Para entender a
história... ISSN 2179-4111. Ano 3, Vol. jun., Série 12/06, 2012, p.01-19.
O artigo faz parte da
Monografia de Conclusão de Curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia
Institucional pelo INEC/Universidade Cruzeiro do Sul, orientada pelo Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
A avaliação escolar há muito tempo
é utilizada para classificar, selecionar seus alunos e como instrumento de
disciplina e autoritarismo na sala de aula, a avaliação classificatória
privilegia a competição e o julgamento e não a aprendizagem e a ação
pedagógica.
A avaliação mediadora propõe um
modelo baseado no dialogo e aproximação do professor com o seu aluno de forma
que as práticas de ensino sejam repensadas e modificadas de acordo com a
realidade sócio-cultural de seus alunos, nesta perspectiva de avaliação o erro
é considerado como parte do processo na construção do conhecimento e não como
algo passível de punição, na visão mediadora o professor é capaz de criar
situações desafiadoras que tornem capaz a reflexão e ação tornando a
aprendizagem mais significativa.
Introdução.
As formas de avaliação tradicionais
(oral e escrita) contribuem para o fracasso escolar, muitas vezes não
determinam o grau de conhecimento do aluno, é necessário criar uma avaliação
integrada ao processo de aprendizagem, modificar as práticas avaliativas para
que ela seja contínua e verdadeiramente capaz de agir e regular a aprendizagem.
A avaliação mediadora possibilita
ao aluno construir seu conhecimento, respeitando e valorizando suas idéias, ou
seja, faz com que o aluno coloque em prática toda sua vivência.
O processo de aprendizagem torna-se
continuo através da avaliação mediadora, uma vez que o professor possui
ferramentas de intervenção adequadas para que os alunos se apropriem de
conhecimentos significativos, sem o sentimento de obrigação, ou seja, o
aprendizado ocorre de maneira natural com mais facilidade de internalização do
conteúdo aplicado em sala de aula.
Partindo deste pressuposto é
possível indagar se de fato as formas tradicionais de avaliação são eficientes
ou é necessário mudar esta prática para que realmente seja possível uma
aprendizagem significativa e não apenas estudar para tira boas notas.
As formas tradicionais de avaliação
tornam-se ineficientes quando usadas apenas como instrumento de medida, como
uma forma de classificar e julgar o aluno, com objetivos apenas de reprodução
de conhecimento.
É necessário que a avaliação
auxilie o aluno a aprender e a se desenvolver, como a avaliação mediadora que é
capaz de compreender o aluno fornecendo indicações para mudanças nas práticas
pedagógicas.
Em tempos de inclusão e inovação
pedagógica as escolas ainda utilizam como mecanismos de avaliação provas
teóricas e orais com o objetivo de classificar, atribuir uma nota para cada
aluno.
Este tema foi escolhido por que
este tipo de avaliação muitas vezes não mostra o real desenvolvimento do aluno,
contribuindo cada vez mais para o fracasso escolar e o baixo nível de qualidade
da educação.
Segundo HOFMANN (2000) a avaliação
mediadora se desenvolve em beneficio ao educando e dá-se fundamentalmente pela
proximidade entre quem educa e quem é educado.
Através da avaliação mediadora é possível
compreender que cada aprendizagem tem o seu momento próprio e é diferenciada em
cada aluno, propiciando tanto ao professor quanto ao aluno momentos de
reflexões sobre as práticas pedagógicas utilizadas.
Para PERRENOUD (1999) a avaliação
deve ser analisada como componente de um sistema de ação e como um momento de
reflexão, ou seja, avaliar é preciso, porém não apenas com o objetivo de
promover ou reprovar um aluno, mas para mediar à aprendizagem, como um agente
de formação do aluno.
Avaliar trata-se de um processo
contínuo e evolutivo e um professor mediador olha cada aluno, investigando e
refletindo sobre o seu jeito de aprender, conversando, convivendo e desafiando
o aluno de forma que aprenda mais e melhor.
Para HAYDT (2004) ao avaliar o
aluno o professor está avaliando o seu trabalho, portanto a avaliação está
sempre presente na sala de aula, fazendo parte da rotina escolar.
Daí a responsabilidade do professor
aperfeiçoar suas técnicas de avaliação.
O professor deve construir um
cenário avaliativo que seja convidativo à aprendizagem, organizados de forma
significativa que permita ao aluno confiança e espaço para as suas descobertas.
A metodologia utilizada foi a
Pesquisa Bibliográfica com ênfase no conceito de avaliação proposto por Jussara
Hoffman.
Este trabalho teve como objetivo
estudar e mostra diferentes formas de avaliação, especialmente à avaliação
mediadora em que o aluno é visto em um processo contínuo de aprendizagem.
O
que é avaliação?
Ao procurarmos o significado de
avaliação nos dicionários encontramos as seguintes definições:
Avaliação- ato de avaliar, apreciação,
cômputo, estimação.
Determinação do justo preço de
qualquer coisa alienável.
Valor de bens, determinado por avaliadores.
(Dicionário Michaellis)[i]
Avaliação – ato de avaliar, seu
efeito. Calculo do valor comercial de uma propriedade.
As avaliações são feitas por
especialistas chamados avaliadores. (Dicionário Aurélio)[ii].
Avaliação – ato de avaliar, valor
determinado por peritos, apreciação.
Estima. (Dicionário Priberam)[iii]
Avaliar é dar valor, apreço ou
merecimento.
Logo, a ação de avaliar constitui-se
inicialmente por um ajuste de acordo com uma escala de valores pré-fixadas.
