Para
entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 3, Vol.
out., Série 08/10, 2012, p.01-07.
O artigo
faz parte da Monografia de Conclusão de Curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia pelo INEC/Universidade Cruzeiro do Sul, orientada
pelo Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
O presente
estudo tem por objetivo analisar o comportamento das escolas, ao oferecerem
alimentos em suas nas cantinas, contribuem para o aumento da prevalência de
doenças nutricionais.
Portanto
torna-se necessário estimular o consumo de alimentos adequados por meio da oferta
menos frequente daqueles de alta densidade energética no âmbito escolar.
Tem-se que o consumo
excessivo de alimentos industrializados está bem presente nas dietas.
INTRODUÇÃO.
Sabe-se que a
alimentação e a nutrição contribuem para a promoção e proteção da saúde,
melhorando a qualidade de vida e prevenindo os distúrbios nutricionais.
Uma criança
bem alimentada é uma criança com resistência às doenças, com vontade de estudar
e brincar.
A alimentação
é uma necessidade básica ao desenvolvimento do ser humano, sendo na fase da
infância que acontece uma maior transformação que favorece o seu
desenvolvimento nos aspectos físico, intelectual, emocional e social.
Há uma grande
preocupação com a nutrição adequada e com as consequências de uma alimentação
incorreta (ZANCUL, 2004).
Promover uma
alimentação saudável é considerado um eixo prioritário de ação para promoção da
saúde e, neste contexto, o ambiente escolar é apontado como espaço fundamental
para a criação de documentos nacionais e legislações (BRASIL, 1999; CONSEA,
2004).
Apesar da
menor velocidade de crescimento e da diminuição do risco de desnutrição, a
criança em idade escolar tem uma exigência quanto aos cuidados à alimentação.
Devem-se considerar também os hábitos alimentares adquiridos e a grande
influencia exercida pela propaganda e pelo convívio com outras crianças da
mesma idade (ANCONA, 2004).
Segundo
Barbosa (2004), alguns hábitos alimentares inadequados são estabelecidos na
infância.
Nesse sentido,
no processo de formação dos hábitos alimentares deve existir uma associação
entre o prazer vivenciado e a qualidade das refeições (ANCONA, 2004).
Sabe-se que os
pais exercem influência na alimentação e nos hábitos dos escolares, pois são
eles que fazem a oferta dos alimentos para as crianças, incentivando-as sobre o
que devem ingerir.
Na intenção de
contextualizar os aspectos que envolvem a alimentação do escolar, busca-se
fundamentar os seguintes itens: características gerais dos escolares de 7 a 10
anos, recomendação nutricional, baixo peso, obesidade e os alimentos
industrializados, educação nutricional e a construção de hábitos alimentares,
fatores que influenciamos hábitos alimentares, a alimentação escolar como um
direito e a relação entrem a alimentação oferecida pela cantina da escola e a trazida
de casa.
A formação de
hábitos alimentares é influenciada por fatores fisiológicos, psicológicos,
socioculturais, e econômicos (FISBERG, 2003).
Uma criança
bem alimentada é uma criança com resistência às doenças, com vontade de estudar
e brincar.
A alimentação
é uma necessidade básica ao desenvolvimento do ser humano, sendo na fase da
infância que acontece uma maior transformação que favorece o seu
desenvolvimento nos aspectos físico, intelectual, emocional e social (KUREK,
2006).
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DA NUTRIÇÃO.
Em muitas partes do mundo, as crianças vão para a escola com
o estômago vazio. Eles não comem no café da manhã ou não comem os alimentos
corretos ou até precisam trabalhar antes de irem para a escola.
Como resultado, elas chegam na escola com pouca energia para
se concentrarem ou participarem das aulas.
Estas crianças com fome estão mais suscetíveis a apresentarem
um baixo rendimento, faltarem à aula, ficarem doentes ou até saírem da escola.
Para as famílias de baixa renda a alimentação que a criança
recebe na escola significa economia de uma refeição para a família, e em muitos
casos consiste em um ótimo motivo para mandar as crianças para a escola.
De acordo com o Programa
Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, todas as crianças matriculadas em
escola pública têm o direito à Alimentação Escolar, cujo objetivo é contribuir
para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o
rendimento escolar e a formação de práticas alimentares saudáveis dos alunos,
por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições
que cubram as suas necessidades nutricionais durante o período letivo, segundo
a Resolução nº 38 de 16 de julho de 2009.
