Publicação brasileira técnico-científica on-line independente, no ar desde sexta-feira 13 de Agosto de 2010.
Não possui fins lucrativos, seu objetivo é disseminar o conhecimento com qualidade acadêmica e rigor científico, mas linguagem acessível.


Periodicidade: Semestral (edições em julho e dezembro) a partir do inicio do ano de 2013.
Mensal entre 13 de agosto de 2010 e 31 de dezembro de 2012.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Filosofia da História: repensando conceitos e certezas.

Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 2, Volume set., Série 12/09, 2011, p.01-15.

Palestra proferida pelo Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos no IV ENCIC (Encontro Nacional Claretiano de Iniciação Cientifica), no dia 10 de setembro de 2011, realizado no pólo São Paulo do Centro Universitário Claretiano.

Desde o século XIX, aspirando representar a memória da humanidade, a história reivindica sua cientificidade, negando seu caráter literário e sua narrativa de cunho ficcional.
No entanto, uma análise atenta sobre a historiografia, à luz das teorias e filosofias da história, demonstra que a memória e a imaginação são indissociáveis.
A reboque, repensar os vínculos entre a historicidade, a memória e a imaginação parece indispensável.
O resultado das questões levantadas em torno da temática são surpreendentes, a narrativa histórica não espelha de fato a realidade, mas somente uma representação do real, constituindo uma construção verossímil do passado, dentre tantas outras possíveis.
Até porque o historiador e os produtores das fontes utilizadas para construir narrativas do passado não estão isentos de influencias de sua própria época, além da questão da intencionalidade ideológica e naturezas as mais diversas por trás da construção da história.
Portanto, é interessante discutir alguns conceitos e pseudos certezas em torno da história e de sua pretensão a cientificidade.
Como diria Descartes, é necessário questionar a historia, derrubar seus mitos, erguer alicerces seguros, com resultados claros e distintos, para construir uma nova ciência sob base mais sólida e evidente.
Como lembrou a professora Vavy Pacheco Borges[i], existem certas definições que aparentemente soam como desnecessárias, sendo este o caso do conhecimento histórico ou da palavra história.
Entretanto, tentar trilhar o caminho da filosofia da história, termo cunhado por Voltaire, é essencial, pois, faz-se necessário expor algumas concepções teóricas que procuraram submeter à história a um tratamento filosófico, para entender as principais críticas contemporâneas acerca da cientificidade da história.
Uma definição contemporânea de senso comum, afirmaria que a história é uma ciência que estuda o passado, analisando as transformações, para entender o presente.
Ao resgatar o passado, a história tentaria conferir sentido ao presente, ajudando a transformar a realidade a partir de sua própria compreensão, podendo até mesmo guiar ao futuro.
Todavia, uma análise mais detalhada demonstra que o conceito de história comporta múltiplas definições, cada qual adequada ao seu conjunto teórico, de modo que não é possível falar de uma história singular.
Já que, ao invés de uma teoria da história teríamos múltiplas teorias da história, cada qual com um conceito próprio de história e uma maneira especifica de pensar o passado, suscitando um questionamento conceitual acerca da natureza cientifica da história.
A discussão poderia se alongar, passando por Santo Agostinho e sua idéia de história linear, Rousseau, Nietsche, pela Escola de Frankfurt, Popper, Heidegger ou Foucault; mas, por razões práticas, procuraremos privilegiar seu vinculo com as principais correntes historiográficas, sem deixarmos de mencionar a ligação da história com a filosofia, seu nascimento como ciência autônoma e a contribuição de Kant e Hegel ao surgimento de uma filosofia da história.
Adentrando a discussão em torno da construção da história pelo historiador e pelos sujeitos da e na história, produtores das fontes que compõem o material de trabalho do dito historiador.
O que implica também em discutir o papel do imaginário e da memória na narrativa da história, a reboque, conduzindo ao questionamento da cientificidade da história e a sua natureza literária.


Filosofia e História.
Ao longo da história da história, a concepção da palavra história possuiu significados diferentes.
Na antiguidade, Sócrates circunscreveu a história ao fato de conhecer, enquanto Aristóteles dizia ser uma coletânea de fatos.

A palavra só adquiriu um sentido mais próximo de sua natureza atual no século VI a.C, quando Heródoto de Halicarnasso, considerado o pai da história, passou a empregá-la como sinônimo de investigação ou informação.

Ao escrever sua história[ii], tentando entender como os persas haviam conseguido construir um Império ao término da guerra contra os gregos, ele contribuindo para alterar a lógica do pensamento humano.
Em um momento em que o homem ainda recorria aos mitos para fornecer explicações divinas para aquilo que não podia compreender, Heródoto deslocou a lógica de pensamento da mitologia para a razão.
Neste inicio, história e filosofia se confundiam, tinham o mesmo objetivo, entender a realidade através da observação[iii].
Na verdade, até o século XVIII, as mais diversas ciências e a filosofia estavam embaralhadas.
Somente um século antes, a partir do racionalismo de Descartes[iv], com a publicação de seu Discurso do Método, o conhecimento começou a se especializar, indo na contramão do humanismo renascentista.
Portanto, até o advento do iluminismo, o qual pretendia iluminar o mundo com o conhecimento, trazendo luzes à ignorância, dentro do âmbito da divisão existente em quatro grandes áreas (teologia, direito, medicina e filosofia); grande parte das ciências humanas, biológicas e exatas pertenciam à filosofia.
Os filósofos ilustrados, ao dividirem o conhecimento acumulado pela humanidade em diversos setores para compor a enciclopédia, deram o empurrão final para que a história pudesse surgir como unidade autônoma.
O conhecimento havia se tornado vasto demais para ficar contido apenas na filosofia, foi necessário sistematizar o saber, visando possibilitar a continuidade de sua evolução, especializando as áreas do conhecimento.
A história transformou-se em área distinta da filosofia, embora ainda não considerada uma ciência propriamente dita.
A ponto de, no século XIX, alguns já clamarem por uma filosofia da história[v], inaugurando, de certa forma, a historiografia.
Momento em que a história, conceitualmente, passou a ser definida como uma visão do passado, voltada para o progresso da humanidade[vi].
Entretanto, é interessante ressaltar que, até hoje, em certa medida, a filosofia e a história continuam interligadas.
Como lembrou José Carlos Reis[vii], filosofia e história continuam sendo atitudes complementares, já que toda pesquisa filosófica é inseparável da história humana.
Toda pesquisa histórica implica uma atitude filosófica de interrogar o passado para encontrar respostas que sejam úteis ao presente.


