Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 10, Volume jul., Série 03/07, 2019.
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Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
Doutor em Ciências Humanas - USP. MBA em Gestão de Pessoas - UNIA.
Licenciado em História - CEUCLAR. Licenciado em Filosofia - FE/USP. Bacharel em Filosofia - FFLCH/USP. |
A filosofia pode ser simbolizada pelo mito da caverna, atribuído a Sócrates e narrado por Platão na obra A República, dizendo muito sobre quem somos nós seres humanos e como nos comportamos até hoje.
Esse livro foi escrito entre os anos 385-380 a.C., descreve um diálogo entre Sócrates e seus amigos, apresentando o método dialético de investigação filosófica.
O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, discutindo a importância do conhecimento filosófico e da educação como forma de superação da ignorância.
Simboliza a proposta da filosofia: ajudar o homem na passagem gradual do senso comum para uma visão mais aprofundada da realidade, enxergando por trás das aparências usando a razão, sistematizando e organizado a resposta que, não por acaso, transforma-se em novas perguntas.
Quem foi Sócrates.
Sócrates teria sido um pensador nascido em Atenas no período clássico da Grécia Antiga, uma figura enigmática a quem se atribui uma grande contribuição na fundação da filosofia Ocidental.
Sua suposta existência só chegou até nossos dias através de relatos de terceiros, porque ele seria analfabeto, não deixando uma única obra ou registro escrito.
Dois filósofos que viveram na mesma época que ele, após sua morte, relataram por escrito seu pensamento e ações, no caso seus alunos Platão e Xenofonte.
Além dos diálogos que supostamente descrevem os debates de Sócrates com seus interlocutores, o único registro de sua existência concreta são peças teatrais de Aristófanes, onde aparece como personagem.
Razão pela qual existe uma corrente da história da filosofia que defende que Sócrates nunca existiu, simbolizando uma tradição filosófica.
Para estes, pode ter sido um personagem inventado pelo aristocrata Platão, um heterônimo usado para criticar seus pares sem se comprometer ou sofrer represarias.
Segundo consta, o que sabemos da vida de Sócrates, caso realmente tenha existido, registrado através de terceiros; é que Sócrates era um homem muito feio, mas quando falava encantava a todos. Vinha de família humilde, era filho de Sofronisco - motivo pelo qual ele era chamado em sua juventude de Sokrates ios Sōfronískos (Sócrates, o filho de Sofronisco) -, um escultor, especialista em entalhar colunas nos templos; e Fainarete, uma parteira.
Durante a infância, o pai tentou ensinar seu trabalho de escultor, mas o jovem se mostrou pouco hábil para trabalhar com o mármore.
Os amigos zombavam de sua falta de habilidade e o pai reclamava que mais atrapalhava do que ajudava.
Preferia acompanhar a mãe e assistir o seu trabalho de parteira do que aprender o ofício do pai.
Diante deste fato, a mãe o teria levado até o famoso Oráculo de Delfos, buscando uma resposta para o futuro do garoto, o qual teria profetizado que seria um grande educador.
Depois deste episódio, sua biografia dá um salto, encontramos apenas a informação que era casado com Xântipe, muito mais jovem que ele, com quem teve um filho, Lamprocles.
Segundo Aristóteles - aluno de Platão - e seu discípulo Aristóxenes, dois filósofos nascidos após a morte de Sócrates; teria tido outra esposa, Mirto, com quem teve os filhos Sofronisco e Menexêno.
O relato que aparece nas peças teatrais de Aristófanes, descreve Sócrates como alguém que costumava caminhar descalço, não tinha o hábito de tomar banho e amava ler.
Em certas ocasiões, parava o que quer que estivesse fazendo, ficava imóvel por horas, meditando sobre algum problema.
Certa vez o fez descalço sobre a neve, segundo os escritos de Platão, o que demonstra seu caráter lendário.
Consta também que gostava de brincar com crianças, a quem ensinava enquanto aprendia, dialogando com os pequenos.
