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Mensal entre 13 de agosto de 2010 e 31 de dezembro de 2012.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Historiografia e espacialidades.

Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 1, Volume dez., Série 06/12, 2010.


A abordagem das espacialidades, no âmbito da historiografia, comporta duas vertentes de análise distintas.
Primeiro a mais obvia e pontual, aquela que abrange o conceito de história como estudo do homem no tempo e espaço, a territorialidade geográfica abordada pelos historiadores.
Depois, uma temática mais abrangente e pertinente ao campo historiográfico, a divisão do conhecimento histórico em áreas teóricas diversificadas, dentro das quais a questão geográfica também está presente como uma pequena parcela de sua ampla envergadura.
Pensando conceitualmente, a história refere-se “sempre a certos processos da vida humana em uma diacronia – isto é, no decurso de uma passagem pelo tempo – ou que se relacionam de outras maneiras, mas sempre muito intensamente, com uma ideia de temporalidade”.
Tal como estabeleceu à linguística, também na história os termos sucessivos se substituem uns aos outros ao longo do tempo, tornando a historicidade uma sucessão de fatos, estudados através da sincronia, o entendimento das estruturas.
Uma perspectiva que remete ao contexto geográfico e politico, ao espaço social que termina adentrando o imaginário, a iconografia, a literatura, enfim os espaços virtuais, ao mesmo tempo, penetrando o local e o regional.
Uma abordagem, até a década de 1950, mais comumente efetivada por geógrafos, sociólogos e antropólogos, em certo sentido, vinculada com a História Oral, os relatos individualizados não registrados pela escrita, circunscritos a memória de determinadas pessoas.
Destarte, estes estudos são apenas um pequeno pedaço da grande teia teórica que se formou em volta da historiografia profissionalizada desde o século XIX.
A partir da busca da cientificidade, passou a existir uma profusão de domínios partilhados pelo saber histórico, como, por exemplo, a História Social, a História Econômica, a História Cultural, a História Demográfica, a História Política, a História Serial, a Micro-História e a História Quantitativa.
Todas elas, noções que se referem a dimensões ou a fatores que ajudam a definir a realidade política, social, econômica e cultural; remetendo a classificações que dizem respeito ao tipo de fontes com as quais os historiadores lidam, ou ainda às abordagens utilizadas para tratar estas fontes.
Na realidade, classificações que trazem, internamente, subdivisões quanto aos ambientes, sujeitos e objetos; originando outros olhares historiográficos como a História das Mulheres, a História das Crianças, a História dos Marginais, a História das Cidades, a História Rural, a História da Sexualidade e a História da Arte.
Espacialidades historiográficas que pertencem também a territórios teóricos que determinaram as narrativas, compondo correntes de pensamento, tal como o positivismo, a escola metódica alemã, o marxismo ou Annales.
Isto para não mencionar as regiões em que a história faz fronteira com outras áreas do conhecimento humano, o que implicaria em transitar pelas filosofias da história e as várias concepções decorrentes.
Embora a espacialidade geográfica e referente à divisão do conhecimento histórico em campos, à primeira vista, possam parecer distintas; estão intrinsecamente relacionadas, são interdependentes.
Sendo a história uma ciência que estuda o passado, analisando as transformações, para entender o presente; esta tentativa de resgatar o passado estuda o homem em um tempo e espaço, sempre por um viés teórico, conceitos que se complementam e misturam para construir o saber histórico.
Portanto, analisar a composição da historiografia contemporânea, suscita este duplo debate, até porque o próprio conceito de interdisciplinaridade, que trouxe para a história a questão dos espaços geográficos, decorreu de um aspecto formalmente pertencente à outra forma de espacialidade: a teórica.

