Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 13, Volume jul., Série 04/07, 2022.
RESUMO: Discutimos alguns aspectos
do desenvolvimento dos meios de comunicação de massa contemporâneos, sobretudo
vinculado com a televisão, a partir da transmissão de sinais pelos satélites
artificiais e captação destes pela antena parabólica. Percursores e,
simultaneamente, articuladores da criação da chamada aldeia global, com
posterior aprofundamento realizado pela internet e sinal digital. Panorama de
extrema relevância para o entendimento da história dos meios de comunicação e,
portanto, entendimento da atual configuração do mundo globalizado no âmbito da
sociedade da informação.
PALAVRAS-CHAVE: História da Comunicação, Satélites Artificiais, Antena Parabólica, Aldeia Global, Sociedade da Informação, Globalização.
ABSTRACT: We discuss
some aspects of the development of contemporary mass media, especially linked
to television, based on the transmission of signals by artificial satellites
and their capture by the satellite dish. Precursors and, simultaneously,
articulators of the creation of the so-called global village, with subsequent
deepening carried out via the internet and digital signal. Panorama of extreme
relevance for understanding the history of the media and, therefore,
understanding the current configuration of the globalized world within the
scope of the information society.
KEYWORDS: History of Communication, Artificial Satellites, Satellite Dish, Global
Village, Information Society, Globalization.
1. INTRODUÇÃO.
O “Gato Félix”, um
animalzinho preto e sorridente, muito popular nos desenhos animados da década
de 1920, entrou para a história a sessenta anos, quando foi escolhido pala RCA
(Radio Coporation of America) para inaugurar as primeiras imagens, ainda
experimentais, da televisão americana.
Durante semanas, a
estatueta do gato, de pouco mais de 1 metro, solidamente instalada em uma
plataforma giratória, materializou-se nas 60 linhas que compunham, em 1928, a
tela do aparelho testado pelo engenheiro russo naturalizado estadunidense,
Vladimir Zworykin (1889-1982), considerado o pai da TV.
Tão rudimentar era o
sistema que a imagem parecia vir através de uma persiana, quase não se
enxergava nada.
Naqueles tempos
pioneiros, cientistas de vários países sonhavam com a televisão - palavra de
origem grega, que significa visão a distância.
Certamente, ninguém
tinha ideia do que iria representar para a humanidade, muito menos que
caminharia para se tornar interativa no século XXI.
Na era do rádio, a TV
significava uma nova e magnifica invenção, a deslumbrante possibilidade de ver
alguém ou algo em outro lugar no mesmo instante.
Só muito tempo depois,
a partir da década de 1960, o progresso da transmissão de imagens ao vivo ou
gravadas seria possível com: a evolução das câmeras, o aparecimento do videoteipe,
a disseminação das estações repetidoras de microondas, o lançamento dos
satélites, o salto da transmissão em cores e o uso de computadores na geração e
edição de imagens.
Gradualmente e cada vez
de forma mais acelerada, a TV se tornou parte integrante da vida humana, para o
bem e para o mal, influenciando emoções e pensamentos, opiniões e atitudes pelo
mundo afora, transfigurando a experiência cotidianas.
No entanto, isto só
tornou-se possível com o advento das “Parabólicas”, direcionando o mundo para o
surgimento de uma grande aldeia global; depois extrapoladas e tornadas
obsoletas pela internet.
2. O FUNCIONAMENTO ORIGINAL DA TV.
O modo de funcionamento
da TV é, em si, uma maravilha comparável a seus melhores espetáculos.
O ponto de partida da
operação ainda é atualmente, porém, o mesmo dos tempos do Gato Félix.
A câmera de TV, que
registra uma cena, nada mais faz do que captar a luz e traduzi-la em sinais
eletromagnéticos e/ou digitais.
Originalmente, as
lentes da câmera transportavam a luz para um tubo cilíndrico, chamado de
iconoscópio.
Nele, uma extremidade tinha
um alvo coberto por milhões de pontos fotossensíveis, quando a imagem, a luz
refletia a cena, batendo no alvo, alterava suas propriedades elétricas.
