhe proporcionar esta experiência: a mãe ou a
mãe substituta.
Mas por que a
criança que sofre privação tem prejudicada a sua capacidade de raciocínio
abstrato?
Ora, a mãe é
considerada nos primeiros anos de vida da criança, como sua personalidade e
consciência.
A criança
institucionalizada, geralmente, nunca teve esta experiência e conseqüentemente
não pôde completar a primeira fase do desenvolvimento estabelecendo uma relação
com a figura materna claramente definida.
A sucessão de
substitutos ou de outros agentes disponíveis para seus cuidados, não lhe deu a
continuidade no tempo, que faz parte da essência da personalidade.
Como as crianças de
instituição nunca foram cuidadas por uma única e permanente pessoa, não tiveram
oportunidade de aprender os processos de abstração e de organização do comportamento
no tempo e no espaço.
Ao contrario
daquelas que vivem com suas famílias, dentro deste grupo, a criança é
encorajada a expressar-se tanto socialmente quanto nas brincadeiras; já se
tornou um ser com características próprias para sua família, sabe das coisas
que ela gosta e que não gosta e ela própria esta aprendendo a modificar seu
ambiente, levando as pessoas a fazer o que ela quer.
Estas práticas são
importantes para o desenvolvimento da personalidade e isto não ocorre dentro de
uma instituição para crianças abandonadas e longe de suas famílias.
Se a criança sofre
a privação na segunda fase, a qual ela precisa constantemente da figura da mãe
para sentir-se segura, defronta-se com uma situação na qual se sente apavorada
e frente a tarefas que sente como impossíveis.
Nesta situação, é
possível que as capacidades já adquiridas sejam perdidas e a criança regrida às
formas mais infantis de comportamento.
O ser humano é um
aprendiz da língua praticamente desde os primeiros dias de vida até a idade
adulta.
O domínio
progressivo das habilidades do uso da linguagem é um fator decisivo no
desenvolvimento psicológico geral.
A evolução da
linguagem está relacionada ao meio social e à capacidade intelectual, ou seja,
a experiência proporcionada pelo uso que os demais fazem da linguagem em suas
interações e, especialmente, ao comunicar-se com a própria criança, oferecendo
a ela sua principal fonte de informação sobre a linguagem.
A aquisição da fala
é um processo complexo.
A vocalização do
bebê, que no inicio servia para descarregar as tensões, agora passa por
modificações e torna-se um jogo onde a criança repete e imita sons que ela
mesma produziu.
A criança percebe
sua vocalização por volta dos três meses, repete-os e, mais tarde, utiliza
estas experiências ao imitar os sons que ouve de sua mãe.
Normalmente o meio
social oferece um modelo de uso da linguagem, adaptado aos modos de vida e ao
tipo de interações habituais nesse meio social.
Uma família que
possui um bebê pode, por exemplo, utilizar um notável e comum modelo de fala,
onde tende a simplificar a fala dirigida à criança pequena, adaptando-se à
capacidade do bebê ou, mais exatamente, a uma melhor interpretação e de consequência
otimizadora da capacidade do bebê: é a fala maternal, que dura até por volta
dos dois anos.
Depois desta idade,
a criança consegue regular, com o adulto, o diálogo sem se acomodar ao
interlocutor infantil, e vai aproximando sua fala ao padrão.
A fala maternal usa
procedimentos que facilitam a compreensão: ela é simples e repetitiva como, por
exemplo, au-au para referir-se a cachorro, piu-piu para passarinho e mamá para
mamadeira, além de ser enfática, com pronunciação lenta e rítmica, de
acentuação e entonação muito marcadas e freqüentemente acompanhadas de
gesticulação vocal.
A pronunciação das
vogais é prolongada, busca a facilitação do significado com o apoio dos gestos
e refere-se tão somente ao contexto linguístico acessível, ou seja, situa-se
unicamente no presente.
É uma fala
carregada de entonação suave e carinhosa.
A fala da criança
de dois ou três anos compartilha muitas vezes destas características e somente
começa a se assemelhar à fala convencional quando os adultos próximos abandonam
o estilo maternal e proporcionam outras formas comunicativas usuais.
Portanto, uma das
primeiras experiências de aprendizagem da aquisição da fala, se dá na
inter-relação mãe-filho, que facilita e precede a aquisição da linguagem
propriamente dita.
