Para
entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 3, Vol. dez., Série 05/12, 2012, p.01-23.
Este
artigo expressa as experiências de um verdadeiro herói brasileiro, meu aluno no
curso de direito na Unimonte, agraciado com medalha conferida pela ONU por sua
participação no contingente brasileiro na Missão de Estabilização das Nações
Unidas no Haiti (MINUSTAH) em 2009 e 2010: o então Sargento Felipe
Bastos Freire Alvarenga, futuro bacharel em direito.
Agradeço
a este herói, em nome dos leitores da publicação, pela oportunidade de contato
com um relato direto da fonte primária, transformado em artigo, devidamente
embasado teoricamente.
Prof.
Dr. Fábio Pestana Ramos.
INTRODUÇÃO.
O envio de tropas de
paz por todo o planeta tem sido uma opção utilizada com eficácia nas ultimas
décadas.
Vindo a ter maior
volume nos últimos anos tendo em vista que na Carta das Nações Unidas não havia
citação alguma referente à utilização de tais forças.
Pequena parcela da
população nacional sabe o que é uma Operação de Paz, ou ainda como a mesma
funciona diretamente subordinada a Organização das Nações Unidas.
Desde a criação da ONU,
diversas operações de tal envergadura ocorreram.
Mais de 30 delas
integradas diretamente por nosso país.
Este estudo visa
examinar aspectos relevantes à participação brasileira em Operações de Paz.
Mais precisamente
integrando a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH).
Tem a intenção de
difundir entre seus leitores as características de uma Missão de Paz regida
pela Organização das Nações Unidas.
O trabalho está
dividido em 3 (três) seções, sendo que a primeira visa definir de forma branda
e de fácil interpretação quem é a ONU e o Conselho de Segurança e quais são seus
papeis no entorno do globo.
A segunda parte aborda
a história do Haiti e o porquê dos conflitos e da necessidade de intervenções.
Por fim o leitor apreciara
o que é a MINUSTAH sua eficácia e desempenho.
O texto possui parte
teórica levantada através de pesquisas e ainda complementos com relatos
pessoais.
Através deste, pretendo
que todos apreciadores possam ao fechar seus olhos visualizar o que se passa em
um país que vive abaixo da linha da pobreza.
Tento passar um pouco
do que pude vivenciar em quase oito meses que integrei o Batalhão Brasileiro
(BRABATT) entre os anos de 2009 e 2010, inclusive os terríveis dias envolvendo
o terremoto de 12 de janeiro de 2010.
Poucas pessoas no
planeta têm a oportunidade de ver com os próprios olhos o que nós integrantes
da Força de Paz vivenciamos.
Tropas de Paz vão onde
ninguém quer ou poder ir.
Tentamos levar um pouco
de melhores condições de vida aquele povo que se encontra desolado por anos de
conflitos civis, diferenças, pobreza e doenças.
Posso afirmar com
veemência que o que vivi em solo estrangeiro me transformou em outra pessoa.
Muitas coisas são
inexplicáveis e inesquecíveis, mas existem outras que são possíveis de levar ao
leitor.
O povo brasileiro deve
ter honra em ter homens e mulheres que participam ativamente de operações de
paz por todo o mundo.
Deixamos pra trás
família, amigos e a tranquilidade de nossos lares a fim de contribuir para
aquilo que a ONU tanto afirma – A Paz Mundial e o termino da diferença entre
pessoas.
ORGANIZAÇÃO
DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU).
Tendo em vista a
ocorrência das duas grandes Guerras Mundiais em um curto espaço de tempo, menos
de meio século, a comunidade mundial se comove e vê necessária a criação de um
órgão capaz de possibilitar a resolução pacifica de conflitos no entorno do
globo.
A Organização das
Nações Unidas, ONU, é formada por países que se reuniram voluntariamente a fim
de trabalharem pela paz e desenvolvimento mundial.
Sua origem ocorre em
uma reunião na cidade de São Francisco em meados de 1945, no pós-guerra, ali
foi elaborada a Carta das Nações Unidas por representantes de 50 países
membros.
Contudo seu real
batizado se deu em 24 de outubro do mesmo ano, dia que ficou conhecido e é
comemorado pelo mundo como “O Dia das Nações Unidas”.
Carta
das Nações Unidas.
Na data de sua criação
os países membros estipularam uma “Carta” que seria como uma Constituição da
Organização.
Nesta ficava disposto
já no preâmbulo seu objetivo e intenções.
A finalidade principal
seria a de manter e preservar as gerações vindouras, de situações similares às
passadas durantes as Guerras, evitando qualquer forma de diferença ou
discriminação entre povos, ser guardiã dos direitos do homem e da mulher,
promover o progresso social e melhores condições de vida aos menos afortunados.
Ainda ficava descrito
que a força armada não seria usada a não ser no interesse comum.
Na Carta também ficou
especificado como a Organização funcionaria, sendo dividida em setores
responsáveis por determinadas funções, como não é o objetivo deste trabalho, os
mesmos apenas serão citados: Assembleia Geral, Conselho de Segurança, Conselho
Econômico e Social, Conselho de Tutela, Corte Internacional da Justiça e o
Secretariado.
Conselho de Segurança.
A
fim de compreender melhor como funciona a criação e o envio de tropas de paz a
Nações necessitadas, cabe conceituar o Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Previsto
no capítulo V da Carta das Nações Unidas, o Conselho carrega o fardo de ser
responsável por manter a paz e a segurança internacional.