A modernidade e as Filosofias da História.
A modernidade inaugurou a filosofia da história no século XVIII, quando Kant, ao escrever Critica da razão pura, defendeu a idéia de que não podemos conhecer a essência dos fenômenos, à medida que conhecemos através da experiência, tendo apenas sensações acerca da realidade.
Portanto, é possível conhecer apenas representações dos fenômenos fornecidas pelos sentidos.
Para Kant, o mundo conhecido não é tal como ele é, mas sim uma representação, ou seja, o mundo é tal como parece em um tempo e espaço especifico e único.
Neste sentido, ao questionar a realidade, Kant terminou por estabelecer uma critica ao conceito de historicidade humana, colocando em dúvida a própria capacidade de conhecer da historia.
A qual foi reduzida ainda mais com a Critica da razão prática, quando Kant procurou dar conta das questões metafísicas, atribuindo a resposta de várias questões em aberto a obra da providência.
Posição diametralmente oposta a Hegel[viii], para quem o conhecimento de qualquer fenômeno seria sempre histórico, circunscrito em um tempo e espaço, possível de ser conhecido apenas através da história, de onde derivaria, posteriormente, o historicismo marxista, sustentado pela idéia hegeliana de progresso e revolução, desenvolvimento e evolução.
Deste antagonismo, do posicionamento critico de si mesma, a história, a partir de outros pressupostos advindos desde o século XVII, pôde iniciar sua reivindicação de cientificidade a partir do século XIX.
Porém, os mesmos argumentos que passaram a servir para sustentá-la como conhecimento cientifico, também possibilitaram o questionamento de sua base cientifica.


Ciência e História.
A definição de ciência comporta múltiplos conceitos, tal como a afirmação de Aristóteles de que a ciência seria a busca do universal e do eterno.
Entretanto, dentro do âmbito da definição contemporânea, entendida como um processo de investigação para alcançar um conjunto de conhecimentos tidos como verdadeiros, por meio de generalizações verificáveis; a ciência, propriamente dita, surgiu no século XVII.

O racionalismo de Descarte e a matematização do mundo por Galileu, envolvendo a composição de hipóteses embasadas por conjuntos teóricos, tornou a nascente ciência dependente de métodos e técnicas.

Neste sentido, para compor hipóteses e verificá-las, centro do conhecimento cientifico, responsável por sua distinção do senso comum, o método é essencial, estando, por sua vez, estritamente vinculado com a técnica.
O método, definido como a ordem estabelecida na investigação da verdade, carece da técnica para ser efetivado, ou seja, precisa de um conjunto de processos especializados, ordenados em consonância com a metodologia.
O método atua como uma bússola para a teoria, um sistema de orientação no trânsito dos caminhos que são seguidos para obter certezas[ix].
A teoria propõe explicações para os fenômenos e soluções para os problemas observados, o método é o procedimento adotado para obter conhecimentos e determinar os passos para explicar e demonstrar a realidade, comprovando hipóteses.
A técnica, segundo uma definição alcançada em 1890[x], é, justamente, a prática necessária para efetivar o método, compondo o domínio de procedimentos, instrumentos e materiais.
De modo que um método pode empregar diversas técnicas e uma técnica ser útil a diversos métodos.
A teoria, o método e a técnica, unidos, compõem um sistema, constituindo um modelo que torna a ciência possível.
O conceito de modelo implica em operações visando representar as relações e funções que ligam as unidades de um sistema, por meio de generalizações, permitindo explicações.
A ciência precisa de modelos para entender a realidade e resolver os problemas que a pesquisa impõe, mesmo que a percepção não passe de um momento cognitivo, remetendo a busca pela verdade e a distinção do conhecimento cientifico de seu similar oferecido pelo senso comum.
A história, como todas as outras ciências, também necessitou de modelos para organizar e sistematizar o conhecimento que lhe é inerente.
As teorias que forneceram sustentação às várias correntes historiográficas, tornaram-se viáveis graças à elaboração de padrões de explicação presentes na metodologia.
A despeito de cada concepção teórica comportar múltiplos modelos, ao passo que cada modelo possui variados métodos e técnicas, muitas vezes entrelaçados; a história, em meio à reivindicação de sua cientificidade, sempre empregou métodos e técnicas emprestados de outras ciências.
Um processo intensificado a partir de Annales, criando variações especificas que terminaram constituindo um arcabouço de métodos científicos propícios ao entendimento da natureza de seu objeto de estudo.

