Para entender a história... ISSN 2179-4111.
Ano 8, Volume dez., Série 13/12, 2017.
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Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
Doutor em Ciências Humanas - USP.
MBA em Gestão de Pessoas - UNIA.
Licenciado em História - CEUCLAR.
Licenciado em Filosofia - FE/USP.
Bacharel em Filosofia - FFLCH/USP.
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Introdução.
Embora a falta
de recursos financeiros tenha sido superada com certa facilidade, dado o
atrativo representado pelo lucro que poderia proporcionar a recém-estabelecida
rota da Índia, antes mesmo que este obstáculo se impusesse aos portugueses,
outro problema precisou ser contornado: a resistência da alta nobreza a
expansão ultramarina.
Apesar de
enfraquecida com a subida ao trono de D. João I, um nobre de abaixa status, o
Mestre da Ordem Militar de Sagres, filho ilegítimo de D. Pedro I; duques e
condes ainda mantinham imenso poder, conferido pelas suas posses e submissão de
vassalos.
Era essencial obter
apoio destes, não para financiar a construção e armação de navios, questão
resolvida com o capital de judeus portugueses e banqueiros estrangeiros, mas
para dar prosseguimento na intensão dos burgueses de chegar até a Índia pelo
Atlântico.
A alta nobreza
era requerida para suprir postos em navios e nas colônias como funcionários e
oficiais, seu apoio era necessário também para impedir a sabotagem no fluxo
migratório do campo para as cidades costeiras.
Visto que a fuga
dos camponeses de suas terras prejudicava as relações feudais, cada vez mais
enfraquecidas, deixando o escasso potencial agrícola lusitano ao relento.
A Coroa carecia
desta mão-de-obra de baixa estamento para trabalhar na faina marítima, em
navios e estaleiros, a qual foi se tornando abundante nas cidades na mesma
medida em que o campo se esvaziou.
A origem da nobreza europeia.
Na Europa, a
nobreza hereditária nasceu a partir de conceitos herdados do Império Romano e
mesclados com práticas introduzidas pelos invasores bárbaros.
As sociedades da
antiguidade já guardavam distinções entre os donos das terras e aqueles que trabalhavam
nela, até mesmo os atenienses no auge da democracia discerniam seus cidadãos de
estrangeiros, escravos e mulheres.
Retrocedendo,
esta hierarquia tinha aparecido nos primórdios do processo civilizatório,
quando os fisicamente mais fortes e os grupos de pessoas mais coesos começaram
a cercar as terras coletivas e transforma-las em posses privadas.
A partir da
escassez de recursos, Engels (2004) abordou com maestria este processo de
origem da propriedade, intrinsecamente vinculada com a invenção da família, que
conduziu a formação do Estado primitivo e de uma aristocracia patriarcal.
Em torno do mais
velho, famílias se articularam para garantir o controle sobre territórios e
privilégios, sempre transmitidos hereditariamente, de forma a preservar dentro
do grupo o poder sobre o restante da população.
Os romanos
modificaram esta organização, introduzindo a transmissão do poder e das
propriedades através da adoção, quando o patriarca podia escolher seu herdeiro
dentre aqueles sem laços sanguíneos com sua família, adotando quem desejasse
como filho, mesmo se fosse um adulto ou alguém com pequena diferença de idade
com ele.
O clientelismo, outra
concepção romana, envolvia trazer para dentro da família os agregados,
indivíduos que não tinham laços sanguíneos com o patriarca, mas que eram
sustentados por ele; usados como massa de manobra e tropas de choque para
intimidar, perseguir e até assassinar inimigos políticos.
No período
republicano, quanto maior o numero de clientes mantidos pelo patrício, maior
seu prestigio e poder.
Uma tradição que
se inseriu na disposição do exército romano, quando o cidadão precisava arcar
com os custos de seu equipamento militar e armamento, exigindo o patrocínio de
um rico patrício.
Na ocasião, os
generais começaram a formar exércitos particulares custeados por eles,
culminando com estruturas de poder referendadas pela capacidade de arregimentar
e manter soldados mobilizados.
A consequência
foi a ruina da República e uma época de intensas guerras civis, com famílias
proeminentes digladiando-se pelo controle de instituições do Estado.
O que resultou
no início do Império, colocando fim na ordenação do exército baseado no cidadão
soldado; o Estado assumiu os custos militares e centralizou o comando.
Quando o Império
Romano começou a ruir, na fase de transição para a Idade Média, as estruturas
de poder já eram hereditárias e o exército estava profissionalizado.
Carecendo de
mão-de-obra, a estrutura militar assimilou bárbaros romanizados, que trouxeram
consigo outros hábitos, pouco-a-pouco influenciando os arranjos latinos.
Entre os povos
dispostos para além das fronteiras culturais romanas, chamados de bárbaros -
tal como os gregos, antes, nomeavam todos os povos fora de seu território -,
notadamente germânicos, existia proposição institucional diferente da latina.
O comitatus unia o líder militar com seus
subordinados por lações de fidelidade, baseada na honra e lealdade,
hierarquizando as relações entre suserano - o chefe – e o vassalo - o seguidor
-; gênese do feudalismo medieval europeu.
A antiga
tradição do clientelismo romano se fundiu com o comitatus germânico e penetrou na organização do exército romano.
O aumento do
fluxo migratório de povos germânicos, oriundos do leste europeu, para dentro
das fronteiras romanas, iniciado no século IV, causado pela invasão de seu
território pelos hunos, conhecido como invasões bárbaras; fez muitos generais
latinos, aquartelados em fortes, gradualmente, perderem contato com o poder
centralizado em Roma.
Os fortes romanos
foram se transformando em castelos, os seus comandantes originaram grande parte
da nobreza europeia.
A liderança das
tropas foi convertida em hereditária e passou a ser estabelecida por laços de
fidelidade, baseada na disposição do comitatus
e no clientelismo.
A patente
militar latina de conde; traduzido literalmente como companheiro, referência à
proximidade do indivíduo com o Imperador romano, então responsável por guardar
a segurança de um território; tornou-se um título nobiliárquico, uma garantia
legal de posse de um condado, extensão de terras independentes.
Estas terras começaram
a ser divididas pelo conde, no âmbito da suserania e vassalagem, criando
obrigações de lealdade e, em alguns casos, pagamento de tributos; uma estratégia
para implantar uma maior vigilância sobre os domínios senhoriais, originando o
título de visconde, um vice-conde.
A feudalização
da Europa, quando por ocasião da queda de Roma, com a contínua subdivisão das terras
para fazer frente às levas de invasores bárbaros, criou o título de barão.