Não se sabe ao certo qual era sua profissão, as fontes relatam que trabalhava em diferentes funções, o mais provável é que era artesão, fazendo parte dos poucos privilegiados em Atenas, considerados cidadãos, com direito de participar ativamente das decisões da cidade.Na maturidade teria sido mantido financeiramente pelos seus seguidores ricos, como Platão; pois não tinha escravos, mas vivia debatendo com a juventude em praça pública e constantemente refletindo sobre a realidade.
Dizia-se um parteiro de ideias, inclusive, certa vez comentando prosseguir com o trabalho de parteira da mãe, teria afirmado:
"O conhecimento está dentro das pessoas. Porém, eu posso ajudar no nascimento deste conhecimento. [...] Minha mãe não irá criar o bebê, apenas ajudá-lo-á a nascer e tentará diminuir a dor do parto. Ao mesmo tempo, se ela não tirar o bebê, logo ele irá morrer, e igualmente a mãe morrerá!"
Por esta razão, o método inventado por Sócrates, para ajudar as pessoas a pensarem por si, é chamado de maiêutica (que em grego significa parto ou parteira).
Dialogando principalmente com os jovens, ensinando ao ar livre sem cobrar nada por isto para quem estivesse disposto a ouvir, em um época em que um grupo de filósofos chamados de sofistas cobrava para ensinar; as suas ideias foram se espalhando pela cidade de Atenas, cada vez mais pessoas começaram a segui-lo como verdadeiros discípulos.
Assim, entrou em conflito direito com os sofistas, que questionavam como um homem sábio poderia ensinar de graça e pregar que os atenienses não precisavam de professores.
A influência política de Sócrates se tornou tão grande que os poderosos locais começaram a se sentir ameaçados, acusando-o de corromper a juventude e querer se igualar aos deuses.
No julgamento que se seguiu a sua prisão, questionado por onze magistrados, em sua defesa, mostrou que as acusações eram contraditórias; mesmo assim, o tribunal, constituído por 501 cidadãos, o condenou.
Para evitar que milhares de jovens se revoltassem, não foi condenado diretamente a morte, a sentença deu a opção de exílio para sempre - partir de Atenas e nunca mais voltar- ou ter a língua cortada; opções que impossibilitariam de continuar a questionar as aparências e ensinar.
Caso ele não aceitasse uma entre as duas opções, poderia ainda escolher tomar cicuta - um veneno -, ou seja se matar.
Após receber a sentença, Sócrates proferiu: "Vocês me deixam a escolha entre duas coisas: uma que eu sei ser horrível, que é viver sem poder passar meus conhecimentos adiante. A outra, que eu não conheço, que é a morte ... escolho pois o desconhecido!"
Sócrates optou, portanto, pelo suicídio ordenado pelo Estado ateniense, morreu aos 70 anos de idade.
A sua vida - concreta ou imaginada por Platão - simboliza a essência da filosofia: um questionamento da realidade que pode ser incomodo e perturbador da ordem estabelecida.
Não é a toa que, nos Estados totalitários e nas ditaduras, a filosofia é sempre eliminada ou minimizada nos currículos escolares, enquanto os filósofos são perseguidos.
O diálogo do Mito da Caverna.
O famoso episódio pelo qual o personagem Sócrates ficou mais conhecido em nossos dias, o mito da caverna, aparece no Livro VII da República de Platão.
Trata-se de um diálogo em que as falas na primeira pessoa são de Sócrates e seus interlocutores, Glauco e Adimanto, estes eram os irmãos mais novos de Platão.
No diálogo, é dada ênfase ao processo de conhecimento, mostrando a visão de mundo do ignorante, que vive mergulhado no senso comum, e do filósofo, na sua eterna busca da verdade inalcançável.
Vejamos o diálogo na integra:
Sócrates – Agora, imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoços acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.
Glauco– Estou vendo.