           
A discussão em torno do conhecimento histórico e sua cientificidade.
Em certa ocasião, Walter Benjamin[xi] lembrou que o passado só se deixa fixar como imagem que relampeja, irreversivelmente, no momento em que é reconhecida.
Fazendo que a história não tenha domínio dos fatos como eles realmente foram, apropriando-se de uma reminiscência do passado, sendo um espaço repleto de “agoras”.
Apenas uma construção limitada pelo que é possível conhecer em dado contexto, circunscrito ao momento de sua configuração, captando a imagem de sua própria época e não, propriamente, do passado que almeja conhecer.
O questionamento da possibilidade de conhecer o passado, em si mesmo, conduziu ao questionamento da cientificidade da história, centro do debate contemporâneo em torno da concepção teórica de história.
Porém, o conceito de ciência, em si, é problemático, em vista de sua constante mutação e variedade de conclusões, conforme cada linha teórica.
Desde o século XIX, os limites da história sempre foram questionados, muitas vezes considerada mais próxima da literatura do que da ciência, contudo, é inegável que o positivismo e a escola metódica inauguraram a busca pela objetividade na história, fazendo os historiadores passarem a procurar sua cientificidade desde então.
A partir de Annales, talvez pelo seu pluralismo ou por lidar com estruturas globais, a história adquiriu um incontestável caráter cientifico, uma vez que, como qualquer outra ciência, passou a trabalhar não mais com acontecimentos únicos, mas com aspectos sujeitos a regularidades, como as estruturas sociais e culturais[xii].
A primeira geração de Annales fundou um conceito de história extremamente vinculado à ciência.
Lucien Febvre[xiii] definiu a história como uma ciência do homem e do passado humano, das coisas e dos conceitos, cabendo ao historiador interpretar os feitos humanos, recompondo a realidade que serve ao entendimento de um momento concreto, a partir do que os documentos permitiram em dado contexto.
Para Febvre, apesar da afirmação pejorativa de Poincaré da história ser uma ciência que adivinha o passado, a história seria uma ciência que lida com oposições e conflitos, caracteres inerentes ao progresso cientifico, já que são os pontos de discórdia que conduzem a evolução teórica da ciência e não a concordância.
Mais ousado, Marc Bloch, valorizando a interdisciplinaridade, defendeu a idéia de que a história seria uma ciência do homem no tempo, abordando a narração e a descrição, enquanto a maioria das outras ciências tratariam apenas da classificação e análise.
Para ele, o ponto em comum entre a história e as outras ciências seria a sua finalidade última, a busca pela verdade, a despeito desta nunca poder ser objetivamente alcançada.
Na realidade, conceito extremamente filosófico, a verdade, também constituiu ponto controverso, pois é relativa, depende do observador, do anglo de visão e dos pressupostos que se somam a estes fatores, além do referencial que torna inelegível o fenômeno observado, suscitando novos questionamentos.


A história e seus agentes.
A história nasce de uma conversa entre o historiador e os agentes históricos, outros eruditos e os consumidores da história.
Neste sentido, um bom historiador seria aquele que possui uma vocação para ouvir os sujeitos responsáveis por vivenciar a história.

A história só pode ser concebida como resultado de sujeitos históricos, percebida através da trama traçada pelas relações sociais no tempo, envolvendo as ações dos indivíduos, a construção de identidades pessoais e coletivas[xiv].

O sujeito histórico não estaria presente nas ações individuais, mas, ao contrário, estaria configurado a partir das inter-relações complexas, duradouras e contraditórias entre as identidades sociais e as pessoais.
Em outras palavras, todos nós seriamos construtores da história, simultaneamente, sujeitos da e na história, embora nossas ações só possam ser consideradas relevantes à medida que integradas a uma conjuntura mais ampla.
Assim, a história não seria apenas resultado da ação de figuras de destaque, consagradas pelos interesses explicativos de grupos ou ideologias; antes, seria uma construção, consciente ou inconsciente, paulatina e imperceptível de agentes sociais que constituem os sujeitos.
Entretanto, nem sempre os indivíduos comuns foram vistos como sujeitos históricos, na realidade esta abordagem é relativamente recente.
Ao longo da maior parte da história da humanidade somente os heróis, os reis e as pessoas notáveis tiveram status de agentes efetivos da historicidade, sendo merecedores de uma posição na história.
O inicio da percepção das pessoas comuns como sujeitos históricos foi acompanhado de intensas discussões acerca de seu lugar no entendimento da história, envolvendo, inclusive, debates sobre o papel do historiador na construção da narrativa, também ele um agente histórico.