Sendo o recém
nascido um individuo ativo, preparado para receber o intercambio social na
interação com o meio, busca estímulos e organiza a informação adquirida,
mostrando condutas especificas relacionadas á linguagem humana.
O adulto é quem
controla estes intercâmbios sociais; e estas interações iniciais que a mãe
oferece ao bebê, dão origem a significados rudimentares, compartilhados pela
criança e por quem cuida dela.
Um sabe o que
esperar do outro enquanto resposta determinado comportamento.
No entanto, não
basta apenas a afetividade, mas a comunicação que se estabelece nesta
interação.
Através da
comunicação, as interações podem tornar-se mais complexas, pois surge no
contexto o mundo dos objetos externos aos jogos de mãe e filho.
Coll (1995), falou
da relação entre estes jogos e a aquisição da linguagem.
Este autor emprega
o nome de formato para descrever estas interações triangulares
(mãe-filho-objeto).
Em suma, distingue:
- Formatos de ação
conjunta: situações nas quais o adulto e a criança agem conjuntamente sobre um
objeto, como: “jogo de dar e tomar”, “o jogo de tirar e colocar”;
- Formatos de
atençãoconjunta: situações nas quais o adulto e a criança observam
conjuntamente um objeto, como: jogos de indicação e jogo de leitura de livros e
gravuras, etc.;
- Formatos mistos
têm as características da ação e atenção conjunta, como o jogo do “cuco”, onde
se esconde e faz-se reaparecer algo.
Nos três tipos de
formatos, o adulto e a criança envolvem-se conjuntamente na elaboração de
procedimentos, ou seja, ambos têm que negociar e estabelecer a conduta a ser
seguida.
As relações sociais
envolvidas estão no fato de que alguns jogos fazem com que adulto e crianças
façam coisas para e com o outro, sendo a comunicação o instrumento fundamental.
As implicações
educacionais das características inerentes ao processo da linguagem e
comunicação são importantes.
Em primeiro lugar,
o domínio das habilidades comunicativas é conseguido no contexto das relações
individuais em situações variadas.
Em segundo lugar,
as tarefas envolvidas precisam ser motivantes para a criança.
As palavras que a
criança incorpora relacionam-se diretamente ao contexto que vivencia e são
utilizadas neles.
As primeiras
palavras são empregadas, em primeiro momento, de forma contextualizada, para
posteriormente serem utilizadas referencialmente em outras situações, como é o
caso da criança que aprendeu a palavra “acabou” e a utiliza tanto para
referir-se a algo que realmente acabou, quanto para alguma ação que queira
realizar.
Assim, da mesma
forma que a criança vai estabelecendo o significado de suas primeiras palavras,
vai compreendendo cada vês melhor o caráter instrumental da linguagem.
A criança passa a
aumentar seu vocabulário a partir da necessidade de nomear a realidade que
circunda, no contexto em que participa ou de expressar sua intenção neste
contexto.
Através da
interação com o meio, a aquisição da linguagem se processa de varias maneiras,
onde todos os agentes envolvidos contribuem para o ensino desta á criança.
Porém, dando mais
ênfase nesse processo relacionado á Psicanálise e a importância da interação
que a criança tem com sua mãe.
Uma das explicações
encontradas, diz respeito á incorporação de uma determinada palavra: o não.
Spitz (1998)
refere-se á compreensão que a criança adquire sobre proibições, como um dos
mais importantes requisitos para a comunicação humana.
A partir do momento
que a criança aprende a andar e foge ao controle da mãe, ocorre uma mudança
significativa na comunicação entre mãe e filho.
Há uma maior
predominância da palavra não, de modo que a intervenção materna tem que basear
cada vez mais em gestos e palavras.
Desde que a
locomoção é adquirida, o cantarolar, os balbucios de antes e os contatos
corporais freqüentes, que são diminuídos, se transformam em ordens, proibições
e reprovações.
O que a mãe mais
fala agora é ”Não! Não!” e dizendo isto também balança a cabeça e faz sinal com
o dedo indicador, impedindo a criança de fazer o que estava pretendendo.
A criança entende
as proibições da mãe através de um processo de identificação. Para a criança,
este meneio de cabeça torna-se símbolo duradouro da ação frustradora da mãe.
A criança adotara
este gesto, mesmo quando adulta, pois foi adquirido e reforçado durante o
período mais arcaico da consciência, no inicio do estagio verbal.
Segundo o autor, o
meneio negativo da cabeça e a palavra “Não”, são diferentes das outras palavras
globais, como “mamá”, “papá”, etc., pois representam um conceito: o conceito de
negação, de recusa.