A história e Geografia antes de Annales.
História e geografia são ciências sociais que diferem das ciências da natureza, biológicas ou exatas.
Enquanto a história analisa os processos históricos, procurando o desenvolvimento da organização social, econômico, político, administrativo e cultural.
A geografia estuda os territórios e a sua transformação, procura analisar o ser humano dentro do contexto da natureza, a sua relação com as mudanças que provoca.
Aparentemente distintas quanto ao objeto e a abordagem, são áreas que se complementam e completam.
Uma reflexão que foi pensada pelos geógrafos e antropólogos muito antes dos historiadores vislumbrarem.
Até o século XVIII, a geografia, ainda não considerada uma ciência, procurava trabalhar com temas gerais, cosmográficos, inserindo a Terra no universo e tentando conhecê-la e decifrá-la; fazia trabalhos descritivos, empíricos, usando uma abordagem que espelhava a dicotomia metodológica matematizada.
No entanto, como ressaltou Milton Santos, no final do século XIX, a geografia renasceu comprometida com a ideologia imperialista dominante na época.
Passou a constituir uma ciência e filosofia que teorizava e justificava o colonialismo, com novas conquistas territoriais, tanto políticas como econômicas, fazendo largo uso da história para teorizar e justificar a dominação européia da África e Ásia.
Quanto à visão antropológica, mesmo antes do aparecimento desta área do conhecimento humano como ciência, textos de filósofos, cronistas, viajantes e soldados retratavam a experiência humana, vinculando-a com questões geográficas, para explicar o desenvolvimento de civilizações, religiões e culturas.
No século XVIII, o iluminismo racionalizou a antropologia, discutindo as relações entre os povos, novamente usando como ferramentas auxiliares a história e a geografia.
Embora estes trabalhos estivessem restritos a narrativas individualizadas que, passariam, no século XIX, a servir também para justificar teorias eurocêntricas que inferiorizavam povos dominados pelo colonialismo, como os indígenas da América.
Na história, a geografia se fez presente somente no inicio do século XX, quando as idéias desenvolvidas por Karl Marx e Friedrich Engels, no final do século XIX foram incorporadas a teoria da história.
Preocupados em demonstrar que o capitalismo seria um acontecimento transitório, diante do aparecimento de uma classe revolucionária, para o surgimento de uma sociedade comunal; terminaram transpondo conceitos importantes para o contexto teórico do saber histórico, originando uma nova escola historiográfica.
Marx criou um sistema racional de interpretação da realidade, pensada em termos de movimento e mudança, marcado pelo determinismo econômico, conciliando a reflexão filosófica com a prática política.
Originou uma gama tão ampla de interpretações e desdobramentos que o próprio Marx, antes de morrer, declarou ter certeza de que ele não era marxista.
Um destes desdobramentos foi o surgimento da escola historiográfica marxista, extremamente preocupada com as questões teóricas, visto que para Marx uma teoria não podia ser pensada sem correspondência com o contexto histórico, devendo encontrar suas raízes na realidade para transformá-la.
Esta característica, em especifico, criou desdobramentos também dentro da escola historiográfica marxista, tornando-a até certo ponto confusa, a despeito de duas características em comum em todas as orientações: a adoção da dialética e do materialismo histórico como foco central de análise, voltados, obviamente, para alcançar os princípios marxistas.
Marx havia pegado emprestado o conceito de dialética de Hegel, o exame de tese, antítese e síntese, compondo uma espécie de dialogo consigo mesmo, o qual deveria estimular a prática revolucionária; apropriando-se do conceito de materialismo histórico de Feuerbach, tendência que partia da base econômica para explicar outros níveis de realidade, como a religião ou a política.
Este viés transformou a história em uma concepção teórica direcionada a transformar a sociedade, uma ciência da prática revolucionária através do estudo do passado.
Conceito que precisava da contextualização das territorialidades para efetivar-se como método de análise incorporado à historiografia, uma vez que o materialismo histórico tinha nas questões geográficas um dos elementos determinantes das condições econômicas e, por conseguinte, políticas, sociais e culturais.
Entretanto, a verdadeira interdisciplinaridade entre a história e a geografia só começou a ser construída com escola geográfica de Paul Vidal de La Blache, um geógrafo que já atuava em conjunto com historiadores desde 1905, estabelecendo relações entre a noção de “espaço” e de “região”.
O modelo geográfico de La Blache opunha-se à escola geográfica alemã de Ratzel.
Enquanto este último era francamente determinista, atribuindo uma influência quase linear do meio sobre o destino humano, La Blache trabalhava com a idéia de um possibilismo geográfico.
Isto significa que, ainda que colocando o meio geográfico no centro da análise da vida humana, La Blache buscava enfatizar as diversas possibilidades de respostas que podiam ser colocadas pelos seres humanos diante dos desafios do meio.
Posteriormente, Lucien Febvre, e mais tarde Fernand Braudel, adotariam este modelo, inspirando novos trabalhos que se tornariam clássicos da historiografia pensada em torno das espacialidades.