Suas
funções e atribuições estão dispostas nos capítulos VI, VII, VIII e XII da
mesma Carta.
Além
de manter a paz ele deve investigar disputas que possam evoluir a conflitos,
recomendar métodos de dialogo entre países, regulamentar armamentos, determinar
medidas a serem tomadas quando existe uma ameaça à paz, decidir sobre ações militares
entre outras mais.
Sua
composição esta determinada no art. 23 da Carta, devendo ser formado por quinze
membros, sendo que destes, cinco são permanentes e estipulados naquele momento.
Os
permanentes seriam: Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido os
então vencedores do 2º Guerra Mundial.
Os
demais seriam eleitos por votação na Assembleia Geral para um mandato de dois
anos.
Desde
que preencham requisitos presentes no artigo como contribuição para paz mundial
e segurança internacional.
Ainda
seriam distribuídos a partir levando em consideração um equilíbrio regional.
O
Brasil está ao lado do Japão com o total de dez mandatos ao longo da história.
Nas
reuniões do Conselho de Segurança, geralmente são votadas Resoluções sobre
determinada situação mundial.
Nesta
ocasião o voto negativo de qualquer um dos “cinco” permanentes tem o poder de veto.
A
única forma de não ocorrer tal situação é a partir de uma abstenção do membro
na referida votação.
As
Resoluções do Conselho de Segurança são o documento inicial e oficial que precedem
as Operações de Paz de tropas ou de observadores.
Nelas
estão descritas as decisões dos membros e seus desejos para aquela situação.
Operações
de Paz.
Sabe-se que a Carta das
Nações Unidas não dispunha de descrições relativas a operações de paz.
Nem tampouco a
Assembleia Geral ou o Conselho de Segurança descrevem terminologia a este tipo
de ação em suas resoluções.
Só em 1992 o
Secretário-Geral da ONU, classifica esse tipo de operação através dos
documentos “Uma Agenda para a Paz” e os complementa em 1995 com o documento “Suplemento
de Uma Agenda para a Paz”.
Diplomacia Preventiva: (preventive diplomacy): prevenção do
surgimento de disputas entre Estados, ou no interior de um Estado, visando
evitar a deflagração de conflitos armados ou o alastramento destes uma vez iniciados.
Contempla ações autorizadas de acordo com o Capítulo VI da Carta da ONU.
Promoção da Paz: (peacemaking): ações diplomáticas
empreendidas após o início do conflito, que visam a negociação entre as partes
para a suspensão das hostilidades. Baseiam-se nos mecanismos de solução
pacífica de controvérsias previstos no Capítulo VI da Carta da ONU.
Manutenção da Paz: (peacekeeping): ações empreendidas por
militares, policiais e civis no terreno do conflito, com o consentimento das
partes, objetivando a implementação ou o monitoramento do controle de conflitos
(cessar-fogos, separação de forças, etc) e também a sua solução (acordos de
paz). Tais ações são complementadas por esforços políticos no intuito de
estabelecer uma resolução pacífica e duradoura para o litígio. A base jurídica
deste tipo de operação não se enquadra perfeitamente no Capítulo VI nem no
Capítulo VII da Carta da ONU, o que leva alguns analistas a situá-las em um
imaginário “Capítulo VI e meio”.
Imposição da Paz: (peace-enforcement): respaldadas pelo
Capítulo VII da Carta da ONU, essas operações incluem o uso de força armada na
manutenção ou restauração da paz e segurança internacionais. São estabelecidas
quando o Conselho de Segurança julga haver ameaça à paz, ruptura
da paz ou ato de agressão. Podem abranger intervenções de caráter humanitário.
Consolidação da Paz: (post-conflict peace-building):
executadas após a assinatura de um acordo de paz, tais operações visam
fortalecer o processo de reconciliação nacional através da reconstrução das
instituições, da economia e da infra-estrutura do Estado anfitrião. Os
Programas, Fundos e Agências das Nações Unidas atuam ativamente na promoção do
desenvolvimento econômico e social, mas também pode haver a presença de
militares.
A forma mais eficaz de
realizar uma operação de paz tem sido através da “Missão de Manutenção da Paz”,
a mesma é guiada por três princípios básicos que são: o consentimento das
partes envolvidas, imparcialidade dos integrantes da missão, não utilização da
força, exceto em legitima defesa.
Neste contexto
atualmente as Nações Unidas possuem em funcionamento 15 operações deste tipo.
AMPARO
JURÍDICO ÀS OPERAÇÕES DE PAZ.
A Carta das Nações
Unidas traz em seus capítulos e artigos amparos ao uso de tropas com a
finalidade de levar a paz.
Ficando a cargo do
Conselho de segurança determinar se é ou não necessário o uso de forças
militares.
Como disposto no art.
41 o Conselho de Segurança decidirá sobre as medidas que, sem envolver o
emprego de forças armadas, deverão ser tomadas para tornar efetivas suas
decisões e poderá convidar os Membros das Nações Unidas a aplicarem tais
medidas.
Estas poderão incluir a
interrupção completa ou parcial das relações econômicas, dos meios de
comunicação ferroviários, marítimos, aéreos, postais, telegráficos,
radiofônicos e o rompimento das relações diplomáticas.
O art. 42 trás em seu
texto amparos para o caso de o Conselho de Segurança considerar que as medidas
previstas no Artigo 41 seriam ou demonstraram que são inadequadas.
