Publicação brasileira técnico-científica on-line independente, no ar desde sexta-feira 13 de Agosto de 2010.
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Periodicidade: Semestral (edições em julho e dezembro) a partir do inicio do ano de 2013.
Mensal entre 13 de agosto de 2010 e 31 de dezembro de 2012.

segunda-feira, 4 de julho de 2022

O grito do satélite: uma análise do desenvolvimento histórico das novas fronteiras da televisão.

 Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 13, Volume jul., Série 04/07, 2022.

 

Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.


Doutor em Ciências Humanas - USP.
MBA em Gestão de Pessoas - UNIA.

Licenciado em História - CEUCLAR.
Licenciado em Filosofia - FE/USP.
Bacharel em Filosofia - FFLCH/USP.
Graduado em Pedagogia - UNICSUL.

 

RESUMO: Discutimos alguns aspectos do desenvolvimento dos meios de comunicação de massa contemporâneos, sobretudo vinculado com a televisão, a partir da transmissão de sinais pelos satélites artificiais e captação destes pela antena parabólica. Percursores e, simultaneamente, articuladores da criação da chamada aldeia global, com posterior aprofundamento realizado pela internet e sinal digital. Panorama de extrema relevância para o entendimento da história dos meios de comunicação e, portanto, entendimento da atual configuração do mundo globalizado no âmbito da sociedade da informação.

PALAVRAS-CHAVE: História da Comunicação, Satélites Artificiais, Antena Parabólica, Aldeia Global, Sociedade da Informação, Globalização.


ABSTRACT: We discuss some aspects of the development of contemporary mass media, especially linked to television, based on the transmission of signals by artificial satellites and their capture by the satellite dish. Precursors and, simultaneously, articulators of the creation of the so-called global village, with subsequent deepening carried out via the internet and digital signal. Panorama of extreme relevance for understanding the history of the media and, therefore, understanding the current configuration of the globalized world within the scope of the information society.

KEYWORDS: History of Communication, Artificial Satellites, Satellite Dish, Global Village, Information Society, Globalization.

 


1. INTRODUÇÃO.

O “Gato Félix”, um animalzinho preto e sorridente, muito popular nos desenhos animados da década de 1920, entrou para a história a sessenta anos, quando foi escolhido pala RCA (Radio Coporation of America) para inaugurar as primeiras imagens, ainda experimentais, da televisão americana.

Durante semanas, a estatueta do gato, de pouco mais de 1 metro, solidamente instalada em uma plataforma giratória, materializou-se nas 60 linhas que compunham, em 1928, a tela do aparelho testado pelo engenheiro russo naturalizado estadunidense, Vladimir Zworykin (1889-1982), considerado o pai da TV.

Tão rudimentar era o sistema que a imagem parecia vir através de uma persiana, quase não se enxergava nada.

Naqueles tempos pioneiros, cientistas de vários países sonhavam com a televisão - palavra de origem grega, que significa visão a distância.

Certamente, ninguém tinha ideia do que iria representar para a humanidade, muito menos que caminharia para se tornar interativa no século XXI.

Na era do rádio, a TV significava uma nova e magnifica invenção, a deslumbrante possibilidade de ver alguém ou algo em outro lugar no mesmo instante.

Só muito tempo depois, a partir da década de 1960, o progresso da transmissão de imagens ao vivo ou gravadas seria possível com: a evolução das câmeras, o aparecimento do videoteipe, a disseminação das estações repetidoras de microondas, o lançamento dos satélites, o salto da transmissão em cores e o uso de computadores na geração e edição de imagens.

Gradualmente e cada vez de forma mais acelerada, a TV se tornou parte integrante da vida humana, para o bem e para o mal, influenciando emoções e pensamentos, opiniões e atitudes pelo mundo afora, transfigurando a experiência cotidianas.

No entanto, isto só tornou-se possível com o advento das “Parabólicas”, direcionando o mundo para o surgimento de uma grande aldeia global; depois extrapoladas e tornadas obsoletas pela internet.

 

2. O FUNCIONAMENTO ORIGINAL DA TV.

O modo de funcionamento da TV é, em si, uma maravilha comparável a seus melhores espetáculos.