Provém do franco
baro, que significa homem livre, diretamente nomeado por um
conde ou visconde e abaixo deste na hierarquia nobiliárquica, responsável por
terras de menor extensão e/ou importância chamadas de baronia.
Abaixo de todos
estes e integrados aos exércitos particulares de cada um deles, apareceram cavaleiros;
muitos dos quais, quando agraciados por seu suserano com terras, então nomeados
como senhor de determinada
localidade, respondiam por um feudo - chamado de lord na Inglaterra, Dom em
Portugal e Espanha.
Outros
cavaleiros, sem posse de terras, simplesmente serviam como oficiais nas tropas
medievais, caso da maioria.
O título era
oriundo a ordem equestre, criada pelo primeiro Imperador romano para incorporar
plebeus à estrutura de poder controlada pelos patrícios, constituindo o mais
baixo segmento aristocrático.
Desde a
antiguidade, manter um cavalo era caro, exigindo condições econômicas mais
abastadas; simultaneamente, a cavalaria era relegada ao plano inferior pelos
romanos, cuja elite militar era formada pela infantaria pesada.
Assim, fazer
parte da ordem equestre tornou-se um fator seletivo utilizado para impedir que a
plebe ingressasse nos cargos públicos, pois a nomeação as esferas
administrativas estava condicionada ao pertencimento a aristocracia.
O cavaleiro
medieval só podia ser sagrado por outro cavaleiro, devendo possuir cavalo,
armadura e armas; equipamentos caros e que exigiam o patrocínio da família ou
de um rico suserano, assim impedindo a aspiração de pessoas do povo ao título e
fidelizando por laços de clientelismo.
Ascender à
cavalaria também exigia uma trajetória de aprendizagem, primeiro era necessário
servir um cavaleiro como pajem ou escudeiro, postos considerados graus
inferiores de nobreza.
O pajem atuava
como serviçal que acompanhava o guerreiro em batalha, mas não participava dos
combates; ao escudeiro cabia carregar as armas e bandeira de seu suserano em
combate e protege-lo.
Após mostrar-se
merecedor, o individuo passava por uma cerimonia de investidura, o rito de
passagem envolvia um golpe com o cabo da espada ou de punho nu no rosto do
iniciado ou na orelha.
As palavras de
alerta “seja lembrado para sempre” eram proferidas, era tudo realizado com o
aspirante a cavaleiro ajoelhado diante de seu padrinho, que permanecia em pé,
com outros cavaleiros servindo como testemunhas ao redor, dispostos em circulo.
Ao longo do
tempo o ritual evoluiu para um toque suave com a palma da lamina da espada
contra a lateral do pescoço e; depois, para um toque da espada no ombro direito
do candidato, levanta levemente a acima da cabeça, voltando em seguida a pousar
no ombro esquerdo.
Este ato era
acompanhado por palavras de nomeação, quando o cavaleiro recebia a nomenclatura
relacionada ao seu ato de bravura; levantando-se para atribuição de uma insígnia
da ordem na qual foi nomeado e/ou seu símbolo, que podia ser então usado como
brasão caso sua família não possuísse um.
Sagrado
cavaleiro, o novo elemento da nobreza passava a ser chamado pelo título Sir, usado como prefixo ao nome, no caso
da Península Ibéria era nomeado Dom.
Não obstante,
outros títulos de menor envergadura e prestigio foram surgindo no seio da
nascente Igreja Católica e entre os cavaleiros, garantindo maior distinção
dentre os demais de mesmo grau.
Responsáveis
pelo comando de catedrais, sedes de dioceses, uma unidade de divisão distrital
que surgiu no Império romano durante o governo de Diocleciano; passaram a
ostentar o título de cônegos e, junto com bispos, tornaram-se senhores de
feudos.
Nomenclaturas
nobiliárquicas diferentes, ligadas às esferas burocráticas e administrativas, começaram
a ser usadas; surgiu o título de castelão, mordomo, capitão, condestável, ministerial,
valvassore, senescal, mordomo, mestre; dentre outros, dependendo da época e da
região.
O Castelão
atendia a condução do castelo, cuidando da organização da criadagem e da defesa
da fortificação; o mordomo, do latim major
domus, traduzido como superior da casa, administrava os bens do suserano.
O capitão
liderava as tropas, nomeando tenentes que serviam como seus oficiais; e o condestável
estava no topo da hierarquia militar e administrativa, sendo o segundo em
comando após o suserano.
O ministerial,
um termo surgido no Sacro Império Romano Germânico, respondia por várias
funções, incluindo as mesmas desempenhadas pelo castelão e o mordomo, além de
comandar as tropas do suserano em batalha.
Valvassore, um
título de nobreza urbano ligado à magistratura italiana, era uma espécie de
juiz diretamente vinculado com um conde; função parecida com do senescal, que
visitava vilas na França medieval para aplicar a justiça do suserano.
O título de
mestre denotava sabedoria, confiado aos conselheiros, autoridades
eclesiásticas, civis e militares; em geral, quando ligado a uma ordem militar
ou um burgo (uma vila), conferindo autoridade suprema sobre esta, somente
abaixo do condestável ou do suserano.
A distinção entre alta e baixa nobreza.
No inicio, a
distinção entre alta e baixa nobreza não possuía um abismo tão grande; os
suseranos eram condes e viscondes, vassalos geralmente estavam concentrados
como barões e senhores.
Embora a
complexidade hierárquica pudesse ser mais sofisticada, visto que cavaleiros
serviam como vassalos a quaisquer destes titulares e que, gradualmente, foram
surgindo novas distinções.
A feudalização,
no entanto, prosseguiu com as invasões bárbaras, surgindo a figura do rei
medieval; quando a diferenciação entre os nobres foi se tornando mais visível
e, depois, antagônica em seus interesses, sobretudo em Portugal.
A invasão dos
francos, um povo originário da Hungria que descendia dos germânicos, que
cultivava virtudes militares, treinando meninos desde tenra idade para montar a
cavalo; mudou radicalmente o panorama europeu.
A própria origem
do termo franco demonstra a belicosidade da etnia, deriva do alto alemão
arcaico frekkr, significa ousado,
forte ou corajoso.
No século IV,
pressionaram as fronteiras do decadente Império romano, forçando o Imperador
Juliano a entregar a Gália.
Foram
incorporados ao Império como aliados federados, passando a governar uma região
romanizada há séculos, criando um reino governado pelo rei Meroveu, fundador do
que ficou conhecido como dinastia merovíngea.
Ele dividiu a
Gália entre seus parentes, usando laços de suserania e vassalagem que tornaram
a hierarquia da nascente nobreza europeia mais complexa, na prática, forjando
as bases do estabelecimento de pequenos reinos feudais, surgidos após sua morte.