Com isso seria
permitido o uso de forças aéreas, navais ou terrestres, e outras ações que
julgar necessárias para manter ou restabelecer a paz e a segurança
internacional.
Tal ação poderá
compreender em demonstrações, bloqueios e outras operações com uso de forças
militares a fim de impor medidas coercitivas ao conflito.
Todos os países membros
se comprometem a disponibilizar ao Conselho de Segurança, Forças Armadas com a
finalidade de cumprir o disposto nas resoluções e decisões deste.
Interessante ressaltar
que as operações de manutenção da paz não estão previstas nem no capitulo VI
que implica ao consentimento das partes tampouco no capitulo VII referente a
medidas mandatórias.
Este tipo de operação
seria então encontrado no imaginário capitulo VI e meio sendo uma ponte entre
medidas para solução da paz e imposição de medidas coercitivas.
Ainda devemos
considerar a Declaração Universal dos Direitos do Homem que destaca em seu
preâmbulo a intenção em possibilitar as relações amistosas internações.
Promover a igualdade
entre homens e mulheres, progresso social, melhores condições de vida levando
em consideração a dignidade e o valor humano.
Evitando violações à
dignidade humana e abusos como: execuções sumárias, perseguições, mutilações
físicas entre outras atrocidade que geralmente ocorrem em Estados conflitantes.
Tratando-se de
legislação pátria encontramos no art. 4º da Constituição Federal de 1988, os
princípios acerca de relações internacionais como a: autodeterminação dos
povos, não intervenção, igualdade entre os estados, defesa da paz, solução
pacifica de conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo.
A Lei Complementar 97,
de 9 de junho de 1999 dispõe sobre organização, preparo e emprego das forças
armadas.
Em seu art. 15, que diz
sobre o emprego, fica expresso que: o emprego das forças armadas da Pátria e na
garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, e na participação de
operações de paz.
OPERAÇÕES
DE PAZ INTEGRADAS PELO BRASIL.
Como citado
anteriormente, a ONU utiliza-se de Operações de Paz, estruturadas por forças
militares multinacionais aprovadas pelo Conselho de Segurança a fim de levar a
“paz” e estabilidade a Estados que a necessitarem.
Neste contexto, nós
brasileiros temos características únicas e especiais para o uso da força
militar com a finalidade de coerção ou ainda por meio de sedução e persuasão.
A participação de
nações como a nossa em Missões de paz fornecem uma possibilidade de projeção
internacional ou regional e de respeito internações.
Sem dizer na
possibilidade de conseguir vaga em um possível assento permanente no Conselho
de Segurança da ONU frente sua reestruturação.
Seriamos, através
destas participações, acentuando-se com a Missão das Nações Unidas para
Estabilização do Haiti, exportadores de conhecimento servindo de exemplo para
outros estados e para operações internas.
Caracteres importantes
fazem com que o Brasil se destaque em operações deste gênero: a primeira é o
seu exímio papel como mediador na resolução pacifica de conflitos, difícil apontarem
algum Estado que não aceite nosso país como intermediador ou integrante de missão
por fim o caráter humano que os militares brasileiros apresentam durante as
missões, somam-se e formam um forte alicerce para que nossa bandeira tremule em
céus estrangeiros.
Nossos soldados
entendem que se deve ganhar a confiança da comunidade para cumprir “bem” a
missão, percebe-se que quanto maior a coerção menor a efetividade e em longo
prazo os laços se rompem com facilidade.
Nas palavras de Patrice
Dumont no documentário O dia em que o
Brasil esteve aqui: “o Brasil é a potência mais perigosa do mundo porque
ela é capaz de aprisionar um país por meio do carisma”.
Destacando-se por sua
característica diplomática e respeitosa ao direito internacional e solução
pacifica de conflitos, constrói com facilidade laços de confiança e amizade.
Ainda na infância da
ONU o Brasil participa de uma missão nos Balcãs com militares e diplomatas, na
sequência entre 1957 e 1967 envia tropas ao Sinai e Faixa de Gaza o famoso
“Batalhão de Suez” com um efetivo superior a 6000 mil homens integrando a UNEF
I.
Participou ainda de
operações no Congo, Nova Guiné Ocidental, Republica Dominicana, Índia e
Paquistão, Chipre, Angola, América Central, El Salvador, Moçambique, Ruanda,
Iugoslávia, Camboja, Libéria, Guatemala, África do Sul, Croácia, Macedônia,
Eslovênia, Timor Leste e Haiti.
Sendo a de maior
proporção e duração a Minustah.
O
CONTEXTO HISTÓRICO DO HAITI.
A ilha situada na
região da América Central rodeada pelo mar caribenho foi habitada por povos
nativos, taino e arawak, os quais a chamavam de Ayiti.
Com a chegada do homem
branco em 1492, por intermédio do conquistador Cristóvão Colombo, todos os
povos que ali residiam foram escravizados a fim de que, colonizadores tivessem
mão de obra para a construção de “Fortes”, que visavam à proteção de invasores
e para exploração mineral.
A mineração com o tempo
fora substituída por plantações de cana de açúcar, cacau e outras formas de
extrativismo como a do carvão.
Frente à brutalidade do
dominador e resistência à colonização ocorreu um suicídio coletivo de
autóctones, findado pelo massacre dos revoltosos.
A partir desse fato os
espanhóis trouxeram da África a mão de obra que estaria em falta.
Com o passar dos anos a
França mostra grande interesse pela ilha, ocupando parte da mesma no fim do
século XVI, onde inicia o cultivo de cana de açúcar e cacau.