Durante muito tempo o termo avaliar
foi usado como sinônimo de medida, segundo HYDT (2004) a partir de 1960 o termo
avaliação assumiu novas dimensões voltando a destacar-se primeiramente na
esfera da avaliação de currículo.
Ao longo dos últimos anos muito se
tem discutido sobre a avaliação e diversos conceitos e teorias surgiram,
segundo HYDT (2004) a avaliação é um processo de coleta e análise de dados,
tendo em vista verificar se os objetivos propostos foram atingidos ou não,
nesta perspectiva a avaliação é definida em um conceito geral.
Já no âmbito escolar HYDT (2004) afirma
que a avaliação se realiza em vários níveis do processo ensino- aprendizagem,
do currículo ao funcionamento da escola como um todo, ou seja, a avaliação deve
ser realizada por todos os envolvidos no sistema de ensino-aprendizagem.
LUCKESI (2006), quando fala de
avaliação da aprendizagem, prefere defini-la como sendo um juízo de qualidades
sobre dados relevantes tendo em vista uma tomada de decisão, o juízo de
qualidade é produzido por um processo comparativo entre o objeto que está sendo
ajuizado e o padrão ideal de julgamento.
Com muita frequência verificamos o
termo avaliação associado a outros, como nota, exame, promoção e repetência,
sucesso e fracasso e a avaliação sendo vista como um processo que determina o
grau de aprendizagem dos alunos.
Nas escolas a avaliação tem
assumido uma função seletiva, de exclusão daqueles que costumam ser rotulados
como “incapazes”, pois o modelo de avaliação atualmente utilizado nas escolas é
baseado no processo classificatório.
Para LUCKESI (2006) a avaliação
praticada nas escolas é a avaliação da culpa e as notas praticadas são
utilizadas para classificar os alunos, onde são comparados desempenhos e não os
objetivos que se pretende atingir.
Esta prática de avaliação se
explícita por uma relação autoritária e conservadora que permite ao professor
manter a disciplina e atenção dos alunos, desta forma a avaliação da
aprendizagem torna-se um instrumento de controle que tudo pode.
Nesta concepção é possível perceber
que a avaliação tem sido utilizada como um instrumento estático e freador do
processo de crescimento, com o objetivo de desempenhar um papel disciplinador
tornando o padrão de exigência critério do professor que ao planejar suas aulas
não estabelece um mínimo de necessário a ser aprendido pelos alunos e
utiliza-se de “médias” de notas para estabelecer a competência do aluno.
“A média então é realizada a partir
da quantidade e não da qualidade, não garantindo o mínimo de conhecimento”.
(LUCKESI, 2006).
Esta forma de avaliação retira dos
alunos a espontaneidade, a criatividade e a criticidade, gerando insegurança e
medo, o aluno passa a ser conduzido a estudar em função da nota e não pela
obtenção do saber, a aprendizagem deixa de ser algo prazeroso e passa a ser um
processo desmotivador, contribuindo para a seletividade social.
Para HYDT (2004) a avaliação do
processo ensino-aprendizagem apresenta basicamente três funções: diagnosticar,
controlar e classificar.
Para a autora a avaliação
classificatória tem o objetivo de classificar o aluno de acordo com seus níveis
de aproveitamento, sua função é comparar com o grupo da classe, aspecto próprio
da escola tradicional, segundo PERRENOUD (1999) outra função tradicional da
avaliação e certificar aquisições em relação a terceiros, tendo como objetivo
principal a certificação ou “passar de ano”, servindo para controlar o trabalho
dos alunos.
Notas e conceitos servem apenas
para padronizar o que é diferente, produzindo a ficção de um ensino homogêneo e
relações de autoritarismo em sala de aula, privilegiando a classificação e a
competição em detrimento à aprendizagem.
Já a avaliação diagnóstica tem como
função verificar a presença ou ausência de pré-requisitos para novas
aprendizagens e detectar as dificuldades de aprendizagem tentando identificar
suas causas, esta avaliação pode ser realizada em qualquer momento do processo
de ensino-aprendizagem, pois seu principal objetivo é investigar sobre o
desempenho e proceder a uma ação tendo em vista o redirecionamento da ação
pedagógica.
A partir deste pressuposto LUCKESI
(2006) sugere que a avaliação seja diagnóstica, ou seja, que os dados coletados
sejam analisados não com o objetivo de aprovar ou reprovar os alunos, mas para
que os professores revejam o desenvolvimento dos alunos dando oportunidades
para que ele avance no processo de construção do conhecimento.
Através desta avaliação tanto
professores como alunos trabalham juntos e tomam as decisões juntos para um
melhor aproveitamento e desenvolvimento, interagindo desta forma com o processo
de construção do conhecimento na sala de aula.
Para HYDT (2004) a avaliação
formativa é orientadora, pois orienta tanto o estudo do aluno como o trabalho
do professor e deve ser utilizada como um recurso de motivação que causa
efeitos positivos evitando as tensões que a avaliação tradicional causa.
O ato de avaliar associa-se ao de ensinar, de
formar, num processo de interação contínua.
O professor, numa ação pedagógica reorganizada,
aborda os conteúdos de forma diversificada e propicia que o próprio aluno
monitore a sua aprendizagem, tornando-se capaz de identificar e corrigir os
próprios erros.
Esta modalidade de avaliação formativa corresponde,
na visão da autora, ao modelo ideal, pois se coloca deliberadamente a serviço
do fim que lhe dá sentido, contribuindo para uma saudável regulação da
atividade de ensino.
Para PERRENOUD (1999) a avaliação
formativa dá maior importância à regulação da aprendizagem, ou seja, à busca
por novas didáticas e perspectivas de ensino. Esta prática de ser contínua e
com o objetivo de contribuir para melhorar as aprendizagens em curso.