As espacialidades geográficas em Annales.
O surgimento da Escola de Annales, em 1929; uma reação critica as concepções históricas do século XIX, notadamente rejeitando a ênfase positivista e metódica em política, diplomacia e guerras, assim como a abordagem economicista do marxismo; trouxe a questão das espacialidades em definitivo para a história, isto, em um duplo sentido, tanto geográfico como teórico.
Annales pretendia adotar uma abordagem sociológica, unindo o estudo da geografia sociologia e história para entender os fatos e as mudanças históricas, dando especial atenção ao cotidiano.
Quebrando com as antigas metodologias, iniciou, ao mesmo tempo, uma nova abordagem da analise dos fatos no tempo e espaço, rediscutindo o próprio conceito de história.
Para tal se propôs a problematizar a história, contrariando a coleção de fatos perpetuada pelas tendências anteriores.
Circunscrita aos meios universitários, conceituando a história de forma ampla, abrangendo o estudo vivo da produção humana; Annales desdobrou-se em várias linhas teóricas e campos de pesquisa, notadamente servindo de base para criar departamentos tanto de história social como econômica; fomentando debates acerca da natureza teórica do conhecimento histórico, hoje, incorporados ao panorama historiográfico.
No entanto, as primeiras representações desta nova forma de pensar a história, assim como as aplicações das concepções espaciais derivadas da escola geográfica de Paul Vidal de La Blache, apareceram na historiografia com a obra A Terra e a Evolução Humana, publicada por Lucien Febvre em 1922, portanto, ainda em data anterior a fundação da Revista Annales: economia, sociedade e civilizações.
Febvre inaugurou a moderna concepção de espacialidade histórica, relatando as relações entre o meio físico e a sociedade, tidos como elementos necessários para estudar as macro-problemáticas.
Dentro deste âmbito, representado a segunda geração de Annales, Fernand Braudel revolucionou de fato a abordagem das espacialidades territoriais, ao unir pressupostos da história e geografia, com a publicação de O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Felipe II em 1949.
Na obra, ele demonstrou como era possível decompor o tempo da história em planos desdobrados: o tempo individual, o tempo social e o tempo geográfico.
No tempo individual estaria fixada a história não do homem como coletividade, mas do homem como individuo, com variações rápidas e dinâmicas, permitindo ao historiador observar os acontecimentos.
Exatamente o tipo de abordagem em que estaria concentrada a maior parte da historiografia, sendo o tempo da curta duração, de tudo que muda com muita rapidez, por isto, mais facilmente percebido.
O tempo social seria o plano pelo qual se pode observar a história social dos grupos e agrupamentos, pertencendo a uma história lentamente ritmada, circunscrita ao crescimento demográfico e da economia, elementos pertencentes a longa duração.
Seria, portanto, o tempo das estruturas que mudam com muita lentidão, fazendo quem a vivencia não se dar conta destas mudanças, neste sentido, assemelhando-se mais ao que, depois, convencionou-se chamar de média duração.
O tempo geográfico representaria uma história quase imóvel, que observa o relacionamento do homem com o meio que o rodeia.
Uma história que passa lentamente e sofre poucas transformações.
As regiões montanhosas e a população que lá habita, fornecem um bom exemplo desta temporalidade, mostrando o quanto, nesta dimensão, os costumes, ligados aos aspectos geográficos, pouco mudam, já que o ambiente que os rodeia também não muda, o que Braudel chamou de longuissíma duração.
Para ele, os historiadores concentravam sua atenção apenas nos processos da curta duração, deixando de lado as outras temporalidades, oferecendo apenas um vislumbre da história, sem conseguir chegar a nenhuma elucidação.
O que envolvia, portanto, deixar também as espacialidades geográficas em segundo plano.
Para atingir o objetivo de ler o passado partindo do presente, seria necessário realizar macroabordagens, penetrando as três temporalidades, adentrando de fato as espacialidades geográficas e suas especificidades, dando conta, por exemplo, tanto das questões regionais como dos espaços mais amplos.
Somente assim seria possível tornar a escrita da história uma verdadeira ferramenta para desvendar o passado, clareando a noite como um vaga-lume.

História Regional e espacialidades.
A renovação historiográfica efetuada no século XX, propiciada por Annales, ampliou os campos e territórios do historiador, dentre os quais uma espacialidade teórica que foi, em grande medida, inspirada pelas reflexões braudelianas e que se insere duplamente no significado dos espaços: a História Regional.
Apesar de antecedentes que datam de pelo menos uma década antes, surgida nos anos de 1970, como uma resposta ao fenômeno da globalização que iria se intensificar a partir da década seguinte.
A tendência não tratava simplesmente de pequenas porções de um território geográfico ou país, embora também pudesse abordar espacialidades físicas; antes, enxergava no espaço e através dele as dinâmicas históricas, obrigando o historiador a lidar com os processos de diferenciação de áreas.
Assim, ao conceber uma nova concepção de história e propor abordagens mais adequadas ao entendimento de inquietações ligadas às identidades, a História Regional constituiu mais um pedaço das espacialidades teóricas na historiografia.
Simultaneamente, abrangeu elementos físicos das regiões para entender aspectos da demografia, economia, política, cultura, enfim as experiências dos grupos sociais historicamente vinculados com uma base territorial em muitos casos geograficamente constituída.
O que não permite confundir a História Regional com a Micro-História, já que, enquanto a primeira estuda a realidade recortada por ela mesma, à segunda faz uma redução de escala de observação para observar aspectos que poderiam não ser percebidos na análise macro.
Inclusive porque, ao contrário da chamada história em migalhas, a escala da História Regional pode constituir uma macro-análise, tanto teórica como geográfica. Paradoxalmente, a concepção abrange outras metodologias e enfoques auxiliares, tal como, por exemplo, a História Cultural ou das Mentalidades, ou ainda o conceito de Representações.
Isto porque a historiografia regional testa a validade de teorias elaboradas a partir de parâmetros outros.
Via de regra, um país como um todo, ou uma região, em geral, a hegemonia dos grupos dominantes, tende a falsear a leitura do passado; forçando o historiador a confrontar realidades particulares e concretas, as quais se mostram muitas vezes inadequadas ou incompletas quando analisadas apenas por um único prisma teórico.
Por outro lado, a História Regional entende a si mesma como parte de um sistema de relações que integra uma região, a qual deve ser definida pela referência ao sistema que fornece seu principio de identidade, oscilando entre o sistema internacional, ou dentro de uma das unidades de um sistema político, e uma região cujas fronteiras não coincidem com os imites políticos juridicamente definidos.
O que traz implicações não só do ponto de vista do objeto, como igualmente das fontes.
Ao trabalhar com a História Regional, o historiador termina estudando a memória coletiva, construída a partir não só de visões particularizadas do passado, representadas pela oralidade, como também baseada em documentos.
Estes prestam testemunho vivo do passado, perpetuando a recordação a um ponto tal de elaboração que, como lembrou Lefebvre, aquilo que não foi registrado termina se perdendo, tendo se transformado em algo que já não é mais.
Na maioria das vezes, os documentos não estão em arquivos públicos organizados e à disposição para a pesquisa.
O historiador precisa localizar o material que pode estar em poder de famílias ou instituições e que dificultam o acesso por motivos diversos.
Tornando mais fácil e usual recorrer às fontes orais, as quais, neste contexto, acabam adquirindo grande importância, sendo muitas vezes a única fonte disponível e que requer uma atenção para que a pesquisa não fique comprometida com os interesses do entrevistado ou a distorcida pelas respostas.
Esta constatação remete a outra espacialidade teórica que se encontra neste ponto com a História Regional, ou seja, a História Oral.
Exigindo do historiador uma tentativa de manter-se imparcial, o que quase nunca é possível, em vista do profissional da história estar, também ele, inserido em um tempo e espaço.
Sujeito, portanto, as diversas influencias, dentre as quais as espacialidades teóricas, pertencendo ou transitando, em vários casos, por muitas delas, caminhando entre fronteiras tênues.