Clovis, rei da
tribo franca dos sálios, filho de Quilderico, o rei de uma pequena localidade
ao longo do rio Sena, desenvolveu uma liderança centralizada em torno de si;
conquistou
terras melhores ao sul, derrotando os romanos em 486 e os burgúndios no ano
500.
Depois da
conversão ao cristianismo e sua submissão ao Papa, transformou-se em campeão do
catolicismo romano; unindo um território esfacelado, as tribos francas, através
da religião.
Supostamente com
a ajuda de Deus, derrotou os alanos em 506 e os visigodos em 507, transformando
Paris na capital de seu reino; o avanço das conquistas só foi barrado pelos
ostrogodos, quando Teodorico, depois de dominar a Itália, em 493, impediu a
anexação da Provença.
Após a morte de
Clóvis, o reino foi dividido entre seus quatro filhos, então ainda crianças, sendo
criado o título de mordomo; um nobre que atuava como regente, inicialmente
indicado pelo rei, depois uma posição hereditária.
Um destes
mordomos, Carlos Martel, liderou com sucesso a resistência à expansão árabe
sobre regiões da Europa Central, obtendo o reconhecimento do Papa em 732,
quando foi nomeado salvador da
cristandade.
O filho dele,
Pepino, o breve, depôs o último rei
merovíngeo, sendo coroado pelo Papa Estevão II, originando a dinastia
carolíngia.
Após a sua
morte, seu filho, Carlos Magno, unificou e expandiu o reino, lutando contra
árabes, eslavos e búlgaros; recuperando uma parte das fronteiras do Império
Romano, inclusive conquistando territórios pertencentes ao Império bizantino.
O Papa Leão III corou
o rei franco como Imperador do Sacro Império Romano Germânico, em 25 de
dezembro de 800, em uma tentativa de recriar o Império romano do Ocidente.
Carlos Magno
dividiu seus dominós em 300 condados, criando as marcas, unidades de fronteira
governadas pelos marqueses; para mobilizar exércitos maiores, criou também o
título de duque, que comandava vários condados.
A morte dele, em
814, desintegrou o Império, dividido entre seus três sucessores; originado os
territórios que depois se tornariam França e Alemanha; mas o seu reinado
evidenciou uma divisão gritante entre alta e baixa nobreza, hierarquizando
verticalmente as relações de suserania e vassalagem, antes em grande medida
horizontais.
A nobreza
europeia foi dividida em grau de status e importância, uma verticalização que permaneceu
inalterada na entrada da Idade Moderna e Contemporânea.
Acima e
respectivamente, somente inferior ao rei e aos príncipes, passou a existir uma
casta mais elevada formada por duques, marqueses, condes e viscondes, compondo
a alta nobreza.
Abaixo, a
pequena nobreza que agregava barões e senhores, acompanhada de elementos ainda
mais insignificantes, como cavaleiros e possuidores de outros títulos nobiliárquicos
que se multiplicaram.
Ocorre que, com
o tempo, os interesses entre a alta e baixa nobreza foram se diversificando,
transformando-se em distintos em diferentes lugares, como foi o caso do
território que se tornou Portugal.
A nobreza em Portugal.
Portugal nasceu
da rivalidade entre dois primos, Raimundo e Henrique, cruzados francos da casa
do Duque de Borgonha, Eudes I.
Raimundo, senhor
de Amous, um pequeno feudo com terras de baixa produtividade e importância; era
o quarto filho de Guilherme, Conde de Borgonha, irmão do futuro Conde Renato II,
a família tinha terras consideradas de pouca importância.
Henrique era filho
do velho Henrique de Borgonha e de Sibila, seu pai era irmão do Duque Eudes I.
Portanto, pelo
lado paterno, o jovem Henrique era neto do Duque de Borgonha, Roberto I, que
antecedeu Eudes; sobrinho-neto do abade Hugo de Cluny e sobrinho da rainha Constança,
mulher de Afonso VI, rei de Leão.
Os dois cavaleiros
lutaram na guerra de reconquista, aliados ao rei de Leão, recebendo como
recompensa as suas filhas em casamento, terras e títulos.
Raimundo
casou-se com a filha legitima do rei, Urraca; Henrique recebeu como esposa a
filha ilegítima, Tereza, tornando-se soberano do condado portucalense e vassalo
do primo.
O território
estava então dividido em baronias, feudos e algumas cidades costeiras; situação
que se alterou quando o filho de Henrique, Afonso, declarou independência de
Castela, autoproclamando-se rei de Portugal em 1139, assim reconhecido pelo
Papa Alexandre III em 1179.
Enfrentando em
simultâneo a continuidade da reconquista e uma guerra de independência com
Castela, o rei Afonso Henriques expandiu o território e iniciou a restruturação
nobiliárquica.
Havia até aquela
altura cerca de 160 barões e 60 senhores de terras rurais ou vilas costeiras,
estes últimos pertencentes a uma das 14 ordens de cavalaria presentes em
Portugal, todas vinculadas com ondas de peregrinações de religiosos cruzados.
Este cenário foi
reorganizado junto com a consolidação da formação do Estado Nacional ao longo
de três gerações de monarcas.
Na Baixa Idade
Média, quando a mudança de dinastia de Borgonha para Avis aconteceu, em 1385, a
estrutura nobiliárquica lusitana já estava definida.
O título de
duque foi outorgado a pessoas próximas a família dos reis, em geral filhos
segundos que não herdariam a Coroa, com exceção do ducado de Bragança, que a
partir de 1442 foi atribuído ao herdeiro do trono; dividindo Portugal em 30
unidades.
O grau de conde
foi atribuído aos barões que se distinguiram em batalha na reconquista e na
luta contra Castela, inicialmente vitalício e restrito ao seu titular, não
transmitido aos herdeiros, mas depois hereditário.
No século XV
eram 30 condados, que continuaram se multiplicando, convertendo-se no século
XIX em 380, prosseguindo se expandindo em número no inicio do século XX.
Inicialmente
recebia o título de visconde os filhos mais jovens do conde que não herdariam o
condado, em uma espécie de antecipação da herança, acompanhado da doação de
terras para compor um feudo.
Como o
território português não era vasto, a subdivisão dos condados devastou o erário
familiar de muitos elementos da nobreza, a Coroa converteu então o grau de
visconde em título de dignidade honorífica autónoma, concedido diretamente pelo
rei.
Após a Revolução
de Avis, desde D. João I, os reis passaram a utilizar a dignidade de visconde
para agraciar pessoas do povo como recompensa por serviços prestados na faina
marítima, estendo o privilégio aos funcionários administrativos nas colônias de
além-mar que se destacavam.