Não é apenas um
sinal, mas um signo da atitude da criança, consciente ou inconsciente.
Trata-se do
primeiro conceito abstrato formado na mente da criança.
O meneio negativo
de cabeça não é apenas imitação do gesto da mãe.
A criança é quem
escolhe a situação em que vai usar o gesto e, depois a palavra.
Quando a criança
recusa algo que a mãe deseja ou oferece, é como se ela fosse imitar, como se o
gesto negativo da mãe tivesse sido registrado na memória da criança.
Entretanto, após
registrar na memória a associação do meneio de cabeça com recusa, a criança,
por sua vez, reproduz o gesto quando ela expressa recusa.
O principal fato
intelectual necessário para tais abstrações e generalizações não é explicado
apenas através da acumulação de traços de memória.
A psicologia da
Gestalt diz que tarefas inacabadas são lembradas, enquanto que as tarefas
acabadas são esquecidas, então, quando a mãe proíbe ou recusa alguma coisa, o
seu “Não” impede a criança de completar a tarefa que pretendia realizar.
O fato de a criança
não poder realizar a tarefa reforçará, assim, a sua recordação e lembrança do
que significa a palavra “não”.
Segundo a teoria da
psicanalítica, todo “Não” da mãe representa uma frustração emocional para a
criança.
Há uma carga
afetiva de desprazer que acompanha a frustração e que provoca um impulso
afetivo do id.
Um traço de memória
é registrado no ego da proibição e será investido com esta catexia agressiva.
A criança passa a
viver no conflito entre a ligação libidinal, que a atrai para a mãe, e a
agressão provocada pela frustração que esta mesma mãe lhe impõe.
Entre o desprazer
de se opor á mãe, arriscando-se a perder o objeto, a criança recorre a um mecanismo
de defesa, a “identificação com o agressor”, conforme foi descrita por Anna
Freud (1971).
Esta identificação
com o agressor será seguida, por um ataque contra o mundo exterior.
Na criança de
quinze meses, este ataque assume a forma do ”Não” primeiro o gesto o depois a
palavra que a criança obtém do objeto libidinal.
Devido a numerosas
experiências de desprazer, o “Não” é investido co catexia agressiva.
Isto torna esta
palavra apropriada para expressar agressão, e é por isso que o “Não” é usado no
mecanismo de defesa de identificação com o agressor e é voltado contra o objeto
libidinal.
Uma vez que este
passo tenha sido completado, pode começar a famosa fase de teimosia, com a qual
marca o período do segundo ano de vida.
É muito importante
a avaliação global da criança ou do adolescente, considerando as diversas
possibilidades de alterações que resultam nas Dificuldades de Aprendizagem,
para que o tratamento seja o mais especifico e objetivo possível.
Algumas
Dificuldades de Aprendizagem englobam, principalmente, as chamadas disfunções
cerebrais, como Transtorno da Leitura, Transtorno da Matemática e Transtorno da
Expressão Escrita, bem como os transtornos da linguagem falada.
Outras Dificuldades
de Aprendizagem seriam conseqüentes a alterações biológicas especificas e bem
estabelecidas e alterações comportamentais bem esclarecidas, sendo estas
ultimas mais freqüentes em escolares.
Em relação ás
alterações biológicas têm-se as lesões cerebrais, Paralisia Cerebral, Epilepsia
e Deficiência Mental.
Ainda dentro das
causas biológicas, há as situações de dificuldades de aprendizagem conseqüentes
a outros problemas perceptivos que afetam a discriminação, síntese, memória e
relação espacial e visualização.
Em relação aos
problemas de comportamento, um dos fatores mais marcantes para o
desenvolvimento de Dificuldade de Aprendizagem são os quadros classificados
como Comportamento Disruptivo e, dentro deles, o Transtorno do Déficit de
Atenção e Hiperatividade e o Transtorno Desafiador o Opositivo.
Quanto aos
problemas emocionais que favorecem as Dificuldades de Aprendizagem, principal
item abordado neste Artigo, aparecem a Depressão Infantil e do Adolescente, a
Ansiedade de Separação na Infância e a Privação Materna.
Algumas inibições,
sintomas e ansiedades surgem quando uma determinada fase do crescimento impõe
exigências excessivas à personalidade da criança, ou seja, quando a criança
ainda não está apta ou preparada para passar por determinadas situações; se
tais sintomas não forem mal conduzidos pelos pais ou professores podem
desaparecer logo que a adaptação ao nível do desenvolvimento tiver sido feita.