A educação
para a saúde deve se iniciar nas idades da pré-escola (Educação Infantil) e
escolar (Ensino Fundamental) devido a sua maior receptividade e capacidade de
adoção de novos hábitos e, ainda, porque as crianças se tornam excelentes
mensageiras e ativistas de suas famílias e comunidades (GOUVÊA, 1999).
AMBIENTE ESCOLAR.
A escola é um
espaço social onde muitas pessoas passam grande parte do seu tempo, convivem,
aprendem e trabalham, portanto torna-se um ambiente favorável para o
desenvolvimento de ações para a promoção da saúde, bem como formação de hábitos
alimentares saudáveis, atingindo os estudantes nas etapas mais influenciáveis
da sua vida, seja na infância ou na adolescência.
É também na
escola que muitas crianças realizam suas refeições, fazendo escolhas que
revelam suas preferências e hábitos alimentares (ZANCUL, 2004).
A
comercialização desses alimentos no ambiente escolar representa um entrave para
a educação nutricional e a formação de hábitos alimentares saudáveis.
Nos ensinamentos de MAINARDI
(2005), é importante ressaltar que as crianças passam grande parte do dia na
escola, portanto, esse ambiente deve oferecer opções de alimentos saudáveis e
protegê-las dos fatores que 12 contribuem para as doenças relacionadas à
alimentação, como anemia, desnutrição, carências vitamínicas e de cálcio,
obesidade e outras doenças crônicas associadas.
Os cardápios
da alimentação escolar deverão ser elaborados pelo nutricionista responsável,
com utilização de gêneros alimentícios básicos, respeitando-se as referências
nutricionais, os hábitos alimentares, a cultura alimentar da localidade,
pautando-se na sustentabilidade e diversificação agrícola da região e na
alimentação saudável e adequada.
Apesar da
menor velocidade de crescimento e da diminuição do risco de desnutrição, a
criança em idade escolar tem uma exigência quanto aos cuidados à alimentação.
Para BRASIL
(2009), a aquisição dos gêneros alimentícios, no âmbito do PNAE, deve obedecer
ao cardápio planejado pelo nutricionista.
O Programa de
Alimentação Escolar é uma das formas de promover a saúde e bons hábitos
alimentares principalmente aos alunos em que a refeição recebida na escola
representa parcela importante do consumo diário (ACCIOLY, et al.; 2005).
Segundo BRASIL
(2009), são consideradas, entre outras, estratégias de educação alimentar e
nutricional: a oferta da alimentação saudável na escola, a implantação e
manutenção de hortas escolares pedagógicas, a inserção do tema alimentação
saudável no currículo escolar, a realização de oficinas culinárias experimentais
com os alunos, a formação da comunidade escolar, bem como o desenvolvimento de
tecnologias sociais que a beneficiem.
Lei orienta
por meio dos órgãos competentes, o desenvolvimento de programas de educação
alimentar e nutricional nas escolas do ensino básico das redes pública e
privada do Estado, visando a estimular a formação de hábitos alimentares
saudáveis em crianças e adolescentes, e, extensivamente, em suas famílias e
comunidades.
Esses locais
devem redimensionar as ações desenvolvidas no cotidiano escolar, valorizando a
alimentação como estratégia de promoção da saúde.
É importante determinar que as responsabilidades inerentes ao
processo de implementação de alimentação
saudável nas escolas sejam compartilhadas entre o Ministério da Saúde/Agência
Nacional de Vigilância Sanitária e o Ministério da Educação/Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (BRASIL, 2009).
No
entendimento de LACERDA (2005, apud ACCIOLY, p.370):
[...] Medir o crescimento e
desenvolvimento de uma criança é uma forma de conhecer e vigiar seu estado de
saúde geral. O crescimento é definido como aumento do tamanho corporal, sendo
resultado da multiplicação e diferenciação celular, portando, é um indicador
muito sensível á saúde e nutrição de uma população.
Por fim na opinião de LACERDA (2005), apud
ACCIOLY (2005), o acompanhamento do crescimento do escolar é uma metodologia simples
que permite fácil identificação da criança de risco, permitindo intervenções precoces.
As medidas
mais sensíveis do crescimento são o peso e estatura que devem ser obtidos
periodicamente, em equipamentos adequados e de acordo com as normas de aferição
pré-estabelecidas e registradas em instrumentos adequados.
EDUCAÇÃO NUTRICIONAL.
Na compreensão dos autores WEISS, CHAIM, BELIK (2005), a
educação nutricional deve ser vista como processo contínuo que tem como
objetivo, mais do que informar, programas de educação nutricional devem
incorporar métodos que realmente provoquem a mudança do comportamento
alimentar.