Dado esta
natureza, era concedido tanto em caráter hereditário como apenas vitalício, nesta
condição sem direito a posse de terras foi distribuído, principalmente, no
final do século XVIII e inicio do XIX.
Outro título
inteiramente honorífico, sem direito a terras ou possessões urbanas, foi o de
marquês; no século XV e XVI, concedido apenas aos parentes do rei, sobretudo
sobrinhos; quando o soberano custeava os gastos dos parentes e fornecia moradia
em palácios.
No século XVII,
a dignidade passou a ser atribuída pelo rei a altos funcionários
administrativos, alguns assentados na burguesia, mas a imensa já pertencente a
nobreza.
Como no restante
da Europa, a hierarquia nobiliárquica lusitana tinha ainda designações
complementares, associadas à posição de condestável, grã-mestre, mestre e
capitão, entre outras.
O condestável
era o nobre mais poderoso do reino, em geral também o mais rico, abaixo em
status somente do monarca.
O cargo foi criado
pelo rei Fernando I de Portugal, em 1382, para assumir as funções militares
anteriormente exercidas pelo alferes-mor; não era hereditário, embora vitalício;
a partir do reinado de D. João IV, em 1604, deixou de ter conotações militares
ou administrativas, para ser exclusivamente honorífico.
As ordens de
cavalaria, que foram responsáveis pelo sucesso da reconquista, tinham no
comando um grã-mestre, assistido por um mestre; honra disputada na nobreza
portuguesa.
O capitão, do
latim caput (cabeça), designava o
chefe de uma tropa, escolhido entre cavaleiros pelo rei; nomenclatura aproveitada
na estrutura de comando dos navios, onde respondia apenas pela autoridade
politica e militar, enquanto a liderança técnica ficava concentrada no piloto.
Em Portugal, ao
longo do século XV, a nobreza foi se dividindo em torno de interesses diversos;
duques, condes, barões e senhores, que detinham a posse de terras, eram contra
a aventura comercial marítima, exigiam que o rei reforçasse o potencial
agrícola e fizesse valer os direitos feudais.
Viscondes e
marqueses somavam-se a estes, pois antes do incremento das navegações no
Atlântico, estavam ligados por parentesco com rei e/ou duques e condes, sendo
mantidos pelo erário público, já que não tinham terras, vassalos ou servos.
A baixa nobreza;
composta por cavaleiros, escudeiros e detentores de título menores, envolvidos
com a intermediação de especiarias suscitada pelas cruzadas, com cidades
italianas como fornecedoras e o norte da Europa como consumidor; tinham uma
posição diferente, desejava a continuidade da ampliação das navegações.
Qualquer que
fosse o segmento, o ponto em comum era o ódio aos muçulmanos, considerado
inimigo civilizacional; além da lembrança dos benefícios obtidos com o saque
aos mouros na reconquista.
Durante o governo
dos reis da dinastia de Borgonha, fundada por Afonso Henriques, a alta nobreza
foi beneficiada em detrimento da baixa; causando um constante e crescente
empobrecimento dos barões e senhorios, que iria se agravar no período
quinhentista.
A situação só
começaria se alterar quando a dinastia foi extinta; sendo substituída por uma
nova criada pelo Mestre da Ordem Militar de Avis, até então um membro da baixa
nobreza; em uma revolução de cavaleiros, apoiada por barões e senhores empobrecidos
com a fuga dos camponeses para os centros urbanos.
A ascensão da dinastia de Avis.
Depois de um
período conturbado; que envolveu três guerras com Castela, entre 1369 e 1382,
motivadas por disputas sucessórias ao trono espanhol, ao qual se candidatou o
monarca português, e por questões políticas envolvendo a França e a Inglaterra;
o rei D. Fernando faleceu em 1383.
Deveria
sucedê-lo a Infanta D. Beatriz, porém, poucos meses antes ela havia casado com
o rei de Castela, por conta de um acordo que pôs fim a terceira guerra
luso-castelhana.
Ocorre que as
cláusulas do acordo previam que o filho de D. Beatriz sucedesse seu pai e não
ela, o que deveria se dar quando este tivesse catorze anos, quando herdaria o
trono de Portugal; mas não a coroa de Castela, já que o monarca castelhano
tinha filhos de um casamento anterior, a quem recaia a primazia.
Por conta desta
situação, principalmente devido a conhecida cobiça castelhana sobre Portugal,
parte considerável da baixa nobreza e o restante da população não aceitaram a
aclamação de D. Beatriz como rainha.
Visto que sendo
mulher não estava habilitada e que não tinha filhos, não havendo sinal de que
pudesse vir gerar um varão em breve para sucedê-la na maioridade.
Assim,
desencadeou-se a Revolução de Avis, mais que uma simples rebelião, simbolizando
o rompimento com os resquícios medievais que atravancavam o comércio e a
expansão ultramarina.
Possibilitaria o
pioneirismo que garantiria ao país a primazia sobre exploração marítima e
conduziria a abertura da rota atlântica para a Índia.
O líder da
rebelião era o infante João, reconhecidamente filho ilegítimo do rei D. Pedro, armado
cavaleiro e nomeado pelo pai como Mestre da Ordem Militar de São Bento de Avis;
uma instituição conectada à milícia de Évora, fundada por volta de 1175,
durante a reconquista, com função de defender a cidade dos mouros, estando
submetida aos beneditinos.
Foi apoiado pela
nascente burguesia lusitana, em geral envolvida com os intermediários italianos
no comércio de especiarias, que enxergava na regência de D. Leonor Teles a
continuidade da orientação política do reinado anterior.
Antes de morrer,
o rei D. Fernando insistia em manter uma taxação dupla, permitindo que a alta
nobreza também cobrasse dos vassalos seus próprios impostos, o que prejudicava a
baixa nobreza e os interesses da burguesia.
Ao mesmo tempo, parte
da alta nobreza presumia que a independência de Portugal estaria ameaçada, caso
Leonor não tivesse filhos; o que canalizou o apoio para a reivindicação ao
trono por parte do Mestre de Avis.
Enquanto os
camponeses ansiavam que o filho de D. Pedro subisse ao trono, isto por ser este
rei muito popular entre a arraia miúda, recaindo toda uma aura mítica presente
no cancioneiro e nos relatos que se difundiam oralmente.
A Revolução
começou em Lisboa, com o assassinato do Conde de Andeiro por representantes da
burguesia.
O golpe foi apoiado
pelo povo miúdo, ao passo que o Mestre da Ordem de Avis foi aclamado rei, com o
título de D. João I, aos 26 anos de idade.
Nem todos
aceitaram pacificamente o golpe, a população ficou dividida e os castelhanos
chegaram a cercar Lisboa, forçando o novo rei a fugir.