Os sujeitos da história e a produção das fontes.
Desde a antiguidade, o conceito de história, em si, sempre conduziu a visão da participação do homem enquanto ser ativo que produz o passado ao viver o presente.
A história humana só existe porque é produzida por sujeitos que a vivenciaram, deixando vestígios que puderam chegar ao presente, fontes interpretadas pelos historiadores, pensadas para o entendimento, ao mesmo tempo, daquilo que foi e do agora.
No entanto, a influencia das ações humanas sobre o passado e sua vinculação com a produção de fontes só passou a ser evidenciada a partir do século XIX, quando a história iniciou sua busca pela cientificidade, procurando a legitimação da ciência para a construção de seu discurso.
A Escola Metódica de Leopold Von Ranke[xv] forjou um conceito de história, vinculado com a produção da verdade, através do método crítico, onde, segundo José Carlos Reis[xvi], o sujeito não se anula, apenas se esconde, autocontrola; é produtor da história, mas deve permanecer nas sombras.
Marx adotou uma postura diferente, para ele, o sujeito deveria assumir sua subjetividade.
A verdade, não sendo universal, mas pertencendo a um grupo social, conduz a um conhecimento histórico produzido objetivamente, parcial e relativo.
O sujeito é produtor ativo da história, embora inserido na massa, o que anula suas ações individuais.
Ao inverso, em Foucault[xvii], a verdade é uma construção de um sujeito particular e expressa relações de poder.
Essas relações criam linguagens e saberes para legitimarem as ações coletivas, dirigidas pelas individualidades que moldam os contextos.
O homem, para Foucault uma invenção recente, é sujeito da história, mas é também modelado por normas ou regularidades das quais não têm consciência, tendo suas ações individuais restringidas pelas relações de poder na sociedade.
O que conduz ao conceito de geração, trata-se de pensar a historicidade como sendo compartilhada por um grupo no tempo e espaço[xviii].
O tempo histórico representaria a permanência e seqüência de gerações, deixando sinais, marcas, que são buscadas pelo historiador.
No contexto do século XIX, o caminho da história, da vida, tornou-se um apreender o mundo dos homens através do estudo das suas experiências no passado, uma missão da história, unindo filosofia e historicidade.
Uma definição que coloca a história no âmbito do historicismo romântico e epistemológico, buscando compreender o homem enquanto ser histórico.
Quando se torna uma preocupação compreender a alteridade e todos os aspectos da vida de um povo.
Nesta concepção, a história é mudança e o que permanece é compreensão, a comunicação entre homens diferentes.
O homem passa a ser definido pela experiência vivida e a verdade, resultando em sua transformação em sujeito ativo do processo histórico.
Um conceito que representa o inverso da definição de história kantiana, a qual acreditava que o mundo da experiência seria efetivamente modelado pela mente.
Para Kant, os valores, emoções, idéias e atos derivam do modo particular dos indivíduos em determinados contextos socio-históricos, sendo influenciados pelas idéias que os rodeiam e presos aos limites de uma época, subordinando a história à vida como ela é vivida.
O sujeito não é um espectador que observa o mundo, mas agente da ação e reação, portanto, as experiências particulares, integradas ao conceito de geração, influem nas concepções coletivas.
A compreensão da história permite a redescoberta do “eu” no “tu”, através da interpretação das fontes produzidas pelos sujeitos históricos, autores da ação e, ao mesmo tempo, objetos da história.


Sujeitos objetos da história.
O homem é a convivência no tempo, seu passado, presente e futuro, neste sentido, não é apenas agente histórico, mas também sujeito na história.
Ao mesmo tempo em que faz e participa das ações sociais individuais e coletivas, é o que fez, assim, sujeito e objeto da história.
Somos todos seres no mundo, produtores e produtos do conhecimento e das relações sociais, objetos de análise da história.
O que equivale a dizer que o sujeito tem sua missão universal inscrita na sua condição objetiva, pois sendo sujeito da é também sujeito na história, centro da epistemologia histórica.
A vida real em que o sujeito se insere, nas relações, é afetada pelo outro, fazendo com que o sujeito que pergunta, replique e responda, tornado os indivíduos objetos.
Em certa medida, foi Copérnico que colocou o homem no centro dos acontecimentos.
Ao substituir o geocentrismo pelo heliocentrismo, demonstrando que a terra não era o centro do universo, mas apenas mais um astro dentre inúmeros outros, gravitando em torno do sol; Copérnico iniciou uma revolução na mentalidade, deslocando a atenção de Deus para o homem, abrindo caminho, inclusive, para o humanismo renascentista.
Entretanto, como aconteceu no caso dos indivíduos enquanto sujeitos históricos, inicialmente, apenas os ilustres foram tratados como objetos da história, situação que se manteve inalterada até o século XIX, quando o positivismo e a escola metódica forjaram a concepção cientificista da história, optando por buscar, em documentos oficiais, uma narrativa dos fatos políticos e da vida das grandes personalidades.
As idéias desenvolvidas por Karl Marx[xix] e Friedrich Engels[xx], no final do século XIX; preocupados em demonstrar que o capitalismo seria um acontecimento transitório, diante do aparecimento de uma classe revolucionária, para o surgimento de uma sociedade comunal; terminaram alterando este panorama.
A massa proletária, vista como agente histórico ativo, paradoxalmente, passou a objeto de análise para o entendimento da história.
A busca do ideal revolucionário, simultaneamente, tornou o proletário um instrumento para alcançar a revolução e um objeto de estudo para entendê-la.
O paradoxo foi intensamente estudado por Georg Lukács[xxi] na obra História e consciência de classe, um livro filosoficamente muito sofisticado, inteiramente envolvido nas lutas políticas de seu tempo, cuja abordagem demonstra que a noção de proletariado, em si, conduz ao conceito de sujeito objeto da história.
O surgimento da escola de Annales, no século XX, deu continuidade à tendência, possibilitando a leitura de uma multiplicidade de objetos, muitos dos quais, também, não considerados sujeitos anteriormente, como é o caso das mulheres, negros ou crianças.
Fomentando discussões acerca da participação do historiador, não só como agente histórico, como também sujeito na história, objeto de análise para o entendimento da construção da narrativa do passado.