Ainda, para sua maior eficiência, esses programas educativos
em nutrição devem ser ampliados e envolver órgãos, como governo, mídia,
indústrias e escola.
É importante as crianças não só adquirir conhecimentos sobre
nutrição adequada e equilibrada, mas também desenvolver bons hábitos alimentares.
Além disso, a Educação Nutricional é essencial, pois a escola
tem papel fundamental ao modelar as atitudes e comportamentos das crianças
sobre Nutrição, visando à modificação e melhorias dos hábitos alimentares em
longo prazo, e torna-se um elemento de conscientização e reformulação das
distorções do comportamento alimentar, auxiliando a refletir sobre a saúde e
qualidade de vida (MANTOANELLI e BITTENCOURT, 1997).
PÉREZ et al., apud FERNANDES et al (2009), em estudo de
intervenção nutricional com escolares, apontaram melhora nos conhecimentos
nutricionais, atitudes e comportamento alimentar dos alunos, além de
influências nos hábitos alimentares de seus familiares. Incorporar o tema da
alimentação e nutrição no contexto escolar, com ênfase na alimentação saudável
e na promoção da saúde é um grande desafio (CECANE, 2006).
A escola deve ter como objetivo o desenvolvimento de programa
contínuo de promoção de hábitos alimentares saudáveis, considerando o
monitoramento do estado nutricional das crianças, com ênfase no desenvolvimento
de ações de prevenção e controle dos distúrbios nutricionais e educação
nutricional (BRASIL, 2006).
CECANE (2006), baseado na
Portaria Interministerial nº 1010, foram elaborados e estabelecidos os 10
passos essenciais para promover a alimentação saudável nas escolas:
1º Passo: A escola deve definir
estratégias, em conjunto com a comunidade escolar, para favorecer escolhas
saudáveis: A comunidade escolar pode ser
sensibilizada por meio de oficinas, feiras e outras atividades educativas;
Estimular ou promover a mobilização e co-responsabilização; Todos os
profissionais devem ser valorizados, especialmente os manipuladores de alimentos;
Eleger multiplicadores e capacitá-los.
2º Passo: Reforçar a abordagem de
promoção de saúde e da alimentação saudável nas atividades curriculares da
escola: Estimular a inclusão dos temas de
Alimentação Saudável e Nutrição no currículo, abordando todas as disciplinas de
forma integrada; Enfatizar temas de Alimentação e Nutrição em datas específicas
e oportunas de acordo com o contexto local; Conhecer e aplicar o Guia Alimentar
para a população brasileira; Adotar material paradidático e outros recursos educativos
sobre o tema para estimular o interesse do grupo.
3º Passo: Desenvolver estratégias
de informação às famílias dos alunos para a alimentação saudável no ambiente
escolar, enfatizando sua co-responsabilidade e a importância de sua
participação neste processo: Inserir
temas de alimentação e saúde nas reuniões de pais e mestres; Promover a
sensibilização dos pais na escola e fora dela, por exemplo, por fóruns e
discussões; Desenvolver estratégias visando maior envolvimento dos pais nas
atividades de educação na escola.
4º Passo: Sensibilizar e capacitar
profissionais envolvidos com alimentação na escola para produzir e oferecer
alimentos mais saudáveis, adequando os locais de produção e fornecimento de
refeições às boas práticas para serviços de alimentação e garantindo a oferta
de água potável: Monitoramento periódico
do Serviço de Alimentação e Nutrição; Estimular a participação do CAE.
5º Passo: Restringir a oferta, a
promoção comercial e a venda de alimentos ricos em gordura, açúcares e sal: Trabalhar a composição dos alimentos e suas consequências
sobre a saúde; Sensibilização dos alunos, pais, cantineiros e comércio
ambulante sobre opções de alimentos mais saudáveis.
6º Passo: Desenvolver opções de
alimentos e refeições saudáveis na escola: Desenvolver
hortas comunitárias e atividades de arte culinária com os alunos; Garantir o
conhecimento das etapas de produção dos alimentos ofertados na alimentação
escolar; Promover concurso de receitas, com integração de alunos, famílias e
comunidade.
7º Passo: Aumentar a oferta e
promover o consumo de frutas, legumes e verduras, com ênfase nos alimentos
regionais: Trabalhar a composição dos
alimentos e suas consequências sobre a saúde; Desenvolver hortas comunitárias e
estimular o plantio de árvores frutíferas; Incentivar o consumo de produtos de hortifrúti
locais e regionais; Desenvolver oficinas de degustação e arte culinária;
Sensibilizar a família e a comunidade escolar para a adoção desses alimentos em
casa.