O ponto de partida da operação ainda é atualmente, porém, o mesmo dos tempos do Gato Félix.

A câmera de TV, que registra uma cena, nada mais faz do que captar a luz e traduzi-la em sinais eletromagnéticos e/ou digitais.

Originalmente, as lentes da câmera transportavam a luz para um tubo cilíndrico, chamado de iconoscópio.

Nele, uma extremidade tinha um alvo coberto por milhões de pontos fotossensíveis, quando a imagem, a luz refletia a cena, batendo no alvo, alterava suas propriedades elétricas.

Ao mesmo tempo, ao ser bombardeada por um feixe de elétrons situados na outra extremidade do tubo, a superfície alvo emitia uma corrente elétrica que era usada como sinal de vídeo.

Esse processo chamava-se varredura, onde cada imagem formava um quadro varrido por linhas horizontais da esquerda para a direita, como o texto das páginas de um livro, aliás as em movimento imagens continuam utilizando o mesmo processo.

Para evitar o brilho excessivo da imagem, primeiro são varridas as linhas impares, depois às linhas pares.

Hoje, a diferença são apenas a quantidade de linhas registradas, as câmeras da década de 1990 registravam até 700 linhas, onze vezes mais do que na época do gato Félix, em 30 quadros por segundo.

No cinema, os quadros são transmitidos tão rapidamente que os olhos não podem acompanhá-los, criando a ilusão de movimento onde só existe uma série de imagens paradas.

Os quadros passam por muitos equipamentos dentro da emissora de TV, para que os sinais sejam ampliados e modulados.

Em termos de sinais analógicos, dó depois é que chegavam via microondas ao transmissor, que os enviava até o topo da antena e dali para a recepção no telhado das casas ou no alto dos edifícios.

Os mesmos sinais podiam ainda ser enviados por microondas da emissora à antena de subida do satélite, sendo então captados pelas estações receptoras, que finalmente os mandavam para os televisores domésticos.

Ocorria então um processo inverso ao da transformação de energia luminosa em eletromagnética.

Uma tela feita de material fluorescente, na parte da frente do tubo de imagens, ou cinescópio, brilhava quando bombardeado por um feixe de elétrons.

Como acontecia na câmera, os quadros se sucediam-se tão rapidamente que davam a impressão de movimento.

Enquanto este sinal analógico era transmitido como ondas contínuas, atualmente o sinal digital é convertido em sequências de números binários, em uma linguagem compreensível para dispositivos eletrônicos.

Primeira transmissão de TV no Brasil, com público no Centro de São Paulo.


3. O ADVENTO DO SATÉLITE.

Em 4 de outubro de 1957, além da cintilação das estrelas, veio do firmamento um sinal de rádio: o " bip - bip " de um satélite artificial russo chamado “Sputnik”.

A sua colocação foi iniciada em conjunto com chamada “era espacial e da comunicação via satélite”.

O Sputnik 1 era um engenho de 83,35 Kg de peso, com o formato de uma bola de alumínio de 57,5 cm de diâmetro.

Esteve orbitando o planeta terra apenas durante três meses, após os quais se desintegrou, cumprindo uma órbita elíptica de 947 Km de apogeu e 227 Km de perigeu, com 65 graus de inclinação sobre a linha do Equador terrestre.

Cada volta sobre a terra era percorrida em 92 minutos, com uma velocidade de 28.000 Km por hora.

No encalço dos soviéticos - visto que a Rússia liderava então o mundo comunista, integrando a União das Repúblicas Soviéticas -, em 31 de janeiro de 1958, os Estados Unidos da América lançaram seu primeiro satélite, o Explorer 1.

O espaço atmosférico m torno de nosso planeta estava sendo violado pelo homem, tornando-se cenário de um novo capítulo da história.

Os vários Sputniks, Explorers, Vanguards e Pioneers; primeiros visitantes humanos no espaço, foram dotados de aparelhagem cientifica para medir radiações e temperaturas, conferir medidas geodésicas e realizar inúmeras outras observações.