Ao mesmo tempo, ao ser
bombardeada por um feixe de elétrons situados na outra extremidade do tubo, a
superfície alvo emitia uma corrente elétrica que era usada como sinal de vídeo.
Esse processo chamava-se
varredura, onde cada imagem formava um quadro varrido por linhas horizontais da
esquerda para a direita, como o texto das páginas de um livro, aliás as em
movimento imagens continuam utilizando o mesmo processo.
Para evitar o brilho
excessivo da imagem, primeiro são varridas as linhas impares, depois às linhas pares.
Hoje, a diferença são
apenas a quantidade de linhas registradas, as câmeras da década de 1990
registravam até 700 linhas, onze vezes mais do que na época do gato Félix, em
30 quadros por segundo.
No cinema, os quadros
são transmitidos tão rapidamente que os olhos não podem acompanhá-los, criando
a ilusão de movimento onde só existe uma série de imagens paradas.
Os quadros passam por
muitos equipamentos dentro da emissora de TV, para que os sinais sejam
ampliados e modulados.
Em termos de sinais
analógicos, dó depois é que chegavam via microondas ao transmissor, que os
enviava até o topo da antena e dali para a recepção no telhado das casas ou no
alto dos edifícios.
Os mesmos sinais podiam
ainda ser enviados por microondas da emissora à antena de subida do satélite,
sendo então captados pelas estações receptoras, que finalmente os mandavam para
os televisores domésticos.
Ocorria então um
processo inverso ao da transformação de energia luminosa em eletromagnética.
Uma tela feita de
material fluorescente, na parte da frente do tubo de imagens, ou cinescópio,
brilhava quando bombardeado por um feixe de elétrons.
Como acontecia na
câmera, os quadros se sucediam-se tão rapidamente que davam a impressão de
movimento.
Enquanto este sinal
analógico era transmitido como ondas contínuas, atualmente o sinal digital
é convertido em sequências de números binários, em uma linguagem compreensível
para dispositivos eletrônicos.
Primeira transmissão de TV no Brasil, com público no Centro de São Paulo. |
3. O ADVENTO DO SATÉLITE.
Em 4 de outubro de
1957, além da cintilação das estrelas, veio do firmamento um sinal de rádio: o
" bip - bip " de um satélite artificial russo chamado “Sputnik”.
A sua colocação foi
iniciada em conjunto com chamada “era espacial e da comunicação via satélite”.
O Sputnik 1 era um
engenho de 83,35 Kg de peso, com o formato de uma bola de alumínio de 57,5 cm
de diâmetro.
Esteve orbitando o
planeta terra apenas durante três meses, após os quais se desintegrou, cumprindo
uma órbita elíptica de 947 Km de apogeu e 227 Km de perigeu, com 65 graus de
inclinação sobre a linha do Equador terrestre.
Cada volta sobre a terra
era percorrida em 92 minutos, com uma velocidade de 28.000 Km por hora.
No encalço dos
soviéticos - visto que a Rússia liderava então o mundo comunista, integrando a
União das Repúblicas Soviéticas -, em 31 de janeiro de 1958, os Estados Unidos da
América lançaram seu primeiro satélite, o Explorer 1.
O espaço atmosférico m
torno de nosso planeta estava sendo violado pelo homem, tornando-se cenário de
um novo capítulo da história.
Os vários Sputniks,
Explorers, Vanguards e Pioneers; primeiros visitantes humanos no espaço, foram
dotados de aparelhagem cientifica para medir radiações e temperaturas, conferir
medidas geodésicas e realizar inúmeras outras observações.
O Explorer 6 (EUA),
posto em órbita em 7 de agosto de 1958, incluiu em seus 64,41 Kg de peso uma
câmera de televisão e nos permitiu ver as primeiras imagens do planeta a centenas
e milhares de quilômetros de altitude, pois sua órbita alongada marcava apogeu
de 42.117 Km e perigeu de 251 Km.
Pouco depois, em 18 de
dezembro de 1958, foi lançado o primeiro satélite de comunicações estadunidenses.
