Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 15, Volume jul., Série 02/07, 2024.
Líder do Projeto.
COAUTORES: Ana Carolina de Faria Silva, Fabio Ramos de Lima, Felipe de Freitas de Oliveira, Flaviane Cândido Mendes, Jamily de Santana Neves, Jaqueline Gonçalves Lopes, Mayara Marques B. Vilela de C. R. Raimundo, William Paulo Sobrinho (discentes do curso de engenharia Civil do Centro Universitário Monte Serrat – Unimonte).
O texto deste
artigo originalmente compunha uma monografia inserida no Projeto Integrador,
orientada pelo Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos, apresentada pelos alunos citados
como coautores ao Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), como exigência
parcial para a aprovação na disciplina PI I do curso de engenharia civil. Os
resultados da pesquisa foram apresentados ao público em evento interno da
universidade, submetido à avaliação de banca de professores do curso no ano de
2014. Este texto foi atualizado pelo orientador, com modificações substanciais,
para publicação na Revista.
RESUMO: Pretende-se colaborar para o resgate do patrimônio histórico da cidade de Santos, procurando entender as técnicas e materiais utilizados na época, visando a preservação da memória através da construção de uma maquete da Santa Casa da Misericórdia de Santos. Fundada em 1543, pelo fidalgo português Brás Cubas devido incentivos monarcas para a criação de outras santas casas tanto em Portugal, quanto em suas colônias. Inicialmente com a função muito mais de acolher pobres, marginalizados e rejeitados do que terapêutica. Desenvolveu-se uma pesquisa histórica (desde o primeiro prédio até o atual), cultural e arquitetônica a fim de aprender técnicas antigas de construção e comparar com técnicas mais modernas.
PALAVRAS-CHAVE: Brasil Colônia, História da Arquitetura,
História da Engenharia, Santa Casa da Misericórdia de Santos.
ABSTRACT: It is
intended to contribute to the rescue of the historical heritage of the city of
Santos, seeking to understand the techniques and materials used at that time,
in order to preserve the memory by building a model of the Santa Casa da
Misericordia de Santos. It was founded in 1543 by the Portuguese nobleman Braz
Cubas due monarchs incentives for the creation of other Hospitals both in
Portugal as in its colonies. Initially with much more function to host the poor
peoples, marginalized and rejecteds than therapy. Has Developed a historical
research (since the first building to the present), cultural and architectural
in order to learn the ancient building techniques and compare them with more
modern techniques.
KEYWORDS: Brazil Colony, History of Architecture,
History of Engineering, Holy House of Mercy
of Santos.
1. INTRODUÇÃO.
Para o Projeto Integrador, realizou-se uma pesquisa sobre “O edifício da Santa Casa de Santos”, localizado na cidade de Santos dos séculos XVI e XVII. Utilizaram-se diversas formas de pesquisa, tais como: pesquisa de campo, livros e fontes como a internet.
A pesquisa de
campo foi realizada na Prefeitura de Santos, no Arquivo permanente da cidade,
no próprio Hospital Santa Casa, nos arquivos antigos e com o padre responsável
pelo Convento Nossa Senhora da conceição construído em 1532 na cidade de
Itanhaém.
Por falta de
informações referente à estrutura física como a planta do prédio, a maquete foi
elaborada com base na pintura de Benedito Calixto, na qual retrata o segundo
prédio, pois infelizmente não houve registros da primeira construção.
A escala
estrutural do prédio foi baseada na igreja localizada na cidade de Itanhaém,
pois sua construção ainda é mantida do ano 1532 (igreja atual Matriz
Sant'Anna). Com a pesquisa, descobriu-se a evolução da construção civil que se
ocorreu através dos anos.
2. METODOLOGIA.
Para elaboração
deste trabalho seguimos a normatização da ABNT (Associação Brasileira de normas
Técnicas), conforme preconizado pela NBR (Norma Brasileira Regulamentadora)
6023, atendendo ao padrão estabelecido pelo Manual de Trabalho Interdisciplinar
Dirigido/Projeto Aplicado 2-2014 da Unimonte e a Portaria da Reitoria 006/2014
que instituiu as Normas para o Trabalho Interdisciplinar Dirigido/Projeto
Integrador da citada Unimonte.