A avaliação formativa é utilizada
para atender a função controladora que ocorre durante o processo de instrução e
inclui os conteúdos importantes de uma etapa, informa o professor e aluno sobre
o rendimento da aprendizagem e localiza as deficiências na organização do ensino.
Os novos paradigmas em educação
devem contemplar o qualitativo, auxiliando o aluno a avançar em seus
conhecimentos e ao professor buscar estratégias para que este avanço aconteça.
Avaliação
segundo documentos oficiais.
A
Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), aprovada em 1996,
determina que a avaliação seja contínua e cumulativa e que os aspectos
qualitativos prevaleçam sobre os aspectos quantitativos nos sistemas de ensino,
desta mesma forma os resultados obtidos pelos estudantes ao longo do ano devem
ser mais valorizados que a nota de uma prova final.
A LDB propõe além a avaliação do aluno, a avaliação
institucional.
Ela estabelece em seu inciso V do artigo 24, as
seguintes diretrizes para a avaliação na escola.
A verificação do rendimento escolar observará os
seguintes critérios:
Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do
aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;
Possibilidade de aceleração de estudos para alunos
com atraso escolar;
Possibilidade de avanço nos cursos e nas séries
mediante verificação do aprendizado;
Aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
Obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência
paralela ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem
disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos.
A
LDB vem tornar obrigatoriedade o que é preciso ser traçado como uma meta na
educação nacional.
De acordo com a lei, cabe a escola comprovar a
eficiência dos estudantes nas atividades, ou seja, avaliar o êxito por eles
alcançado no processo de ensino aprendizagem, mas quando se trata em comprovar
esse êxito e como avaliar se torna complexo.
Avaliar não é a mesma coisa que medir, qualquer
medida pode-se dispor de instrumentos precisos tais como: régua balança, etc.
E quanto mais preciso os instrumentos, mais exatos
a medida.
Ao contrário disso não há instrumento preciso para
a avaliação.
Na avaliação escolar, não se avalia um objeto
concreto observável e sim um processo humano contínuo.
Por outro lado, para tentar contornar esse problema
e evitar avaliações precipitadas, para impedir que a avaliação de um momento
seja generalizada para todo o processo, deve-se proceder a uma avaliação
continua que capte o desenvolvimento do educando em todos os seus aspectos.
Os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN’S), introduzidos em 1996 trata do tema avaliação como um
subsídio ao professor com elementos para uma reflexão sobre sua prática
pedagógica.
Neste documento é possível perceber
que a avaliação é vista em diversos âmbitos da aprendizagem, refere-se à
avaliação como uma investigação que instrumentaliza o professor para que ele
possa pôr em prática seu planejamento de acordo com as características de seus
alunos.
A avaliação nos Parâmetros
Curriculares Nacionais é compreendida como elemento integrador entre a
aprendizagem e o ensino, como um conjunto de ações que busca obter informações
sobre o que foi aprendido e como foi aprendido, como um elemento de reflexão
para o professor sobre sua prática educativa e como um instrumento que
possibilita o aluno tomar consciência de seus avanços e de suas dificuldades.
Nos PCN’s
a avaliação serve de indicador para orientar a prática
educacional.
Mostra ao
professor quando é preciso realizar ajustes no processo educativo.
Para
tanto, ela não pode ser feita apenas em momentos específicos ou no final do
ciclo escolar.
A
avaliação exige uma observação sistemática dos alunos para saber se eles estão aprendendo como estão aprendendo e em que condições ou atividades eles
encontram maior ou menor dificuldade.
Essa
avaliação não se refere apenas ao domínio de conteúdos específicos, mas também
ao desenvolvimento das capacidades.
Portanto,
importa avaliar o aluno como um todo, nas diversas situações que envolvem
aprendizagem: no relacionamento com os colegas, no empenho para solucionar
problemas propostos, nos trabalhos escolares, nas brincadeiras, etc.
A avaliação inicial da classe ganha destaque nos PCN’s porque é ela que dará ao
professor elementos para fazer seu planejamento, determinando os conteúdos e
respectivo grau de aprofundamento, notas, conceitos, etc. não estão
descartados.
A escola
precisa desses instrumentos para seus registros.
O
importante é que o aluno entenda como está sendo avaliado e que o resultado
seja explicado e discutido com ele, e não apenas comunicado através de uma
nota.
Outro
aspecto fundamental é que nas atividades específicas de avaliação, uma prova,
por exemplo, fique claro para o aluno o que se pretende avaliar e sejam usadas
situações semelhantes às de aprendizagem.
A
avaliação pode se tornar também um instrumento de aprendizagem, estimular o
aluno a fazer a auto-avaliação é uma forma de ele aprender a analisar seus trabalhos,
desenvolvendo seu senso crítico e sua autonomia.
As
propostas de avaliação dos PCN’s minimizam um dos piores problemas escolares,
que é a reprovação, sempre
associada ao fracasso.
Professor
e aluno terão tempo suficiente para detectar problemas e encontrar soluções
antes de chegar a um resultado tão radical e negativo.
A
reprovação será solução apenas para casos muito específicos.
Neste
contexto abordado pelos PCN’s é possível perceber que esta seria a maneira
ideal para se avaliar nas escolas, porém a realidade que encontramos é que este
modelo de avaliação está muito longe de acontecer, com a proposta da progressão
continuada para o ensino fundamental nas escolas públicas, ou seja, com o
agrupamento da primeira a quarta séria em um módulo e da quinta à oitava série em
outro módulo, deixando de lado o modelo tradicional de seriação foi possível
perceber que a avaliação perdeu o sentido, ou seja, antes os professores só
realizavam provas para aprovar ou reprovar, com a não-reprovação a avaliação
passou a ser vista como desnecessária.