Mais tarde através do
tratado de Ryswick, a Espanha cede à França uma significativa porção do
território, que provoca a ampliação da chegada de europeus e levas de escravos.
Pouco mais de dois
séculos e meio após a ocupação inicial, a colônia passa a contar com uma
população de 25 mil colonos e de 450 mil escravos, seria este o segredo para o enriquecimento do colonizador, uma
força de trabalho consumida ao extremo, mantida com alimentação escassa e
acometida a torturas e açoites.
Interessante dizer que
o Haiti foi ao lado do Brasil a colônia mais rica das Américas desde o século
XVI, chegando a ser conhecido como “Pérola do Caribe”.
O
Conflito está no Sangue e na História.
Como qualquer outra
civilização do entorno do globo, o Haiti não se diferenciava, possuía uma divisão
na estrutura social que foi o estopim para diversas revoltas e é até hoje causa
de conflitos.
Alguns autores como
Willians e Farmer afirmam que ela era dividida em cinco grupos: os ‘grandes
brancos’ proprietários e comerciantes, ‘funcionários’ da monarquia, ‘brancos
pobres’ que eram professores e artesãos, ‘mulatos’ e ‘escravos’.
Todos os grupos viviam
em conflito se não entre eles era para com a “Coroa”.
Devido a grande
movimentação de colonos e principalmente escravos sempre chegavam notícias
externas como a das Revoluções Americana e Francesa.
Tais revoluções
serviram de estimulo para aquele povo que vivia em mazelas condições, 1789
ficou marcado como o ano da primeira Revolução Haitiana, ocasião em que negros
e mulatos se rebelaram principalmente diante lideranças que os deixavam de fora
de discussões relacionadas ao direito do homem.
A partir de então
diversas revoltas ocorreram sequencialmente, sendo: a revolta dos mulatos em
1790, onde se destaca uma falta de liderança e de objetivos concretos, todos
queriam ser lideres; em 1791 ocorre a revolta dos escravos liderada por
“Boukmam”.
Estes eram violentos e
tinham por objetivo terminar com o regime de escravidão através da exterminação
do homem branco.
Com o fracasso das
revoltas anteriores no ano de 1794 o escravo “Toussaint Bredá” autodeclarado
Tenente Governador com o nome de “Toussaint L’ Ouverture”, indivíduo que
possuía certa formação intelectual fornecida por seu senhor e fluente em
Francês liderou uma nova revolta de escravos.
Todas as revoltas
disseminavam o terror, matavam e queimavam os senhores e destruíam instalações
e plantações.
Toussaint alcança o
cargo de general chefe de todas as forças da península, inclusive as francesas,
liderando-as contra outros países que tentavam tomar posse da ilha, em 1798 o
controle total da França é assegurado e colonos que haviam fugido começam a
voltar.
Cabe ressaltar que
neste mesmo período o líder Toussaint impõe algumas regras como o fim do
trabalho escravo substituído pelo remunerado.
O segundo ano do século
XIX fica marcado pelo primeiro esboço de constituição haitiana, enviada a
Napoleão pelo próprio Toussaint, em seus artigos estaria descrita uma ideia de
liberdade e igualdade de direitos a todos os cidadãos da ilha. O imperador nem
da importância aquele texto visto que tinha intenções de retomar o regime escravocrata,
por outro lado, envia 25 mil soldados para findar com aquele ex-escravo que com
suas “insolências” só trouxera dores de cabeça a corte.
Após árduos dias de
combate o General Toussaint é preso e levado para França, onde morre
encarcerado.
Com sua saída outros
negros assumem a luta e dizimam o exército francês e alguns brancos restantes,
declarando a independência em 1803 passando a utilizar o nome de “Haiti”.
Neste novo renascer
Jean-Jacques Dessalines torna-se o primeiro imperador, livres dos colonizadores
o novo estado teria que caminhar sozinho, porém além das dificuldades que já seriam
esperadas surge mais uma: o descontentamento dos mulatos que queriam tomar o
poder e acabam assassinando Dessalines.
Henri Cristophe, negro,
assume o poder frente ao descontentamento do senado liderado pelo mulato
Alexandre Pétion que futuramente assumiria o poder.
Pode-se afirmar que
terminada a união temporária entre negros e mulatos para expulsar o
colonizador, inicia um processo de conflitos e disputas pelo poder que permeia
toda sua história.
Já na modernidade surge
à figura de François Duvalier, tornou-se popular por defender o “negrismo” e a
“noblesse” sendo eleito presidente em 1957.
Seus primeiros atos
foram o de criar uma Guarda Presidencial organizada por uma fusão entre a Gendarmerie e milícias civis.
Tal guarda era violenta
e impiedosa chegando a ser conhecida como os Tontons Macoutes ou Bicho
Papão.
Com seu jeito fechado
do governar o então Papa Doc, como ficou conhecido Duvalier,
ocasiona uma forte onda de pobreza no país, sem falar na redução do poder da
igreja.
Em 1964, através de um
plebiscito, ele se proclama presidente vitalício liderando o país até sua morte
quando então seu filho o Baby Doc assume o poder afundando mais a nação devido
a grande corrupção que envolveu seu legado.
Com a saída de Jean
Claude Duvalier do poder em fuga para a França, onde buscou exilio, o país
entra novamente numa onda de revoltas e impasses entre 1986 e 1990.