Um foguete Atlas (EUA)
colocou em órbita o Score 1 (Signal Communications by Orbiting Relay Equipment)
, por meio do qual se transmitiu uma mensagem de Natal do Presidente Eisenhower,
pela primeira vez o silêncio dos vazios cósmicos foi rasgado pela voz humana.
No entanto, o Score 1
durou pouco, em 21 de janeiro de 1959, seus sinais cessaram, o satélite se
perdeu com uma reentrada não programada na atmosfera terrestre.
O Echo 1 (EUA) foi
lançado em 12 de agosto de 1960, o primeiro satélite de comunicações passivo.
Foi construído de
matéria plástica aluminizada, era um gigantesco balão esférico de 30,50 m de
diâmetro, mas sendo oco, seu peso era de apenas 62,30 Kg.
Enquanto orbitou podia
ser visto a olho nu em horários favoráveis de nosso planeta.
Incumbido de refletir
sinais eletromagnéticos, seu poder de reflexão, entretanto, foi menor do que o
planejado devido ao enrugamento de sua superfície, causado por micrometeoritos
e pela poeira cósmica.
Reingressou na
atmosfera em 4 de maio de 1960, desconhecendo-se seu destino, provavelmente se
desintegrou como seu antecessor.
Ainda em 1960, em 4 de
outubro, começou a operar o primeiro satélite de comunicações repetidor ativo,
o Courier 1-B (EUA).
Foi lançado pelo exército
estadunidense, pesava 225 Kg, tendo formato esférico de 1,30 m de diâmetro.
Poucos dias depois, em
22 de outubro, esgotadas suas bateria, do satélite deixou de funcionar.
Destarte, o Score 1, o
Echo 1 e o Courrier 1-B comprovaram a possibilidade de comunicação via satélite;
iniciando embrionariamente a era das transmissões comerciais.
O Telstar 1 foi
primeiro satélite particular de propriedade da iniciativa privada, pertencia a
"American Telephone and Telegraph".
Foi lançado em 10 de julho
de 1962, possuindo forma esférica, 89 cm de diâmetro, 75,5 Kg de peso e 3.600
células solares de alimentação.
A despeito de
propriedade particular, foi colocado em órbita pela NASA, com um custo de dois
milhões e setecentos mil dólares.
O satélite possuía
equipamentos para realizar transmissões telefônicas, radiofônicas e de
televisão; ampliando em dez bilhões de vezes os sinais recebidos e devolvidos até
então para Terra.
Para seu rastreamento se
construiu, em Andover - Estado de Maine (EUA), uma antena rotativa de 340
toneladas, com 58 metros de comprimento e 497 metros quadrados de boca.
Um dia antes do
lançamento do Telstar 1, em 9 de julho de 1962, os Estados Unidos detonaram uma
bomba nuclear de 1.4 megatons, em uma altitude de 400 km de altitude, a
sudoeste da Ilha Johnston, no oceano pacífico.
O teste, conhecido como
Starfish Prime, criou um enorme pulso eletromagnético que produziu uma aurora
sobre o pacífico, mas desativou parcialmente vários equipamentos eletrônicos.
A princípio, o satélite
não podia ser ativado, alguns transistores tinham falhado, mas os engenheiros
conseguiram ativá-lo.
Isto adiou a sua
primeira transmissão em 10 dias, que aconteceu somente em 21 de fevereiro de
1962.
Nos Estados Unidos da
América o satélite permitiu a transmissão ao vivo e simultânea de imagens em
todo seu território, da costa leste a oeste, de Manhattan até Ponte de São
Francisco.
A utilização do Telstar
na Europa foi iniciada pela rede "Eurovision", a qual passou a
transmitir seu sinal em dezessete países.
A primeira imagem
transmitida para América e Europa foi a bandeira dos Estados Unidos,
acompanhada dos acordes do hino nacional estadunidense.
As imagens chegaram
tremidas aos aparelhos de TV, mas forneceram uma impressão de se estar
assistindo a um acontecimento único.
A qualidade estava
muito distante da atual, além disso, o tempo dessas transmissões não eram
contínuas, estava restrito a 30 minutos, devido à baixa órbita do satélite.