Espacialidades e Territórios teóricos.
Tanto a História Regional como a História Oral são apenas um dos muitos territórios teóricos da história, nascidos frente às discussões metodológicas e em torno da definição do conceito de história, debates que fazem parte, igualmente, da questão das espacialidades historiográficas e da definição técnica de territórios.
Neste sentido, quer o oficio do historiador seja meramente o domínio destes métodos e técnicas, circunscritos a um conjunto teórico; ou, ainda, um exercício de imaginação, a construção de uma narrativa verossímil, entre outras possíveis; não se pode negar que o surgimento da escola de Annales inaugurou uma postura teórica e metodológica diferenciada.
A corrente se propôs a problematizar a história, contrariando a coleção de fatos perpetuada pelas tendências anteriores, tentando se isentar de ideologia, embora esta tentativa seja passível de inúmeras criticas, já que o historiador, sendo fruto de seu tempo, jamais conseguirá traçar uma análise imparcial.
A partir da problematização, a Escola desdobrou-se em várias linhas teóricas, inspirando até mesmo os curiosos e historiadores amadores, notadamente servindo de base para criar departamentos e linhas de pesquisa as mais diversas no âmbito acadêmico.
A exemplo do que aconteceu quando a Universidade de São Paulo foi criada em 1933, quando, dentre as levas de professores estrangeiros importados para satisfazer a demanda por um corpo docente altamente qualificado, esteve presente Fernand Braudel, um dos mais notórios representantes de Annales e, talvez, seu maior divulgador.
É verdade que, antes do pensamento teórico do século XX, tivemos concepções que interferiram diretamente no conceito de história, inclusive modificando a relação entre o conhecimento histórico e outras áreas, tal como o iluminismo, o positivismo, a escola metódica alemã ou o marxismo.
No entanto, as espacialidades historiográficas são hoje muito mais complexas, comportando uma enorme dificuldade: a determinação das fronteiras entre territórios, uma vez que os conceitos se emaranham e comunicam continuamente, ocultados em meio a problemáticas, hipóteses, respostas e linhas narrativas.
Segundo José D´Assunção Barros, um dos historiadores brasileiros que tem se notabilizado pelos numerosos e esclarecedores trabalhos em teoria da história, “um dos fenômenos mais interessantes da historiografia no século XX se refere à profusão de domínios em que está partilhado hoje o saber historiográfico”.
Para o autor, contemporaneamente, as espacialidades teóricas em se insere a historiografia, poderiam ser divididas em dimensões, abordagens e domínios; correspondentes, respectivamente, a clássica divisão em enfoques, métodos e temas.
Por dimensões ou enfoques, entende ele um modo de ver a história e sua função dentro da sociedade, colocando em primeiro plano uma esfera da vida humana em detrimento de outras, onde poderíamos enquadrar as principais Escolas historiográficas até o aparecimento de Annales.
Embora, atualmente, pudéssemos incluir também perspectivas como a política, a social, a demográfica, a econômica, a antropológica, a cultural; assim como a História das Mentalidades, a História do Imaginário, a Geo-História, a Cultura Material, a Etno-História e a Psico-História.
A despeito destas dimensões se misturem e deslocarem conforme o contexto histórico e as relações estabelecidas com abordagens e domínios, após o advento da reivindicação da cientificidade da história, a perspectiva mais usual no século XIX, foi sem dúvida à política, intimamente relacionada com o positivismo e a Escola Metódica alemã.
No final deste período, confrontada pela abordagem econômica, apoiada pelo marxismo, surgiu a História da Cultura Material como um dos seus desdobramentos.
Corrente que seria revitalizada pela historiografia na década de 1970 e que hoje ganha novo fôlego, mesclada com a Nova História Cultural da historiadora norte-americana Lynn Hunt, esta última renascida em 1989. 
Isto porque, como lembrou o professor Elias Tomé Saliba, a cultura transformou-se na categoria chave para a compreensão do mundo contemporâneo, tendo em vista que as esferas social, econômica, política e ideológica estão emaranhadas ao seu modo primário de representação.
Entretanto, a História da Cultura já estava presente nas concepções de Fernand Braudel, apesar de mais evidente nos estudos do imaginário de Jacques Le Goff; tendo sido este campo de estudo fundado pelo menos 100 anos antes.
Surgiu na década de 1870, com os trabalhos do suíço Jacob Burckhardt, o qual fomentou a tradição de concentração de obras baseadas na história dos clássicos, das obras-primas da arte, literatura, filosofia e ciência.
Forjando uma historiografia que investigou as conexões entre as diferentes áreas e seu contexto histórico de produção, visando entender o que Hegel chamou de espírito da época, portanto, então já vinculada com a História da Cultura Material.
Igualmente contraposto a História Política, ao lado da perspectiva econômica e cultural, o inicio do século XX edificou a História Social, fortalecida depois por Annales e até hoje dominante no Brasil nos meios acadêmicos.
Esta nova dimensão foi atravessada por outros enfoques, fazendo o caleidoscópio historiográfico sofrer novos arranjos, originando múltiplos desdobramentos.
Dentre os quais, abordagens ou métodos, conceitualmente definidos como um modo de narrar à história a partir de determinados campos de observação, implicando em formas diferenciadas de tratamento e escolhas de fontes.
Onde se inserem a Arqueologia, as Biografias, a Micro-História, a História Oral e, em certo sentido, até mesmo a História Regional.
Uma espacialidade teórica complementada pelos domínios ou temas, orientações especificas entre os sujeitos e os objetos, com a definição mais pontual de temáticas, como Gênero, Sexualidade, Arte, Idéias, Religião, Direito, Vida Cotidiana, entre muitos outros.
Espaços com fronteiras nem sempre delineadas com clareza, mas que interferiram na concepção de história e na narrativa dos historiadores, inclusive modificando a própria noção de território geográfico; originando múltiplas linhas e tendências historiográficas.