O sujeito da e na história que lê a participação dos agentes históricos.
A reboque dos debates em torno do papel das pessoas comuns na construção da história, a discussão em torno do ofício do historiador tornou-se relevante, pois é um sujeito da história que produz à narrativa do passado e, simultaneamente, esta inserido na história.
Na década de 1960, Jacques Le Goff[xxii] tentou elucidar a questão, chegando a afirmar que o trabalho do historiador consistia em estabelecer acontecimentos, bastando aplicar aos documentos um método para fazer os fatos aparecerem; mas, descrever o ofício do historiador, envolve considerações mais complexas.
O historiador não é um observador do passado que permanece fora de seu próprio tempo, não pode vê-lo objetivamente, como o químico vê seus tubos de ensaio, devendo ver a realidade por intermédio da documentação, seu único recurso, estando sob a influencia de sua época[xxiii].
O historiador, não sendo um individuo isento de influencias as mais diversas, fruto de seu próprio tempo, necessita de técnicas que permitam tentar alcançar a objetividade cientifica na leitura e interpretação das fontes.
Poderíamos listar uma infinidade de técnicas utilizadas para ler os dados contidos nos documentos, algumas emprestadas por outras ciências, outras surgidas no seio da análise histórica, contudo, Jean Chesneaux[xxiv] sintetizou as mais usuais na sua obra clássica Devemos fazer tábua rasa do passado, a despeito de confundi-las por vezes com métodos e empregar técnica e método dentro da mesma acepção.
Segundo ele, toda análise histórica, obviamente a partir do século XIX, é tecnicista, busca uma abordagem profissional, sendo reflexo e sustentáculo da ideologia capitalista.
Dentro da amplitude deste pressuposto, é habitual observar que os historiadores, independente da corrente teórica ou orientação metodológica, em geral, utilizam a técnica de análise baseada na diacronia-sincronia, assim como a periodização e, por vezes, a quantificação.
Assim, o historiador tenta reinterpretar a visão de mundo fornecida pelos agentes da história que produziram as fontes, tentando isentar-se de cometer anacronismos sob o verniz de uma pseudo-cientificidade.
Entretanto, como lembrou Gramsci[xxv], cabe ressaltar que a história não pode ser reduzida a um cálculo matemático, ou ainda que a estatística mostra o caminho ao cego, mas não restitui a visão.
O trabalho do historiador é uma representação do passado, uma construção, dentre outras possíveis, plausível, mas não necessariamente real daquilo que foi.


O historiador e a construção da história.
Segundo Paul Veyne[xxvi], a história possui grande proximidade com a ficção, distinguido-se de um romance somente pelo compromisso de buscar a verdade, constituindo, na realidade, uma tentativa de narrar à verdade, prejudicada pelo caráter subjetivo da história e da interpretação das fontes, produzidas por sujeitos históricos e interpretadas também por sujeitos históricos.
Não bastasse a inexatidão da narrativa, como lembrou Eric Hobsbawm[xxvii], o historiador, enquanto sujeito histórico, na sua interpretação, não se isentaria de construir uma produção, consciente ou inconsciente, utilizada para legitimar as ações do presente, com um alcance político e ideológico, tornando a visão da realidade distorcida.
Destarte, como ressaltou Jacques Le Goff[xxviii], não existe sociedade sem história, o que conduz ao conceito de historicidade, o pertencer de cada individuo ao seu tempo, os aspectos comuns que todos os homens de determinada época compartilham; impossibilitando qualquer ciência de evitar extrair conclusões próprias, descoladas de sua historicidade.
Realmente, não se pode negar que o historiador é agente e objeto da história, intermediando a leitura do passado à luz de fontes produzidas por sujeitos que também são, paradoxalmente, fruto, produtores e objetos da história.


História e Memória.
Diante das limitações da capacidade da história de conhecer de fato como foi o passado, caberia perguntar até que ponto representa a memória, o que conduz a problemática que situa o debate entre a memória coletiva e o que convencionalmente chamamos memória histórica.
Embora o conceito de história pareça indissociável da memória, alguns teóricos defendem a idéia de que são distintas e inconciliáveis.
História e memória são esferas separadas[xxix].
A história é singular, circunscrita a uma narrativa linear do passado, fixada pela retórica e construída como representação de fatos distantes, sem a possibilidade de encontrar testemunhas concretas.
A memória é múltipla, abarcando o vivido, aquilo que ainda está presente no interior de um grupo, estando mais próxima do real.
Na opinião de Antonio Torres Montenegro[xxx], existiria uma distinção entre memória e história, embora sejam conceitos inseparáveis.
Existira uma diferença sutil entre o vivido que é guardado na mente dos indivíduos e transmitido oralmente e a construção do resgate do passado, operado pela história.
A história, sendo uma representação, teria a capacidade de se reformular, a partir de novas problemáticas ou fontes, espelhando um contexto, contudo, não alcançaria a memória coletiva, forjada pelas individualidades contidas no coletivo.
O historiador não seria responsável pelo resgate da memória, na verdade construiria uma versão particularizada do que foi vivido, daí uma representação oficial do passado.
Embora bastante difundida na atualidade, esta visão da história, inteiramente desvinculada da memória, é sem dúvida estreita; corresponde a um conjunto teórico, servindo a defesa das fontes orais como representantes legitimas da memória, esquecendo-se da subjetividade que envolve adotar apenas depoimentos como parâmetro de entendimento.
Individual ou coletiva, a memória também não passa de uma representação, de uma visão dos fenômenos observados, dentre inúmeras outras possíveis, carregada de particularidades, a partir de características pessoais e escolhas daquele que narra aquilo que passou, fomentando uma discussão em torno da raiz do problema: o que é a memória?