Buscou apoio na
Inglaterra, selando um tratado de amizade por meio da promessa de casamento com
D. Filipa de Lancaster, filha de um duque que se tornaria rei.
Antes do casamento
com Dona Filipa, que aconteceria em 1387, D. João teve três filhos fruto de um
caso de amor vivido com Inês Pires, filha de um sapateiro judeu, impeditivo para
uma união referendada pela Igreja Católica para alguém da sua posição social.
No entanto, depois
de ser sagrado rei não esqueceu dos filhos ilegítimos; Afonso, nascido em 1377,
foi agraciado com o título de Duque de Bragança; Branca, nascida em 1378,
morreu criança, com apenas um ano; e Beatriz, nascida em 1382, segundo alguns
cronistas dotada de grande beleza, casou-se em 26 de Novembro de 1405 com um
nobre inglês, Thomas FitzAlan, Conde de Arundel, em Londres, na presença do rei
Henrique IV da Inglaterra.
Nenhum dos dois
filhos ilegítimos de D. João, que chegaram à idade adulta, habilitou-se para
herdar o trono ou participar, depois, da expansão ultramarina promovida pelos
meio irmãos que iriam nascer da união legitima.
A promessa de
casamento com Dona Filipa garantiu o apoio político e financeiro inglês, além
de tropas cedidas pela nobreza desta nação, que foram essenciais para subjugar
os inimigos internos apoiados pelos castelhanos e franceses.
Após várias
batalhas travadas entre 1383 e 1385, o exército do rei de Castela, apoiado pela
cavalaria francesa, foi derrotado por tropas anglo-portuguesas na batalha de
Aljubarrota em 14 de agosto de 1385.
A partir de
então, combates continuaram a ser travados até 1411, mas sob o comando do Condestável
Nuno Álvares Pereira - o mais rico e poderoso cavaleiro do reino, detendo o
título de Conde de Barcelos, Ourém e Arraiolos -; as tropas lusas estiveram
sempre em vantagem, garantindo definitivamente a independência de Portugal, ao
menos até a União Ibérica em 1580.
D. João I foi o
monarca que mais contribuiu para a centralização do poder político em Portugal,
que, embora já se encontrasse concentrado nas mãos do rei desde D. Afonso
Henriques, foi reforçado em torno da Coroa.
Um controle mais
rígido sobre a nobreza foi implementado, sobretudo, porque parte dela havia
tomado o partido castelhano em beneficio da manutenção da velha dinastia de
Borgonha; no caso, a maioria dos duques e condes e alguns barões e senhores.
Apesar de
medidas em favor dos camponeses, implantadas no início, que na prática acabaram
com a servidão em território português; a burguesia foi quem mais se beneficiou;
a nova dinastia incentivou o comércio, passou a construir um Estado mercantil.
Muitos
mercadores foram agraciados com o título de cavaleiro, compondo uma nobreza
renovada, vivamente interessada em atividades comerciais, que substituiu os
nobres que apoiaram Castela na guerra.
D. João I procurou
atender também os interesses da nobreza como todo, retomando a cruzada contra
os infiéis, uma saída para obter apoio irrestrito e, ao mesmo tempo, uma
estratégia para reduzir o risco de revoltas internas contra a nova dinastia.
O desbravamento
do Atlântico constituiu uma forma de direcionar a belicosidade da velha
nobreza, que estava enfraquecida, mas ainda ativa; abrindo caminho aos
mercadores, que compunham a nova nobreza em formação, para expansão dos seus
negócios, em uma tentativa de eliminar os italianos no comércio de especiarias,
ainda via Mediterrâneo.
Os lusos
voltaram sua atenção para o norte da África, iniciando a expansão ultramarina
pelas mãos do próprio filho do rei, o Infante D. Henrique, encarregado de
organizar a empreitada em nome do Estado.
O papel desempenhado pelo Infante D. Henrique.
O Infante D.
Henrique era o quinto filho de D. João I com Dona Filipa de Lancaster, sendo já
senhor da Covilhã, recebeu do pai o título de Duque de Viseu em 1415, quando
tinha 21 anos; pelo incentivo e estruturação da exploração dos mares nunca
dantes navegados, ficaria conhecido como o
Navegador.
Segundo alguns
cronistas, depois do parto de uma menina natimorta chamada Branca, a rainha deu
a luz a Afonso em 1390, que morreu aos 10 anos de idade; o terceiro filho foi
Duarte, nascido um ano após o irmão, em 1391, o qual se tornaria rei sucedendo
D. João I, morreu em 1438, vitima da peste negra que assolava Lisboa.
Em 1392 nasceu
Pedro, Duque de Coimbra, que seria regente de Portugal entre 1439-48,
governando no lugar do sobrinho Afonso V em sua menoridade - tornando-se este seu
genro ao se casar com a prima Isabel, filha do tio, no último ano da regência.
Henrique nasceu
em 1394, quarta-feira de cinzas, na cidade do Porto, sendo o quinto filho do
casal real, o quarto a nascer vivo e o terceiro menino.
Em 1397, Dona
Filipa deu a luz a uma sexta criança, a única menina, Isabel, casada com um
francês em 1430, o Duque de Borgonha, notabilizando-se pela diplomacia em nome
do irmão e do sobrinho, reis de Portugal; o sétimo filho, João, veio ao mundo
em 1400, recendo do pai o título honorifico de Mestre da Ordem Militar de
Santiago, tornou-se Condestável no lugar de D. Nuno Álvares Pereira, após a
morte deste.
O oitavo e mais
novo filho do casal nasceu em 1402, trata-se de Fernando, Senhor de Salvaterra
de Magos e de Atouguia da Baleia, Segundo Administrador da Ordem de Avis, que
ficaria conhecido como Infante Santo.
Esteve a serviço
do Papa, que ofereceu a ele o título de Cardeal, o qual recusou para ajudar o
irmão Henrique na conquista do norte da África, onde foi capturado e morreu no
cativeiro esperando o pagamento do resgate que a família se recusou a ceder,
daí a alcunha Santo.
Nascido nesta
família ilustre, coube ao Infante D. Henrique convencer aqueles que, dentre os
nobres do reino, ainda resistiam a ideia de lançar Portugal na aventura
marítima.
Segundo a
concepção da época, a Coroa precisava da nobreza para ocupar os cargos de
comando nas tropas terrestres, navios e postos administrativos.
A falta de
braços no campo, que se fazia sentir principalmente nas grandes propriedades
rurais, quando por altura do início de quinhentos, era a principal razão da
oposição da alta nobreza a epopeia marítima.