Era necessário que as
antenas de recepção e transmissão permitissem que as estações terrestres
acompanhassem a sua trajetória orbital, exigindo uma outra tecnologia que
também iria se desenvolver muito rápido, as antenas parabólicas.
O transmissor tinha uma
potência ínfima de 2¼ watts, um sinal tão fraco que as estações que o
acompanhavam, recebiam e ampliavam 10 bilhões de vezes, através de antenas
parabólicas com 30 m de diâmetro.
A partir deste satélite,
foram lançados milhares de satélites na órbita terrestre, desde a partir de
então, a maioria militares, mas também científicos e para utilização nas
telecomunicações.
Entre 1962 e 1963,
realizou-se uma curiosa experiência: o lançamento dos "Dipoles",
testado pela primeira vez, sem êxito, em outubro de 1962 e repetido com sucesso
em 12 de maio do ano seguinte.
A Força Aérea estadunidense
colocou em órbita terrestre 400 milhões de agulhas de cobre de 2 cm de
comprimento cada uma, os chamados "Dipoles".
Destinavam-se a formar
um anel de 8 Km de largura a 3.700 Km de altitude, em torno da Terra, servindo
de antena na reflexão de sinais de rádio em ondas curtas.
Em 1964, foram
colocados em órbita o Echo 2 e o Syncom 2, especialmente destinado a transmitir
para os EUA e a Europa os jogos Olímpicos de Tóquio.
Através do Syncon 2, um
avião da "Pan American Airways", voando entre São Francisco e
Honolulu, trocou mensagens com a Califórnia no final de 1964.
Um importante momento
da telecomunicação orbital ocorreu com o lançamento do Early Bird (Pássaro
Madrugador), em 6 de abril de 1965, estacionado a 36.000 Km acima do oceano
Atlântico.
Este foi o primeiro de
uma série de satélites estacionários de comunicação, para transmitir sinais em
tempo contínuo.
Em 25 de junho de 1965,
por meio dele, transmitiu-se a luta de box pelo título mundial dos pesos
pesados entre Sonny Liston e Cassius Clay - este último mais conhecido como
Mohamad Ali.
Seguiu-se depois, o
lançamento e utilização dos Intelsat, dos quais os três primeiros são de 1967 e
1968.
Em 25 de janeiro de
1971, foi lançado o primeiro dos oito satélites componentes da série Intelsat 4,
com um custo de 230 milhões de dólares cada.
Este novo modelo de
satélite dispunha de 12 canais, sendo um para TV e os outros onze para telefonia,
telex, telegrafia e fax.
A série prosseguiu com
o lançamento, em 6 de março de 1982, do Intelsat 5, apto a transmitir em 12 mil
canais de voz, além das frequências para TV em cores.
No Brasil, a primeira
transmissão de TV via satélite foi possibilitada pelos esforços da estatal
Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações),
criada em 1965 pelo governo
do General Castelo Branco, no início do período da ditadura militar.
Esta transmissão
aconteceu em 1969, depois inauguração da Estação Terrena de Comunicações de
Tanguá, no Rio de Janeiro, quando o governo brasileiro comprou a capacidade dos
satélites Intelsat (lançados por um consórcio de 11 países, do qual o Brasil
não fazia parte).
As primeiras imagens
vistas pela população brasileira via satélite foram transmitidas pela TV Globo,
quando em caráter experimental foi disponibilizada ao vivo a chegada do homem à
lua.
Em seguida, houve a estreia
do "Jornal Nacional", da Rede Globo, marcando o início das operações contínuas
através de satélite no Brasil.
O noticiário era
apresentado por Heron Domingues e Léo Batista, marcando o início do primeiro
programa regular a ser transmitido em rede nacional, implementando um novo
estilo de jornalismo na TV brasileira.
O Brasil lançou seu
primeiro satélite de comunicação, denominado de Brasilsat, somente em 1985.
Foi fabricado por uma
empresa canadense e colocado em órbita pelos estadunidenses, destinava-se a
fornecer serviços de telefonia, televisão, radiodifusão e transmissão de dados
para todo o país.
As emissoras de
televisão do Brasil contempladas, na ocasião, foram o SBT e a Rede Manchete,
que puderam transmitir suas programações em rede nacional via satélite.