Nesta
proposta a educação nas escolas passa a ficar abandonada, pois um aluno chega à
oitava série analfabeto e desta forma é possível perceber que não houve nenhum
tipo de avaliação ou reflexão em torno da aprendizagem deste aluno, ou seja,
com a aprovação automática os professores adotara a idéia de que não-
reprovação significa não-avaliação, se não reprova não há necessidade de
avaliar, segundo FREITAS (2003) a
progressão continuada não se contrapõe a seriação, ela apenas limitou o poder
de reprovar que a avaliação formal tinha ao final de cada série.
O regime
de progressão continuada visa o acompanhamento do aluno e sua progressão
contínua de uma série para outra respeitando ritmos e interesses individuais,
não significa abandonar as práticas avaliativas, este regime torna-se coerente
quando utiliza o princípio de avaliação mediadora.
Segundo
HOFFMANN (2000, p. 24), “qualquer proposta de promoção automática que desperta
tais considerações pelos educadores, sem o repensar da prática avaliativa no
ensino fundamental corre o risco de maximizar o abandono às nossas crianças”.
É
possível perceber claramente que a avaliação não é utilizada e nem vista pelos
professores em seu sentido real, que é regular a aprendizagem, sendo
indispensável quando há necessidade de atribuição de notas para aprovar ou
reprovar um aluno, e desnecessária quando não há reprovação, é preciso
compreender que avaliar vai além disto, avaliar é repensar as formas de ensino,
é levar professor e aluno a refletir sobre as reais possibilidades de
aprendizado, levando em consideração todos os aspectos educacionais.
O processo de avaliação tem se
constituído em um desafio para o professor de Educação Básica, as políticas de
avaliação instituídas para a implementação dos Parâmetros Curriculares
Nacionais apresentam aspectos contraditórios, tanto no que se refere à
operacionalização das modalidades de avaliar, quanto do cotidiano da sala de
aula.
O processo de avaliar é vivenciado
nas classes, envolvendo o professor que avalia e o aluno que é avaliado.
Estamos longe de alcançarmos todas
essas teorias sobre avaliação que encontramos descritas nas leis e no sistema
de ensino como um todo, a avaliação encontrada nas escolas é a classificatória
que visa a atribuição de notas e certificados e presta-se a comparação de
resultados obtidos com diferentes alunos, materiais e métodos de ensino.
Para LUCKESI (2006, p.66) “a
prática de avaliação escolar tem estado contra a democratização do ensino na
medida em que ela não tem colaborado para a permanência do aluno na escola e a
sua promoção qualitativa”.
À medida que analisamos a realidade
da avaliação no sistema de ensino atual é possível perceber que as formas
avaliativas nas escolas não vão mudar em decorrência das leis, decretos ou
resoluções, mas sim a partir de um compromisso dos educadores com a realidade
educacional e social que enfrentamos.
A
Avaliação mediadora.
As práticas avaliativas são
questionadas principalmente devido à questão da melhoria da qualidade de
ensino, ou seja, que só é possível modificar as formas de se avaliar nas
escolas se a qualidade da educação melhorar, segundo HOFFMANN (2000, p. 11) “as
escolas justificam os seus temores em realizar mudanças em decorrência de
sérias resistências das famílias com relação a inovações”.
A sociedade como um todo acredita
que a avaliação quando é realizada no sistema tradicional torna-se mais
eficiente e responsável por uma escola mais competente.
Há também certa resistência por
parte dos professores em modificar suas práticas avaliativas, pois segundo
HOFFMAN (2005), sua formação e educação foi toda pautada no sistema
tradicional, com a obrigação de atribuir uma nota para cada aluno e que esta
nota seja a responsável pela aprovação ou reprovação e em sua formação pouco se
ouviu falar em avaliação.
Segundo VASCONCELLOS (1998) a
resistência a mudanças pode ter diferentes origens, falta de conhecimento,
falta de segurança em fazer o novo, defesa natural diante de situações novas,
entre outros.
Para HOFFMANN (2000) alcançar a
qualidade de ensino significa desenvolver o máximo de seus alunos, tornando a
aprendizagem possível no seu sentido amplo, alcançada pela criança a partir das
oportunidades que o meio oferece.
De acordo com HOFFMANN (2000), em
uma perspectiva construtivista uma educação de qualidade oferece oportunidades
amplas e desafiadoras para a construção do conhecimento, é responsável por
tornar a aprendizagem possível, já em uma perspectiva tradicional a qualidade de
ensino se dá através de padrões pré-estabelecidos, padrões comparativos e
critérios de promoção, neste sentido a qualidade passa a ser confundida com
quantidade.
Ainda segundo a mesma autora em uma
perspectiva mediadora a qualidade de ensino é desenvolver o aluno no máximo de
seu potencial, não há limites e nem critérios pré-estabelecidos, porém
objetivos bem definidos e planejados, sem que haja uma padronização de notas e
valores.
Ao definir objetivos o professor
deve delinear as ações educativas e este processo deve ocorrer respeitando a realidade
escolar do aluno, sua história e a comunidade em que está inserido, devendo
considerar as possibilidades e limites que este cenário educativo lhe oferece.
O critério essencial e necessário
para a avaliação mediadora é que o professor conheça seu aluno, ou seja, o
professor deve conhecer sua realidade, compreender sua cultura, seu modo de
falar, e pensar, e isto se dá “através de perguntas, fazendo-lhe novas e
desafiadoras questões, na busca de alternativas para uma ação educativa voltada
para a autonomia moral e intelectual”, HOFFMANN (2000, p. 34).