A. Pesquisa histórica.
Iniciou-se a
pesquisa do hospital da Santa Casa da Misericórdia de Santos do século XVI com pesquisas
bibliográficas para descrever sua história e métodos de construção do século e
entender a finalidade e importância para a sociedade.
Realizou-se a
metodologia e pesquisa de campo na atual Santa Casa de Santos, porém, não houve
registro do primeiro e segundo prédio. Encaminhou-se a pesquisa de campo para o
Arquivo permanente da prefeitura em busca de registros da época. Infelizmente
também houve a falta de registros do hospital.
Partindo desta
problemática, observou-se que uma das melhores formas de encontrar a parte
estrutural do prédio e as técnicas de construção foram dois métodos
importantes.
O primeiro foi
resgatar a estrutura básica do prédio através da pintura de Benedito Calixto e
no cartão postal de B. Cesare que se serviu de base para a criação da maquete
do segundo prédio da Santa Casa.
Suas escalas foram
baseadas através de pesquisa de campo na matriz de Sant’Anna em Itanhaém, que
mantém sua estrutura original do século XVI.
O segundo método,
também como pesquisa de campo, foi no convento Nossa Senhora da Conceição com o
reverendíssimo padre José Santos na cidade de Itanhaém onde foi feita uma
entrevista referente aos métodos de construção do período colonial. Pesquisaram-se
também as técnicas de construção do período colonial através de fontes da
internet (sites).
Suponha-se que a estrutura da Santa Casa foi construída de pedra (cantaria), pois as construções públicas e religiosas eram construídas deste material.
B. Maquete.
Na maquete a
principal problemática foi encontrar o tamanho do hospital, pois não há
registros da planta.
Através da porta
da igreja de Itanhaém e da pintura de Benedito Calixto, formaram-se as medidas
na escala de 1x50, chegando assim ao tamanho da réplica.
C. Materiais usados na maquete.
Utilizou-se como
estrutura da Santa Casa, da igreja e da torre, o papel paraná. As janelas foram
feitas de palitos de fósforo e pintadas com tinta látex branca.
As portas foram
feitas de palitos de picolé e pintadas com tinta de tecido na cor marrom.
O telhado feito da
parte ondulada do papelão, pintado com a tinta de tecido na cor marrom.
As molduras das
portas e janelas foram feitas de papel paraná.
Utilizou-se a base
em M.D.F.
O morro foi criado
com papelão, papel pardo e esponjas de louça trituradas no liquidificador,
pintadas com tinta de tecido na cor verde e coladas com cola de sapateiro.
As árvores foram
feitas com arame de cobre e esponjas, pintadas com tinta de tecido nas cores
verde e marrom.
E para finalizar,
utilizaram-se pedras e areia de cachoeira.
D. Fotos da construção da maquete.
3. DESENVOLVIMENTO.
A. Resumo da história da Santa Casa de Santos.
Em 15 de agosto de
1498 foi criada a primeira Santa Casa do mundo, situada em Lisboa, considerada
uma das primeiras heranças da colonização portuguesa.
No mesmo ano
fundaram-se mais dez filiais.
A origem da
fundação das Santas Casas da misericórdia era a preocupação com a situação dos rejeitados
e marginalizados.
No início
funcionava mais com função assistencial do que terapêutica, atendiam-se os
pobres na doença, no abandono e na morte.
Abrigavam além de
enfermos, os abandonados, crianças e senhores de idade, os excluídos do
convívio social, criminosos e doentes mentais.
Em 1542, com o
auxílio do fidalgo português e fundador da vila de Santos, Braz Cubas e também
de seus moradores do povoado Enguaguassu, iniciou-se a primeira construção da
primeira Casa da Misericórdia de Todos os
Santos e primeiro hospital do Brasil.
A primeira Santa
Casa da Misericórdia foi construída no sopé do outeiro de Santa Catarina, que
atualmente encontra-se a Rua Visconde do Rio Branco, em frente ao edifício da
Alfândega situado no centro de Santos.
A inauguração ocorreu
em novembro de 1543; em seguida, em 2 de abril de 1551, Braz Cubas obteve de D.
João III o primeiro alvará de privilégios concebidos por uma misericórdia
brasileira.
Em 1665, houve a
necessidade de construir um segundo prédio da Santa Casa e da sua igreja, em
local que ficou conhecido como Campo da Misericórdia, mais tarde denominado
Largo da Misericórdia, Largo da Coroação e, por último, Praça Visconde de Mauá,
junto ao prédio da Prefeitura.