Concluindo.
Ao longo da história da história, a própria definição da natureza do conhecimento histórico sofreu alterações sensíveis, algumas mais visíveis do que outras, mas todas engajadas, direta ou indiretamente, em torno do tempo e das espacialidades.
Isto, no que diz respeito ao ultimo elemento, em duplo sentido, tanto pelo viés territorial como teórico.
Observando a historiografia, podemos notar nitidamente que cada reestruturação da narrativa histórica constituiu uma critica de abordagens anteriores.
O que envolveu um intenso debate circunscrito ao academicismo das Universidades, representado pelas teses, dissertações e artigos, com um público leitor especializado e restrito.
Uma postura que se opõem à narrativa jornalística dos livros de divulgação, escritos por não especialistas, em muitos casos se quer por historiadores, destinados a um publico mais amplo.
Estas narrativas constituem um terreno fartamente explorado pelos jornalistas, historiadores do agora, o que não invalida a sua contribuição ao enriquecimento do conhecimento humano.
Desde que embasados cientificamente, estes textos representam apenas visões distintas de uma mesma realidade, por isto mesmo, alguns tem sido, inclusive, incorporados a historiografia profissionalizada.
Até porque o mesmo acontece também no âmbito acadêmico, onde várias teses oferecem respostas distintas para uma mesma problemática, sendo algumas esquecidas ou colocadas de lado ao longo do tempo, enquanto outras se tornam clássicos, obras de referência.
Neste sentido, assim como a leitura do passado nunca poderá ser moldada em uma forma definitiva, a discussão em torno da historiografia estará sempre na pauta do dia, será sempre objeto acadêmico de intensa discussão.
Não poderia ser diferente, para o bem da própria história é saudável que tenhamos versões diferentes para os mesmos fatos, com narrativas as mais diversas, para que o leitor, também ele sujeito da história, não fique a mercê de respostas prontas, tendo disponíveis um arcabouço que lhe permita extrair suas próprias conclusões.
Destarte, como ressaltou Jacques Le Goff, não existe sociedade sem história, o que conduz ao conceito de historicidade, o pertencer de cada individuo ao seu tempo e espaço, os aspectos comuns que todos os homens de determinada época compartilham e dos quais ninguém pode escapar, quer sejam historiadores profissionais ou não.
De modo que, se existe um paradigma em história, tal como o conceito formulado por Thomas Kuhn, circunscrito a base referencial sobre a qual um conjunto teórico é construído; este só pode ser considerado como o tempo histórico em que o historiador se circunscreve, o que termina interferindo em sua concepção de espacialidade territorial e teórica e que, paradoxalmente, também interfere no conceito de temporalidade.
Sendo a natureza do conhecimento histórico plural, comportando uma multiplicidade de teorias contraditórias entre si e que explicam o passado plausivelmente, fornecendo ângulos e visões distintas que não se anulam; a historiografia só pode ser definida como um conjunto de narrativas circunscritas ao um tempo e espaço, transformando e embaralhando a espacialidade geográfica, territorial, com as questões teóricas.