A avaliação mediadora propõe uma
ação reflexiva da aprendizagem, ao invés de uma avaliação classificatória, de
julgamento de resultados.
A avaliação mediadora destina-se a
conhecer, não apenas para compreender, mas também para promover ações em
benefícios aos educandos, o professor tem como papel participar do sucesso ou
do fracasso dos alunos, ou seja, o professor tem a responsabilidade de através
de uma prática reflexiva conhecer o seu aluno e identificar a maneira adequada
de promover a aprendizagem levando em conta seus conhecimentos anteriores, o
professor terá que possuir uma postura reflexiva e uma formação continuada para
saber avaliar o aluno, avaliar a si mesmo e avaliar a avaliação que deverá ser
permanente, pois se o aluno fracassar não será apenas sua responsabilidade, mas
também do professor que ao avaliar seu aluno constantemente deve realizar as
devidas interferências buscando novos caminhos e alternativas para que a
aprendizagem ocorra.
Para HOFFMANN (2000) é
responsabilidade do educador trabalhar a individualidade do seu aluno,
respeitando suas diferenças com o intuito de formar jovens autônomos, críticos
e cooperativos.
Na avaliação mediadora o professor
ao propor uma tarefa define suas intenções, pois sua prática é uma ação que
deve ser planejada, sistemática e intuitiva, e parte de duas premissas básicas:
confiança na possibilidade dos alunos construírem suas próprias verdades e valorização
de suas manifestações e interesses, ou seja, o aluno passa a ser o centro do
processo de ensino, deixando de lado a educação bancária onde o aluno é apenas
um depósito de idéias e não agente atuante na aprendizagem.
A mediação é aproximação, diálogo,
que assume um papel de grande relevância na educação, é o acompanhamento do
jeito de ser de cada aluno, bem como da sua história pessoal e familiar, nela o
tempo do aluno deve ser respeitado, pois ele é sujeito e produtor de seu
conhecimento, exemplificando, em uma mesma atividade os alunos apresentarão reações
diferentes de entendimento, riqueza em suas respostas e até mesmo nas
manifestações.
Um professor mediador preocupa-se
com a aprendizagem de seu aluno e tem a observação como um aliado na construção
do conhecimento, ao observar seu aluno o mesmo é capaz de identificar suas
habilidades e trabalhá-las plenamente e também suas dificuldades procurando
alternativas junto ao aluno para transformar a aprendizagem em um momento
prazeroso e levar o aluno a perceber sua importância para a construção de seu
próprio conhecimento.
Através da avaliação mediadora o
professor deve utilizar a prova para pensar em novas estratégias pedagógicas
que ele deverá utilizar para interagir com seus alunos, e para que isto
aconteça de forma eficaz e significativa o professor deve levar em conta os
conhecimentos prévios de seus alunos, estes devem ser explorados e trabalhados,
pois são necessários para que o professor possa abordar novos temas e como uma
fonte confiável para detectar as dificuldades de aprendizagens, bem como para
indicar novos rumos e estratégias a serem utilizadas.
Na avaliação mediadora é importante
que o professor seja reflexivo e que tome decisões coerentes, coloque-as em
prática avaliando-as e ajustando-as progressivamente, conforme suas
experiências e as necessidades de seus alunos, pois estes estão sempre
evoluindo, em diferentes ritmos à medida que o professor os provoca a
prosseguir sempre.
Para que o aluno seja orientado a
uma prática reflexiva de análise de suas aprendizagens é necessário que o
professor mobilize este aluno a partir de ações do cotidiano tais como:
comentários, novas perguntas e orientações para a continuidade de seus estudos
traçando metas pessoais e coletivas de enfrentamento de dificuldades e de
avanços em determinadas áreas.
A visão tradicional é aquela em que
o professor primeiro ensina e depois pergunta, na visão mediadora, as perguntas
assumem um caráter permanente de mobilização, ou seja, professores e alunos
questionam-se, buscam informações pertinentes para construir conceitos e resolver
problemas, as condições de aprendizagem definem as condições de avaliação, pois
se cria um ambiente de investigação e intervenção, adequadas à observação de
cada aluno.
Segundo HOFFMANN (2000) a
aprendizagem acontece em tempos diferentes para cada aluno, pois é um processo
de natureza individual, o importante é apontar rumos do caminho e torná-lo tão
sedutor a ponto de aguçar a curiosidade do aluno para o que ainda está por vir.
A avaliação deve ser organizada de
forma a favorecer a aprendizagem dos alunos, promovendo a evolução dos alunos,
mas acima de tudo respeitando o tempo de cada um.
De acordo com HOFFMANN (2000) é o
aluno quem determina o seu próprio tempo de aprendizagem e é no cotidiano
escolar que estas condições se revelam, uma tarefa igual não é cumprida por
todos ao mesmo tempo, desta forma ao desenvolver um projeto o professor deve
ter um planejamento flexível, pois este pode ou não acabar dentro do tempo
esperado, por isso é importante que o professor avalie todo tempo os objetivos
esperados e os rumos tomados pelo grupo de alunos, diversificando o seu fazer
pedagógico.
Um fator muito
importante na avaliação mediadora é o diálogo, que nesta concepção é entendido
como uma conversa como o aluno, pois é através dele que o professor vai se
aproximar de seu aluno e despertar o interesse e a atenção pelo conteúdo a ser
transmitido.