A construção do
terceiro prédio da Irmandade da Misericórdia inaugurou-se no ano de 1836 que se
localizava perto do Monte Serrat, na época chamada de Morro de São Jerônimo. A
irmandade utilizou o Hospital Militar, no intervalo de 1804 a 1830.
O capitão Antônio
Martins de Santos, então provedor Claudio Luiz da Costa.
O hospital fora
ampliado com a criação de um pavilhão para os tuberculosos. Em 1928, ocorreu um
grande deslizamento no morro Monte Serrat, que soterrou a parte de trás do
Hospital e alguns prédios ao redor.
No ano de 1928, a
fim de evitar um novo soterramento, iniciou-se a construção do quarto e atual
prédio, no bairro Jabaquara.
Com capacidade
para 1400 leitos, sendo considerado um dos mais bem equipados e um dos maiores
hospitais da época, o prédio foi inaugurado no ano de 1945, pelo presidente
Getúlio Vargas.
Para continuar
atendendo os mais carentes, a Santa Casa sofreu com cortes nos investimentos,
economizando e criando seus próprios planos privados.
O Hospital serviu
o ensino da medicina quase três séculos antes da fundação da primeira faculdade
de medicina no Brasil.
B. História dos prédios Santas Casas.
A primeira Santa Casa
do mundo foi criada na cidade de Lisboa, Portugal. No ano de 1542, Braz Cubas
fundou junto com os moradores do povoado a primeira Santa Casa de todos os
Santos, do qual originou o nome da cidade de Santos.
O principal
objetivo da Santa Casa era acolher os enfermos e os rejeitados pela sociedade.
O segundo prédio e sua igreja conhecidos como “Campo da Misericórdia” foi construído em 1665, porque havia uma necessidade maior de atendimento à população.
O terceiro prédio
foi construído em 1836, também com o intuito de ampliar o atendimento aos
enfermos e maior acessibilidade, pois encontrava-se distante das vilas.
No ano de 1928,
ocorreu um deslizamento de terra destruindo uma parte do hospital, havendo
assim a necessidade de construir o quarto prédio, no bairro do Jabaquara, com
capacidade para 1400 leitos.
Sua inauguração
foi em 1945 e mantém sua estrutura até os dias de hoje, sendo um hospital de
referência em todo litoral paulista.
C. Estruturação e materiais utilizados no século XVI.
Nas construções do
século XVI e XVII usavam-se como materiais a areia, cal, pedras e o barro.
As fundações eram
feitas de baldrame com pedras largas postas em uma cova com variações de
largura.
As principais
estruturas eram feitas de cantaria, as demais eram utilizadas o adobe e os
tijolos cerâmicos.
As estruturas de
construção da cobertura das igrejas eram feitas de tesoura de linha, as telhas
eram feitas de barro e moldadas nas coxas dos escravos.
A forma do telhado
era de capa e bica que vieram junto com os portugueses
Os revestimentos
eram feitos de areia, cal e barro.
A pintura
utilizada era a cal, a cor predominante das vilas era o branco, destacando-se
as cores fortes para as janelas e portas, como: azul, vermelho, amarelo e
marrom.
Os pisos eram
feitos de pedras e barro batido.
As pedras menores
ficavam no interior das casas. Já as maiores compunham as vias públicas ambas
com o nome de pé-de-moleque.
D. A Chegada de Cabral, materiais e medidas
utilizadas.
Pedro Álvares
Cabral foi um fidalgo, comandante militar, navegador e explorador português
creditado como o descobridor do Brasil.
Realizou a
primeira exploração da costa nordeste da América do Sul, reivindicando-a para
Portugal.
Com a chegada e a
posse da frota de Cabral, os índios passaram a ser explorados por eles, onde em
troca ganhavam os materiais que os portugueses trouxeram nas embarcações como,
por exemplo, o ferro.
Os índios moravam
em casas compridas como uma nau, de madeira, cobertas de palha.
Importantes
materiais que eram utilizados nas construções, a madeira de excelente
qualidade, além de servir para lenha.
Eles utilizavam a
pedra para o corte e confecção das "lâminas" de suas armas, cortavam
suas madeiras e paus com pedras feitas como cunhas, metidas em um pau entre
duas talas, muito bem atadas.