Sócrates– Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que os transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.
Glauco- Um quadro estranho e estranhos prisioneiros.
Sócrates — Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?
Glauco — Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?
Sócrates — E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?
Glauco — Sem dúvida.
Sócrates — Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?
Glauco — É bem possível.
Sócrates — E se a parede do fundo da prisão provocasse eco sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?
Glauco — Sim, por Zeus!
Sócrates — Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados?
Glauco — Assim terá de ser.
Sócrates — Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?
Glauco - Muito mais verdadeiras.
Sócrates - E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?
Glauco - Com toda a certeza.
Sócrates - E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?
Glauco - Não o conseguirá, pelo menos de início.
Sócrates - Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e sua luz.
Glauco - Sem dúvida.
Sócrates - Por fim, suponho eu, será o sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal qual é.
Glauco - Concordo.
Sócrates - Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.
Glauco - É evidente que chegará a essa conclusão.
Sócrates - Ora, lembrando-se de sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram?
Glauco - Sim, com certeza, Sócrates.
Sócrates - E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia?
Glauco - Sou de tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.:
Sócrates - Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: Não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?
Glauco - Por certo que sim.
Sócrates - E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo?
Glauco - Sem nenhuma dúvida.
Sócrates - Agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por ponto, esta imagem ao que dissemos atrás e comparar o mundo que nos cerca com a vida da prisão na caverna, e a luz do fogo que a ilumina com a força do Sol. Quanto à subida à região superior e à contemplação dos seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma para a mansão inteligível, não te enganarás quanto à minha ideia, visto que também tu desejas conhecê-la. Só Zeus sabe se ela é verdadeira. Quanto a mim, a minha opinião é esta: no mundo inteligível, a ideia do bem é a última a ser apreendida, e com dificuldade, mas não se pode apreendê-la sem concluir que ela é a causa de tudo o que de reto e belo existe em todas as coisas; no mundo visível, ela engendrou a luz; no mundo inteligível, é ela que é soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e é preciso vê-la para se comportar com sabedoria na vida particular e na vida pública.
Glauco - Concordo com a tua opinião, até onde posso compreendê-la.
O simbolismo do Mito da Caverna.
Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência, isto é, o conhecimento, abrange dois domínios: o domínio das coisas sensíveis e o domínio das ideias.
A realidade estaria no mundo das ideias - um mundo real e verdadeiro - e a maioria da humanidade viveria na condição da ignorância, no mundo das coisas sensíveis - este mundo -, repleto de ilusões e aparências que não correspondem a realidade.
Segundo o mito, três homens teriam sido criados em uma caverna, vendo apenas as sombras do que se passava lá fora, pois estavam acorrentados junto à parede.
Um dia um deles consegue se soltar e sair da caverna, no inicio fica meio cego pela luz do sol que nunca havia visto, mas depois começa a enxergar e percebe que o mundo real não eram as sombras que conhecia.
Maravilhado, ele retorna e conta aos outros dois o que havia visto.
Assustados, um dos seus companheiros de caverna propõe ao outro matar aquele homem que estava perturbando a ordem estabelecida.
Mais ponderado, o terceiro afirma que o companheiro, que dizia ser a realidade vista na caverna apenas sombras, era apenas um louco não merecia atenção.
Uma situação que foi satirizada por Mauricio de Souza e que demonstra que ainda vivemos em uma caverna, mostrando que cada um de nós pode até mesmo construir sua própria caverna.
O Mito da Caverna e a vida de Sócrates.
A alegoria do mito da caverna demonstra como estudar filosofia pode ser difícil, cegar em um primeiro momento, fazendo pensar que não estamos entendendo nada e que aquilo não serve para nada.
No entanto, a filosofia permite desvendar o que está por trás das aparências.
Exatamente por isto, a filosofia nasceu na antiguidade agregando todas as áreas do conhecimento humano, era o que mais se aproximava do que hoje chamamos ciência.