No ano de 1990 ocorrem
eleições e Jean-Bertrand Aristide torna-se o primeiro presidente eleito do
país, neste período que era pra ser o renascimento ou mesmo nascimento da
democracia tudo da errado perante o não apoio do governo norte-americano a Aristide,
que chega a instigar o Exército Haitiano a dar um golpe de estado no presidente.
Mais uma vez o país se
vê vivendo em pobreza e miséria e ao invés de evoluir parece estar
retrocedendo.
Neste contexto, em 1993
o Conselho de Segurança da ONU autoriza a intervenção estrangeira para
reestabelecimento da democracia naquele território.
O mais surpreendente é
que o país responsável para cumprir esta determinação fora os EUA.
O então presidente Bill
Clinton chega à conclusão que a única maneira de reestabelecer a calma seria
com o retorno de Aristide ao poder.
Em 1995 ocorre a primeira
tramitação de poder pacífica quando Rene Prevál assume a presidência em
substituição a Aristide.
Em 2000, com o término
do mandato de Prevál, seu antecessor torna seu sucessor e novamente Aristide
assume o poder.
Tem inicio um novo
período de controvérsias, grupos de oposição politica e de setores da sociedade
civil iniciam protestos contra o governo, alegando ter sido a eleição
fraudulenta, em outra vertente, tropas paramilitares formadas por ex-soldados
do exercito outrora dizimado marcham em direção a Porto Príncipe para tomar o
poder.
Em 2004, Aristide se vê
forçado a abandonar o país rumo à África e seu sucessor, o presidente da
Suprema Corte, pede ajuda internacional.
Criada a MIF, uma Força
Interina Multinacional, formada por norte americanos, chilenos e canadenses
tendo por missão reestabelecer a “democracia e a paz”. Neste período o
secretário da ONU, Kofi Annan, orienta a criação de uma força multidimensional
de teor não só militar, seria o batizado da Minustah.
Em síntese posso
afirmar que o Haiti tem uma história
dentro da História, passou por
momentos difíceis e controversos, possui um povo de personalidade forte e
batalhadora, mas mesmo sendo um dos precursores mundiais nas questões de
escravatura e independência não conseguiu até dias atuais se tornar
“independente de si mesmo e ainda se escraviza em conceito antigos”.
Considerações
Geopolíticas sobre o Haiti.
Na atualidade o Haiti
possui uma população de aproximadamente 11 milhões de habitantes, vivendo em
total situação de pobreza.
Com anos de exploração
a natureza foi devastada e aquele que andava lado a lado com o Brasil na época
colonial tornou-se o mais pobre das Américas e um dos mais miseráveis do mundo.
O desemprego atinge por
volta de 80% da população, número semelhante a este é de pessoas que vivem com
menos de míseros $2 dólares por dia e mais da metade da população vive com
menos de $1 dólar/dia.
Um povo quase
totalitário de etnia negra utiliza a língua francesa e um dialeto africano o “créole”, praticam o catolicismo e Vodu.
Grande parte do povo é
possuidor do HIV.
MINUSTAH.
Assolado por anos de
uma história ingrata, até dias atuais o Haiti não possui um Estado capaz de
proporcionar condições de vida e de desenvolvimento à sua população.
Após 3 anos de governo
militar, no ano de 1993, as Nações Unidas enviam sua primeira missão ao país
frente um massacre de aproximadamente 5000 pessoas pelos militares.
A Missão das Nações
Unidas no Haiti (UNMIH), que perduraria até o ano de 1996 com o objetivo de
reinstalar a democracia assegurando as eleições.
Em seguida mais quatro
missões antecederam a MINUSTAH, sendo elas: Missão de Apoio da ONU no Haiti
(UNSMIH), Missão da ONU de Transição do Haiti (UNTMIH), Missão da Policia das
Nações Unidas no Haiti (MIPONUH).
Todas com o objetivo e
prioridade básicos de ajudar a profissionalização da Policia Nacional Haitiana
(PNH).
Expressando a extrema
preocupação com a violência em solo haitiano e seu potencial desestabilizador
na região, levando em consideração os pedidos desesperados do presidente
interino Boniface Alexandre o CSNU decide com base no Capitulo VII da Carta das
Nações Unidas que diz sobre a “Ação em Caso de Ameaça a Paz”, autorizar a
implantação de uma Força Multinacional Interina por um período não superior a
três meses com a finalidade de contribuir para um ambiente seguro e estável em
Porto Príncipe.
Fica expressa, ainda
nesta resolução, a disposição da ONU em criar uma força de estabilização
naquele país a fim de apoiar a continuidade da paz e de um ambiente seguro e
estável que começaria a funcionar em substituição a MIF.
Resolução
1542: o inicio de uma nova fase.
No final do mês de
abril do ano de 2004, o Secretário Geral autoriza a criação de uma missão
em solo haitiano a
partir da Resolução 1542 do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Em seu preâmbulo fica
expressa a criação da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti,
MINUSTAH, acrônimo do francês.
Estabelecida uma
operação com a finalidade de estabilização politica, social e econômica daquele
país em substituição a MIF.
A necessidade de uma
missão de tal potencial esta descrita na Resolução do CSNU: (...) “Notando a
existência de desafios à estabilidade politica, social e econômica do Haiti, e
decretando que a situação no Haiti continua a constituir uma ameaça à paz
internacional e à segurança da região” (RESOLUÇÃO CSNU, 2004, p.02).
A MINUSTAH foi
estabelecida com um mandato inicial de seis meses que teria inicio em 1 de
junho de 2004 podendo ser renovado se necessário em ocasiões futuras.