Para saber mais sobre o assunto.
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BARROS, Jose D´Assunção. O campo da história: especialidades e abordagens. Petrópolis: Vozes, 2004.
BRAUDEL, Fernand. O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Felipe II. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
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Texto:

Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
Doutor em Ciências Humanas - USP.
MBA em Gestão de Pessoas - UNIA.
Licenciado em Filosofia - FE/USP.
Bacharel em Filosofia - FFLCH/USP.




sábado, 4 de dezembro de 2010

Informática Educativa: algumas considerações.

Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 1, Volume dez., Série 04/12, 2010.


Hoje nos deparamos cada vez mais com a informatização da sociedade, desde mais tenra idade, as crianças travam contato com computadores, afinal vivemos na era da informação, com a disseminação dos meios de comunicação e da troca de conhecimentos pela internet.
A grande questão é: estão as escolas preparando os educandos para viver neste novo mundo?
Portanto, abordar o tema implica na discussão de questões e considerações ainda desconhecidas da grande parte dos educadores em todos os níveis de escolarização (no ensino fundamental, médio e superior).

O que é Informática Educativa?
Segundo o MEC (Ministério da Educação), Informática Educativa significa “a inserção do computador no processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos curriculares de todos os níveis e modalidades da educação”.
O que inclui “os assuntos de determinada disciplina da grade curricular (...) desenvolvidos por intermédio do computador”.
Desta forma, podemos dizer que a Informática Educativa não é o ensino da manipulação do computador ou do procedimento de utilização de determinado software.
A Informática Educativa envolve a inclusão do educando na sociedade informatizada.
Neste sentido, deve integrar o conteúdo das disciplinas com a utilização da informática como recurso didático e pedagógico.
É óbvio que para cumprir este papel, a Informática Educativa exige do docente o domínio das técnicas computacionais, mas, antes de tudo, envolve discussões que pertencem ao campo da prática pedagógica e a filosofia do conhecimento.

A história do desenvolvimento da área.
A origem da expressão Informática Educativa e do seu conceito remonta a 1971, quando uma universidade americana (Dartmouth) começou a discutir a possibilidade do uso de computadores, em sala de aula, no ensino de física.
O Brasil acompanhou a tendência e discutiu o assunto pela primeira vez em 1973, na “I Conferência Nacional de Tecnologia Aplicada ao Ensino Superior”, realizada no Rio de Janeiro.
A partir desta conferência, computadores passaram a ser usados como recurso didático no ensino superior de química na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
No entanto, faltavam no Brasil softwares originais, principalmente educativos, o que deu origem a um núcleo de pesquisa para construir uma base que garantisse uma real capacitação nacional, ainda em 1973, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Pouco depois, integrada ao núcleo de desenvolvimento de softwares da UFRGS, foi criado o Laboratório de Estudos Cognitivos do Instituto de Psicologia (LEC), o qual procurou apoio nas teorias de Piaget para discutir a aplicação da informática como recurso didático.
Em 1975, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) iniciou uma cooperação técnica com o Laboratório de Mídia da Massachussets Institute of Technology (MIT), criando um grupo interdisciplinar para pesquisar o uso de computadores na educação.
Em âmbito governamental, na década de 1970, a União criou a Comissão Coordenadora das Atividades de Processamento Eletrônico (CAPRE), a Empresa Digital Brasileira (DIGIBRAS) e a Secretária Especial de Informática (SEI), este último um órgão executivo do Conselho Nacional da Presidência da República.
Apesar de criadas durante a ditadura militar, estas instituições federais regulamentaram o uso da informática, incentivando a proliferação de centros de pesquisa aplicados a Informática Educativa.
A cultura nacional de informática na educação foi se ampliando a ponto de gerar dois seminários internacionais no Brasil em 1981 e 1982, discutindo o uso do computador como ferramenta auxiliar no processo ensino-aprendizagem.
A partir de 1982, o MEC assumiu o compromisso de criar mecanismos para possibilitar o desenvolvimento de estudos abordando a questão.
No mesmo ano, foram elaboradas as primeiras diretrizes ministeriais para o setor, no III Plano Setorial da Educação e Cultura.
O que deu origem em 1986 ao Projeto EDUCOM (Programa de Ação Imediata em Informática na Educação de 1º. e 2º. Grau), o qual pretendia implantar infra-estrutura de suporte nas secretárias estaduais de educação, nas escolas técnicas federais e nas universidades.
A idéia era incentivar a formação de agentes multiplicadores, centrando o foco nos educadores primeiro, para, depois, disseminar o uso da informática entre os educandos em geral.
Em 1987, o governo federal iniciou o Programa de Ação Imediata, liberando recursos para a informatização das escolas brasileiras.
Para acompanhar a tendência, o MEC criou cursos de especialização lato sensu em Informática Educativa, primeiro na Unicamp, depois nas universidades federais, visando capacitar professores.
Ao final de 1988, a Organização dos Estados Americanos (OEA), através de seu departamento de Assuntos Educativos, reconhecendo o esforço brasileiro na área, convidou o MEC para participar de uma cooperação multinacional envolvendo outros países latino-americanos.
Uma comissão do MEC visitou o México, observou os projetos existentes e passou a se espelhar neles para implantar novos projetos no Brasil.
Em 1989, o governo federal brasileiro implantou o Programa Nacional de Informática Educativa, com a finalidade de “desenvolver [a área], através de projetos e atividades, articulados e convergentes, apoiados em fundamentação pedagógica sólida e atualizada, de modo a assegurar a unidade política, técnica e cientifica imprescindível ao êxito dos esforços e investimentos envolvidos”.
A partir de então, com a disseminação do conceito de sociedade da informação, a evolução tecnológica e o barateamento dos computadores, a informática Educacional foi se disseminando, sendo implantada nas escolas de todos os níveis dentro do contexto da inclusão social.