O Explorer 6 (EUA), posto em órbita em 7 de agosto de 1958, incluiu em seus 64,41 Kg de peso uma câmera de televisão e nos permitiu ver as primeiras imagens do planeta a centenas e milhares de quilômetros de altitude, pois sua órbita alongada marcava apogeu de 42.117 Km e perigeu de 251 Km.

Pouco depois, em 18 de dezembro de 1958, foi lançado o primeiro satélite de comunicações estadunidenses.

Um foguete Atlas (EUA) colocou em órbita o Score 1 (Signal Communications by Orbiting Relay Equipment) , por meio do qual se transmitiu uma mensagem de Natal do Presidente Eisenhower, pela primeira vez o silêncio dos vazios cósmicos foi rasgado pela voz humana.

No entanto, o Score 1 durou pouco, em 21 de janeiro de 1959, seus sinais cessaram, o satélite se perdeu com uma reentrada não programada na atmosfera terrestre.

O Echo 1 (EUA) foi lançado em 12 de agosto de 1960, o primeiro satélite de comunicações passivo.

Foi construído de matéria plástica aluminizada, era um gigantesco balão esférico de 30,50 m de diâmetro, mas sendo oco, seu peso era de apenas 62,30 Kg.

Enquanto orbitou podia ser visto a olho nu em horários favoráveis de nosso planeta.

Incumbido de refletir sinais eletromagnéticos, seu poder de reflexão, entretanto, foi menor do que o planejado devido ao enrugamento de sua superfície, causado por micrometeoritos e pela poeira cósmica.

Reingressou na atmosfera em 4 de maio de 1960, desconhecendo-se seu destino, provavelmente se desintegrou como seu antecessor.

Ainda em 1960, em 4 de outubro, começou a operar o primeiro satélite de comunicações repetidor ativo, o Courier 1-B (EUA).

Foi lançado pelo exército estadunidense, pesava 225 Kg, tendo formato esférico de 1,30 m de diâmetro.

Poucos dias depois, em 22 de outubro, esgotadas suas bateria, do satélite deixou de funcionar.

Destarte, o Score 1, o Echo 1 e o Courrier 1-B comprovaram a possibilidade de comunicação via satélite; iniciando embrionariamente a era das transmissões comerciais.

O Telstar 1 foi primeiro satélite particular de propriedade da iniciativa privada, pertencia a "American Telephone and Telegraph".

Foi lançado em 10 de julho de 1962, possuindo forma esférica, 89 cm de diâmetro, 75,5 Kg de peso e 3.600 células solares de alimentação.

A despeito de propriedade particular, foi colocado em órbita pela NASA, com um custo de dois milhões e setecentos mil dólares.

O satélite possuía equipamentos para realizar transmissões telefônicas, radiofônicas e de televisão; ampliando em dez bilhões de vezes os sinais recebidos e devolvidos até então para Terra.

Para seu rastreamento se construiu, em Andover - Estado de Maine (EUA), uma antena rotativa de 340 toneladas, com 58 metros de comprimento e 497 metros quadrados de boca.

Um dia antes do lançamento do Telstar 1, em 9 de julho de 1962, os Estados Unidos detonaram uma bomba nuclear de 1.4 megatons, em uma altitude de 400 km de altitude, a sudoeste da Ilha Johnston, no oceano pacífico.

O teste, conhecido como Starfish Prime, criou um enorme pulso eletromagnético que produziu uma aurora sobre o pacífico, mas desativou parcialmente vários equipamentos eletrônicos.

A princípio, o satélite não podia ser ativado, alguns transistores tinham falhado, mas os engenheiros conseguiram ativá-lo.

Isto adiou a sua primeira transmissão em 10 dias, que aconteceu somente em 21 de fevereiro de 1962.

Nos Estados Unidos da América o satélite permitiu a transmissão ao vivo e simultânea de imagens em todo seu território, da costa leste a oeste, de Manhattan até Ponte de São Francisco.

A utilização do Telstar na Europa foi iniciada pela rede "Eurovision", a qual passou a transmitir seu sinal em dezessete países.

A primeira imagem transmitida para América e Europa foi a bandeira dos Estados Unidos, acompanhada dos acordes do hino nacional estadunidense.