É preciso não
esquecer que tanto um grupo quanto outro, conta com uma ampla variedade de
elementos naturais para realizar seus objetos: madeiras, caroços, fibras,
palmas, palhas, cipós, sementes, cocos, resinas, couros, ossos, dentes,
conchas, garras e
belíssimas plumas das mais diversas aves.
Evidentemente, com
um material tão variado, as possibilidades de criação são muito amplas, como
por exemplo, os barcos e os remos dos Karajá, os objetos trançados dos Baniwa,
as estacas de cavar e as pás de virar biju dos índios xinguanos.
Os únicos
materiais que eles tinham eram a madeira, palha, pedra e o barro onde os
portugueses utilizavam de várias formas incorporando e sincretizando técnicas
construtivas de povos conquistados em suas viagens ultramarinas.
Antigas unidades
de medida portuguesas, as unidades de medida portuguesas foram utilizadas em
Portugal, Brasil e em alguns domínios coloniais portugueses até à introdução do
sistema métrico. Estas unidades tiveram origem nas unidades de medida romanas,
árabes e outras.
Pé (foot): Um pé correspondia, na Roma Antiga, 12
polegadas – número geralmente usado como base pelos romanos.
Essa medida
corresponde a, aproximadamente, o tamanho de uma caixa de uma dúzia de ovos,
que costuma ser maior que a maioria dos pés humanos.
Hoje, o pé é usado
na determinação da altura das pessoas e na arquitetura (para medir paredes,
chão, teto e distâncias entre um e outro ponto).
Um pé corresponde
a 30,48 centímetros.
Jarda (yard): A medida de 1 jarda era baseada, portanto,
no tamanho da circunferência da cintura de uma pessoa, o que permitia grandes
variações.
No século 11, o
rei Henrique I chegou a sugerir que 1 jarda correspondesse à distância da ponta
de seu nariz ao seu polegar com o braço esticado.
Com a padronização
das medidas, foi estipulado que 1 jarda valeria 3 pés.
Corresponde à
largura de uma porta de tamanho padrão ou a 91,44 centímetros.
Galão (gallon): A palavra “galão” vem da antiga
denominação de balde.
No século 15,
decretou que um galão deveria corresponder a 4,4 litros menos 2 colheres de
sopa. No século 18, estipulou-se que um galão de cerveja correspondia a 4,4
litros, enquanto um de vinho, a 3,8 litros.
Em 1824, foi
finalmente decretado o galão oficial, sendo todos os outros abolidos.
A nova medida -
mais próxima à do galão de cerveja - foi definida como “o volume de 10 libras
de água destilada medido em uma balança de bronze à temperatura de 16ºC”.
Um galão
corresponde hoje a 4, 546 litros.
Milha (mile): A milha vem do termo romano mille passus,
que significa mil passos. Correspondia, originalmente, a 5 mil pés humanos.
No ano de 1500, membros
da corte da dinastia Tudor criaram a unidade de medida “furlong”, que
correspondia a 220 jardas.
O gosto pela
tradição britânica levou a rainha Elizabeth I, em 1593, a declarar que 1 milha
não mais media 5.000 pés (como mandavam os romanos), mas 5.280 pés, que
correspondiam a exatos 8 furlongs - uma medida autenticamente britânica.
Hoje, a milha é
usada para medir a distância entre cidades e o comprimento de rios. Uma milha
corresponde a1, 61 quilômetros.
Polegada (inch): A polegada, que representava o
tamanho de um dedo polegar, foi inventada pelo rei David I da Escócia, no ano
de 1150.
No século 14, o
rei Eduardo II decretou que uma polegada corresponderia ao comprimento de 3
grãos de cevada, secos e redondos, enfileirados.
Também já foi
definida como o comprimento do enfileiramento de 12 sementes de papoula.
Em 1959, foi
decretado que uma polegada corresponde a 2,54 centímetros.
Hoje, a medida é
usada para mensurar o comprimento e a largura de fotografias, a profundidade de
águas rasas, o tamanho de objetos e a grossura de livros.
Mão (hand): A mão é uma medida antiga que costumava
corresponder à largura de uma mão humana com os dedos fechados.
Hoje, ela vale 4
polegadas e só é usada para mensurar a altura de cavalos (do chão à cernelha do
animal).
Trata-se de uma
forma de medição rudimentar, inventada pelos egípcios por volta de 3000 a.C.