Os filósofos foram os primeiros cientistas e professores, questionando o mundo através de grandes debates em praça pública, isto antes mesmo do aparecimento da escrita, tentando derrubar as verdades estabelecidas.
Na ocasião surgiu à maiêutica, um processo pedagógico atribuído a Sócrates, constituindo em multiplicar as perguntas para obter, por indução de casos particulares e concretos, um conceito geral.
Neste sentido, a figura de Sócrates sintetiza a essência do que é a filosofia.
Procurando pelos jovens, passava horas em praça pública, interpelando os transeuntes, dizendo que quanto mais aprendia, mais percebia nada saber, pois ainda restava muito para conhecer.
Uma ideia expressa pela famosa frase: “Só sei que nada sei”; ou seja, quanto mais aprendo, mais percebo que sei pouco, pois existe muito ainda para aprender.
Seu método consistia em destruir a ilusão do conhecimento, levando seu interlocutor a concluir, por si só, afirmações contraditórias, não tendo outra saída a não ser reconhecer sua própria ignorância.
Exatamente por este motivo, Sócrates terminou condenado a escolher entre o exílio e a morte, optando por tomar cicuta.
Na antiguidade, o exílio era considerado pior que a morte, pois isolava o sujeito, os gregos consideravam os estrangeiros com status social abaixo dos escravos.
Ninguém dava atenção ou oportunidades aos estrangeiros, daí ser exilado, para Sócrates, significaria viver a margem da sociedade, sem poder interferir para mudar as coisas.
Concluindo.
O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância.
Demonstrando como a filosofia opera a passagem gradativa do senso comum - visão de mundo ilusória - para o conhecimento racional sistematizado e organizado em busca da verdade.
Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência da realidade abrange dois domínios: o sensível e o inteligível (mundo das ideias).
A realidade está no mundo das ideias - um mundo real e verdadeiro - e a maioria da humanidade vive na condição da ignorância, no mundo das coisas sensíveis - este nosso mundo.
O mundo sensível é composto de imagens mutáveis, ilusões; a verdade reside no mundo das ideias, onde tudo é perfeito, mas o conhecimento é inalcançável.
Neste sentido, sendo possível apenas se aproximar mais da verdade, sem nunca alcança-la completamente; a atualidade exige senso critico, necessário para diferenciar as aparências da realidade e não ser enganado.
O grande problema é que vivemos em uma caverna, sem desconfiar que tudo que sabemos pode ser uma ilusão.
O filme Matriz (EUA, 1999: 136min) aborda com maestria esta discussão, recriando uma narrativa contemporânea do mito da caverna em forma de ficção científica. O enredo trabalha com o argumento de que o mundo ao nosso redor pode ser apenas uma ilusão, criada por máquinas, para distrair a mente e que a verdade estaria por trás das aparências, cabendo a cada um a escolha entre permanecer feliz vivendo na ilusão ou conhecer a verdade.
No filme, um grupo de rebeldes luta contra a Matriz, o sistema que mantém a maioria na ignorância, na vida real a passagem do senso comum para a criticidade é operada, justamente, pela filosofia, estimulando a reflexão e o questionamento sobre as verdades estabelecidas.
A filosofia elimina o achismo e torna as opiniões mais embasadas e sistematizadas, possibilitando construir metodologias de analise da realidade.
Assim, a filosofia permite adquirir um instrumental que ajuda a pensar de forma lógica, com maior coerência, possibilitando formular o discurso de maneira clara.
Poderia existir uma ferramenta mais poderosa e valiosa?
Para saber mais sobre o assunto.
GOLDSCHMIDT, V. “Tempo histórico e tempo lógico na interpretação dos sistemas filosóficos” In: A religião de Platão. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1963, p.139-147.
LALANDE, André. Vocabulário técnico e critico da filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
PLATÃO. A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996.
PRADO JR, Caio. O que é filosofia? São Paulo: Brasiliense, 1997.
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