Memória ou Recordação.
Apesar do senso comum definir a memória como a retenção do que passou, uma análise filosófica demonstra uma profundidade conceitual dificilmente imaginada.
Correntemente, a memória é definida como uma função psíquica que consiste na retenção de um estado de consciência passado.
Por generalização, toda a conservação do passado poderia ser definida como memória.
Embora possam parecer complementares, para Bérgson, a semelhança de Aristóteles, os dois sentidos não são subordinados, mas radicalmente diferentes[xxxi].
Enquanto o primeiro sentido de memória se aplica às experiências imediatas, retidas e transformadas naquilo que foi, configurando a memória em si, puro estado de consciência da realidade que é agora por um único instante, tornando-se quase imediatamente o que foi, constituindo acumulação do passado no presente.
O outro sentido está circunscrito à repetição continua da narrativa dos fenômenos observados, como forma de preservar o passado, nomeado por Bérgson como recordação e chamado de reminiscência por Aristóteles, definido como o ato de reproduzir ou representar um momento daquilo que foi e não é mais, tendo sido registrado por algum meio que preservou sua essência.
Neste sentido, dependendo do conceito de história adotado como referencia, o historiador trabalha com categorias diferentes de pensamento, em separado ou em conjunto, por vezes, complementares ou opostas.
Dentro de uma acepção inaugurada por Tucídes e Cícero, entendendo a história como velha mestra que educa com seus exemplos do passado, preparando o caminho para o futuro; a história é pura reminiscência platônica, lembra um estado anterior para fornecer uma visão imediata das idéias.
Pensando na conotação adotada no século XVIII pelo iluminismo, marcada por um processo progressivo e historicista; a história é a narrativa da memória, no sentido filosófico do termo, à medida que seria escrita ao mesmo tempo em que acontece, estando o historiador imerso na sua própria época, dando conta sempre do agora, mesmo quando pensa estar escrevendo sobre o passado.
A partir do modelo surgido no final da Segunda Guerra Mundial, quando o futuro perdeu terreno para o presente, sem abandonar sua natureza teleológica, sua relação com o que foi e será; a história tornou-se, simultaneamente, memória e recordação.
As reminiscências, pensadas em termos aristotélicos, enquanto conservação do passado e o seu retorno espontâneo ao espírito, ou como imagem do anteriormente percebido, passaram a integrar o objeto de estudo dos historiadores, que, recordando, estabelecem uma memória do que aparentemente foi, servindo mais ao entendimento do presente do que do passado propriamente, construindo uma memória coletiva que termina guiando ao futuro.
Entretanto, pensando nesta questão, quer optemos por considerar a história vinculada à memória ou recordação, conforme uma das varias conceituações de história existentes, dentro da amplitude propiciada pela multiplicidade de escolas historiográficas; indiscutivelmente, a construção da narrativa do passado tem no historiador seu algoz, elo da cadeia em que a imaginação também se torna uma peça chave.


História e Literatura.
A memória, circunscrita ao saber histórico, não passa de uma seleção de fatos, uma construção do passado que espelha uma leitura particularizada do que foi preservado pelas fontes.
Neste sentido, é também uma ficção de cunho literário, embora não deixe de ser uma narração de fatos verossímeis, expostos através de um estilo pessoal de narrativa[xxxii].
A despeito da necessidade de um corpus documental que forneça sustentação à memória seletiva da história, para além do problema que engloba a veracidade das fontes, não se pode esquecer que o conhecimento histórico, para fazer-se inteligível, necessita fazer uso de uma narrativa.
A história não pode furtar-se de seu caráter literário para perpetuar sua mensagem junto ao público, ao mesmo tempo possui a obrigação de recordar o passado e tem um compromisso com o gosto popular para transformá-lo em memória.
Espelha o passado através de uma narração verídica, contudo, não passando de uma versão dos fatos, dentre várias outras possíveis, é uma ficção verossímil.
Tudo pode ter sido exatamente como reconstituído pelo pesquisador, como, ao inverso, não passar de uma narrativa fictícia construída pela imaginação daqueles que compuseram as fontes; ou ainda, um recorte específico que, descontextualizado, distorceu a realidade.
Obviamente, na passagem do estudo de um arquivo para a composição de um discurso e sua tradução escrita, o historiador precisa empregar as mesmas estratégias da figuração lingüística, utilizadas por escritores imaginativos, dotando o discurso de significados latentes, secundários ou conotativos, que requerem que a obra não seja só recebida como mensagem, mas lida como estrutura simbólica.
Neste sentido, a memória espelhada pela história é sem dúvida um gênero literário, mas, paradoxalmente, nem por isto deixa de recordar aquilo que foi, dentro do contexto do agora, reivindicando seu caráter cientifico.
Em 1965, Antonio Candido de Mello e Sousa[xxxiii] ressaltou que a função histórica ou social de uma obra depende de sua estrutura literária.
Qualquer que seja o gênero textual, a estrutura narrativa repousa sobre a organização formal de representações mentais, condicionadas pela sociedade em que foi escrita, espelhando um nível da realidade e um nível de elaboração da realidade.
Tanto a literatura como a história refletem a memória, recordam o passado através de uma narração verossímil, construída com a ajuda da imaginação, servindo a uma releitura das questões do presente.
Entretanto, enquanto a literatura admite e valoriza seu aspecto fictício, reivindicando o poder da imaginação na interação entre passado e presente; a história nega a ficção de sua narrativa, assumindo uma postura cientifica que tenta destituir sua proximidade com o matiz literária, tentando legitimar o conhecimento histórico como verídico ao invés de simplesmente verossímil.
A luta pelo reconhecimento de sua cientificidade, fez com que a história ignorasse que qualquer ciência é construída sobre alicerces que refletem teorias apenas verossímeis. A veracidade só é garantida pela verossimilhança e nunca deixa de constituir uma verdade provisória, construída com a ajuda da imaginação.