Através deste mesmo
sistema outros satélites Brasilsat foram lançados nos anos seguintes, contemplando
outras emissoras de TV.
O satélite genuinamente
brasileiro e lançado ao espaço de território nacional, com tecnologia
totalmente desenvolvida no Brasil, foi colocado em órbita somente em 29 de
julho de 1998.
Inaugurando a série de
satélites Star One, quando o Brasil, a além de atender a demanda nacional -
atualmente, inclusive de internet -, passou a vender serviços para países do
continente africano e europeu.
Imagem da primeira transmissão de TV, via satélite ao vivo, em 1969. |
4. O ADVENTO DA PARABÓLICA.
No início da década de 1960,
quando nascia o programa espacial americano, rastrear satélites em órbita da
Terra era uma atividade especializada, restrita a um seleto grupo de
funcionários da NASA (National Aeronautics and Space Administration).
A Administração
Nacional da Aeronáutica e Espaço era uma agência do governo dos Estados Unidos
da América, criada em pelo 1958, com a ajuda de cientistas nazistas capturados
com a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial.
Foi fundada pelo presidente
Eisenhower, para fazer frente a chamada corrida espacial, uma competição com a
União Soviética pelo domínio do espaço.
Naquela época, dificilmente
alguém poderia imaginar que, menos de vinte anos mais tarde, milhões de pessoas
espalhadas pelo mundo iriam transformar o uso de antenas parabólicas em uma
atividade rotineira e doméstica, disponível para qualquer pessoa.
A disseminação das
antenas parabólicas, que permitem captar em casa uma variedade enorme de emissões
de sinais de televisão de muitas partes do globo, representaria um salto de
proporções grandiosas na relação do homem comum com a tecnologia.
No entanto, o potencial
de mudanças, sociais e de comportamento resultante do uso da parabólica, demoraria
algumas décadas para chegar as pessoas comuns.
Uma antena parabólica é
uma antena refletora utilizada para a recepção de sinais de rádio, televisão e,
atualmente, inclusive internet.
Ela reflete o sinal
vindo do espaço para o centro da antena, onde está o captador (chamado LNB),
concentrando este sinal fraco em um único ponto, obtendo uma recepção melhor.
Razão pela qual,
podemos dizer que a parabólica representa o grito do satélite, a ampliação do sussurro
do sinal transmitido do espaço.
A antena parabólica foi
inventada pelo físico alemão Heinrich Hertz, durante sua descoberta das
ondas de rádio em 1887, quando utilizou refletores parabólicos cilíndricos com
antenas dipolo, com seu foco para a transmissão e recepção de sinais.
Entretanto, a
utilização de antenas parabólicas, somente foi implementada junto com as
exigências da corrida espacial, entre EUA e URSS, e o desenvolvimento dos primeiros
satélites.
Havia indícios da indícios
de que seriam popularizadas a partir da década de 1970, seguindo a transformação
das transmissões de TV, revolucionadas pela ampliação de satélites em órbita.
As primeiras antenas
parabólicas domésticas começaram a chegar aos lares americanos em 1975, mas, na
virada do século XX para o XXI, apenas nos EUA, já haviam 10 milhões de
unidades instaladas nos tetos de prédios e casas.
A demanda contagiou
Europa e Ásia, guardadas as proporções, reproduzindo-se no Brasil.
Em território
brasileiro, a parabólica começou a ser comercializada por volta de 1983, quando
entre os primeiros clientes estavam hotéis e grandes empresas.
Rapidamente esta
tecnologia se disseminou, chegando as pessoas comuns em 1988, quando o número
de usuários dobrou, subindo de 20 mil usuários para 100 mil em apenas alguns anos.
Antes do advento da
internet e da TV digital, a grande vantagem da antena parabólica era
possibilitar, ao vivo e instantâneo, o acesso a sinais do mundo todo.
Na década de 1990, antes
da distribuição mais ampla de sinais através de cabos de fibra ótica, empresas especializas
na transmissão de sinais fechados, que ficaram conhecidas como “TV por assinatura”,
passaram a utilizar parabólicas para obter ganhos enormes vendendo sinais
decodificados.