Uma mão
corresponde a 10,16 centímetros.
Libra (pound): Não é coincidência o nome desta unidade de
medida de peso ser o mesmo da moeda da Inglaterra.
No ano de 1266, o
rei Henrique III decretou que a moeda de um centavo (penny) deveria pesar o
mesmo que 32 grãos de trigo.
Vinte centavos (ou
640 grãos) corresponderiam a uma onça (ounce), e 12 onças (7.680 grãos ou 240
moedas de um centavo), a uma libra (pound).
Até hoje, na
Inglaterra, 240 moedinhas de um centavo pesam uma libra.
Uma libra
corresponde a 450 gramas.
E. Fundações e bases do século XVI.
Uma das técnicas
de fundação utilizada no Brasil colonial foi a fundação corrida, amplamente
utilizado naquele século.
Um baldrame, feito
com pedras largas, postas em uma cova com variação de largura e aproximadamente
1,50m de profundidade, com a função de receber vigas para paredes de
sustentação, com distribuição de carga.
Em caso de
estruturas autônomas, ou gaiolas, o buraco da fundação poderia ser feita sob um
suporte, somente para receber cargas concentradas.
De inicio,
abria-se uma vala de qualquer maneira somente para averiguar o tipo de terreno
para iniciar o assentamento das pedras para o alicerce, logo após colocava-se
pedriscos para assentar as pedras maiores em seguida, colocava-se um caldo
composto de argamassa, barro, cal e algum aglomerante.
Na época, era
comum a indicação de óleo de baleia como um aglutinante para dar liga a massa,
porém, fontes de pesquisas recentes fazem referência a borra, ou resíduos do
cozimento, uma parte inferior e mais barata retirada do próprio óleo durante o
processo de cozimento, já que o óleo era um material muito caro, portanto usado
preferencialmente como um impermeabilizante.
Para prevenir a
edificação de infiltração provinda das águas pluviais, a última fiada era um
pouco mais elevada em relação ao nível do terreno, onde era posto uma laje de
pedras em torno de toda a edificação num rodapé.
No nível do piso,
esses suportes fincados no solo recebiam encaixes para a colocação de vigas
baldrames, mais alta que o solo, para evitar a penetração da água.
Sobre os esteios
se apoiavam as vigas de sustentação dos assoalhados, que era o piso mais
empregado nesse sistema construtivo.
F. Paredes autoportantes de pedra.
Os elementos
verticais podem ser classificados segundo suas estruturas, bem como as paredes
autoportantes que têm a função de vedar e sustentar; estrutura autônoma ou
gaiola, com a função de esteio associado às paredes de vedação de materiais
diversos, como pedra argamassada, adobe e taipa de pilão, madeira, estuque,
terra, entre outras.
Podem-se ter duas
técnicas em uma mesma edificação.
Usavam-se arcos em
tijolos maciços para vedação dos vãos, adotando-se a técnica da pedra argamassada.
G. Adobe e tijolos cerâmicos.
Alguns dos
principais materiais construtivos que se utilizava nos tempos da colonização no
Brasil, eram os adobes e os tijolos cerâmicos ambos são feitos a partir do
barro, fibras vegetais e água.
O adobe era uma
espécie de lajota em formato de paralelepípedo maciço, compacto e de grande
resistência à compressão, com dimensões aproximadas a 20cmx20cmx40cm, a
produção do adobe era rápida e simples.
O barro era
amassado com as fibras vegetais e disposto em formas retangulares úmidas, para
facilitar ao desenformar, e colocados para secar ao sol, o que demorava cerca
de 10 (dez) dias, tendo de ser virado a cada 2 (dois) dias.
Após este período
é realizada a vedação através do assentamento e caiação. Assim as estruturas
podem durar até 20 anos em média.
Para o seu melhor
desempenho e para uma melhor resistência, era utilizado nas partes internas e
externas das construções.
Os tijolos
cerâmicos tinham como matéria-prima a argila, tinham dimensões menores em
relação ao adobe e em determinadas construções substituía o uso da pedra.
A diferença
preponderante se encontra no modo de preparo.
O tijolo é cozido
em fogueiras ou olarias, sendo assim mais resistente que o adobe, seu uso era
maior em comunidades que possuíam maior disponibilidade de lenha.