As imagens chegaram tremidas aos aparelhos de TV, mas forneceram uma impressão de se estar assistindo a um acontecimento único.

A qualidade estava muito distante da atual, além disso, o tempo dessas transmissões não eram contínuas, estava restrito a 30 minutos, devido à baixa órbita do satélite.

Era necessário que as antenas de recepção e transmissão permitissem que as estações terrestres acompanhassem a sua trajetória orbital, exigindo uma outra tecnologia que também iria se desenvolver muito rápido, as antenas parabólicas.

O transmissor tinha uma potência ínfima de 2¼ watts, um sinal tão fraco que as estações que o acompanhavam, recebiam e ampliavam 10 bilhões de vezes, através de antenas parabólicas com 30 m de diâmetro.

A partir deste satélite, foram lançados milhares de satélites na órbita terrestre, desde a partir de então, a maioria militares, mas também científicos e para utilização nas telecomunicações.

Entre 1962 e 1963, realizou-se uma curiosa experiência: o lançamento dos "Dipoles", testado pela primeira vez, sem êxito, em outubro de 1962 e repetido com sucesso em 12 de maio do ano seguinte.

A Força Aérea estadunidense colocou em órbita terrestre 400 milhões de agulhas de cobre de 2 cm de comprimento cada uma, os chamados "Dipoles".

Destinavam-se a formar um anel de 8 Km de largura a 3.700 Km de altitude, em torno da Terra, servindo de antena na reflexão de sinais de rádio em ondas curtas.

Em 1964, foram colocados em órbita o Echo 2 e o Syncom 2, especialmente destinado a transmitir para os EUA e a Europa os jogos Olímpicos de Tóquio.

Através do Syncon 2, um avião da "Pan American Airways", voando entre São Francisco e Honolulu, trocou mensagens com a Califórnia no final de 1964.

Um importante momento da telecomunicação orbital ocorreu com o lançamento do Early Bird (Pássaro Madrugador), em 6 de abril de 1965, estacionado a 36.000 Km acima do oceano Atlântico.

Este foi o primeiro de uma série de satélites estacionários de comunicação, para transmitir sinais em tempo contínuo.

Em 25 de junho de 1965, por meio dele, transmitiu-se a luta de box pelo título mundial dos pesos pesados entre Sonny Liston e Cassius Clay - este último mais conhecido como Mohamad Ali.

Seguiu-se depois, o lançamento e utilização dos Intelsat, dos quais os três primeiros são de 1967 e 1968.

Em 25 de janeiro de 1971, foi lançado o primeiro dos oito satélites componentes da série Intelsat 4, com um custo de 230 milhões de dólares cada.

Este novo modelo de satélite dispunha de 12 canais, sendo um para TV e os outros onze para telefonia, telex, telegrafia e fax.

A série prosseguiu com o lançamento, em 6 de março de 1982, do Intelsat 5, apto a transmitir em 12 mil canais de voz, além das frequências para TV em cores.

No Brasil, a primeira transmissão de TV via satélite foi possibilitada pelos esforços da estatal Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações), criada em 1965 pelo governo do General Castelo Branco, no início do período da ditadura militar.

Esta transmissão aconteceu em 1969, depois inauguração da Estação Terrena de Comunicações de Tanguá, no Rio de Janeiro, quando o governo brasileiro comprou a capacidade dos satélites Intelsat (lançados por um consórcio de 11 países, do qual o Brasil não fazia parte).

As primeiras imagens vistas pela população brasileira via satélite foram transmitidas pela TV Globo, quando em caráter experimental foi disponibilizada ao vivo a chegada do homem à lua.

Em seguida, houve a estreia do "Jornal Nacional", da Rede Globo, marcando o início das operações contínuas através de satélite no Brasil.

O noticiário era apresentado por Heron Domingues e Léo Batista, marcando o início do primeiro programa regular a ser transmitido em rede nacional, implementando um novo estilo de jornalismo na TV brasileira.

O Brasil lançou seu primeiro satélite de comunicação, denominado de Brasilsat, somente em 1985.