8º
Passo: Auxiliar os serviços
de alimentação da escola na divulgação de opções saudáveis por meio de
estratégias que estimulem essas escolhas: Fornecer de forma permanente e
contínua, informação sobre alimentação saudável para alunos, família e
comunidade escolar; Trabalhar as informações sobre composição dos alimentos e
rótulos; Desenvolvimento de atividades educativas permanentes inseridas no
currículo escolar.
9º
Passo: Divulgar a
experiência da alimentação saudável para outras escolas, trocando informações e
vivências: Divulgar experiências em sites de órgãos públicos e outros
instrumentos de comunicação social; Realizar fóruns de discussão entre escolas
para troca de experiências.
10º
Passo: Desenvolver um
programa contínuo de promoção de hábitos alimentares saudáveis, considerando o
monitoramento do estado nutricional dos escolares, com ênfase em ações de
diagnóstico, prevenção e controle dos distúrbios nutricionais: Avaliar o
estado nutricional, consumo dos escolares e da comunidade escolar
periodicamente; Manter programa de educação nutricional permanente e contínuo.
CONCLUINDO.
Sendo a escola uma instituição que se ocupa da tarefa de
educar, torna-se um espaço favorável para o desenvolvimento de ações de
educação nutricional e formação de hábitos alimentares saudáveis, fortalecendo
assim a legislação vigente e as políticas públicas voltadas para a área de
alimentação e nutrição.
Muito se tem falado sobre reeducação
alimentar, mas será que não caberia melhor educação
alimentar ou educação nutricional? Reeducar significa tornar a educar
e educação significa o ato de educar, processo de desenvolvimento da capacidade
física, intelectual e moral do ser humano.
A educação
alimentar compreende
algo mais complexo, é um processo, ou seja, além da mudança de hábitos
alimentares, existe o aprendizado do que é saudável, mantendo aspectos do
indivíduo, é a construção do conhecimento, a vivência.
Quando as escolas oferecem alimentos
que contrariam a legislação, está incentivando o consumo dos mesmos, o que é
desfavorável para a formação de hábito alimentar saudável.
PARA SABER MAIS SOBRE O ASSUNTO.
ACCIOLY, E. et ali. Nutrição em Obstetrícia e Pediatria. 3ª.
ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2005.
ANCONA LOPEZ et ali. Nutrição
e dietética em clínica pediátrica. São Paulo: Atheneu, 2004.
BRASIL. Ministério da
Educação. Resolução/CD/FNDE Nº 038, de
16 de julho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos
alunos da educação básica no Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE.
Disponível em: http://www.fnde.gov.br/index.php/ae-legislacao
Acesso em: 01 de setembro 2012.
BRASIL.
Ministério da Educação.
Resolução/CD/FNDE
Nº 067, de 28 de dezembro de 2009. Altera o valor per capita para oferta da alimentação escolar do Programa
Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Disponível em:
http://www.fnde.gov.br/index.php/ae-legislacao
Acesso em: 01 de setembro 2012.
CECANE –
Região Sudeste. Ideias para promover a
alimentação saudável na escola. Unifesp, 2006.
FERNANDES,
Patrícia S. et ali. Avaliação do efeito da educação nutricional na prevalência de
sobrepeso/obesidade e no consumo alimentar de escolares do ensino fundamental.
J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v. 85, n. 4, Ago. 2009.
KUREK, Marlene; BUTZKE, Claracy Maria
Ferrari. Alimentação escolar saudável para educandos da educação infantil e
ensino fundamental. Revista de
divulgação técnica - cientifica do ICPG, vol.3, no.9, Julho/Dezembro de 2006.
MAINARDI, N. A ingestão de alimentos e as orientações da
escola sobre alimentação, sob o ponto de vista do aluno concluinte do ensino
fundamental. Dissertação
(Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) - Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2005.
ZANCUL,
Mariana de Senzi. Consumo alimentar de alunos nas escolas de ensino
fundamental em Ribeirão Preto. 2004. 85f. Dissertação (Mestrado) –
Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Ribeirão
Preto, 2004.
WEISS B, CHAIM N. A, BELIK W. Manual da gestão eficiente da merenda
escolar. 2ª. ed. 2005.
Texto: Profa. Valéria
Lúcia Souto Saez.
Pós-Graduanda em Psicopedagogia
Institucional pelo INEC/UNICSUL.
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Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
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