O tijolo cerâmico
foi um dos primeiros materiais construtivos a ser empregado pelo homem, seu uso
é conhecido desde os períodos da Mesopotâmia e em Roma antiga.
A construção de
arcos e de aberturas foi proporcionada com o uso de tijolos nos arcos de
descarga sobre as envasaduras.
Nos séculos XVI e
XVII eram extremamente requisitados nas construções de alvenaria, por sua
prática e pela sua eficiência.
H. Construções em pedra.
As construções
durante a colonização eram de pau-a-pique, coberta com folhas de palmeiras.
De acordo com o
passar dos anos, era utilizada a taipa de pilão e devido ao clima, a técnica
mais usada era a de pedra e cal.
A necessidade de
construções mais sólidas, trouxeram junto com o governador geral Tomé de Souza
(1549) os mestres Luís Dias (mestre de obras), Luís Peres (mestre
de pedreira) e
Miguel Martins (mestre de fazer cal).
A cantaria é a
utilização de pedras ajustadas perfeitamente uma sobre as outras sem o
auxílio de argamassa.
Para o
assentamento, utilizam-se grampos metálicos e, às vezes, óleo de baleia como
adesivo para auxiliar na vedação.
Utilizado desde o
período pré-histórico por ser um material natural e acessível, esse trabalho
era tradicional entre os portugueses e no Brasil, começou a ser empregado na
metade do século XVI tendo como foco construções públicas e religiosas.
As paredes de pedra argamassadas em construções de porte médio adotavam de 60 a
80 cm de espessura.
Já para obras
públicas sua espessura variava de 1 a 1,5 m.
A diferença
decorria do aumento das cargas do telhado sobre as paredes, evitando-se o
comprometimento estrutural.
Para esse tipo de
obra era necessário além da mão-de-obra numerosa, o trabalho dos mestres
cantareiros e para execução os mestres pedreiros.
Muitos projetos
vinham prontos de Portugal para serem aqui realizados com pedras (principalmente
Lioz), que cortadas e numeradas na metrópole, funcionavam como lastro dos
navios e aqui montadas nas construções.
Com o tempo,
os quartzitos viriam ser, sobretudo empregados nas partes nobres das
construções.
No século XIX, com
mudanças estilísticas e o desenvolvimento de novos materiais, houve um declínio
do emprego da cantaria.
A preferência
pelos tijolos na execução das alvenarias e o fim do trabalho escravo levaram a
extinção do ofício.
I. Coberturas.
As coberturas de
casas utilizadas pelos nativos feitas de palha retiradas das folhas de
palmeiras e gramíneas foram inovadas junto com o início da colonização visto
que crescia a necessidade de construções com mais durabilidade e resistente ao
tempo.
Iniciou-se então a
produção das telhas capa-de-bica ou capa-e-canal, verdadeiro marco da arquitetura
colonial.
A técnica
utilizada chegou ao Brasil junto com os portugueses.
As telhas de barro
eram fabricadas por escravos de forma rústica, o barro era amassado até obter a
liga desejada e posteriormente moldada sobre as próprias coxas.
As telhas eram
então apoiadas sobre o madeiramento feito com a madeira de lei, madeira mais
resistente e capaz de suportar o peso.
A estrutura na
construção de igrejas era tesoura de linha (caibro armado) ou aspas francesas
este método era visto como as soluções para vencer os vãos maiores e os
espaçamentos não ultrapassavam de 0,80m.
J. Revestimentos, Pinturas e Pisos.
O revestimento era
feito de barro, cal e areia.
A cal era retirada
da incineração de conchas e mariscos.
Na pintura, a cor
predominante das paredes era o branco enquanto as portas e janelas usavam-se
cores vivas como azul, vinho e amarelo.
O revestimento,
pintura e pisos, imitavam as vilas portuguesas.
A base era
constituída de cola têmpera ou óleo (mamona ou linhaça) e os corantes
utilizados eram: Anil, Cochonilha, Açafrão, Urucum e Pau- Braúna.
O piso na época
colonial era feito de terra batida, ou barro batido e pedra em seu estado
bruto.
A terra era socada
com certa mistura de argila areia e água, à qual se adicionava às vezes sangue
de boi, para uma melhor liga.
Nos interiores
eram utilizadas pedras menores, seixos rolados de rios e para as vias públicas
aplicava-se blocos ou lâminas de maiores dimensões.
Ambas conhecidas
como pé-de-moleque ou calçada portuguesa.