Foi fabricado por uma empresa canadense e colocado em órbita pelos estadunidenses, destinava-se a fornecer serviços de telefonia, televisão, radiodifusão e transmissão de dados para todo o país.

As emissoras de televisão do Brasil contempladas, na ocasião, foram o SBT e a Rede Manchete, que puderam transmitir suas programações em rede nacional via satélite.

Através deste mesmo sistema outros satélites Brasilsat foram lançados nos anos seguintes, contemplando outras emissoras de TV.

O satélite genuinamente brasileiro e lançado ao espaço de território nacional, com tecnologia totalmente desenvolvida no Brasil, foi colocado em órbita somente em 29 de julho de 1998.

Inaugurando a série de satélites Star One, quando o Brasil, a além de atender a demanda nacional - atualmente, inclusive de internet -, passou a vender serviços para países do continente africano e europeu.

Imagem da primeira transmissão de TV, via satélite ao vivo, em 1969.

 

4. O ADVENTO DA PARABÓLICA.

No início da década de 1960, quando nascia o programa espacial americano, rastrear satélites em órbita da Terra era uma atividade especializada, restrita a um seleto grupo de funcionários da NASA (National Aeronautics and Space Administration).

A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço era uma agência do governo dos Estados Unidos da América, criada em pelo 1958, com a ajuda de cientistas nazistas capturados com a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial.

Foi fundada pelo presidente Eisenhower, para fazer frente a chamada corrida espacial, uma competição com a União Soviética pelo domínio do espaço.

Naquela época, dificilmente alguém poderia imaginar que, menos de vinte anos mais tarde, milhões de pessoas espalhadas pelo mundo iriam transformar o uso de antenas parabólicas em uma atividade rotineira e doméstica, disponível para qualquer pessoa.

A disseminação das antenas parabólicas, que permitem captar em casa uma variedade enorme de emissões de sinais de televisão de muitas partes do globo, representaria um salto de proporções grandiosas na relação do homem comum com a tecnologia.

No entanto, o potencial de mudanças, sociais e de comportamento resultante do uso da parabólica, demoraria algumas décadas para chegar as pessoas comuns.

Uma antena parabólica é uma antena refletora utilizada para a recepção de sinais de rádio, televisão e, atualmente, inclusive internet.

Ela reflete o sinal vindo do espaço para o centro da antena, onde está o captador (chamado LNB), concentrando este sinal fraco em um único ponto, obtendo uma recepção melhor.

Razão pela qual, podemos dizer que a parabólica representa o grito do satélite, a ampliação do sussurro do sinal transmitido do espaço.

A antena parabólica foi inventada pelo físico alemão Heinrich Hertz, durante sua descoberta das ondas de rádio em 1887, quando utilizou refletores parabólicos cilíndricos com antenas dipolo, com seu foco para a transmissão e recepção de sinais.

Entretanto, a utilização de antenas parabólicas, somente foi implementada junto com as exigências da corrida espacial, entre EUA e URSS, e o desenvolvimento dos primeiros satélites.

Havia indícios da indícios de que seriam popularizadas a partir da década de 1970, seguindo a transformação das transmissões de TV, revolucionadas pela ampliação de satélites em órbita.

As primeiras antenas parabólicas domésticas começaram a chegar aos lares americanos em 1975, mas, na virada do século XX para o XXI, apenas nos EUA, já haviam 10 milhões de unidades instaladas nos tetos de prédios e casas.

A demanda contagiou Europa e Ásia, guardadas as proporções, reproduzindo-se no Brasil.

Em território brasileiro, a parabólica começou a ser comercializada por volta de 1983, quando entre os primeiros clientes estavam hotéis e grandes empresas.

Rapidamente esta tecnologia se disseminou, chegando as pessoas comuns em 1988, quando o número de usuários dobrou, subindo de 20 mil usuários para 100 mil em apenas alguns anos.

Antes do advento da internet e da TV digital, a grande vantagem da antena parabólica era possibilitar, ao vivo e instantâneo, o acesso a sinais do mundo todo.