De acordo com o item 7
(sete) da Resolução, as metas e objetivos da operação seriam: garantir um
ambiente seguro e estável, possibilitar processo politico, monitorar a reforma
da PNH, promover o desarmamento de todos os grupos armados paramilitares,
proteger os civis principalmente mulheres e crianças, prover assistência no que
diz respeito à questão direitos humanos, apoiar a restauração e manutenção do
regime da lei, proteger o pessoal das Nações Unidas entre outros mais.
A missão começou a
funcionar na data prevista da Resolução, pela primeira vez na história sob o
comando de um brasileiro.
O Force Commander seria o General Augusto Heleno Ribeiro Pereira
liderando um efetivo de aproximadamente 6700 integrantes (...) formados por
Argentina, Benin, Bolívia, Bósnia e Herzegovina, Brasil, Burkina Faso,
Camarões, Canadá, Chade, Chile, China, Croácia, Estados Unidos da América,
França, Gana, Guatemala, Jordânia, Nepal, Níger, Paraguai, Peru, Portugal, Senegal,
Turquia e Uruguai.
Anos se passaram e a
operação que tinha duração inicial de seis meses perdura até hoje.
Por diversas vezes o
mandato da MINUSTAH foi renovado a fim de que o ambiente haitiano se mantivesse
seguro e estável.
Com isso mais de 100
mil homens e mulheres contribuíram para a paz naquele território.
Brasil
e Minustah: uma parceria perfeita.
Por ocasião da votação
da já referida Resolução 1529 que criava a MIF, o Brasil ocupava assento não
permanente no Conselho de Segurança e votou a favor da intervenção, mas não se
voluntariou em integrar a missão.
Nossos diplomatas
alegaram que esta era uma missão de Imposição da Paz a chamada peacemaking, que é repudiada por nossa
politica externa, em contrapartida defende-se que a MINUSTAH seria uma operação
tipo Manutenção da Paz ou peacekeeping e
que não seria invasiva.
Poder liderar uma
operação de tal desenvoltura e proporção poderia dar ao Brasil o tão desejado
assento permanente no CSNU em sua iminente reforma.
Sem dizer do respeito adquirido
no âmbito regional, América Latina, liderando os demais no contexto comercial.
Segundo muitos
escritores e até a própria critica haitiana diante o documentário O Dia que o Brasil esteve aqui, a
diferença da missão está no jeito de ser do brasileiro e do chamado Soft Power.
Um potencial em levar
os outros a fazerem geralmente o que não querem através da persuasão e não da
imposição.
Podendo influenciar
decisivamente a tomada de decisão destes por meio de uma estratégia velada,
descrita no capítulo VI da Carta da ONU.
O jeito brasileiro
descontraído e extrovertido seduz qualquer um, em qualquer parte do mundo, tive
em meus dias de integrante da MINUSTAH através do BRABATT 11, a possibilidade
de presenciar a isso.
Aquele povo se entrega
totalmente a nós, tudo porque conseguimos de fato encontrar o meio termo entre
o capitulo VI e VII da Carta das Nações Unidas.
Diferente de outras
missões anteriores que tentavam de forma coercitiva impor a paz nós a levamos
através do respeito e da solidariedade e se necessário podemos utilizar um
pouco do Hard Power em ocasiões
ímpares.
A
Positividade do Envio de Tropas para Integrar Operações de Paz.
A ONU não possui tropas
especificas para integrar as Missões de Paz, utilizando então de forças vindas
de países contribuintes.
Levanta-se então a
questão de qual seria o beneficio em enviar tropas a outros Estados que vivem
em crise e total situação de risco?
Respondendo o
questionamento anterior pode-se afirmar que: o ganho em doutrina militar e
estratégia pode trazer alto retorno.
Integrar uma força de
manutenção da paz possibilita que nossos militares participem ativamente de um
teatro real de conflitos.
Neste contexto é
possível realizar a troca de experiências com militares de outros países,
desenvolvimento e aplicação de novas doutrinas, operacionalização estratégica,
emprego e aperfeiçoamento de novas tecnologias.
Devemos ter em mente
que o “Combate Moderno”, ocorre em um território predominantemente urbano como
em regiões conflitantes do Iraque, Afeganistão, Sudão, Líbano entre outros
mais.
Visto isso cresce de
importância o pleno conhecimento e domínio em técnicas e táticas de combate neste
tipo de ambiente.
As tropas brasileiras
aprenderam bem o que têm de fazer em território hostil e critico como o
encontrado nas favelas de Porto Príncipe, nossas técnicas são tão eficientes
que foram utilizadas para alicerçar operações de ocupação e pacificação de
comunidades do Rio de Janeiro.
Conclusões
Relativas à Minustah.
O que descreverei a
seguir nada mais é do que relatos pessoais acerca desta magnifica missão a qual
pude integrar: após uma ocupação em 2004 para um mandato de seis meses segundo
a resolução 1542 do CSNU, a situação do país pedia por mais tempo e com isso a
operação foi renovada por vezes e perdura até dias atuais.
Existem opiniões de
ambos os lados, dos defensores de que a missão alcançou êxito e daqueles que
afirmam ser apenas um fracasso. Importante ressaltar que muitas dessas criticas
são feitas por elementos que não tem ideia do que realmente acontece em solo
estrangeiro.