Objetivos da informática na educação.
Dentro do âmbito da globalização, onde as informações estão fortemente disponíveis pela rede mundial de computadores, a Internet; onde a comunicação entre as pessoas foi facilitada pela informática, aproximando e derrubando fronteiras; a inclusão social passa necessariamente por este meio.
Assim, um objetivo e desafio primordial da Informática na Educação é a facilitação do acesso.

Entretanto, para isto, necessita familiarizar o educando e instrumentalizá-lo para integrar a sociedade da informação.

É neste sentido que, mais que meio ou recurso didático, o uso do computador em sala de aula pretende sensibilizar o educando para que se perceba como parte de um contexto mais amplo, instigando a curiosidade e a vontade de aprender por si só.
O que encontra respaldo nas teorias de Dewey, Paulo Freire, Piaget, Skinner e Vigotsk.
Além de fomentar o autodidatismo, essencial a sobrevivência do individuo no mundo globalizado, a informática na educação objetiva estimular a interdisciplinaridade, quebrando o paradigma fordista, para tentar retomar a tendência humanista dos renascentistas.
Estimulando a reflexão interdisciplinar, a Informática Educativa pretende transmitir conteúdos de uma forma mais leve e instigante, usando brincadeiras e jogos como recurso didático e, sobretudo, desenvolvendo o raciocínio lógico do educando.

Informática e raciocínio lógico.
Segundo a teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget, o desenvolvimento lógico é composto por quatro estágios, cada um representando transformações cognitivas da criança.

Neste modelo teórico, o sistema cognitivo interage com o ambiente, captando e processando dados, ampliando a capacidade de utilizar as informações, constituindo dois momentos, chamados por Piaget de assimilação e acomodação.

A assimilação implica em interpretação e construção de dados externos que devem ser incorporados aos conhecimentos pré-existentes.
A acomodação, por sua vez, modifica o sistema cognitivo para adequar-se ao que é percebido como dado externo.
A partir deste mecanismo, a criança passa pelo estágio sensório-motor, o pré-operatório, o operatório e o formal.
Pensando nos dois últimos estágios, quando o pensamento lógico se desenvolve, a criança começa afazer simulações e ensaios, levantando hipóteses e criando generalizações.
O uso de alguns softwares permite que a criança desenvolva seu raciocínio lógico, através da assimilação e acomodação, pela tentativa e erro, possibilitando simular situações da vida real, sem correr riscos concretos.
Permite que o educando se depare com novas situações e problemáticas, instigando a resolução de problemas.
Como fazer isto é a grande questão?

Concluindo: trabalhando com o computador.
Ao observar a Informática Educativa, independente da disciplina ou área do conhecimento, a questão que emerge na mente do professor é: como trabalhar com o computador em sala de aula.
Uma alternativa seria utilizar o recurso da programação, usar softwares de planilhas eletrônicas, por exemplo, para instrumentalizar o educando para o mundo do trabalho.
A grande desvantagem é a aridez deste recurso.
O que remete ao uso de softwares de ensaios e simulações, jogos usados para que as crianças apreendam brincando, tal como aqueles que exigem que seja administrada uma cidade ou gerenciada uma civilização.
Além disto, o computador pode ser usado pelo educador para estimular a resolução de problemas de várias ordens, indo desde uma equação, passando pela tradução de um texto, até a manipulação de figuras.
Não menor é a importância ao estimulo da consulta de dados através do computador, usando a Internet em enciclopédias e textos online para pesquisa.
Inclusive, seria interessante que o professor utilizasse o e-mail e um blog como meio de comunicação com seus alunos.
Não podemos esquecer que o computador está se tornando uma máquina de ensinar, chegando ao ponto de fazer proliferar a chamada tele-presença, com a troca de informações entre educandos pelas redes sociais.
 Os cursos EDA (Ensino a Distância), neste contexto, possuem forte tendência a ampliar sua atuação, mostrando os rumos que a educação tomará nas próximas décadas.
Por isto, os educadores necessitam adentrar este universo, multiplicando o conhecimento através do computador.