Geralmente, os
sintomas patológicos não causam o sofrimento da criança, mas sim as ações
restritivas dos pais.
Até a enurese e
encoprese (ato de urinar e defecar na roupa) podem ser ignorados e não vistos
como humilhantes pela criança aflita, mostrando que elas sofrem menos do que os
adultos de suas psicopatologias, porém sofrem mais que eles de outras tensões a
que são expostas: as crianças pequenas sofrem de todo e qualquer racionamento,
demora e frustrações que imponha às suas necessidades corporais e derivadas de
impulso; sofrem em virtude de separações de seus primeiros objetos de amor,
seja qual for o motivo que eles ocorreram; em virtude de decepções reais ou
imaginadas causadas por tais objetos; sofrem de ansiedades causadas pelo
complexo de Édipo e complexo de castração, por culpas, fantasias, etc.
Até uma criança
normal pode sentir-se infeliz por vários destes motivos, inclusive os
fantasiosos, levando-a a reagir emocionalmente com variados comportamentos.
Em contrate, é a
criança obediente, quieta e resignada que deve ser desconfiada pelos adultos de
que processos anormais estão atuando nela.
As crianças tidas
como boas e quietinhas, isto é, que aceitam sem protestar qualquer condição
desfavorável, pode estar agindo assim porque sofrem de algum dano no
desenvolvimento do ego e uma passividade do lado de seus impulsos (FRUD, A.,
1971).
As crianças que
separam com muita facilidade de seus pais podem assim proceder porque não
formaram relações normais; não sentir aflição e ansiedade quando há ameaça de
perda de amor não é sinal de saúde e forca numa criança, ao contrario, está
longe de ser saudável, pois não protestar se aproxima “da primeira indicação de
renuncia autístita ao mundo dos objetos” (FREUD, A., 1971, p.109).
A sintomatologia das
crianças separadas de suas mães é similar aos sintomas conhecidos da depressão
em adultos.
Este fato mostra
que, desde muito novas, as crianças podem sofrer de depressão como consequência
de uma privação e, se não diagnosticada e tratada desde o inicio, ela
arrasta-se com o doente interferindo no seu di a dia.
Contudo, apesar de
terem sintomas similares, a depressão no adulto e a depressão na criança passam
por processos psíquicos diferentes.
O trabalho
refere-se á Depressão Infantil, neste item, como uma consequência da carência
afetiva, onde a criança foi privada dos cuidados maternos – o que não exclui a
possibilidade de, mesmo quando presente, a mãe privar seu filho de afetos.
Embora na maioria
das crianças, os sintomas de depressão sejam atípicos, algumas podem apresentar
sintomas clássicos como tristeza, ansiedade, expectativa pessimista,mudanças no
habito alimentar e no sono, ou por outro lado, problemas físicos como dores
inespecíficas, fraqueza, tonturas, mal estar geral que não respondem ao tratamento
médico habitual.
Em crianças e
adolescentes a Depressão, em sua forma atípica, esconde verdadeiros sentimentos
depressivos sob uma máscara de irritabilidade, hiperatividade e rebeldia.
As crianças mais
novas, devido à falta de habilidade para a comunicação que demonstre seu
verdadeiro estado emocional, também manifestam a Depressão atípica com
hiperatividade.
A Depressão na
criança e no adolescente pode ter inicio com perda de interesse pelas
atividades que habitualmente eram interessantes, manifestando-se como uma
espécie de aborrecimento constante diante dos jogos, brincadeiras, esportes,
sair com amigos, etc., além de apatia e redução significativa da atividade.
Às vezes pode haver
tristeza.
Ainda aparece
diminuição da atenção e da concentração, perda de confiança em si mesmo,
sentimento de inferioridade e baixa auto-estima, idéia de culpa e inutilidade,
tendências e ideias ao suicídio.
Na criança e
adolescente é comum a Depressão acompanhada também de sintomas físicos, tais
como fadiga, perda de apetite, diminuição da atividade, queixas inespecíficas
tais como cefaléias, lombalgia, dores nas pernas, náuseas, vômitos, cólicas
intestinais, vista escura, tonturas, etc.
Quanto ao
comportamento, a Depressão na Infância e Adolescência pode causar deterioração
nas relações com os demais familiares e colegas, perda de interesse e
isolamento.