As tropas de paz são
enviadas a locais onde ninguém quer ou pode ir, explicar o que se passa em uma
operação de tal envergadura é difícil e complexo e muitas vezes as informações
são distorcidas do fato ocorrido até chegar ao ouvinte.
O trabalho feito por
militares brasileiros em todas as missões que participou é algo a ser destacado
e referido positivamente, deixamos pra trás família, amigos, sonhos, ou seja
pausamos as nossas vidas a fim de poder ajudar um desconhecido.
Mesmo sendo treinados
para enfrentar algo assim, ficamos apreensivos se poderemos cumprir o
estipulado da forma que se espera.
Ao pisar em solo desconhecido,
passa uma sensação única em nossos corações, começamos a ter uma visão bem mais
ampla que estamos ali para fazer a diferença.
No embarque de retorno,
já subindo para o avião, temos o sentimento de dever cumprido e que colaboramos
para a paz Mundial.
A
SOMBRA E A ESCURIDÃO.
No dia 12 de Janeiro de
2010, a vida de muitas pessoas estava prestes a sofrer um grande impacto e uma
drástica mudança. Infelizmente não temos o dom de prever o futuro.
A partir daquele
momento seriam derramados sangue, suor e lágrimas e poderíamos estar diante do
chamado “pior desastre natural vivenciado pelas Nações Unidas”.
A
Sombra
Participei da Missão
das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH), integrando a Companhia
de Fuzileiros de Força de Paz presente na região de Bel Air em Porto Príncipe.
Havia pisado em solo
haitiano no dia 04 de julho de 2009 e a missão estava por findar.
Na data referenciada
ocorreria o primeiro voo de retorno ao Brasil, no qual aproximadamente um terço
do nosso efetivo estaria voltando a solo pátrio.
Tudo seguia
normalmente, tínhamos a consciência de dever cumprido e que o Haiti estava
pacificado e caminhando para uma estabilidade duradoura.
Mas o inesperado estava
por vir, a natureza mostrou-se violenta e impiedosa.
Às 16 horas e 50
minutos daquele dia o terra tremeu, enfrentaríamos a partir daquele momento um
inimigo agressivo e impossível de combater.
Como citado pela
revista Veja (edição 211 de 2010),
“como num cenário pós-apocalíptico, o Haiti consome-se depois do terremoto. Os
fracos se acolhem, os fortes se enfrentam e os mortos alimentam as fogueiras
humanas”.
Dali em diante a única
lei valida seria a do mais forte, diante o tamanho do desespero visto em todos
os cantos e rostos.
Segundo informações não
oficiais cerca de 80% das construções haitianas ruíram frente um tremor de 7
graus na escala Richter seguido de inúmeros tremores secundários.
Devido tamanha
destruição uma nuvem de poeira cobriu Porto Príncipe envolvendo a capital em
uma sombra amedrontadora.
Não diferente do resto
das construções, nossa base um antigo “Forte” situado na parte mais alta da
favela de Bel Air também ruiu e perdemos companheiros, materiais, fardamentos
entre outros instrumentos logísticos.
A noite estava
chegando, estávamos sem comunicação com as outras bases e o povo haitiano
tentava invadir nossas instalações, uns a fim de pedir socorro outros com
objetivo de realizar saques.
A Escuridão.
Ao
cair da noite, ainda não havíamos compreendido muito bem o que estava
acontecendo, mas contabilizávamos dois mortos e alguns feridos.
A
situação era critica, os haitianos começaram a amontoar corpos e feridos em
frente a nossa base e com o chegar da escuridão ouvíamos gritos de socorro, de
dor, de desespero e medo, porém não dava para ver nada além de alguns metros a
frente.
Os
minutos daquela noite pareciam dias, o tempo não passava e a terra não parava
de tremer.
Alguns
de nós permaneceram realizando a segurança no perímetro das instalações
utilizando o que deu pra juntar.
Os
demais ficaram agrupados em uma posição central, sentados no chão contando o
tempo restante para o amanhecer e para entender o que era tudo aquilo.
Um Novo Dia.
Ao
raiar do sol do dia 13 de janeiro de 2010 conseguimos ver o que estava
acontecendo, “tudo” tinha sido destruído, parecia cena de filme ao olhar para o
horizonte.
Naquele
momento muitos desejaram estar em casa, poder abraçar entes queridos, ficar em
paz.
Mas
nós éramos a esperança daquele povo, era em nós que eles confiavam.
A
missão não tinha terminado junto ao terremoto ela estava apenas começando,
enfrentaríamos nos dias que seguiriam o fato momentos que nunca serão
esquecidos, momentos que só nós sabemos.
Segundo
um boletim de economia e politica internacional que trata sobre o Haiti e os
desafios do pós-terremoto a situação da ordem publica permaneceu estável graças
ao excepcional trabalho da MINUSTAH durante anos de operações.
Os
dias seguintes foram difíceis, frente todo o ocorrido.
Tínhamos
que lidar com a dor de perder companheiros e nos adaptar a um novo ritmo de trabalho.
O
novo ambiente operacional era novo para todos militares brasileiros.
Os
dias eram ensolarados como sempre naquele país caribenho, com os altos índices
de calor vinha o terrível cheiro da putrefação das centenas de milhares de
corpos.
Lidamos
com o ser humano a beira da loucura, e disposto a qualquer coisa para adquirir
um pouco de água ou comida.
Os
enormes campos de refugiados eram tomados pelo mau cheiro de esgotos e restos
que não tinham destino.
Crianças
se misturavam com animais em valas, a mesma água usada para o consumo também
era utilizada para higiene e outros fins.