4. CONCLUSÃO.
Durante o processo
da elaboração do projeto da maquete e do projeto escrito da Santa Casa da
Misericórdia de Santos (SCMS), teve-se como foco reconstruir a história da
Santa Casa de forma que se possa ter uma prévia noção das técnicas e dos
desenvolvimentos das construções dos séculos XVI e XVII.
Os materiais
utilizados nas estruturas e nas construções daquele período eram feitos e
utilizados de maneiras práticas e eficazes, tanto que há diversas estruturas
daquela época que ainda permanecem intactos nos dias atuais.
Alguns dos
materiais daquela época continuam sendo utilizados nos dias de hoje.
Com o avanço da tecnologia
as técnicas manuais foram substituídas por máquinas e técnicas avançadas.
Com a descoberta
da engenharia, criaram-se experimentos, teorias e práticas, com os quais se
puderam aprimorar os conhecimentos do passado de uma forma científica.
Na história da
primeira Santa Casa de Santos, destaca-se o seu principal objetivo que era
acolher os enfermos e os rejeitados pela sociedade, destacam-se também pontos
históricos como de um deslizamento de terra que ocorreu no terceiro prédio no
ano de 1928, e de sua reinauguração no ano de 1945.
No processo de
reconstituição do projeto do segundo prédio através de uma maquete obteve-se
como principal referência visual uma pintura de Benedito Calixto (pintor
ilustre e contemporâneo da construção), em comparativo com a atual Santa Casa
seu tamanho é consideravelmente inferior.
Atualmente o
hospital atende seus pacientes em planos públicos e privados, e sua atual
construção é datada do ano de 1945.
Observou-se que a
Santa Casa da Misericórdia de todos os Santos é um modelo das técnicas de
construção, porque sua evolução foi gradativamente vista desde o período
colonial até os tempos atuais.
5. RESULTADO
ALCANÇADO.
Figura 17: Maquete da Santa Casa de Santos. |
Figura 18: Maquete da Santa Casa de Santos. |
Figura 19: Maquete da Santa Casa de Santos. |
Figura 20: Maquete da Santa Casa de Santos. |
Figura 21: Maquete da Santa Casa de Santos. |
Figura 22: Maquete da Santa Casa de Santos. |
Figura 23: Maquete da Santa Casa de Santos. |
Figura 24: Maquete da Santa Casa de Santos. |
Figura 25: Maquete da Santa Casa de Santos. |
Figura 26: Maquete da Santa Casa de Santos. |
Figura 27: Maquete da Santa Casa de Santos. |
Figura 28: Maquete da Santa Casa de Santos. |
Figura 29: Maquete da Santa Casa de Santos. |
Figura 30: Maquete da Santa Casa de Santos. |
6. REFERÊNCIAS.
A. Fontes da internet.
BRASIL. A Santa Casa da Misericórdia de Santos. Disponível em: http://www.actamedica.org.br/noticia.asp?codigo=104.
Acesso em: 03/09/2014.
BRASIL. Arquivo Geral da Santa Casa. Disponível em: http://www.unisantos.br/pos/revistapatrimonio/pdf/Artigo2_v6_n8_out_nov_dez2009_Patrimonio_UniSantos.pdf.
Acesso em: 22/09/2014.
BRASIL. História da Santa Casa. Disponível em: http://www.scms.org.br/noticia.asp?codigo=42.
Acesso em: 01/09/2014.
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Acesso em: 01/09/2014.
BRASIL. Primeiro hospital do Brasil. Disponível em: http://www.rankbrasil.com.br/…/…/.Acesso
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Acesso em: 06/09/2014.
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Acesso em: 01/09/2014.
B. Outras fontes e bibliografia.
CORONA, Eduardo; LEMOS Carlos A.C. Dicionário da Arquitetura brasileira. São Paulo: Edart, 1972.
GASPAR, Frei de
Madre de Deus. Memórias para a história
da capitania de São Vicente, 1797. São Paulo: Editora da Universidade de
São Paulo; Belo Horizonte: Livraria Itatiaia, 1975.
THEREZINHA, Wilma
Fernandes de Andrade. Conexões da
História de Santos e Portugal. Leopoidianum, 1996.
VASCONCELLOS,
Sylvio de. Arquitetura no Brasil. Sistemas
Construtivos. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 1979.
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Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
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