Na década de 1990, antes da distribuição mais ampla de sinais através de cabos de fibra ótica, empresas especializas na transmissão de sinais fechados, que ficaram conhecidas como “TV por assinatura”, passaram a utilizar parabólicas para obter ganhos enormes vendendo sinais decodificados.

Somente o assinante passou a receber a chave para decodificar o sinal e ter acesso ao conteúdo vendido, o principio que daria origem, depois, ao chamado Streaming.

As antenas parabólicas, no entendimento do escritor americano Alvin Toffler, autor de "O choque do futuro" (1998) e "A terceira onda" (1980), possibilitaram ao homem do final do século XX a criação da “infosfera”.

Isto é, independente de fronteiras, nacionalidades ou correntes políticas, um número crescente de habitantes do planeta Terra começou a uma aproximação.

Reduzindo as fronteiras e permitindo acesso a informação de qualquer parte do mundo em tempo real, os acontecimentos que antes demorava meses e até anos para serem conhecido por todos no planeta, passou a ser imediato.

Um fenômeno percursos da construção da aldeia global e da internet, intimamente relacionado com início do aprofundamento da globalização no século XX.

Funcionamento da transmissão de sinais via satélite para parabólicas.
Fonte: https://news.viasat.com/pt-br/blog/como-a-internet-via-satelite-funciona


5. CONCLUINDO.

Quando o astronauta estadunidense, Neil Armstrong, pisou pela primeira vez no solo lunar, em julho de 1969, milhões de pessoas em todo o mundo acompanharam a proeza ao vivo em seus televisores.

Isso parecia coroar as conhecidas teorias do canadense Marshall McLuhan (2020), segundo as quais o planeta caminhava rápido para se tornar uma aldeia global, em que de um polo ao outro; gostos, hábitos e ideias seriam cada vez mais parecidos, todos induzidos pela onipresente TV.

Passados mais de vinte anos, as tecnologias das telecomunicações que se desenvolveram ao longo desse período, como a TV por cabo e as antenas parabólicas de uso doméstico; passaram a tender desenhar um cenário que, ao mesmo tempo reforça e desmente previsões de McLuhan.

Reforça na medida em que as novas técnicas ampliam o lugar da tela de TV na vida de cada um e, com isso, a dependência das pessoas em face dela.

Desmente, porém, na medida em que tais avanços tecnológicos aumentam o leque de emissões à disposição do espectador.

Assim, imaginava-se que poderia diminuir a dependência do público em relação às grandes redes, mas estas previsões não contavam com o advento da internet e do smartphone, como seu efeito viciante a alienador.

As redes de TV passaram a buscar seu público nas classes C e D, abrindo espaço para o surgimento de sistemas de TV para plateias mais sofisticadas, com maior liberdade de criação.

A partir do século XXI, com os serviços de smartphone e o sinal digital, a segmentação da sociedade informatizada passou a coexistir com o modelo tradicional.

O streaming representou uma inovação da tecnologia que possibilitou a transmissão de dados em tempo real via internet, sem a necessidade de baixar o arquivo completo através de downloads e uploads tradicionais.

No entanto, em um tempo não muito distante, o acesso de um número crescente de pessoas às antenas parabólicas multiplicou o repertório de escolhas, afetando a própria atitude do espectador diante da TV.

Nesse tipo de sociedade, a tela de televisão tornou-se um meio pelo qual as pessoas começaram a comunicar-se entre si, receber informações de bancos de dados, fazendo compras, etc.

A tela de TV e, mais recentemente do computador e celular, transformou-se em uma ferramenta sem a qual ficou muito difícil viver em sociedade, em uma relação de dependência intensa entre o homem e as novas tecnologias de comunicação.

Primeiro satélite totalmente brasileiro.


6. PARA SABER MAIS SOBRE O ASSUNTO.

COSTELLA, Antonio. Comunicação do Grito ao Satélite. São Paulo: Editora Mantiqueira, 1984.

MCLUHAN, Marshall. La aldea global. Madri: Gedisa, 2020.

TOFFLER, Alvin. A terceira onda. São Paulo: Alta Books, 1980.

TOFFLER, Alvin. O choque do Futuro. São Paulo: Record, 1998.


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Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

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