O papel da imaginação na construção da memória.
Não somos nós que imaginamos e sim as imagens que se imaginam em nós[xxxiv].
A imagem não tem referente além de si mesma, ela é dada e só pode ser percebida pelo ato de imaginar.
A memória narrada ou recordada pela história é, antes de tudo; primeiro, uma mera representação construída pela imaginação daqueles que observaram os fatos e registraram tudo, originando as fontes.
Depois, é um exercício imaginativo do historiador que tenta construir uma representação do passado, à medida que, sendo agora, não pode ser mais aquilo que foi e não é exatamente o que passou, mas sim uma interpretação do que se imagina ter sido.
A história, não podendo repetir o que passou, tenta recriar o passado, em uma narrativa que, primando pela verossimilhança e cientificidade, carece do elemento imaginativo.
Neste contexto, caberia, inclusive, discutir o que afinal é a imaginação.
Em sentido amplo, a imaginação é a faculdade de formar imagens, através dos sentidos, reproduzindo a memória, combinando uma sucessão de quadros que imitam a realidade.
Pensada filosoficamente, ao combinar os fenômenos observados, a imaginação constitui uma representação da realidade que, por meio da mistura dos fenômenos, transforma aquilo que foi observado em outra realidade que só existe na mente de quem imagina[xxxv].
Dentro desta acepção, qualquer categoria humana de pensamento não passa de uma construção imaginativa, uma criação ficcional da mente, individualizada mesmo quando partilhada e discutida, já que existe uma multiplicidade de interpretações.
Poderia-se, portanto, afirmar que a história é pura ficção, o que significa dizer que a memória que tenta reproduzir só pode ser considerada verdadeira em um sentido metafórico.
A narrativa histórica é um discurso literário, em última análise, uma construção imaginativa de segunda-mão, à medida que apoiada nas fontes, estas também construções fictícias que representam a visão daquele que registrou os fatos.
A história seria, assim, uma ficção de uma ficção ou uma ficção do fazer ficção, que tem como enredo fatos verossímeis, mas que não são verdadeiros, são apenas uma representação da realidade, dentre outras tantas possíveis, construída através de uma exercício imaginativo.


Concluindo.
Para concluir, resta dizer que, na década de 1960, o questionamento da natureza do conhecimento histórico, conduziu a conclusão de que não existe uma resposta absoluta para a definição de história ou para a validade de seu caráter cientifico[xxxvi].
Tudo depende da visão que cada um tem de sua própria sociedade e do tempo em que vive; inclusive, porque é o historiador e a interpretação que faz, a partir de seu contexto, que torna ou não um fato histórico.
Seguindo esta linha de orientação, pensada como narrativa, a história possui grande proximidade com a ficção, separando-se da literatura convencional por uma linha tênue.
Isto para não mencionar outros aspectos circunscritos à documentação que sustenta a análise histórica, tal como a inexatidão da narrativa ou as intenções envolvidas na produção das fontes.
Fazendo com que na história coexistam múltiplos paradigmas e inúmeros paradoxos.
O que leva muitos a concluírem que se existe um paradigma em história, tal como o conceito formulado por Thomas Kuhn[xxxvii], circunscrito a base referencial sobre a qual um conjunto teórico é construído; este só pode ser considerado como o tempo histórico em que o historiador se circunscreve.
A natureza do conhecimento histórico comporta uma enorme pluralidade de teorias contraditórias entre si e que explicam o passado plausivelmente, fornecendo ângulos e visões distintas que não se anulam.
Isto não inaugura ou embasa o fim da história em absoluto.
A história da história, uma narrativa das teorias da história, com críticas estabelecidas a partir da filosofia da história, demonstra que a narrativa verossímil do passado serve ao presente.
A despeito da história ser considerada por alguns como distinta da memória, a verdade é que a historicidade humana não existiria sem a memória ou a recordação do passado e que o historiador é o interprete daquilo que se passou, reduzindo, em certo sentido, a liberdade individual de entendimento do presente.
A historiografia expressa uma tradição de lembranças, ordenadas com o apoio de relatos e visões particularizadas, forjando uma memória coletiva que, não correspondendo exatamente como as coisas foram, na maior parte das vezes, legitima a ordem política e ideológica estabelecida e, em raras ocasiões, cumpri aquela que deveria ser sua missão: questionar a realidade, onde a história volta a se aproximar da filosofia.
Em grande medida, a história pretende ser uma narrativa que recorda o passado para contribuir com a memória da coletividade, mas não passa de literatura verossímil que costura a si mesma com a memória e a imaginação.
Georges Duby[xxxviii] estava certo ao afirmar que a história é, acima de sua cientificidade, uma arte essencialmente literária, só existindo pelo discurso, justificado, obviamente, por uma exposição racional.
Porém, ao se estruturar cientificamente, buscando respostas aos problemas que se colocam ao homem de hoje, não deixa de ser filosofia ou sociologia, integrando-se as Ciências Humanas como investigação sobre a verdade, a despeito desta ser sempre provisória.
Uma verdade constituída de forma complexa e que deve ser aceita e questionada ao mesmo tempo, convivendo com outras possíveis verdades ou expressões da realidade, compondo mais um ângulo de um mesmo objeto observado.


Para saber mais sobre o assunto.
ARÓSTEGUI, Júlio. A Pesquisa Histórica. São Paulo: Edusc, 2006.

BORGES, Vavy Pacheco. O que é história? São Paulo: Brasiliense, 1993.

BURCKHARDT, Jacob. Reflexões sobre a história. Rio de Janeiro: Zahar, s.d.