É necessário que
o professor acompanhe seu aluno, no sentido de estar junto dele e caminhar
junto dele para que seja possível a observação passo a passo de seus resultados
individuais, porém segundo HOFFMANN (2000), acompanhamento e diálogo por si só
não conduzem a uma avaliação mediadora, pois nesta prática o diálogo é muito
mais que uma conversa e o acompanhamento é muito mais que observar os alunos
realizarem uma tarefa, na mediação dialogar é refletir em conjunto e acompanhar
é favorecer o vir a ser, realizando ações educativas que possibilitem novas
descobertas, proporcionando vivências enriquecedoras e favorecedoras à
ampliação do saber.
A visão mediadora oferece tanto ao
professor quanto ao aluno momentos de reflexão e diálogo, para que juntos
possam traçar novos objetivos, através de uma visão menos centralizada do
saber, nesta perspectiva o aluno tem sua devida importância no processo de
ensino que deve estar inserido em sua realidade e planejado para que seja
objeto de interesse e participação coletiva.
Ao utilizar a avaliação mediadora o
professor é capaz de conhecer cada um de seus alunos e utilizar a prática da
observação e acompanhamento para que possa adequar o ensino a cada um como um
processo individualizado.
A
Perspectiva do erro na visão mediadora.
A pedagogia tradicional nos
transmite a idéia de que o erro é vergonhoso e ruim e precisa ser evitado a
qualquer custo, sob este ponto de vista o aluno fica sem coragem de se
expressar por medo de falar alguma coisa errada e receio de se expor, e assim
se aprende desde pequeno a dar respostas certas para satisfazer o professor ou o
grupo, é comum os alunos ao responderem uma questão de prova escrever o que o
professor quer que eles respondam e não o que eles acreditam que seja verdade.
A visão culposa do erro na prática
escolar tem conduzido ao uso constante do castigo como uma forma de correção,
não as formas de castigos com agressões físicas que ocorriam no passado, mas o
uso mais sutil desta prática como tensão e ansiedade entre os alunos e um
ambiente com um clima de medo.
O castigo que emerge o erro, verdadeiro ou suposto, marca o aluno
tanto pelo seu conteúdo quanto pela sua forma.
As atitudes ameaçadoras, empregadas repetidas vezes, garantem o
medo, a ansiedade, a vergonha de modo intermitente.
A partir do erro na prática escolar, desenvolve-se e reforça no
aluno uma visão culposa da vida, pois além de ser castigado por outros ainda sofre
uma autopunição.
O erro, no caso da aprendizagem, não deve ser fonte de castigo,
pois na visão mediadora o erro é um suporte para auto-compreensão e para o
crescimento individual e coletivo.
Os erros dos alunos constituem-se em ricas fontes de informação
para o professor.
Mostra-lhe continuidade, as maneiras através das quais seus alunos
raciocinam, seu nível evolutivo atual, e apontam em especial os aspectos que,
no momento, concentram as principais dificuldades.
Os erros das crianças podem desta maneira, auxiliar muito o
professor, norteando sua conduta em sala de aula.
Os estudos de Hoffmann, mostram que a prática tradicional coloca
um ponto final a cada tarefa que o aluno faz.
O professor assim acaba anulando o caráter de continuidade de sua
própria ação educativa e impede ao aluno o progresso natural em termos de
processo de conhecimento.
“Ao invés do certo/errado e da pontuação tradicional, fazer
comentários sobre as tarefas dos alunos, auxiliando-os a localizar as
dificuldades, oferecendo-lhes a oportunidade de descobrir melhores soluções”
(HOFFMANN, 2000, p. 82).
É necessário ultrapassar a sistemática do certo e errado e
atribuir significado ao que se observa, valorizando as idéias, dando
importância as dificuldades e orientando o aluno a fim de obter progressos e
compreensão.
Segundo HOFFMANN (2000, p. 85), “[...] os registros de avaliação
devem responder questões que parecem esquecidas na escola: O aluno aprendeu?/
Ainda não aprendeu? Quais os encaminhamentos feitos ou por fazer nesse
sentido?” Muitos professores valorizam apenas as respostas erradas dos alunos
para dar continuidade à ação educativa, corrigindo e apontando o que julgam que
seja o certo.
Se analisarmos o significado da palavra corrigir, teremos retificar,
endireitar, consertar, este sentido de correção daria ao professor o direito de
refazer o que o outro fez, a partir desta perspectiva é possível um
questionamento a cerca da correção, se a mesma favorece a compreensão e o
desenvolvimento da autonomia dos alunos, se o fato do professor apontar uma
resposta certa ou errada contribui para que o aluno tome consciência das
contradições do que está certo ou errado.
A dinâmica de avaliação efetiva-se, a partir das análises das
respostas dos alunos frente as situações desafiadoras nas diferentes áreas do
conhecimento, suas perguntas e respostas representam tentativas de se apropriar
das múltiplas relações entre os fenômenos que vivencia.
Um ambiente livre de tensões e limitações favorece as tentativas
de conquista do saber, ao mesmo tempo em que permite ao professor a análise das
relações estabelecidas em termos de lógica existente nas soluções apontadas
pelo aluno e o acompanhamento individual feito pelo professor é muito
importante.
Segundo HOFMANN (2000, p. 76) “a teoria construtivista introduz a
perspectiva da imagem positiva do erro cometido pelo aluno como mais fecundo e
produtivo do que um acerto imediato”.
Desta forma o processo avaliativo que Hoffmann se refere é um
método investigativo, que prescinde de correção tradicional, impositiva e
coercitiva, que acaba por tornar o aluno submisso às correções e aos conceitos
atribuídos.
HOFMANN (2000) propõe a conversão dos métodos tradicionais, em
métodos investigativos de interpretação e de soluções propostas pelos alunos às
diferentes situações de aprendizagem, para a prática efetiva da avaliação
mediadora.