Representantes
diretos do sistema feudal, para duques e condes, iniciar uma expansão marítima
significava que a mão de obra no campo escassearia ainda mais, uma vez que
estimularia uma intensificação da migração dos camponeses em direção às cidades
e de lá para os navios lusitanos.
A Coroa
necessitava cada vez de mais marinheiros para tripular as caravelas, praticamente
a única alternativa oferecida aos pobres para escapar da miséria e, ao mesmo
tempo, não morrer de fome nas cidades.
Em
contrapartida, D. João I temia que alguns nobres politicamente mais poderosos,
a cada dia mais empobrecidos; que haviam tomado o partido da Infanta D. Beatriz
e, portanto, de Castela na sucessão de D. Fernando; pudessem vir a derrubá-lo
do poder.
Por isto
encarregou o filho de criar estratégias para direcionar a belicosidade e os ideais
de glória em batalha, da alta nobreza, para luta contra os infiéis.
Sabendo que
estes se oponham a uma expansão comercial do trânsito de especiarias via
Atlântico, mas apoiava a continuidade da cruzada contra os muçulmanos;
persuadiu o pai a montar uma campanha para conquistar Ceuta, na costa
norte-africana junto ao estreito de Gibraltar.
No entendimento
do infante, a sua posse poderia fomentar a continuidade da cruzada contra os
infiéis e uma guerra marítima de corso permitiria superar a crise financeira
pela qual passava Portugal, uma vez que eram atividades que no passado haviam
se mostrado lucrativas.
Pensava que a fixação
lusitana em cidades do norte da África serviria também ao interesse da
burguesia, pois permitia obter bases avançadas à penetração comercial dentro da
rota terrestre muçulmana de especiarias.
A conquista de
Ceuta aconteceu em 1415, marcando o inicio oficial da expansão ultramarina
lusitana, ocasião na qual, junto com seus irmãos, D. Henrique foi armado
cavaleiro pelo rei, seu pai.
A intenção de
quebrar a resistência da alta nobreza ao desbravamento dos oceanos, com a
invasão do norte da África, foi um sucesso; mas do ponto de vista militar e
administrativo, derrotas sucessivas posteriores, fizeram do projeto um
desastre.
Depois de
ocupada, Ceuta mostrou-se um sumidouro de gente e recursos, custando caro sua
defesa contra as tentativas de investidas do islã para retomar a cidade; sem a
presença dos comerciantes sarracenos, nada valia, não gerando lucros, sua posse
era mais um símbolo do que um empreendimento comercial.
Neste sentido,
servia somente como fomento ao ideal cruzadístico de combate aos mouros, então
impulsionado pela ilusão de que a pilhagem das cidades, controladas pelos
inimigos de fé, conduziriam a um enriquecimento fácil e rápido.
Para motivar a
população a buscar no mar a solução dos problemas econômicos, o infante pintou
a expansão ultramarina com cores fortes mescladas com o catolicismo.
Transformou a
epopeia marítima, de empreendimento estritamente comercial, em movimento
cruzadístico de caráter humanitário e religioso, quebrando a resistência da
nobreza, transmutada em apoio.
O cronista Gomes
de Zurara, em obra que data do século contemporâneo dos fatos, na invocação do
Infante D. Henrique, assim justifica a expansão além-mar:
“Oh tu, Principe pouco menos que divinal!
(...) Tua gloria, teus louvores, tua fama, enchem assim as minhas orelhas e
ocupam minha vista, que não sei a qual parte acudo primeiro. Ouço as preces das
almas inocentes daquelas bárbaras nações, em número quase infinito, cuja antiga
geração desde o começo do mundo nunca viu luz divinal, e pelo teu engenho,
pelas tuas despesas infinitas, pelos teus grandes trabalhos são trazidas ao
verdadeiro caminho da salvação, as quaes lavadas na agua do baptismo e ungidas
com o santo olio, soltas desta miseravel casa, conhecem quantas trevas jazem
sob a semelhança da claridade dos dias de seus antecessores. Mas não direi com
qual piedade, contemplando na divina potencia, continuadamente requerem o
galardão de teus grandes merecimentos, a qual cousa se não pode reprovar por
aquele que bem escoldrinhar as sentenças de S. Tomaz e de S. Gregorio, sobre o
conhecimento que hão as almas daqueles que lhe em este mundo aproveitaram ou
aproveitam”[i].
São atribuídos
adjetivos de caráter divino ao príncipe que comanda a expansão ultramarina,
tenta-se transformar a empreitada de caráter comercial em divino, religioso,
quase sagrado.
É como se o
próprio Deus tivesse através de uma “luz divinal”, nunca antes vista, “ungido”
o infante e inspirado por seus merecimentos a guiar os portugueses em um
combate contra as trevas que existiam “sob a semelhança de claridade”.
E a invocação
prossegue atribuindo um caráter humanitário à empreitada, diz Zurara:
“Vejo aqueles Garamantes e aqueles
Tiopios, que vivem sob a sombra do monte Caucaso; negros em color porque jazem
de sob o oposito do auge do Sol, o qual sendo na cabeça de Capricornio é a eles
em estranha quentura, segundo se mostra pelo movimento do centro do seu
excentrico, ou por outra maneira, porque vezinham com a cinta queimada e os
Indios maiores e menores [a] todos iguaes em color, que me requerem que escreva
tantas dadivas de dinheiros e de roupas, passagens de navios, gasalhado de
pessoa, quanto de ti receberam aqueles que por visitação do Apostolo ou
cupiçosos de ver a fremosura do mundo, chegaram às fins da nossa Espanha”[ii].
Os portugueses
se colocam como salvadores dos nativos que, antes da sua chegada, viviam na
sombra, sem roupa e dinheiro.
Segundo a
invocação, de acordo com a visão lusitana, somente a Europa era dotada de
formosura, enquanto a África e a Ásia estavam isentas de qualquer atributo do
gênero.
Construção que
distorcia a realidade, na época havia cidades maiores e mais desenvolvidas na
Ásia do que na Europa.
O texto
prossegue com a afirmação de que os nativos só “souberam” que coisa era o “pão”
depois que os portugueses povoaram “as ilhas desertas, em que não havia outra
povoação senão alimárias monteses”.
Afirmação
contraditória, pois, ao contrário, eram os portugueses que passariam fome dentro
das suas feitorias e navios, principalmente no caso da rota da Índia.
Não fosse pelo
comércio com os nativos, todos os portugueses teriam perecido de fome e sede na
Ásia e África durante o processo de desvendamento dos novos territórios.
O objetivo que
se queria atribuir à empreitada era não somente de cristianizar, mas também
civilizar, o outro era relegado e inferiorizado, os portugueses queriam que se
tornasse mero reflexo imperfeito do seu próprio eu.