Somente o assinante
passou a receber a chave para decodificar o sinal e ter acesso ao conteúdo
vendido, o principio que daria origem, depois, ao chamado Streaming.
As antenas parabólicas,
no entendimento do escritor americano Alvin Toffler, autor de "O choque do
futuro" (1998) e "A terceira onda" (1980), possibilitaram ao
homem do final do século XX a criação da “infosfera”.
Isto é, independente de
fronteiras, nacionalidades ou correntes políticas, um número crescente de
habitantes do planeta Terra começou a uma aproximação.
Reduzindo as fronteiras
e permitindo acesso a informação de qualquer parte do mundo em tempo real, os
acontecimentos que antes demorava meses e até anos para serem conhecido por
todos no planeta, passou a ser imediato.
Um fenômeno percursos
da construção da aldeia global e da internet, intimamente relacionado com início
do aprofundamento da globalização no século XX.
Funcionamento da transmissão de sinais via satélite para parabólicas. Fonte: https://news.viasat.com/pt-br/blog/como-a-internet-via-satelite-funciona |
5. CONCLUINDO.
Quando o astronauta estadunidense,
Neil Armstrong, pisou pela primeira vez no solo lunar, em julho de 1969,
milhões de pessoas em todo o mundo acompanharam a proeza ao vivo em seus
televisores.
Isso parecia coroar as
conhecidas teorias do canadense Marshall McLuhan (2020),
segundo as quais o planeta caminhava rápido para se tornar uma aldeia global,
em que de um polo ao outro; gostos, hábitos e ideias seriam cada vez mais
parecidos, todos induzidos pela onipresente TV.
Passados mais de vinte
anos, as tecnologias das telecomunicações que se desenvolveram ao longo desse
período, como a TV por cabo e as antenas parabólicas de uso doméstico; passaram
a tender desenhar um cenário que, ao mesmo tempo reforça e desmente previsões
de McLuhan.
Reforça na medida em
que as novas técnicas ampliam o lugar da tela de TV na vida de cada um e, com
isso, a dependência das pessoas em face dela.
Desmente, porém, na
medida em que tais avanços tecnológicos aumentam o leque de emissões à
disposição do espectador.
Assim, imaginava-se que
poderia diminuir a dependência do público em relação às grandes redes, mas
estas previsões não contavam com o advento da internet e do smartphone, como
seu efeito viciante a alienador.
As redes de TV passaram
a buscar seu público nas classes C e D, abrindo espaço para o surgimento de
sistemas de TV para plateias mais sofisticadas, com maior liberdade de criação.
A partir do século XXI,
com os serviços de smartphone e o sinal digital, a segmentação da sociedade
informatizada passou a coexistir com o modelo tradicional.
O streaming representou
uma inovação da tecnologia que possibilitou a transmissão de dados em tempo
real via internet, sem a necessidade de baixar o arquivo completo através de downloads
e uploads tradicionais.
No entanto, em um tempo
não muito distante, o acesso de um número crescente de pessoas às antenas parabólicas
multiplicou o repertório de escolhas, afetando a própria atitude do espectador
diante da TV.
Nesse tipo de sociedade,
a tela de televisão tornou-se um meio pelo qual as pessoas começaram a comunicar-se
entre si, receber informações de bancos de dados, fazendo compras, etc.
A tela de TV e, mais
recentemente do computador e celular, transformou-se em uma ferramenta sem a
qual ficou muito difícil viver em sociedade, em uma relação de dependência intensa
entre o homem e as novas tecnologias de comunicação.
Primeiro satélite totalmente brasileiro. |
6. PARA SABER MAIS SOBRE O ASSUNTO.
COSTELLA, Antonio. Comunicação do Grito ao Satélite. São
Paulo: Editora Mantiqueira, 1984.
MCLUHAN, Marshall. La
aldea global. Madri: Gedisa, 2020.
TOFFLER, Alvin. A terceira onda. São Paulo: Alta Books,
1980.
TOFFLER, Alvin. O choque do Futuro. São Paulo: Record,
1998.
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Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
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