Na avaliação mediadora erro deve ser entendido como
possibilidades para a construção do conhecimento, pois o mesmo fornece pistas
sobre o modo de organização do pensamento dos alunos; oferece novas informações
ao professor; elabora novas perguntas sobre a dinâmica da sala de aula e indica
ainda “o que não sabe” e o “que pode vir a saber”.
É de fundamental importância que durante o
aprendizado o erro seja visto como um degrau que deve ser ultrapassado para se construir novas hipóteses
até que se chegue ao acerto, e não como algo a ser corrigido com uma única
verdade absoluta.
Se as crianças cometem erros é porque, geralmente,
estão usando sua inteligência a seu modo. Considerando que o erro é um reflexo
do pensamento da criança, a tarefa do professor não é a de corrigir, mas
descobrir como foi que a criança fez o erro (KAMII, 1992, p. 64).
O papel do professor mediador é fazer as investigações necessárias
para que o aluno acrescente em sua aprendizagem novas verdades, porém nem todos
os erros são construtivos, na mediação o erro só é construtivo quando as
hipóteses são progressivamente reconstruídas através de comparações e
questionamentos através do professor, ou seja, sua intervenção não deve ser
para corrigir e sim como um modo desafiador, trazendo novas situações para que
os alunos confrontem com as situações já conhecidas.
Acerca desta concepção do erro a avaliação mediadora se dá para que
haja pesquisa e reflexão sobre o processo de construção do saber de maneira que o professor faça as intervenções que
auxiliem os alunos, valorizando e questionando de forma qualitativa os
conhecimentos prévios de cada um.
Como é possível
desenvolver uma cultura avaliativa mediadora?
Segundo as investigações de HOFFMAN, para os professores os
fatores que impedem a utilização da avaliação mediadora é que para realizá-la é
necessário um atendimento individual para cada aluno, uma aproximação maior com
cada um e nos padrões atuais torna-se difícil, devido ao número de alunos em
cada classe e o tempo que o professor permanece com os mesmos.
Ainda segundo a autora é necessário que as escolas mudem os seus
princípios e não apenas transformem as metodologias utilizadas, pois é
necessário ter certa clareza sobre os princípios avaliativos, que devem
preocupar-se com a ação, em uma avaliação que prevê a melhoria da educação,
outro princípio que autora cita é o princípio de avaliação como projeto de
futuro, ou seja, na avaliação tradicional a preocupação maior é com o passado
“o aluno não aprendeu” e não com o futuro “como este aluno irá aprender?”, nas
reuniões de conselho o que muito se discute é o que tem acontecido com os
alunos, sendo que a maior parte do tempo deveria se discutir e procurar novas propostas pedagógicas que
possam auxiliar os alunos na aprendizagem, ao projetar o futuro o professor
deve interpretar a prova para pensar e criar novas estratégias pedagógicas e
não para ver o que o aluno não sabe, estas estratégias podem ser discutidas com
o grupo de alunos tornando-os mais
precisos e claros em suas idéias, o terceiro princípio que deve estar
claro não apenas para o professor, mas para toda a escola é o princípio da
ética, ou seja, o professor deve atender a cada aluno, atender a individualidade
de cada um, conhecendo suas necessidades, suas vivencias e suas dificuldades, é
necessário que a escola tenha a clareza nesses princípios para que possa criar
um projeto político pedagógico onde a prática avaliativa seja clara, concisa e
coerente com os objetivos da escola.
Para se transformar as práticas avaliativas tradicionais que se
encontram nas escolas é necessário que se mudem algumas atitudes dentro da sala
de aula, o professor deve promover tarefas e atividades que dêem oportunidades
para os alunos se expressarem e essas expressões devem ser observadas e
interpretadas tornando-se estratégias pedagógicas, ou seja, ao interpretar
diferentes tipos de tarefas, sejam elas orais ou escritas, o professor está
realizando uma mediação articulando o processo avaliativo ao contexto
sócio-cultural de seus alunos.
Muitas escolas alegam que o sistema de ensino é quem determina que
o professor deve atribuir uma nota a cada aluno, porém o que há é uma
resistência muito grande a mudanças tanto por parte dos professores, quanto da
escola e também da comunidade em geral, os pais sempre cobram da escola uma
nota para o seu filho, porém não é necessário mudar estas formas de registros
ou conceitos e sim a prática de como se chega a esse registro final.
Outro aspecto de deve ser superado para se utilizar a avaliação
mediadora nas escola é o de que as escolas têm cada vez mais um número maior de
alunos o que dificulta a avaliação mediadora e o professor deste novo século
acaba assumindo diversas funções na sala de aula, passando a ser um educado que
além de lidar com situações pedagógicas também tem que lidar com situações
afetivas e emocionais.
Segundo HOFFMAN (2000), as escolas que desenvolvem experiências
significativas da avaliação mediadora são as que diminuíram o número de alunos
e abriram espaços e tempo de estudos para seus professores como salas de
leitura, bibliotecas para estimular a construção de novos conceitos pedagógicos
a partir da própria realidade escolas, ou seja, é necessário que haja um
compromisso por parte da Escola com a formação continuada de seus professores,
pois a nossa sociedade está em constantes mudanças que exigem que a cada dia os
princípios e conceitos sejam repensados e isto só acontece significativamente
quando torna-se uma tarefa em grupo, com troca de idéias e experiências.