Afirma Zurara:
“Espantam-se
aqueles vizinhos do Nilo, cuja grande multidão tem ocupado os termos daquela
velha e antiga cidade de Thebas, porque os vejo vestidos da tua divisa; e as
suas carnes, que nunca conheceram vestidura, trazem agora roupas de desvairada
colores, e as gargantas das suas mulheres guarnidas com joias de ricos lavores
de ouro e de prata”[iii].
Atribui-se ao
que realmente se almejava, ou seja, ouro e prata, o valor da civilidade, como
se isto pudesse se resumir em sinônimo de civilização.
Por outro lado,
a Índia era vista como lugar desconhecido que se almejava alcançar já por esta
época, assemelhada a um paraíso terreno, onde se mostram “as grandes filhas das
colmeias, cheias de enxames, de que trazem carregadas de mel e de cera para o
(...) reino”[iv].
Aguardando os
lusos no Oriente haveria “as grandes alturas das casas, que vão ao céu, que se
fizeram e fazem com a madeira”[v].
Este foi somente
mais um artifício utilizado para convencer a nobreza da necessidade da expansão
ultramarina, onde se poderia alcançar o ideal guerreiro e, simultaneamente,
enriquecer com as navegações.
Através da
invocação do Infante, podemos notar toda a gama de imaginário projetado e manipulado
pela Coroa visando manobrar, principalmente a alta nobreza, de quem precisava fundamentalmente
se não para iniciar a expansão ao menos para dar continuidade a ela.
Porém, depois de
iniciada a aventura marítima, passado algum tempo, a própria nobreza acabou
percebendo que mais que uma cruzada contra os infiéis, a expansão ultramarina
representava a oportunidade de lucro certo.
Foi dentro deste
contexto de criação de um subterfúgio, visando direcionar a belicosidade da
nobreza e enraizar no imaginário uma predestinação lusitana à humanização do
mundo por desbravar, que, não por acaso, logo ao subir ao poder; D. João I deixou-se
convencer pelo filho, que tratou de organizar uma grande expedição guerreira ao
norte da África para armar novos cavaleiros e honrar aos antigos.
A tomada de
Ceuta, em 21 de agosto de 1415, marcou o início oficial da expansão
ultramarina, ocasião em que D. João I se autointitulou Rei de Portugal e do Algarve e Senhor de Ceuta.
A partir de
então, obteve um contínuo e crescente apoio da nobreza ao seu intento, data que
marca, portanto, também a superação do obstáculo representado pela oposição da
alta nobreza a expansão marítima.
Não obstante,
contornada esta dificuldade, em conjunto com a superação deste obstáculo, outro
precisou ao mesmo tempo ser vencido, o imaginário popular negativo sobre o mar
Tenebroso, uma questão a ser discutida em outro momento.
Entretanto, além
de vencer a barreira da oposição da nobreza, o grande mérito do Infante D.
Henrique foi organizar a expansão ultramarina.
Depois da
conquista de Ceuta, retirou-se para Lagos, onde dirigiu expedições navais, mas,
embora rodeado de eruditos, nunca criou uma escola de navegação em Sagres.
O mito da Escola de Sagres.
O assunto é
controverso, embora não tão discutido como mereceria, constituindo um tabu, um
tema quase proibido entre portugueses e brasileiros: a real existência da
Escola de Sagres.
Aqueles que
ousaram penetrar nesta discussão, em muitos casos, foram taxados como
possuidores de pouco rigor acadêmico e tratados como hereges.
Entre os
brasileiros, já na década de 1950 erguiam-se vozes destoantes das afirmações
contidas nos livros didáticos e manuais da época que contavam os feitos da
Escola de Sagres.
Entre estes, um
dos primeiros a levantar-se contra a suposta Escola foi Thomaz Oscar Marcondes
de Souza, sócio emérito do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, que
publicou um artigo, em 1953, negando a existência da escola.
Pela voz da
própria historiografia lusitana, aproveitando-se da contradição interna contida
em textos de alguns então famosos historiadores portugueses, demonstrou que “a
Escola Naval de Sagres, tantas vêzes decantada em prosa e verso, nunca
existiu”, não passando de uma criação “de desmedida vaidade nacional” (SOUZA,
1953: 181).
Ao que tudo
indica o texto não surtiu efeito sobre os autores de manuais que continuaram a
perpetuar a existência da Escola de Sagres.
Circulou entre
um púbico restrito, como ainda hoje ocorre com artigos publicados em Revistas impressas
especializadas, o qual não atendeu ao convite, implícito, para examinar melhor
a questão.
Mais
recentemente, no início da década de 1990, Luís de Albuquerque, em seu Curso de
História da Náutica, também questionou a existência da Escola de Sagres.
Afirmou
categoricamente que “a ideia de ter existido uma escola naval rudimentar em
Sagres, tese desenvolvida pela historiografia romântica do século passado, está
hoje inteiramente posta de lado”, ao passo que a seu ver seria “muito duvidoso”
que nos primeiros tempos das navegações portuguesas tivessem sido chamados
“cosmógrafos e astrólogos à corte do príncipe” Dom Henrique “para se ocuparem
da náutica” (ALBUQUERQUE, 1989a: 210).
O mito de Sagres
emergiu da historiografia do período romântico do século XIX, quando o
português Joaquim Pedro de Oliveira Martins passou a defender a existência da
suposta Escola.
Ele foi um
engenheiro e político que flertou com o socialismo, mas também com o protofascismo;
que, exercitando o passa tempo de historiador amador, exercendo grande
influencia nos meios literários de sua época, escreveu uma vasta gama de obras
que recontavam a história de Portugal, enaltecendo a nacionalidade.
Publicou em 1891
o livro Os filhos de D. João I, onde
enalteceu os vínculos destes com as navegações e, especialmente, a contribuição
de D. Henrique, construindo a imagem de uma escola marítima suspostamente
fundada pelo infante, sem referenciar suas afirmações em um único documento.
O relato
literário, desconectado de base concreta cientifica, foi propagado pelos
diversos jornais para os quais escrevia, penetrando no imaginário lusitano e,
depois, apropriado pelos governantes portugueses desejosos de criar meios de
propaganda que lembrassem um passado heroico.
Ocorre que toda
documentação existente e conhecida, nos arquivos portugueses e estrangeiros,
contemporânea da suposta escola ou póstuma, não faz referência e tampouco cita
a existência da dita Escola de Sagres.
Não se trata,
portanto, de provar que não existiu uma escola de navegação, mas de ser
impossível aos seus defensores apresentar qualquer prova, pois nem ao menos existe
uma edificação ou vestígio arqueológico que comprove que existiu em Sagres uma
escola de navegação.