A
situação era caótica e de amedrontar qualquer expectador.
Com
o anoitecer vinham as trevas. Inúmeras eram as fogueiras alimentadas por corpos
flamejando na escuridão.
Nossas
tropas não podiam esmorecer nesse momento.
Seria
nosso teste de fogo.
Seria
em anos de missão, o momento em que aquele povo mais precisou de ajuda.
E
mais uma vez o soldado brasileiro mostrou seu valor, sua garra, dedicação e
persistência.
Sendo
capaz de se adaptar ao incomum a fim de prosperar na missão.
CONCLUINDO.
O
homem viveu em uma constante situação de conflito por toda a sua história.
Porém
foi no século XX que a situação mundial enfrentou momentos críticos.
A
sociedade contemporânea deparou-se com duas grandes guerras em um curto espaço
de tempo.
As
quais ceifaram a vida de milhares de inocentes.
Atrocidades
como as presenciadas na 2ª Guerra Mundial, não poderiam mais ser aceitas no
entorno do globo.
Com
isso como citado anteriormente, a partir de uma reunião no período pós-guerra
nasceu uma entidade cuja missão seria a de evitar qualquer tipo de conflito em
dias futuros.
Não
seriam mais aceitas sem algum tipo de repreensão qualquer tipo de ação que
ferisse os Direitos Humanos.
Muito
se discutiu nas duas ultimas décadas sobre uma possível reformulação no
Conselho de Segurança da ONU, abrindo vagas permanentes a países emergentes.
Tendo
em vista tal fato o Brasil aprimora suas participações em operações de paz a
fim de alcançar tal posto.
Pela
filosofia ou pela sociologia ficou provado que o “Homem é o lobo do próprio
Homem”.
Infelizmente
conflitos sempre existiram, porém cabe aos integrantes de Missões de Paz levar
a tranquilidade e a possibilidade de um convívio amistoso entre povos em
qualquer lugar do mundo.
Uma
Missão de Paz tem mais atribuições do que se imagina.
Seu
alcance vai desde a parte militar até trabalhos relacionados à religião,
educação, saneamento básico, infraestrutura regional, saúde entre outros mais.
Operações de Paz são imprescindíveis ao desenvolvimento mundial.
Apenas
através da união de povos com o intuito da paz a mesma ocorrerá.
Em
fim, encerro com o lema dito por repetidas vezes, “Ser mais que um soldado, ser
um soldado da Paz”, e a grandiosa frase de Edmund Burke: “Para que o mal
triunfe basta que os bons não façam nada”.
PARA SABER MAIS SOBRE O ASSUNTO.
AGUILAR,
Sérgio Luiz Cruz Aguilar & MORATORI, Mainá Domingues. Algumas Considerações sobre o envolvimento do Brasil no processo de Paz
do Haiti. Disponível em: www.cih.uem.br/anais/2011/trabalhos/18.pdf. Acesso
em 03/01/2013.
BRASIL.
Constituição da Republica Federativa do
Brasil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em 28/12/2012.
BRASIL.
Organização das Nações Unidas. História da ONU. Disponível em:
http://www.onu.org.br/conheca-a-onu/a-historia-da-organizacao/. Acesso em
27/12/2012.
ONU.
Atribuições do Conselho de Segurança.
Disponível em: http://www.brasil-cs-
onu.com/o-conselho/funcoes-e-competencias/. Acesso em 28/12/2012.
ONU.
Carta das Nações Unidas. Disponível
em:
http://unicrio.org.br/img/CartadaONU_VersoInternet.pdf. Acesso em
27/12/2012.
ONU.
Declaração Universal dos Direitos do
Homem. Disponível em:
http://unicrio.org.br/img/DeclU_D_HumanosVersoInternet.pdf. Acesso em 27/12/2012.
ONU.
Resolução 1529 do Conselho de Segurança
das Nações Unidas. Disponível em: http://www.brasil-cs-onu.com/resolucoes/.
Acesso em 06/01/2013
ONU.
Resolução 1542 do Conselho de Segurança
das Nações Unidas. Disponível em: http://www.brasil-cs-onu.com/resolucoes/.
Acesso em 06/01/2013
SILVA,
Daniela Dionizio da. Operações de Paz à
Brasileira – uma reflexão teórica, contextual e historiográfica. Estudo de caso
Minustah. Disponível em :
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000122011000100060&sc
ript=sci_arttext. Acesso em 28/12/2012
SOUZA,
Wanderson Fernandes de. Estudo
Prospectivo do Impacto da Violência na saúde Mental das Tropas de paz
brasileiras no Haiti. Disponível em :
bvssp.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/get.php?id=2423. Acesso em
28/12/2012.
SUELI,
Goulart. Contextualização Histórica do
Haiti. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/contextualizacao_historica_haiti
.pdf. Acesso em 28/12/202.
VIANA,
Suhayla Mohamed Khalil. A Minustah e a
Participação Brasileira. Disponível em:
http://radius.tachanka.org/sensocomum/index.php/revista/article/viewFile/6/4.
Acesso em 28/12/2012.
Texto: Felipe Bastos Freire Alvarenga.
Estudante de graduação do curso de
direito da Unimonte.
3º. Sargento do exército
brasileiro, participante do 11º. Contingente da Força de Paz Brasileira na Missão das Nações Unidas para Estabilização do
Haiti.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Esteja a vontade para debater ideias e sugerir novos temas.
Forte abraço.
Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.