É possível utilizar a avaliação mediadora, pois esta deve ser uma
prática diária do professor, diferente dos métodos de avaliação convencionais
que estão presentes apenas ao final de cada ciclo, deve fazer parte da rotina
do professor, pois desta forma facilitará o uso da avaliação que servirá como
documento de exigência legal, pois ao conhecer o seu aluno o professor é capaz
de produzir situações que não sejam de punição e medo e sim apenas mais um
momento de aprendizagem e descobertas, porém para que isto aconteça o professor
deve aceitar as mudanças e encarar novos desafios, cabe à direção, coordenação
das escolas incentivarem os professores e motivá-los a alterar suas práticas
avaliativas, favorecendo ao professor uma reflexão acerca de suas práticas
pedagógicas e de sua atuação.
É necessário que se valorize o trabalho do professor, pois muitas
vezes o professor apresenta certa resistência ao falar de seu trabalho em seus
relatórios por insegurança e medo de mostrar-se frágil, desta maneira é
necessário que o professor tenha a clareza e o apoio por parte da direção da
escola de que ao utilizar os relatórios como ferramenta de avaliação o mesmo
servirá como base para as transformações necessárias para se conduzir a aprendizagem
que é o objetivo principal da avaliação.
O sistema de ensino de nosso país ainda está muito distante de
promover a avaliação mediadora nas escolas, porém o professor é o maior
responsável por iniciar esta pratica, tomando consciência de que a qualidade de
nossa educação só acontecerá quando for deixada de lado esta importância que se
dá em distinguir quem é melhor ou pior, quem aprendeu mais de quem aprendeu
menos, passando a acreditar que cada um tem seu momento e que a aprendizagem
acontece de forma distinta para cada aluno.
Concluindo.
Após realizar este estudo sobre
avaliação, foi possível perceber o quanto avaliar é uma tarefa difícil e de
muita responsabilidade para o professor que pouco sabe a respeito deste assunto,
pois em sua formação a avaliação sempre foi considerada como uma maneira de
classificar e atribuir uma nota ao aluno com o único propósito de aprovação ou
reprovação, esta é a forma de avaliar mais comum nas escolas, e as poucas
escolas que tentam modificá-la ainda encontram certa resistência tanto por
parte do professor quanto por parte da sociedade.
Avaliar vai além de atribuir uma
nota ou um valor, ao estudar a avaliação mediadora, foi possível entender que
para a aprendizagem tornar-se efetiva é necessário integrar a avaliação a todo
o processo de ensino-aprendizagem e não a um momento isolado, pois desta forma
o aluno é avaliado por tudo o que produziu e o que apreendeu.
A construção de um diálogo também é
essencial para que a avaliação mediadora alcance seus objetivos, pois o
professor ao aproximar-se de seus alunos, ao conhecê-los é capaz de dar
significados ao que o aluno precisa conhecer, ou seja, integrar a aprendizagem
aos conhecimentos prévios de seus alunos.
A avaliação mediadora não é uma
tarefa fácil para o professor, pois ao realizá-la o professor também estará
realizando uma avaliação de sua atividade docente, o que vem a torná-la ainda
mais difícil, pois em nossa cultura o professor não está acostumado a ser
avaliado.
Ao utilizar os métodos tradicionais
de avaliação o professor atribui os fracassos de seus alunos exclusivamente a
eles, e não leva em consideração seus métodos e técnicas para ensinar.
Para que a avaliação mediadora seja
realizada efetivamente é necessário que os professores tenham o desejo de
mudança, não é tarefa fácil no início, pois além de ser mais trabalhosa exige
que o professor observe sua turma e os ouça, pois nesta avaliação o aluno também
participa, dando opiniões e sugestões no sentido de transformar os momentos de
aprendizagem mais prazerosos, o professor deve treinar muito para deixar de
lado as formas classificatórias de julgar o aluno.
A sociedade também apresenta muita
resistência em relação a mudanças na avaliação, pois para muitos somente
através da nota – e que se torna possível perceber se o aluno aprendeu ou não,
é necessário que se quebrem as barreiras e que haja esclarecimentos dentro da
própria escola para pais e alunos compreenderem de forma coerente a avaliação
mediadora.
Seria interessante que as escolas
passassem a incentivar a avaliação mediadora e que este tema tornasse objeto de
estudo para que os professores tomassem conhecimento, pois somente conhecendo é
que o professor vai perceber que realizar a avaliação mediadora é uma prática
diária que com o passar do tempo acontecerá de forma natural, tornar-se-á um
hábito, como parte integrante do processo de ensino-aprendizagem.
Para finalizar é possível concluir
que avaliar não é um ato estático, e sim algo que está sempre se modificando e
o professor deve modificar suas práticas a cada avaliação.
Levando em conta a realidade
cultural e social que seus alunos estão inseridos, é possível avaliar sem fazer
julgamento e compreender que cada aprendizagem tem seu momento e seu tempo.
Para
saber mais sobre o assunto.
HAYDT, Regina Cazaux, Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem. São
Paulo: Editora Atica, 2004.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar: Estudos e
Proposições. São Paulo: Cortez, 2006.
PERRENOUD, Phillippe. Avaliação da Excelência à Regulação das Aprendizagens
Entre Duas Lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação Mediadora: uma prática em construção
da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Educação & Realidade, 2000.
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação: Mito e Desafio: uma perspectiva
construtivista. Porto Alegre: Mediação, 2005.
VASCONCELOS, Celso dos Santos. Avaliação da Aprendizagem: Práticas de
mudança por uma práxis transformadora. São Paulo: Libertad, 1998.
KAMII,
C. A criança e o número: implicações
educacionais da teoria de Piaget para atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. Campinas: Papirus, 1992.
Texto: Profa. Giovana Gomes de
Macedo Luz.
Pós-Graduanda em Psicopedagogia
Institucional pelo INEC/UNICSUL.
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Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
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