No entanto, não
se pode descartar a hipótese de que, “no tempo de D. João II, quando os
problemas da técnica de navegar se tornaram mais prementes” , a Coroa tenha
encarregado alguns sábios de tentar solucionar certas questões (ALBUQUERQUE, 1989a:
211).
O Infante D.
Henrique nunca organizou uma junta de matemáticos e cosmógrafos em Sagres, que
só existiu na imaginação dos admiradores e seguidores de Oliveira Martins.
Na época,
Oliveira Martins afirmou se basear em um desenho atribuído ao pirata inglês
Francis Drake, datado do século XVI, no qual apareceria uma fortaleza destinada
a proteger o cabo do assédio estrangeiro, a partir do que teria deduzido haver
funcionado uma escola náutica no local.
Não obstante,
como afirmado por Luís de Cadamosto (1988: 175), na segunda metade do século XV,
tudo que existia à época em Sagres era uma fortaleza, construída para dar apoio
aos navios voltavam de sua jornada, protegendo-os com seus canhões de piratas
que costumavam atuar nos arredores.
Esta fortaleza
operou até o inicio do XVII, ficou abandonada durante décadas e já estava em
ruínas quando foi erguida sobre ela uma fortificação no século XVIII.
Até a
reconstrução do final do século XX, pelo governo português, das estruturas que
estão em Sagres hoje, restava da fortaleza do século XVIII somente alguns
restos da muralha e uma capela do século XV.
Por outro lado, o
Infante D. Henrique introduziu na Universidade de Lisboa; fundada em 1288 por um
grupo de clérigos de Alcobaça e Coimbra; “estudos de Aritmética, Geometria e
Astronomia, especialmente destinados a preparar pilotos eficientes e atualizados
nos progressos da ciência náutica, embora a persistência de certo empirismo
fosse à consequência inevitável da prática da navegação, por serem as caravelas
a verdadeira escola dos navegadores” (FERREIRA, s.d: 11-12).
Assim, embora a
escola de navegação de Sagres seja apenas um mito, nunca tendo realmente
existido, não se pode negar o papel desempenhado pelo infante no início da
expansão ultramarina.
O seu mérito, no
entanto, foi direcionar a belicosidade da nobreza lusitana em prol da expansão
rumo além-mar e, ainda, igualmente organizar as explorações da costa Ocidental
africana, em conjunto com a tentativa de invasão do norte da África.
Concluindo.
As relações
complexas que foram construídas dentro da tradição da antiguidade, somada as
estruturas franco-germânicas, criaram uma hierarquia nobiliárquica horizontal
que, com o tempo, verticalizou-se, fazendo surgir um abismo entre categorias da
nobreza com interesses distintos.
No caso de
Portugal, precocemente transformado em Estado Nacional, emergiu a figura do rei
como conciliador; devendo lidar com a reivindicação feudal da alta nobreza de
fixar, por lei, os camponeses na terra e investir no desenvolvimento agrícola; e,
simultaneamente, o desejo dos nobres de baixo status por oportunidades de
melhor fortuna.
Fortalecendo seu
poder durante a reconquista e canalizando a belicosidade contra o infiel, um
inimigo externo e comum, o rei manteve-se acima das disputas internas, mas
havia fatores complicadores.
A burguesia,
capitalizada pela guerra contra os mouros, inserida na intermediação das
especiarias importadas pelos italianos e vendida no norte da Europa; tencionava
deixar de ser atravessadora para buscar o produto diretamente na fonte.
O rei precisava
do financiamento dos burgueses para manter um exército nacional e a corte,
domando a nobreza, bem como para garantir a independência nas custosas lutas fronteiriças
com Castela; todavia, para atender os interesses da burguesia precisava vencer
a resistência da nobreza.
Gradualmente, a
baixa nobreza foi se misturando com a burguesia e percebendo que a oportunidade
que almejava de aventuras e riquezas poderia estar na expansão ultramarina.
Convencer a alta
nobreza, detentora de terras e vassalos, não foi tarefa fácil; só foi possível com
a mudança de orientação da Coroa, quando a dinastia de Borgonha foi substituída
pela de Avis.
Esta nascida a
partir de uma revolução que colocou no trono alguém oriundo da baixa nobreza,
D. João I, filho ilegítimo do rei D. Pedro e cavaleiro que era Mestre de uma
Ordem Militar.
O qual atribuiu
a um de seus filhos mais novos esta tarefa, D. Henrique, responsável por
canalizar as energias em uma empreitada na norte da África, a conquista de
Ceuta.
Subterfugio que
serviu para quebrar a resistência à expansão ultramarina, mas não para tornar o
reino grande e resolver seus problemas econômicos e sociais.
Somente quando o
infante passou a organizar o desbravamento de mares nunca dantes navegados,
Portugal pode iniciar sua vocação de fazer-se senhor dos oceanos, o que,
depois, levaria a abertura das rotas africanas e da Carreira da Índia e do
Brasil.
Para saber mais sobre o assunto.
ANÔNIMO. Índice
cronológico das navegações, viagens, descobrimentos e conquistas dos
portugueses nos países ultramarinos desde o principio do século XV. Lisboa:
Imprensa Nacional, 1841.
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começo do século XVII. Lisboa: Separata da Biblioteca Central da Marinha, 1998.
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“Relações de Portugal com a Itália” In: ALBUQUERQUE, Luís de. (Dir.).
Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses. Lisboa: Caminho, 1994,
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SOUZA, Thomaz
Oscar Marcondes de. “Ainda a suposta Escola Naval de Sagres e a náutica
portuguesa nos descobrimentos” In: Revista
de História, n.º 13. São Paulo, Dep. de História da Universidade de São
Paulo (USP), 1953, p.181-192.
TAVIM, José
Alberto Rodrigues da Silva. “Outras gentes em outras rotas: judeus e
cristãos-novos de Cochim – entre Santa Cruz de Cochim e Mattancherry, entre o
Império português e o Médio Oriente” In: MATOS, Artur Teodoro de & THOMAZ,
Luís Felipe F. Reis (dir.). A Carreira da Índia e as rotas dos estreitos. Angra
do Heroísmo: Actas do VIII Seminário Internacional de história indo-portuguesa,
1998, p. 307-342.
[i] ZURARA,
Gomes Eanes de.
Crônicas de Guiné.
Edição modernizada a partir do manuscrito de Paris, Introdução, novas anotações
e glossário de José de Bragança, Barcelos, Livraria Civilização, 1994, p.13-14.
[ii]
Idem, Ibid, p.14-15.
[iii]
Idem, Ibid, p.15-16.
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