As alterações
cognitivas da Depressão Infantil, principalmente a relacionadas à atenção,
raciocínio e memória, interferem fundamentalmente no rendimento escolar.
Tendo em vista o
fato de ser possível que muitos sintomas relacionados apareçam naturalmente
como parte das etapas normais de desenvolvimento da infância e adolescência,
para estabelecer um diagnóstico provável de Depressão, é necessário avaliar sua
situação familiar, existencial, seu nível de maturidade emocional e,
principalmente, sua auto-estima e conduta.
Na fase pré-escolar
as crianças podem somatizar o transtorno afetivo, o qual se manifesta através
de dor abdominal, falta de peso, retardo no desenvolvimento físico esperado
para a idade, além da fisionomia triste, irritabilidade, alteração do apetite,
hiperatividade e medo inespecífico.
Na fase escolar, o
cansaço, a dificuldade concentração, as alterações da memória, são as
complicações da Depressão Infantil, que comprometem muito o rendimento escolar
e a aprendizagem.
O propósito deste
trabalho foi chamar a atenção para um grave problema emocional que, da mesma
forma que atinge os vários aspectos do desenvolvimento infantil, também se
reflete negativamente na aprendizagem escolar.
Separar, seja qual
for a razão, uma criança pequena de sua mãe, durante o período de unidade
biológica entre ambas, representa uma interferência injustificada com as mais
importantes necessidades que acompanham o bebê.
Como tal, a criança
reage com aflição legítima, a qual só pode ser avaliada pelo regresso da mãe
ou, a mais longo prazo, pelo estabelecimento de vínculos com uma mãe
substituta.
Não devemos esperar
que todas as crianças manifestem um padrão muito regular de crescimento e se
mostrem mais avançadas ou atrasadas em determinadas fases de suas vidas do que
em outras.
Estas desarmonias
em etapas do desenvolvimento infantil só se convertem em patologias se houver
um desequilíbrio grande na personalidade, necessitando para isto, uma avaliação
psicológica.
Determinar os
distúrbios de uma criança no presente, bem como opinar a respeito da
probabilidade de saúde ou doença mental futura, depende não só dos detalhes da
desordem infantil existente, mas também de certas características fazem parte
da constituição do individuo, isto é, são inatas ou adquiridas sob as
influencias das primeiras experiências do bebê, como o trabalho procurou mostrar
no segundo capitulo sobre o desenvolvimento social.
Num primeiro
momento, é a mãe que age como a personalidade da criança, e desta interação
poderá ou não ocorrer a formação de distúrbios.
Na medida em que os
distúrbios dessa ordem são devidos á influencia do meio ambiente, podem ser
eliminados se métodos diferentes de assistência á criança forem empregados,
desde o principio.
Porém, uma vez
gerados, as consequências não podem ser removidas, nem mesmo que se façam
mudanças benéficas na forma de tratamento.
O tratamento
inconsiderado das primeiras necessidades infantis tem ainda outras repercussões
no desenvolvimento patológico.
Em seu avanço para
a independência e autoconfiança, a criança aceita a inicial atitude,
gratificadora ou frustradora, da mãe como um modelo que imitará e recriará em
seu próprio ego.
Quando a mãe
compreende, respeita e satisfaz os desejos da criança, até onde for possível,
há boas probabilidades de que o ego infantil mostre igual tolerância.
Quando a mãe
protela, nega e negligencia desnecessariamente a satisfação de desejos da
criança, o ego desta desenvolve a chamada “hostilidade contra o id”, istouma
propensão para o conflito interno, que é um dos requisitos prévios do
desenvolvimento neurótico.
O trabalho também
procura mostrar que a relação que dá força e condições para tornar o homem um
ser social, é a relação mãe-filho, e que todas as relações humanas posteriores
com qualidade, relações de amor, de amizade e todas as relações interpessoais,
têm origem nesta relação primeira, que capacita o ser humano.
É através deste
relacionamento tão especial, que se consegue a canalização das pulsões
direcionadas no objeto libidinal e se estabelece o modelo para todas as
relações humanas posteriores, incluindo a identificação positiva com um
professor.
A privação de
relações afetivas impede o individuo de iniciar ou manter, com outros adultos
da sociedade, relações interpessoais capazes de ir além dos limites do
benefício econômico imediato.