Para saber mais sobre o assunto.
BOUSSUET, G. O computador na escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.
PAPERT, S. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

Texto:

Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

Doutor em Ciências Humanas - USP.
MBA em Gestão de Pessoas - UNIA.
Licenciado em Filosofia - FE/USP.
Bacharel em Filosofia - FFLCH/USP.



terça-feira, 30 de novembro de 2010

Editorial - Balanço do mês de Novembro - Para entender a história...

Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 1, Volume nov., Série 30/11, 2010.


Neste mês de novembro tivemos uma grata surpresa, recebemos 26.177 visitas, distribuídas entre pessoas de 68 países, espalhadas pelos cinco continentes.
Totalizando mais de 52.000 visitas desde 13 de agosto de 2010.
Assim, tivemos um crescimento significativo no número de leitores, como demonstra o gráfico fornecido pelo Google.


Além do Brasil, foram registradas visitas dos seguintes países: EUA, Canadá, México, Republica Dominicana, Panamá, Porto Rico, Honduras, Nicarágua, Argentina, Uruguai, Equador, Peru, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guiana, Bolívia, Venezuela, Paraguai, Portugal, Espanha, Itália, Grã-Bretanha, Irlanda, Polônia, Lituânia, Finlândia, Dinamarca, Alemanha, Holanda, Suécia, Suíça, França, Rússia, Hungria, Noruega, Croácia, República Tcheca, Áustria Albânia, Malta, Sérvia, Eslováquia, Eslovênia, Moldávia, Letônia, Chipre, Andorra, Luxemburgo, Montenegro, Bélgica, Grécia, Angola, Argélia, Moçambique, Cabo Verde, África do Sul, Índia, Paquistão, Líbano, Coréia do Sul, Filipinas, Taiwan, Japão e China.
Portanto, somaram-se aos leitores pessoas dos seguintes países: República Tcheca, Áustria, Cabo Verde, Indonésia, Panamá, Macau, Malta, Colômbia, El Salvador, Paquistão, Líbano, Irlanda, Luxemburgo, Montenegro.
Depois do Brasil, com 22.000 visitas, o país que mais visitou os artigos publicados foi Portugal, com 3.000 leitores.
As postagens mais populares o numero de vistas, respectivamente, foram: A passagem da antiguidade para o feudalismo (2.557); A revolução francesa foi causada pela fome (1.987); A organização social do alto império romano (1.311); Reflexões acerca do inicio da utilização da mão de obra africana pelos portugueses no período colonial (1.123); A vida privada entre os escravos africanos no Brasil (1.085); Chica da Silva (1.010); História indígena na América portuguesa (843); História e Poder (810); Intelectuais, pensamento social e educação (702); e Três arquivos portugueses (610).
Uma grande novidade foi à transformação do blog em Publicação Técnico-Científica on-line, a partir de sua indexação junto ao Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia da República Federativa do Brasil.
Ao receber o numero de ISSN 2179-4111, o blog ganhou status e reconhecimento como publicação cientifica, podendo ter seus artigos inseridos no currículo lattes como publicação em periódico.

O ISSN é um número internacional normalizado para Publicações Seriadas (International Standard Serial Number), é o identificador aceito internacionalmente para individualizar o título de uma publicação seriada, tornando-a única e definitiva.

Seu uso é definido pela norma técnica internacional da International Standards Organization ISO 3297.

O ISSN é operacionalizado por uma rede internacional, e no Brasil o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia - IBICT atua como Centro Nacional dessa rede.
O IBICT somente concede ISSN para as publicações que apresentam artigos originais, atendendo o requisito de manutenção de periodicidade e expediente.
Cabe ressaltar que o IBICT não concede ISSN para publicações que apenas reproduzem textos de outros sites ou que apresentam resumos, além de negar o registro para blogs pessoais.
Outra novidade é a abertura da oportunidade de publicação de artigos dos leitores interessados em colaborar com Para entender a história...
Os interessados devem enviar artigos dentro dos parâmetros fixados nas normas de publicação disponíveis no link “Colaborações”.
Para os iniciantes na carreira docente ou estudantes universitários, ressaltamos que é interessante publicar artigos em periódico científico indexado, tal como este, pois, ao incluir o texto no currículo lattes, este passa a contar pontos em concurso publico e em candidatura à vaga como professor universitário.
Outro dado interessante foi o aumento no número de seguidores, agora são 41 pessoas seguindo a publicação.
Aliás, fica o convite para que você também, nosso leitor, siga o blog e venha colaborar com o enviou de artigos.

A partir de dezembro, além da publicação de artigos todas as segundas-feiras, teremos textos publicados em caráter especial  e esporádico aos sábados, em geral abordando a educação.
Aproveito novamente a oportunidade para agradecer os leitores e desejar uma boa leitura.

Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

Doutor em Ciências Humanas - USP.
MBA em Gestão de Pessoas - UNIA.
Licenciado em Filosofia - FE/USP.
Bacharel em Filosofia - FFLCH/USP.