CARDOSO, Ciro Flamarion. Uma introdução a história. São Paulo: Brasiliense, 1992.

CARR, E. H. O que é história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

CHESNEAUX, Jean. Devemos fazer tábua rasa do passado?: sobre a história e os historiadores. São Paulo: Ática, 1995.

FOULCALT, Michel. A arqueologia do saber. Lisboa: Almedina, 2003.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.

HEGEL, G. F. Filosofia da História. Brasília: UNB, 1999.

HOBSBAWM, Eric. Sobre história. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Unicamp, 1994.

KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2008.

RAMOS, Fábio Pestana. “História e literatura: ficção e veracidade” In: LIMA-HERNANDES, Maria Célia & FROMM, Guilherme (org.). Domínios de linguagem II: literatura em perspectiva. São Paulo: M. C. Lima Hernandes, 2003, p.25-39.

REIS, José Carlos. História e Teoria. Historicismo, Modernidade, Temporalidade e Verdade. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

VEYNE, Paul. Como se escreve a história. Brasília: UNB, 1998.


Texto: Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
Doutor em História Social pela FFLCH/USP.
Bacharel e Licenciado em Filosofia pela USP.



Têm interesse pelo tema?
Faça um curso extracurricular on-line que aborda o conteúdo deste artigo com certificado, assinado pelo autor.
Conheça o curso através do link:





[i] BORGES, Vavy Pacheco. O que é história? São Paulo: Brasiliense, 1993.
[ii] HERÓDOTO. Histórias. Lisboa: Edições 70, 2007.
[iii] VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand, 1994.
[iv] DESCARTES, René. “Discurso do Método” In: Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
[v] BURCKHARDT, Jacob. Reflexões sobre a história. Rio de Janeiro: Zahar, s.d.
[vi] GRESPAN, Jorge. Revolução Francesa e o Iluminismo. São Paulo: Contexto, 2003.
[vii] REIS, José Carlos. História e Teoria. Historicismo, Modernidade, Temporalidade e Verdade. Rio de Janeiro: FGV, 2006.
[viii] HEGEL, G.F. Filosofia da História. Brasília: UNB, 1999.
[ix] ARÓSTEGUI, Júlio. A Pesquisa Histórica. São Paulo: Edusc, 2006.
[x] ESPINAS.
[xi] BENJAMIN, Walter. “Sobre o conceito de história” In: Obras Escolhidas. São Paulo: Brasiliense, 1996.
[xii] CARDOSO, Ciro Flamarion. Uma introdução a história. São Paulo: Brasiliense, 1992.
[xiii] FEBVRE, Lucien. Combates por la historia. Barcelona: Ediciones Ariel, 1970.
[xiv] BEZERRA, Holien Gonçalves. “Ensino de História: conteúdos e conceitos básicos” In: KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2008, p.45-46.
[xv] HOLANDA, Sérgio Buarque. Leopoldo Von Rance - História. São Paulo: Ática, 1979.
[xvi] REIS, José Carlos. História e Teoria. Historicismo, Modernidade, Temporalidade e Verdade. Rio de Janeiro: FGV, 2006.
[xvii] FOULCALT, Michel. A arqueologia do saber. Lisboa: Almedina, 2003.
[xviii] DILTHEY, Wilhelm. História da filosofia. São Paulo: Helmus, 2005.
[xix] MARX, Karl. O capital. São Paulo: Centauro, 2005.
[xx] ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. São Paulo: Escala, s.d.
[xxi] LUKACS, Georg. História e consciência de classe. Lisboa: Martins Fontes, 2003.
[xxii] LE GOFF, Jacques. “O singular e o universal: generalizações e singularidades da história” In: História e Memória. Campinas: Unicamp, 1990, p.34.
[xxiii] BEARD, Charles A. “That noble dream” In: The American historical review. New York, 41 (1): out. 1935, p.74-87.
[xxiv] CHESNEAUX, Jean. Devemos fazer tábua rasa do passado?: sobre a história e os historiadores. São Paulo: Ática, 1995.
[xxv] GRAMSCI. Écrits politiques. Tomo I. Paris: 1975.
[xxvi] VEYNE, Paul. Como se escreve a história. Brasília: Unb, 1998.
[xxvii] HOBSBAWM, Eric. Sobre história. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
[xxviii] LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Unicamp, 1994.
[xxix] HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.
[xxx] MONTENEGRO, Antonio Torres. História oral e memória: a cultura popular revisitada. São Paulo: Contexto, 2003, p.17.
[xxxi] LALANDE, André. Vocabulário técnico e crítico da filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1993, p.662.
[xxxii] RAMOS, Fábio Pestana. “História e literatura: ficção e veracidade” In: LIMA-HERNANDES, Maria Célia & FROMM, Guilherme (org.). Domínios de linguagem II: literatura em perspectiva. São Paulo: M. C. Lima Hernandes, 2003, p.25-39.
[xxxiii] MELLO E SOUZA. Antonio Candido. Literatura e Sociedade. São Paulo: Publifolha, 2000.
[xxxiv] BACHELARD, G. O ar e os sonhos: ensaio sobre a imaginação do movimento. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
[xxxv] LALANDE. Op. Cit., p.520.
[xxxvi] CARR, E. H. O que é história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
[xxxvii] KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções cientificas. São Paulo: Perspectiva, 1997.
[xxxviii] DUBY, Georges. Dialogues. Paris: Flammarion: 1980.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Esteja a vontade para debater ideias e sugerir novos temas.
Forte abraço.
Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.