Em nossa sociedade
ocidental, por exemplo, mudanças de condições sociais, em conseqüência de
transformações econômicas, ideológicas, tecnológicas e outras que foram
impostas, modificam o quadro das relações mãe-filho.
Nos últimos
séculos, fomos sujeitos a algumas transformações fundamentais como a rápida
deterioração da relação mãe-filho, iniciada com o advento da industrialização
da produção, onde as mães foram recrutadas para o trabalho nas fábricas, de tal
forma que elas foram afastadas de sua família e de suas atividades domesticas.
Este tipo de
separação preparou o cenário para uma rápida desintegração do modelo
tradicional de família em nossa sociedade ocidental.
As consequências
aparecem nos problemas cada vez mais graves de delinquência juvenil e no
crescente número de neuroses e psicoses na sociedade adulta.
Este fator torna-se
mais grave ainda quando tais problemas se perpetuam num circulo vicioso, onde
filhos que sofreram falta de afeto crescem incapazes de cuidar e amar de
maneira adequada seus próprios filhos.
O progresso do
desenvolvimento suscitou novas soluções para os problemas enfrentados: surgiram
mais instituições de abrigo, serviços de adoção, creches de período integral,
clínicas de aconselhamento para crianças e adolescente, “baby sitters”, bem como um maior número de formação de psiquiatras,
psicólogos e o surgimento da própria Psicopedagogia.
Sob o aspecto
social, as relações objetais perturbadas no inicio da infância, sejam elas
desviadas, impróprias ou insuficientes, têm consequências que colocam em risco
a própria base da sociedade.
Sem um modelo, as
vitimas de relações objetais perturbadas apresentarão consequentemente,
deficiência na capacidade de se relacionar.
Não poderão
adaptar-se a sociedade.
Tais indivíduos
serão incapazes de compreender e, sobretudo, de descobrir e de partilhar os
vínculos nas relações que nunca tiveram.
As relações que
eles são capazes de formar mal alcançam o nível de identificação e dificilmente
vão além disso.
Estas crianças se
traduzirão na aridez das relações sociais do adolescente.
Privados do
alimento afetivo que lhes era devido, o único recurso será a violência.
O único caminho que
permanece aberto para eles é a destruição de uma ordem social na qual são
vítimas. Que espaço sobra em seus corações para a escola, para o desejo de
aprender?
E mesmo que o
tenha, fica difícil aprender tendo uma personalidade prejudicada.
A criança com
carência em todos os sentidos da palavra tem necessidade de um ambiente cujo
objetivo seja o cuidado e o afeto e, por último, o ensino.
Em outras palavras,
para a criança que sofre privação, a escola pode se apresentar para ela como um
lugar de pouca importância, ou como um “abrigo”. “lar substituto”, “prisão”, e
as varias conotações que cada um destes termos tem para suas fantasias
inconscientes.
Por isso, os
cuidados e o ensino de crianças carentes que sofrem de privação, não devem se
restringir apenas aos professores, mas paralelamente, orientar-se com o
trabalho de um profissional especializado.
O não aprender,
para tais crianças, diz respeito aos afetos e vínculos formados com a mãe, ou a
ausência desta.
Por tanto, o estudo
deste trabalho torna-se pertinente à medida que crianças institucionalizadas,
privadas de afeto materno e que não desfrutam de um convívio familiar original,
ainda têm, pelo menos, garantido o direito a educação e o direito de aprender.
Para saber mais sobre o assunto.
BOWLBY, John. Cuidados maternos e saúde mental. 2ª ed.
São Paulo: Martins Fontes, 1981.
BOWLBY, John. Apegoe perda: tristeza e depressão. V.
3. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes,1998.
COLL, César
(Org.); PALACIOS, Jesus (Org.); MARCHESI, Álvaro (Org.). Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva. V. 1.
Porto Alegre: Art. Méd., 1995.
FERNANDEZ, Alícia.
A inteligência aprisionada. 2ª ed.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
FREUD, Anna. Infância normal e patológica. Rio de
Janeiro: Zahar Editores, 1971.
FREUD, Sigmund. Obras completas. v 2. Londres: Standart
Edition, 1925.
PAIN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de
aprendizagem. 3ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
SEGAL, Hanna. Introduçãoá obra de Melane Klein. Rio de
Janeiro: Imago Editora Ltda, 1975.
Texto: Profa. Alessandra Peixoto Lanini.
Pós-Graduanda
em Psicopedagogia Institucional pelo INEC/UNICSUL.
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Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
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